quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

2007: o esporte em números


0 pontos fez Rubens Barrichello na temporada da Fórmula 1
2 a 1 foi o placar da vitória do Milan sobre o Liverpool na final da UCL
3 a 0 foi o placar da vitória do Brasil sobre a Argentina, na final da Copa América
4 medalhas no Pan perdeu Rebeca Gusmão pelo doping constatado
6 vitórias por ippon teve Tiago Camilo rumo ao ouro no Mundial de Judô
7 ligas mundiais de vôlei tem o Brasil, com a conquista na Polônia
8 medalhas conquistou Thiago Pereira na natação do Pan, sendo 5 de ouro
10 gols fez Kaká, artilheiro da UCL 2006/07
12 estádios quer ter o Brasil na Copa 2014; a Fifa prefere dez
17 gols fez o Brasil, vice-campeão da Copa do Mundo de Futebol Feminino
20 gols marcou Josiel, do Paraná, artilheiro do Brasileiro
30 de outubro, data do anúncio do Brasil como sede da Copa de 2014
31 milhões de reais pagou o Bayern de Munique por Breno, do São Paulo
34 gols fez Afonso Alves, artilheiro do campeonato holandês pelo Heereven
40 medalhas de prata conquistou o Brasil no Pan
44 pontos fez o Corinthians, 17º lugar e rebaixado no Brasileiro
49 títulos acumulou Janeth em sua carreira, que se encerrou no Pan
54 medalhas de ouro conquistou o Brasil no Pan
67 medalhas de bronze conquistou o Brasil no Pan
69 pontos fez o Coritiba, campeão da Série B
77 pontos fez o São Paulo, pentacampeão Brasileiro
110 pontos fez Kimi Raikkonen, campeão mundial de Fórmula 1
150 jogos investigados pela ATP no escândalo de apostas e resultados
161 medalhas acumulou o Brasil nos jogos panamericanos
+ 1002 gols foi a marca atingida por Romário
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2007

Feliz 2008 cheio de conquistas a todos!

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Para não fechar*


O que têm em comum Mineiro, Flávio Conceição, Marcos Assunção, Marcelinho Paraíba, Macedo e Anaílson? Todos, entre muitos outros, foram revelados pelo Rio Branco de Americana. Tradicional clube do interior de São Paulo, o Tigre era o pequeno há mais tempo na primeira divisão do futebol paulista – o rebaixamento em 2007, com uma campanha melancólica, interrompeu um período de 17 anos na série A-1.

Como em todo descenso, uma combinação de fatores resultou na queda da equipe. O principal deles, sem dúvida, foi a lapidação sofrida nas últimas administrações, que tinham milhões em caixa graças à venda de jogadores e transformaram este capital em dívidas. Não obstante, hoje o Rio Branco tem fama de mau pagador – basta perguntar a qualquer empresário ou jogador do interior do estado.

Mas nem sempre foi assim. Com grandes campanhas na década de 90, o Tigre lotava o estádio Décio Vitta e era conhecido como um grande celeiro de craques. Quem montou toda a estrutura das bases foi Cilinho, o mesmo que anos antes havia apresentado ao Brasil os ‘menudos’ do Morumbi. Receita de sucesso, mas também chave do problema: nada, ou muito pouco, foi atualizado e o clube parou no tempo, chorando a dura realidade profissional da Lei Pelé.

Ainda assim, as bases do Rio Branco conseguiram render alguns frutos recentes, nas boas campanhas da Copinha: o atacante Thiago Ribeiro e o goleiro Fabiano, ambos negociados com o São Paulo, são a prova de que o talento resiste até em solos pouco férteis. O time sub-20 foi vice-campeão paulista no ano passado e a equipe da Copa São Paulo 2008 é considerada uma das mais fortes já montadas na cidade. E é bom que seja, pois o presente – e não mais o futuro – do clube depende desses garotos.

Tigrinhos na cova dos leões

Sem dinheiro para contratar, o Rio Branco pode acabar disputando a série A-2 com um time formado apenas pelos garotos da base reforçados de, no máximo, quatro ou cinco atletas profissionais que ainda possuem vínculo com o clube. A chance é grande, depois que propostas de investidores não foram concretizadas, mas não é nova: em abril, logo ao final do Paulistão, a diretoria já admitia que não teria condições de seguir com o futebol por conta própria.

De lá para cá, oito meses se passaram e nada foi feito. Para piorar, 2007 foi ano de eleição e o departamento de futebol não se mexeu, sob a alegação de que o trabalho teria que começar com a nova presidência. Ninguém se candidatou e nove conselheiros formaram um colegiado para assumir a bomba.

Falou-se em não disputar o campeonato, o que decretaria o rebaixamento automático para a quarta divisão. Há pouco mais de um mês para a estréia, nem técnico – e muito menos time – o clube tem. A solução, ao que parece, será mesmo confiar tudo aos garotos, que correm um sério risco de se queimarem com um rebaixamento para a A-3.

Não que não possuam qualidade, mas nem mesmo o time do Cruzeiro campeão brasileiro sub-20 agüentaria a pressão e a dificuldade de se jogar uma segunda divisão no meio de profissionais. Sinal do tempo, afinal no futebol brasileiro atual, carente de craques, a garotada tem sido cada vez mais importante. E caminha para virar a salvação da pátria.


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* Coluna publicada originalmente no Olheiros.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Novos heróis?*


Retomo aqui um assunto abordado primeiramente pelo amigo Leandro Guimarães, em sua coluna inicial no Olheiros: a facilidade com que o Corinthians revela bons valores – e a facilidade enorme com que estas pedras brutas são descartadas ainda pouco lapidadas. Ampliamos, entretanto, devido ao rebaixamento da equipe à série B do Campeonato Brasileiro: o Corinthians tem, chegando ao profissional, uma das gerações mais vencedoras do famoso Terrão. Qual o futuro dessa molecada?

Terra do fogo

Com os altos e baixos vividos pelo clube nos últimos quatro anos, muitos garotos com capacidade de vingar acabaram sendo queimados. Ou tinham poucas chances na equipe da MSI – e quando entravam não agradavam porque o nível de exigência do torcedor era alto –, ou pesava sobre eles o peso de salvar o time de situações perigosas, como em 2004 e até mesmo agora, em 2007.

Assim, jogadores de potencial como Abuda, Jô e Bobô foram praticamente expulsos do Parque São Jorge. Ainda que se discuta a qualidade de todos, Jô vai muito bem (obrigado) na Rússia e Bobô até já marcou em jogo da Champions League pelo Besiktas. O mesmo pode acontecer agora com Lulinha e Dentinho: em um time sem referências, eles assumiram uma responsabilidade que não cabia a eles.

Considero este, aliás, fator primordial pelo qual as últimas revelações do Terrão não têm dado tão certo. Uma coisa é apostar na base quando o ambiente fora das quatro linhas é sério mas sem pressão exagerada, como o trabalho feito pelo Atlético-MG no ano passado, quando venceu a Série B utilizando vários garotos revelados na base. Outra é um “moleque” de 18 anos ter seu treino interrompido por pseudotorcedores com dedo em riste.

Pra apagar o incêndio?

Por isso, é fundamental que a nova comissão técnica encabeçada por Mano Menezes controle com pulso firme a influência do extra-campo sobre o elenco profissional, ao passo que avalia a nova geração que pode já render frutos para a cruzada corintiana da Série B. Sem Lulinha, já promovido ao profissional, a equipe sub-17 acaba de conquistar, de maneira invicta, o Paulista da categoria com números impressionantes.
24 vitórias, dois empates, 71 gols marcados e 19 sofridos. Invencibilidade de 56 partidas e quatro derrotas em 105 jogos. A campanha do time assusta até mesmo o técnico da base, José Augusto – que já sentiu o amargo sabor da pressão no time de cima.

Desta equipe, que atua junta há dois anos e conquistou o Paulista Sub-15 em 2005, despontam André, Renato, Marcelinho, Lucas e Sasha, além do artilheiro do time no sub-17, Fernando Henrique, com 14 gols. Na final, vitórias de 2 a 1 e 2 a 0 sobre o Pão de Açúcar.

Alguns destes garotos receberão os holofotes pela primeira vez em pouco mais de um mês, quando começar a Copa São Paulo. Mais uma vez, a pressão será enorme – e agora ainda maior, afinal não há dinheiro para grandes contratações e após Palmeiras, Botafogo, Grêmio e Atlético voltarem logo no primeiro ano de Série B, o acesso imediato virou obrigação. Mais um teste dificílimo para mais uma geração promissora do Corinthians. Assim como outras, talento eles têm. Resta saber como serão aproveitados.

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Coluna publicada originalmente no Olheiros.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Baila comigo

Voltamos, amigos, após o blog tirar uma semana de férias forçadas. Ao passo que prometo para semana que vem a análise final do campeonato brasileiro (fizemos nove até o momento), tenho vários assuntos que considero válidos para, ao menos, um pitaco. Mas fazemos isso aos poucos.

Algo que chamou-me muito a atenção neste final de temporada foi o grande salão de festas que se tornou o futebol brasileiro, com um enorme baile de formatura digno das noites de Cinderela. A dança dos técnicos é maior que nunca.

Pode parecer uma situação comum, afinal entre metas não cumpridas e pedidos de salários milionários, muita gente acaba saindo do conforto do banquinho. Mas o tal planejamento que todo mundo prega, e que quase ninguém faz, pode finalmente estar começando a dar o tom da dança.

Dos doze grandes, metade trocou de técnico - e o número pode subir se Luxemburgo sair mesmo do Santos, como parece. Tantos treinadores de nível disponíveis ao mesmo tempo mexe demais com o mercado, que fica maluco e afeta outros nichos. (não que todos sejam excelentes, mas são profissionais reconhecidos, afinal estão onde estão).

Entretanto, o que acontece é que saídas como as de Nelsinho, Espinosa e Leão já eram esperadas. O que muda é a mentalidade de outras equipes como Cruzeiro, Grêmio e Palmeiras, que mesmo com anos de razoáveis para bons, botaram os comandantes para dançar.

Talvez seja uma mostra de que o perfil de técnico ideal esteja mudando: de boleiro, especialista apenas em treinamentos ou táticas, para manager - como gosta Luxa -, planejador, com formação e visão longo prazo. Não à toa, o mercado internacional já é maior que há alguns anos para os treinadores brasileiros. Tomara que o nível continue a crescer, mas que, ao contrário dos jogadores, os clubes possam segurá-los.

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Nota rápida 1: Ao corintiano leitor deste espaço, o Timão disputa a Série B e volta, sem problemas. Não por competência da diretoria, mas pelo homem que ela escolheu para comandar o time e os jogadores que ele trará. Afinal, cair não é nenhum desespero e nos campeonatos europeus, quase todo mundo já jogou a segundona.

Nota rápida 2: Recomendo a sensacional brincadeira do amigo Filipe Lima, em seu blog: em um exercício de futuro-do-pretéritologia, imaginou como seriam os últimos campeonatos se houvesse mata-mata. Vale a pena.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O que faz um craque?*

Caro leitor, pense na pergunta que está no título desta coluna: o que faz um craque? O que diferencia este daquele jogador? Habilidade? Força? Rapidez de raciocínio? Velocidade? Dentre os profissionais, estas são algumas das características que tornam um atleta mais completo que o outro. Mas e entre os garotos? Como comparar indivíduos ainda em formação?

Acompanhando a evolução do futebol, percebemos mudanças profundas nas características do padrão de jogo, (2-3-5, WM, 4-2-4, 4-3-3, 4-4-2, 3-5-2), no papel desempenhado pelos atletas (ponta, lateral, líbero, cabeça-de-área, meia-armador) e na forma como eles disputam o jogo – enquanto hoje um jogador percorre em média onze quilômetros por partida, na década de 70 ele percorria sete.

Porém, um fator mudou pouco ao longo do tempo: a necessidade de uma preparação física adequada. Desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, ou das primeiras partidas de futebol disputadas na Grã-Bretanha, o condicionamento físico é requisito primordial para o atleta ser de fato atleta e diferenciar-se das pessoas comuns.

Até por isso, as características físicas como estrutura óssea, composição muscular,
resistência e explosão são as mais utilizadas na avaliação de jovens que chegam aos testes das categorias de base – as famosas peneiras. Goleiros têm que ser altos, assim como zagueiros precisam ser fortes, volantes necessitam de vigor acima da média e atacantes têm que correr sem se cansar. Contudo, esse pode não ser o melhor caminho.

É preciso considerar as diferenças de crescimento de um garoto para outro. Enquanto um atinge seu auge aos 16, outro pode se desenvolver até os 22. Assim, o menino que hoje é magro e tem pouca massa muscular pode render em breve, se bem trabalhado, muito mais que seu companheiro que se desenvolveu precocemente. Por isso, é fundamental que o profissional que avalia esses meninos tenha conhecimento suficiente para saber quem pode se desenvolver e quem tem tudo para ser um “foguete molhado”.

Vejamos um exemplo das diferenças que meninos de mesma idade podem apresentar: no Mundial Sub-20 realizado este ano no Canadá, a República Tcheca tinha uma média de altura de 1,83 m, enquanto os franzinos garotos de Zâmbia apresentaram a média de 1,57m. Uma diferença absurda, que obviamente existe por fatores genéticos e nutricionais, entre outros. Detalhe: enquanto os tchecos foram derrotados apenas na final, pela Argentina, os zambianos pararam nas oitavas.

Mas o que isto significa? Que somente jogadores altos e fortes têm espaço no futebol atual? Um certo baixinho que marcou mil gols desmente. Como em tudo na vida, também no futebol generalizações são perigosas. Que os olheiros realmente abram os olhos, e que o talento nunca seja preterido. Pelo bem do futebol de hoje e de amanhã.


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* Coluna publicada originalmente no Olheiros.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Tragédia na Fonte Nova: era preciso?

Louvável, desejável e nada mais que a obrigação a atitude do governador Jacques Wagner, anunciando a decisão de implodir a Fonte Nova. Lamentável, porém, que reine no Brasil a (in)cultura de se tomar atitudes somente quando uma tragédia acontece (sem contar os N exemplos de que, mesmo assim, nada é feito).

Lembro-me de uma declaração de Bobô, se não me engano no ano passado (e se não me engano, em matéria que li no Máquina do Esporte), de que a Fonte Nova era um excelente estádio e que teria todas as condições de passar por algumas reformas e sediar jogos da Copa do Mundo. Apesar de nunca ter visitado o estádio, sei muito bem que a frase do Superintendente da Sudesb foi totalmente cega e descabida. À época, entretanto, ninguém deu pelota.

Entretanto, o que me preocupa mesmo são outras declarações desse tipo que vêm agora à tona, mostrando o total despreparo e falta de visão da maioria dos dirigentes brasileiros: alertado sobre as condições do Couto Pereira, o presidente do Coritiba, Giovani Gionedis, adota a postura imbecil e arrogante de todos os incompetentes engravatados: “Estamos tranqüilos em relação a isso, pois o Coritiba sempre cuida do seu patrimônio. Não reconheço esse estudo, pois ele não foi apresentado ao clube”.

Isso me irrita profundamente. Por que não levar a sério o estudo e verificar as reais condições do estádio? Afinal, se foi constatado tal problema, ele deve existir, não é? Por que assumir uma postura como essa de “temos tudo sob controle”, quando não se tem? É essa falta de visão que nos separa dos países desenvolvidos: onde está a preocupação com o torcedor, com a segurança? O mínimo que deveria ser feito é, com tal estudo em mãos, verificar as condições. Mas não. Prefere-se deixar tudo como está e acomodar-se.

Triste também é o silêncio da CBF. Até a FIFA se manifestou. Mas isso não surpreende em nada. E com seguidas atitudes como essas, aos poucos nada mais surpreende e perdemos nossa força de luta. Afinal, o que são sete vidas em nome do bem maior que é a Copa do Mundo?

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Eliminatórias Copa 2010 - Análise dos grupos

Pouca gente se interessa e muita gente nem sabe do que se trata, mas aconteceu neste domingo em Durban, na África do Sul, o sorteio dos grupos das eliminatórias asiáticas, européias, africanas e da Concacaf para a Copa de 2010. Como gosto muito de acompanhar as eliminatórias, faço uma breve análise do sorteio, lembrando sempre que tenho como base o momento atual das seleções (afinal, as eliminatórias européias, por exemplo, começam só depois da Eurocopa).

Na Concacaf, pouco há a se dizer, afinal a primeira fase tem muitos sacos de pancada na disputa. O cenário promove poucas surpresas e, se tudo der certo, os favoritos avançam sem problema à terceira fase e aí a briga esquenta. No grupo A deveremos ter Estados Unidos, Guatemala e Trinidad & Tobago brigando por duas vagas no hexagonal final, com Cuba fazendo número. No B, México, Jamaica, Honduras e Canadá também travarão uma disputa acirrada, enquanto que a Costa Rica tem tarefa fácil no C e deve passar, ao lado do Panamá, deixando Guiana e Haiti para trás.

Na África, o sorteio também foi muito preliminar e as grandes forças não devem ter problemas. Destaque para o grupo que coloca frente a frente Nigéria e África do Sul. Os Bafana-Bafana participam das eliminatórias porque elas também valem para a Copa das Nações Africanas de 2010.

Na Ásia, a briga já esquenta. Participando das eliminatórias pela primeira vez no continente, a Austrália pega um grupo difícil com Iraque, campeão continental, e a China. Apenas dois avançam à fase final. O Japão pegou o Bahrein, que quase foi à Alemanha, e os ascendentes Omã e Tailândia, mas não deve ter dificuldades, assim como Arábia Saudita e Uzbequistão, no grupo 4. A chave 3 reservou uma grande rivalidade, quando as duas Coréias se enfrentam. E no grupo 5, o Irã tem trabalho fácil, enquanto Kuwait e Emirados Árabes brigam pela segunda vaga.

Europa

Mas a grande atração mesmo são as chaves européias. Vamos a uma análise mais detalhada das chaves.

Grupo 1 – Portugal, Suécia, Dinamarca, Hungria, Albânia e Malta
Portugal é favorito a vencer a chave, ainda que não se saiba quem será o técnico das eliminatórias – há 99% de certeza na saída de Felipão após a Euro. Suécia e Dinamarca brigariam pela segunda posição, com um teórico e ligeiro favoritismo aos suecos, que têm números impressionantes nas últimas eliminatórias tanto da Copa quanto da Euro. Mas nada impede que uma zebra tire Portugal da Copa, num dos grupos mais fortes.
Palpite: Portugal e Suécia

Grupo 2 – Grécia, Israel, Suíça, Moldávia, Letônia e Luxemburgo

De longe o grupo mais fraco, graças à ascendência grega dentro do continente – que finalmente deve receber seus dividendos mundialmente. Tendo sido a maior pontuadora nas eliminatórias da Euro em um grupo mais difícil que este, a Grécia é favoritíssima a passar. Só acho que, apesar da excelente campanha dentro de casa, não será dessa vez que Israel conseguirá se classificar – a consistência suíça deve falar mais alto.
Palpite: Grécia e Suíça

Grupo 3 – República Tcheca, Polônia, Irlanda do Norte, Eslováquia, Eslovênia e San Marino

Considerando as forças presentes, acredito que este seja a chave mais equilibrada. A República Tcheca é favorita e não deve decepcionar. A Polônia, que tem ido bem nas eliminatórias mas fracassa de forma contumaz nos torneios, pode ter seu caminho dificultado pela sempre chata Eslováquia e a surpreendente Irlanda do Norte. Por ser o grupo mais equilibrado, deixo o palpite de que será este o único a não classificar o segundo colocado para a repescagem.
Palpite: República Tcheca

Grupo 4 – Alemanha, Rússia, Finlândia, País de Gales, Luxemburgo e Liechtenstein

Chave tranqüila para a Alemanha, que classificou-se à Euro sem tropeços. Sorte boa para a Rússia do sortudíssimo Guus Hiddink, que conseguiu classificar sua seleção à Euro na base do milagre e agora não deve ter sustos, podendo até, quem sabe, beliscar pontos dos alemães no confronto direto. Apesar da campanha razoável nas eliminatórias para a Euro, a Finlândia deve ficar pelo caminho.
Palpite: Alemanha e Rússia

Grupo 5 – Espanha, Turquia, Bélgica, Bósnia, Armênia e Estônia

Outro grupo tranqüilo para as duas forças principais, já que a Bélgica vai involuindo aos poucos seu nível internacional. Não me surpreenderia se a Turquia vencesse o grupo e mandasse a Espanha para a repescagem, já que a Fúria costuma tropeçar nos qualificatórios.
Palpite: Espanha e Turquia

Grupo 6 – Croácia, Inglaterra, Ucrânia, Bielorrúsia, Cazaquistão e Andorra

Vingança! É com esse espírito que os ingleses enfrentam novamente a Croácia em outro dos grupos mais equilibrados. A Ucrânia foi mal nas eliminatórias da Euro, mas qualquer prognóstico é complicado quando não se sabe sequer o nome do novo treinador do English Team. Considerando as últimas campanhas croatas em qualificatórios, parece mais seguro apostar neles novamente.
Palpite: Croácia e Inglaterra

Grupo 7 – França, Romênia, Sérvia, Lituânia, Áustria e Ilhas Faroe

Poderia ser o grupo mais difícil se a Áustria vivesse dias melhores e se ainda não pairassem certas dúvidas sobre quão longe podem chegar Romênia e Sérvia. Ainda assim, os Bleus têm um árduo caminho pela frente e tropeços como os do qualificatório para a Euro não podem se repetir. Em uma disputa muito parelha, escolho a Romênia para a segunda colocação baseando-me no desempenho recente.
Palpite: França e Romênia

Grupo 8 – Itália, Bulgária, Irlanda, Chipre, Geórgia e Montenegro

Ao contrário de algumas opiniões que ouvi, não acho o grupo italiano muito difícil. Bulgária e Irlanda estão num nível bem inferior e, ao contrário das últimas campanhas, não acredito em muita dificuldade da Azzurra para avançar. Búlgaros e irlandeses brigam pela segunda vaga, mas cravo no time do eterno Robbie Keane.
Palpite: Itália e Irlanda

Grupo 9 – Holanda, Escócia, Noruega, Macedônia e Islândia

Finalizamos com o grupo que tem uma seleção a menos – mas nem por isso a vida fica mais fácil. A Macedônia roubou pontos importantes na Euro e pode repetir o feito contra os favoritos holandeses. Escócia e Noruega podem travar uma disputa acirradíssima pela vaga na repescagem – ou não. Tudo depende de quanto tempo os escoceses conseguem mostrar a excelente performance dos últimos meses. Pela regularidade, aposto na Noruega.
Palpite: Holanda e Noruega

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

A arrogância tupiniquim


Dentre tantos outros assuntos que gostaria de ter abordado nos últimos dias - e não tenho conseguido por falta de tempo, realmente -, o principal é o desempenho da seleção brasileira, que me irrita profundamente.

Ainda durante a partida contra o Peru, pensava em alguma forma de entender por que, mesmo tendo tantos jogadores acima da média, a seleção brasileira não conseguia jogar bem. Naquela partida, o Brasil aumentava seu jejum de vitórias fora de casa. Se antes o Brasil vencia fácil a todos os adversários, depois de uns tempos começou a ficar complicado jogar bem em casa, por exemplo, afinal "os times jogam muito retrancados", disseram vários treinadores que passaram pelo cargo. Agora, sabe-se lá porquê, o Brasil não vence nem fora, quando teoricamente os oponentes sairiam mais para o jogo e dariam mais espaços.

Nos dias entre o jogo contra o Peru e o contra o Uruguai, muito foi dito e Kaká argumentou que, antes de dar espetáculo, o importante é vencer. Falou-se sobre a ineficiência do meio-campo, mas tenho pra mim que quem não cabe na seleção é Mineiro, não Gilberto Silva. Enquanto assistia a partida entre Colômbia e Argentina, ouvi André Escobar, comentarista do Sportv, dizer que a torcida brasileira não aceitaria jogar com três volantes, como a seleção argentina fazia.

Pois bem. Eis que, ao acompanhar a péssima apresentação contra o Uruguai, deparei-me com algumas ponderações sobre esse tema. Primeiro: não acredito que jogadores do nível de seleção brasileira fiquem "atordoados" ou "perdidos em campo" devido a uma marcação mais consistente, como tentou-se fazer crer. Segundo: obviamente, não tenho a pachorra de dizer que encontrei a solução para que o time jogue bem.

Mas, ainda que deteste chavões, o futebol parece mesmo não ter mais tantos "bobos". Acredito que o Brasil não joga bem porque não tem um técnico no banco, e sim um selecionador, que nem isso faz direito - não aceito convocações como Fernando e Vágner Love. Dunga pode até montar o time antes do jogo, dispor as peças no gramado, mas não possui variações táticas e saídas para problemas antigos que a seleção enfrenta, como a marcação com duas linhas de quatro.

Outro fator que considero importante: no Real, Robinho não marca. No Milan, Kaká não marca. No Barça, Ronaldinho não tem obrigação de marcar. São estrelas. Mas quando se juntam na seleção, precisam voltar e marcar para que o Brasil não seja batido na inferioridade numérica. Se existe um ponto que o time não dá sustos é a defesa, e por isso considero que os três não devem voltar para dar combate aos meias adversários.

Entretanto, o pensamento que me veio é algo totalmente diferente. O Brasil não consegue mais dar espetáculo não pelo nivelamento dos times ou pela falta de amor à camisa. O Brasil é arrogante. Provavelmente nem seja algo intencional, mas naturalmente quem é considerado o melhor acaba mudando seu comportamento. E digo que o Brasil é arrogante por nunca se preocupar com o adversário e deixar que o adversário se preocupe com ele, cabendo aos brasileiros apenas jogar. É o discurso que aparece na mídia: quantas vezes você já viu Dunga dizendo que "fulano de tal é perigoso e precisamos tomar cuidado"? Ou que "podemos recuar um pouco para sair no contra-ataque"? São atitudes que a própria torcida e a imprensa não admitem, mas que poderiam muito bem ser utilizadas para o bem do time.

Ao contrário, só o que se fala são opções no ataque, formas do Brasil jogar, contestações às convocações e NUNCA se lembra que do outro lado existem outros onze jogadores. É como se o adversário não existisse. Daí, quando as dificuldades surgem, não se está preparado para elas.

Poderia me alongar muito mais, falar sobre minhas idéias de esquemas táticos e outros assuntos. Mas por hoje, peço humildade não só à seleção como a todos nós. Porque não é só o Brasil que entra em campo e, por mais que existe sempre a pressão por vitória, é preciso lembrar que o futebol é um jogo, e que muitas vezes nem sempre o melhor vence.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

"O fortalecimento muscular não é nocivo"

Tive o prazer de conversar com o Dr. Turíbio Leite de Barros, fisiologista do São Paulo, sobre as características do trabalho físico nas categorias de base. Deixo, aqui, alguns trechos da entrevista que você confere, na íntegra, no Olheiros.net.

Olheiros - Quais as características necessárias para desenvolver um bom trabalho físico nas categorias de base?
Dr. Turíbio - Eu acredito que a questão do trabalho com os garotos do futebol, cujo perfil é o mesmo até para outras modalidades esportivas, é você ter todo um cuidado no que diz respeito a determinados modelos de treinamento, que devem considerar a enorme importância da fase de crescimento e desenvolvimento que o jovem terá durante o período da adolescência. Então, a maior preocupação que nós temos é priorizar a natureza, ou seja, contemplar as necessidades que o jovem tem para crescer e se desenvolver. Antes de se tornar um atleta ou, eventualmente, um jogador de sucesso, ele precisa ter a saúde que ele vai necessitar para toda sua vida. Se uma agressão é feita, no sentido de um trabalho físico inadequado ou um modelo de treinamento desajustado à sua necessidade individual, isso pode trazer conseqüências sérias no futuro, principalmente na terceira idade, quando ele vai pagar o preço dessa imprudência.

Olheiros - Muito se fala sobre como o fortalecimento muscular, muitas vezes, poda a mobilidade e a técnica dos atletas. O que há de verdade e mentira em torno desse mito?
Dr. Turíbio - Essa história do fortalecimento prejudicar a agilidade, a velocidade, é muito mais um mito do que um fato. O problema não é fazer um fortalecimento muscular, mas sim fazê-lo no momento errado. Quando isso é feito precocemente, a possibilidade é grande de prejudicar aquilo que seja até a característica fundamental do talento que o garoto tem. Então, se ele for submetido a um programa de musculação muito cedo, ele pode sim se tornar um atleta que perca velocidade, perca agilidade. Ao contrário, se isso for feito no momento certo, no momento em que ele já teve seu crescimento e seu desenvolvimento amadurecidos, o ganho de massa muscular vai tornar este atleta mais rápido, ágil, forte e resistente.

Confira a entrevista completa no Olheiros.

sábado, 17 de novembro de 2007

MSC – MOVIMENTO DOS SEM CRAQUES

Manifesto dos Blogueiros a favor da transformação do futebol brasileiro

Nossa paciência está no limite. É triste ver a que ponto chegamos. O futebol nacional nunca esteve tão ruim, tão feio. É difícil de acreditar no que estamos vendo. Craques surgem aos baldes, mas antes mesmo de se tornarem ídolos em seus clubes, que os lapidaram e os revelaram, são vendidos ao exterior, muitas vezes a preço de banana. O que mais nos assusta é que muita gente reclama, muitos esperneiam, mas quem pode tentar reverter a situação não tem feito nada.

Clubes de futebol devendo milhões. Não há clube de futebol sem dívidas no Brasil, mas sim os que devem menos. Estádios precários caindo aos pedaços, monopólios de transmissão em TV, falta de organização e preocupação com o bem estar do torcedor.

Se fôssemos listar tudo que há de errado em nosso futebol, escreveríamos um livro e não um manifesto.

A força dos Blogs e dos blogueiros que vos escrevem é nula ou insignificante, mas nossa comunidade tem crescido a cada dia e com ótimos escritores, jornalistas ou somente fanáticos por futebol, gente que age por paixão, que se dedica e escreve belos textos. Com isso, convocamos todos os amigos, parceiros ou simples militantes do nosso futebol que se engajem nesta campanha em prol do esporte bretão.

Ainda não sabemos o que fazer e como fazer, mas sabemos que algo precisa ser feito com urgência e partindo de alguém. Da imprensa parece que não vai ser. Da CBF não esperamos nada, e do governo menos ainda. Então por que não tentarmos nós? Os clubes vivem um martírio onde as dívidas com suas federações e com o Clube dos 13 os fazem reféns de verdadeiros Barões da cartolagem, limitando as suas possibilidades de ação.

A esperança olha para nós. O povo brasileiro. Não podemos deixar a maior paixão do nosso povo se esfacelar desta forma. Chegou a hora de agirmos. Vamos fiscalizar, divulgar e cobrar. A divulgação nós já fazemos, agora é a hora de começar a cobrar. Temos representantes em todos os cantos. Vamos nos unir porque não custa tentar.

Orlando Silva Júnior, Ministro dos Esportes é o nome de quem devemos começar a cobrar ações, dos dirigentes dos nossos clubes temos que cobrar atitudes e dos nossos Deputados e Senadores temos de cobrar a revisão da Lei Pelé. Temos que começar a criar condições de manter os nossos craques no país, criar condições para que os clubes consigam ter sustentabilidade, e exigir maior transparência nas administrações dos mesmos. Todos nós admiramos o futebol europeu pela sua organização e marketing, e temos que nos espelhar em seu modelo de gestão, melhorando-o e adaptando-o às nossas circunstâncias.

Cabe a nós cobrar. Cobrar, acompanhar e fiscalizar.

Este manifesto é apenas um texto de meros blogueiros que entendem pouco mas que são apaixonados pelo futebol e que têm muita vontade de ver as coisas mudarem. Se tivermos união, sei que poderemos colocar pelo menos um tijolo na construção de uma nova forma de encarar o esporte mais brasileiro que existe.

O nosso futebol merece esse nosso esforço. Contamos com todos. Blogueiros e não blogueiros, uní-vos!"

[Texto de Bruno Silva que será postado nesta data por vários Blogueiros que se associaram a este Movimento. Se você tem um Blog sobre futebol, participe! Este é um movimento sem dono ou representante.]

terça-feira, 13 de novembro de 2007

O dono da bola



Abordo novamente um assunto que considero por demais importante e que, aparentemente - para meu desespero e para a infelicidade geral da nação - a imprensa esportiva brasileira tem dado pouca atenção: passado o furor do anúncio do Brasil como sede para a Copa de 2014, começa a corrida desenfreada para dividir as fatias do bolo.

E é exatamente esse título, "o dono da bola", que a revista Veja usa essa semana em sua entrevista com Ricardo Teixeira. Afinal, se a Fifa faz toda questão de deixar claro que "a Copa do Mundo é da Fifa"¹, ao menos este brasileiro é o que terá mais poder sobre o evento em terras tupiniquins.

Já adianto que a entrevista não traz nada de novo ou revelador, primeiro pela qualidade da revista e segundo pela personalidade do entrevistado. Mas dá mostras do discurso que podemos esperar nesses sete anos.

"Não vou comprar nada com dinheiro do governo. Não vai ter dinheiro público nas coisas básicas desportivas da Copa", disse Teixeira. Observe o verbo conjugado na primeira pessoa, mostrando claramente que quem faz a Copa no Brasil é ele. Quem TROUXE a Copa pra cá foi ele. O povo brasileiro DEVE isso a ele, e por isso ele pode fazer o que bem entender. Arrogante? É este o discurso do presidente da CBF e do Comitê Organizador Local, a ser criado em breve.

É óbvio que os governos estaduais e federal não irão bancar as reformas do Morumbi. Mas Teixeira esquece-se de que alguns dos estádios escolhidos são públicos, e por mais que surjam as PPPs, ALGUM dinheiro público será gasto. E ao contrário de investimentos em infra-estrutura, que podem beneficiar a população, instalação de cadeiras no Mineirão não mata a fome de quem mora no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do Brasil. E ambos os exemplos são de obrigação do Governo do Estado de Minas.

Repito: é muito poder na mão de alguém que tem tanta facilidade para capitalizar quanto para apagar os rastros. Teixeira vê-se no direito até de influenciar em decisões políticas, uma vez que basta um dedo em riste para que ele sugira a eliminação de uma cidade como possível sede da Copa. Até 2008, quando as sedes serão escolhidas, o presidente da CBF tem a chance de se refestelar com mimos, lobbies e muita, MUITA articulação.

Quando perguntado sobre CPI do Corinthians/MSI e a antiga CPI da Nike, Teixeira desconversou. Preferiu atacar o proponente da CPI, senador Álvaro Dias. Não que ele não tenha seus esqueletos no armário, mas a reação de Teixeira foi típica de um culpado que se sente acuado.

Encerro com a frase que considero mais emblemática. Quando perguntado sobre o orçamento para a Copa, Teixeira simplifica: "ainda é muito cedo para saber". Ora, se a Alemanha foi escolhida também sete anos antes para a Copa de 2006 e sabia, por que para nós é muito cedo? Vale lembrar que por lá as coisas acontecem muito mais rápido. Tais incertezas abrem espaço para mais e mais negociações.

É esperar. Mas em nome de um mês de festa (que o povo brasileiro nem vai poder acompanhar direito, já que a maioria dos ingressos vai pra fora), corremos o grande risco de viver sete anos em letargia. O que era para ser o gatilho de uma mudança recebe ares de mantenedor do statu quo.

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¹ Sobre este assunto em particular, indico excelente artigo de Oliver Seitz no porta Cidade do Futebol (ver).

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Em time que está ganhando...

Posto, hoje, coluna publicada originalmente no Olheiros, na sexta-feira. Convido a todos a acessarem o site.

Conquistas seguidas do São Paulo dificultam acesso de atletas vindos da base


Quem está no topo, quer permanecer no topo e, para isso, busca sempre se reforçar. O raciocínio é simples e se aplica, com perfeição, ao São Paulo. Tão logo Rogério Ceni abaixou a taça na quarta-feira, o discurso passou a ser apenas um: “precisamos nos reforçar”. Repetir o insucesso continental dos últimos dois anos é algo impensável no Morumbi e a diretoria já se manifestou: vai atender os pedidos de Muricy.

Para um clube que fatura 120 milhões de reais por ano, reforçar o elenco chega a ser um exercício assaz divertido. Afinal, buscar jogadores com o caixa no vermelho não é lá uma das tarefas mais agradáveis. E até por isso, o São Paulo busca soluções para seus poucos problemas sem perceber que elas podem estar ali, bem embaixo do nariz. Literalmente.

A vida dos garotos que esperam por uma chance no time principal não tem sido fácil. Ao invés de olhar para as bases, o Tricolor sai às compras – o que tem sido uma constante na política de negociações do clube, que compra jogadores até então medianos e vende por cifras excelentes (casos de Ilsinho, Josué e Cicinho, entre tantos outros). Como isso dá retorno para o cofre, continua como está. O caso de Denílson, negociado com o Arsenal antes mesmo de se firmar no time titular, é exceção.

Em meio às trocas no elenco, o outrora chamado expressinho fez uma campanha excelente na Copa São Paulo e só caiu na final diante do ótimo Cruzeiro nos pênaltis. Daquele time, Breno foi um dos poucos que subiu, mas Sérgio Motta, Flávio e Serginho poderiam muito bem ter ganhado uma chance e feito o mesmo sucesso do zagueiro, que provavelmente será eleito a revelação do campeonato.

Até Fabiano, que não começou no clube e estreou apenas porque Ceni estava contundido e Bosco suspenso. Quando jogou, mostrou que tem qualidade. Assim, o São Paulo vai seguindo o caminho inverso de outros clubes brasileiros que, por falta de dinheiro, apostam quase tudo nas bases. Mas enquanto lá o clima é tumultuado e a pressão, constante, cá no Morumbi o ambiente é perfeito para se lançar novos talentos. O São Paulo gaba-se de ter estrutura e grandes times na base, mas não tem sabido se aproveitar deles. Saber mesclar esses talentos com os reforços (necessários sim, e bem-vindos, porque não), é a equação a ser solucionada.

Relembrar é viver

Em fevereiro de 1987, dois anos antes do nascimento de Breno, o Tricolor conquistava o bicampeonato brasileiro na final contra o Guarani. O time, comandado por Pepe, tinha os garotos Silas, Müller e Sidney, entre outros, que ficaram conhecidos como os “menudos do Morumbi”.

Mas o trabalho havia começado em 84, com uma reformulação imposta por Cilinho, que promoveu vários jogadores da base e recuperou Careca. O time mudou muito no ano seguinte, mas a semente plantada por Cilinho foi o embrião da equipe que disputou três finais seguidas do campeonato brasileiro, vencendo em 91 e abrindo as portas rumo a Tóquio.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Brasileirão: 90%


Ainda que Juventude e São Paulo jogem apenas na quarta, o resultado em nada influirá na classificação do campeonato. Por isso, fazemos já nossa última análise antes do final do campeonato.

O São Paulo, que sofria de uma queda que tem sido natural para os líderes na reta final do campeonato desde 2003, garantiu sem problemas o pentacampeonato a quatro rodadas do fim. Pode, ainda, atingir o segundo melhor índice de aproveitamento (71,9%, contra 72,4% do Cruzeiro-03) e a maior diferença para o vice-campeão na história dos pontos corridos.

Vice-campeão que parecia definido, nas últimas análises. A série de sete derrotas do Cruzeiro só terminou neste final de semana, no confronto direto com o Flamengo, e o time chegou até a ficar de fora do G-4. A seqüência é razoável : Inter e Sport fora, América em casa. Com quatro pontos, pode ao menos salvar a Libertadores. O vice chegou perto do Santos, que venceu bem o Náutico fora de casa graças à subida de produção de Pedrinho. Mas a tabela é complicada e o time apenas empatou em casa com o Galo.

O Flamengo protagonizou uma ascensão que lembrou o Goiás de 2004. A derrota para o Cruzeiro foi a primeira após quatro vitórias consecutivas, que colocaram o time na briga por uma antes impensável vaga na Libertadores. Souza fez gols importantes, Ibson tem jogado muito bem e a dupla de alas formada por Juan e Leonardo Moura é a melhor do Brasil. Como está numa curva ascendente, o Flamengo é favorito, hoje, a ficar com uma das vagas, deixando a briga pela restante para Cruzeiro e Palmeiras.

Palmeiras que pode pagar caro pelas derrotas que sofreu em casa para times ameaçados pelo rebaixamento: Sport no primeiro turno, Juventude agora. A outra derrota para o Sport poderia ter sido evitada, mas fato é que, nas últimas rodadas, o time teve um desempenho superior ao apresentado no restante do campeonato. As duas derrotas mostram o quanto o time é irregular, como a maioria. Até por isso, continua na briga.

Três derrotas em quatro jogos deixaram o Grêmio distante da vaga. O time subiu de produção no segundo turno, mas a dificuldade em fazer pontos fora de casa pesou. Botafogo e Atlético-PR ainda sonham, mas o Fogão não sabe se é o time que goleou o Cruzeiro ou o que empatou com Juventude e América; e o Furacão, ainda que tenha renascido com a chegada de Ney Franco, reagiu tarde demais.

Inter e Figueirense também apresentaram uma oscilação muito grande. O Colorado teve a excelente estréia de Nilmar, mas perdeu para o Paraná e empatou em casa com o Sport. Já o Figueira surpreendeu e venceu Santos e Grêmio, afastando o perigo de rebaixamento. Vasco e Sport, ainda que não tenham tido desempenhos muito bons, não devem se assustar mais com o rebaixamento, assim como o Atlético-MG, que tem tabela muito tranquila: pega Goiás e Juventude em casa. O Vasco, aliás, poderá ser o fiel da balança para o Timão: enfrenta o Corinthians na penúltima rodada, e o Paraná na última.

Perdendo fôlego, o Náutico chegou a sonhar com a Sulamericana, mas três derrotas fazem com que Roberto Fernandes se dê por satisfeito com a manutenção do time na primeira divisão. Uma vitória sobre o América e um empate diante do Figueirense devem bastar, já que na última rodada o Flamengo - provavelmente ainda sonhando - será um adversário duríssimo.

Finalmente, Corinthians, Goiás e Paraná brigam para escapar do rebaixamento. O Paraná precisará se superar, já que tem uma tabela complicada: Botafogo fora, Santos em casa e Vasco fora. Deve cair. Aos dois restantes, a próxima rodada marca um confronto direto no Serra Dourada. É o jogo do ano para o Corinthians e uma derrota pode significar o rebaixamento para ambos. Impossível de se prever.

Quem mais subiu: Flamengo (de 9° para 4°, 9 pontos em 12)
Quem mais caiu: Vasco (de 7° para 12°, 4 pontos em 12) e Sport (de 8° a 13°, 4 pontos em 12)
Destaques das últimas quatro rodadas: Finazzi (quatro gols em quatro jogos), Pedrinho e Souza.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O penta no penta

77, 86, 91, 06 e 07. O São Paulo fez a quina e é o primeiro pentacampeão brasileiro sem contestação - afinal tem muita gente que ainda não reconhece o penta flamenguista, especialmente a CBF.

Para quem ainda defende o argumento retrógrado de que o campeonato brasileiro é o mais equilibrado do mundo, de que "todo ano pelo menos dez equipes disputam o título", uma definição célebre de Mauro Beting acaba com a discussão: a cada ano, o campeonato brasileiro parece ser mais uma disputa entre vinte times para evitar o rebaixamento que, eventualmente, é vencida por quem errar menos. Fica a lição para dirigentes perpétuos, que mesmo sabendo que seus clubes não têm condição de serem campeões, inflamam seus discursos para agradar a torcida.

Digo isto porque o time atual do São Paulo é inferior ao de 2006 e, enquanto aquele terminou o campeonato nove pontos à frente do vice e garantiu o título a duas rodadas do fim, este já abre 15 e foi campeão com quatro jogos de antecedência. Não desmereço o time são-paulino, afinal em 2007 a defesa sofreu 19 gols a menos que no ano passado. Mas é fato que nunca uma conquista parece ter sido tão fácil.

Assim, acaba a história de que "o Brasil tem vários times grandes". Com a quinta estrela, o São Paulo sacramenta o que já era: o maior time do Brasil. O mais vencedor. O mais rico. O penta no país do penta. Uma hegemonia que, a julgar pelos adversários, só tende a crescer.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

A Copa do Mundo é...dele

Ninguém se fortaleceu mais no processo de escolha do Brasil como sede da Copa de 2014 do que Ricardo Teixeira. O presidente da CBF, criticado por alguns ao assumir o futebol nacional em 1989 e por quase todos com o passar do tempo, é, hoje, a segunda pessoa mais importante do futebol mundial.

Digo segunda porque Teixeira vem, obviamente, atrás de Joseph Blatter, que só não terá vida tão longa na Fifa justamente por causa da idade. A corrida presidencial para eleger o sucessor de Blatter já é intensa nos bastidores das confederações e Teixeira, que nunca escondeu o sonho de presidir a entidade máxima do futebol mundial, vê na organização da Copa no Brasil seu maior trunfo na campanha para ser o presidente a partir exatamente de 2014.

Além das conhecidas ressalvas de segurança e infra-estrutura feitas sobre a candidatura brasileira, outro ponto chamou a atenção do comitê de inspeção da Fifa, mas que passou despercebido por aqui: o comitê organizador da Copa é a própria CBF e Ricardo Teixeira, por conseqüência, seu presidente. Um fato inédito.

Os países-sede possuem um comitê organizador local, que trabalha em conjunto com o comitê da Fifa. Para a Copa de 2006, o presidente do comitê alemão foi Franz Beckenbauer; na África do Sul, a tarefa cabe a Danny Jordan. Estes comitês são entidades jurídicas únicas e as federações nacionais mantêm suas instituições e estruturas preservadas, trabalhando paralelamente.

A decisão de imputar à CBF tamanha responsabilidade desvirtua o processo, além de deixá-lo menos transparente: Teixeira será o comandante de todas as negociações, seja de patrocínios, parcerias, obras e quaisquer outras decisões que envolvam a Copa. Tendo na cabeça a cifra de US$ 1 bilhão que o comitê de inspeção avaliou como necessária para adequar os estádios ao padrão Fifa, imagine o que esse poder centralizado pode acarretar quando se tem uma pessoa que comanda as federações estaduais decidindo tudo: entra em cena o jogo político, que quase nunca visa o melhor para quem realmente interessa. Com um ano de articulações pela frente para a escolha das cidades-sede, Teixeira pode conseguir qualquer coisa que quiser - até mesmo definir o número de sedes em doze, ao contrário das dez que a Fifa recomenda.

Não bastasse isso, somente pelo fato de o Brasil ter sido escolhido sede, Teixeira garantiu-se como presidente da CBF até 2014 (e até por isso deve concorrer à presidência da Fifa somente a partir de então). Com a constante reclamação (fundamentada) dos clubes de que a CBF só se interessa pela seleção e deixa eles, alimentadores de todo o sistema, à deriva, os sete próximos anos podem ser bastante nebulosos para o futebol brasileiro - especialmente se contarmos o rápido processo de enfraquecimento dos clubes nesta década.

O Brasil tem sim condições de sediar uma boa Copa do Mundo. Não será a melhor da história, afinal a diferença de nível para os europeus é absurda. Mas as chances de que seja uma Copa extremamente bem organizada já começam a diminuir. A taça do Mundo pode até ser nossa. Mas com o Teixeira, não há quem possa!

sábado, 27 de outubro de 2007

Campeonato sulamericano sub-15



As cidades de Porto Alegre e Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, recebem entre os dias 27 de outubro e 11 de novembro jovens garotos nascidos a partir de 1º janeiro de 1992 que devem protagonizar o futebol do continente dentro de alguns anos. É a terceira edição do Campeonato Sul-Americano sub-15, que irá reunir as seleções dos dez países filiados à Conmebol.

Na primeira fase, os times estão divididos em dois grupos de cinco. As duas equipes que mais somarem pontos em cada chave irão avançar ao quadrangular final, que irá definir o campeão continental da categoria.

Apesar de estar dando os seus primeiros chutes, o torneio já teve em seus gramados atletas que já debutaram nas seleções principais dos seus países, como o argentino Sergio “Kun” Agüero, o paraguaio José Montiel, o chileno Aléxis Sánchez e os brasileiros Marcelo e Anderson. Outras jovens promessas do futebol sul-americano, como Alex Teixeira, Cristopher Toselli, os gêmeos Fábio e Rafael, Federico Laurito, Diego Buonanotte e Matías Zarate, também participaram da competição.

A matéria completa, escrita por Marcus Alves, Mozart Maragno e Rafael Reis, você confere o Olheiros.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O mundo do futebol se renova


Está no ar a partir de hoje o Olheiros, o primeiro site brasileiro voltado totalmente para o futebol de base. E é com muito prazer que faço parte deste grupo, que tem o intuito de crescer e fazer a diferença - exatamente como os garotos que dão seus primeiros passos nos gramados mundo afora.

Estréio nesta sexta meu primeiro texto na coluna "Ponto futuro". Convido a todos os amigos que visitem e, caso gostem, recomendem. Críticas, sugestões e comentários serão sempre bem-vindos.

Deixo com vocês o texto oficial de abertura do site, escrito pelo amigo Dassler Marques, co-idealizador do projeto ao lado do também amigo Marcus Alves.

Olheiros na rede

Não há, em qualquer segmento que se aponte, um tratamento específico para o futebol de base na imprensa brasileira. Paradoxalmente, é dos jovens jogadores que os clubes daqui mais precisam, cada dia em maior escala, para rechear seus elencos e manter as finanças no azul. Olheiros surge, justamente, para preencher essa lacuna.

Conhecer o futebol de base é, acima de tudo, antever os fatos. Se hoje, Fàbregas e Messi assombram a Europa como protagonistas da temporada em curso, quem acompanha jovens jogadores desde a adolescência poderia, há muito tempo, prever esse sucesso. Desde já, podemos atestar a qualidade de futuros craques como Bojan Krkic, Toni Kroos e Ransford Osei.

Cabe, ainda, ressaltar o período decisivo para o ciclo da base mundial. Olheiros ganha vida, justamente, após os repercutidos Mundiais Sub-17 e Sub-20, mas meses antes dos Jogos Olímpicos de Pequim. É nesse período, principalmente, que a cobertura do futebol de base é amplificada e discutida, nem sempre como deveria ser.

Recheado por gente que estuda e acompanha jovens jogadores de todo o mundo, Olheiros traz uma proposta de cobertura através de oito colunistas semanais e seções específicas, como o “Fique de olho”, o “Meninos prodígios”, “Eternas promessas” e “Meninos ganham campeonatos”. Além disso, há, no conteúdo, especiais e entrevistas com pessoas presentes no contexto do futebol de base, como é o caso de Rodrigo Caetano, responsável pela formação de atletas como Lucas e Anderson no Grêmio, e entrevistado, pessoalmente, por nosso Gustavo Vargas.

Não por coincidência, somos também jovens e, modéstia à parte, representantes de uma nova safra de analistas que estuda e acompanha o futebol em ampla profusão. Fatalmente, não será comum ver, aqui, expressões como “fulano está mascarado” ou “ciclano sentiu a pressão”. Algumas vezes, se trata de um julgamento primário e abrigo seguro para críticos desinformados ou preguiçosos.

Sobre a linha editorial, é importante dizer que Olheiros não pretende ser um site entusiasta de garotos que, sabe-se bem, nem sempre são soluções. O objetivo primordial é preencher um filão sistematicamente ignorado pela grande mídia, mas de relevância contínua e crescente no futebol brasileiro e mundial.

Enxergar futuros talentos é, em comum, algo que dá prazer para a nossa equipe. Desde já, Olheiros está no ar.

Os Olheiros são: Dassler Marques, Gustavo Vargas, Leandro Guimarães, Marcus Alves, Maurício Vargas, Mozart Maragno, Nuno Almeida e Rafael Reis.

Colaboram, ainda: Alexandre Lozetti, André Augusto, Bárbara Barreto, Braitner Moreira, Filipe Lima, Henrique Moretti e Leandro Silva.


terça-feira, 16 de outubro de 2007

Brasileirão: 80%


Faltando sete rodadas para o final do campeonato, vamos a mais uma análise com muito a se definir, ao contrário do que se esperava. As disputas, tanto em cima quanto embaixo da tabela, ainda estão abertas, e o cenário pode mudar até mesmo na última rodada.

Certo mesmo, só duas coisas: o América/RN já foi rebaixado (pior campanha da história dos pontos corridos) e São Paulo é o campeão, mesmo apresentando uma queda de rendimento que já era esperada - ainda que para algumas rodadas atrás (entre a 21ª e a 25ª), quando o Brasileirão tem mostrado, desde 2003, os últimos deslizes do campeão antes da arrancada final. Apesar de possuir um elenco com muitas opções, Muricy viu contusões e cansaço aparecerem, mas nada que vá tirar a taça do Morumbi.

Agradecimento especial ao Cruzeiro, que tem sido o vice que qualquer equipe pediu a Deus. A Raposa também perdeu fôlego, deixou escapar pontos importantes e tem até sua vaga na Libertadores ameaçada, pois Palmeiras, Santos e Grêmio já encostaram. E, de fato, restaram estas equipes na briga. Enquanto Cruzeiro, Grêmio e Santos têm três jogos a cumprir em casa, o Palmeiras em quatro. Analisando pela tabela, diria que o Grêmio tem menos chances, mas é uam disputa muito parelha.

O Fluminense permanece rondando a zona da Libertadores, e com a permanência de Thiago Neves faz bem em usar as últimas rodadas do Brasileiro como uma preparação de luxo para a temporada 2008. O Tricolor serve também como separação entre os que brigam efetivamente pela Libertadores e os que ainda sonham: está a cinco pontos de Sport, Vasco e Flamengo (estes dois últimos com um jogo por realizar, na quinta). Esses times torcem pela ascensão do Flu para tentarem a quinta colocação.

O Vasco é um caso à parte. Esteve oito rodadas sem vencer e, de candidato à Libertadores, teve seu discurso mudado para a fuga do rebaixamento. O elenco é muito inferior ao do São Paulo e não aguentou conciliar BR e Sulamericana. Resta agora a Roth encerrar o ano com uma posição honrosa. A tabela não é das mais difíceis, mas a Libertadores é um sonho distante, assim como para o Flamengo, que tem conseguido bons resultados ao lotar o Maracanã e foi o time que mais subiu desde a última análise, mas longe da torcida não tem sido tão eficiente.

Se o Flamengo subiu, o Goiás continua caindo e já está no limite da zona de rebaixamento. Pior que os esmeraldinos só o Botafogo, que tem a segunda pior campanha do returno (à frente apenas do América). A saída-e-volta-relâmpago de Cuca abalou o emocional dos jogadores, e um time em queda tão acentuada numa fase crítica como esta pode gerar conseqüências catastróficas como o rebaixamento.

Rebaixamento que o Juventude parece que não conseguirá evitar, assim como o Paraná, que tem uma tabela complicadíssima. Resta, assim, uma vaga, e pode sobrar para um grande: Botafogo, Atlético e Corinthians são candidatos. E mesmo o Náutico, com toda a recuperação, continua ameaçado.

E você, quem acha que vai ficar com as vagas na Libertadores? E quem vai ser rebaixado? Quando voltarmos para a última análise antes do final do campeonato, muita coisa já estará definida.

sábado, 13 de outubro de 2007

A África é logo ali 2 - Conmebol, AFC e CAF

Após a vibrante (?) primeira fase na Oceania das Eliminatórias para a Copa 2010, mais três continentes dão a largada para a corrida rumo à África do Sul: Ásia, África e América do Sul. Expliquemos o regulamento e tentemos adivinhar as chances de cada um.

África

Desde já convido a acompanharem os pitacos mais certeiros do amigo Marcus Alves, especialista em futebol africano. A África foi o país que mais ganhou com os aumentos de participantes na Copa, e para 2010 foi agraciada com a sexta vaga: permanecem cinco se classificando, além da anfitrã. Além disso, o regulamento mudou um pouco: Neste final de semana, acontecem os emocionantes duelos entre Serra Leoa x Guiné Bissau e Madagascar x Ilhas Comoros. A volta acontece mês que vem, quando também jogam Djibouti x Somália, em confronto único. Os vencedores avançam à segunda fase, com 12 grupos de 4 times. Os campeões de cada grupo, mais os 8 melhores segundos colocados avançam à terceira fase: cinco grupos de quatro seleções, com o campeão de cada grupo carimbando o passaporte.

Ásia

O regulamento asiático é uma bagunça, portanto vamos simplificar: Austrália (disputando sua primeira eliminatória pela AFC), Coréia do Sul, Japão, Irã e Arábia Saudita entram direto na segunda fase. Na primeira (que já está rolando, e que pode gerar surpresas, afinal times importantes já estão na briga), foram formadas 19 chaves de ida e volta. Dos vencedores, os 11 melhores no ranking vão direto para a terceira fase, enquanto os oito piores serão chaveados novamente, em ida e volta. A terceira fase tem cinco grupos de quatro times, com primeiros e segundos avançando para a fase final: dois grupos de cinco, onde os dois melhores de cada chave garantem vaga. Os terceiros se enfrentam e o vencedor pega o campeão da Oceania na repescagem.

América do Sul

Agora sim, o que interessa! O regulamento é simples e conhecido: turno e returno para os dez países. Quatro classificam e o quinto vai para a repescagem, dessa vez para enfrentar um time da Concacaf. Considerando a hegemonia brasileira e argentina, e um formato que elimina a chance de surpresas, restam duas vagas e meia. Quem deve ficar com elas?

Ainda que tenha evoluído muito, a Venezuela deve se contentar mais uma vez com uma briga com a Bolívia para fugir da lanterna. E deve conseguir, o que elimina mais duas equipes, sobrando seis. O Peru tem um ataque digno de disputar uma Copa, mas a defesa seria a mais vazada até mesmo no Campeonato Brasileiro. De qualquer forma, pode tirar pontos e, quem sabe, surpreender. Tirando os venezuelanos, que nunca disputaram um Mundial, os peruanos são os sul-americanos há mais tempo sem participar da Copa: desde 82, quando Cubillas despediu-se dos gramados.

A Colômbia, adversária do Brasil na estréia, teve a melhor defesa da última eliminatória, mas após o fracasso na Copa América o técnico Jorge Pinto promoveu uma reformulação no elenco. Melhor para Falcão Garcia, que vive boa fase no River. Ferreira, do Atlético-PR, também é conhecido da torcida brasileira e Rodallega possui certa rodagem. Ainda assim, os colombianos entram como azarões.

Por isso, a briga deve ficar entre os mesmos de sempre: o Paraguai conseguiu se livrar da sombra da geração de 98, mas os últimos resultados não são animadores. Entretanto, graças à falta de concorrência, deve ficar no mínimo com a quarta colocação. Desta forma, Equador, Uruguai e Chile brigam por duas vagas. O Chile vem renovado e deve aproveitar boa parte da equipe que foi bem no Mundial Sub-20. Muitos terão idade suficiente para serem titulares caso a equipe vá para a África. Sem Valdívia, suspenso (e que nem é tão unanimidade assim por lá), Marcelo Bielsa tem um bom plantel para brigar.

O Equador entra como favorito, apesar da péssima campanha na Copa América. Muitos jogadores atuam na Europa e o país consegue revelar bons talentos, mostrando que não foi apenas uma geração dourada, como o caso da Colômbia da década passada. E por fim, o indecifrável Uruguai, que ainda vive da síndrome do "agora vai". A saída de Recoba abre espaço para uma boa geração, que também apareceu bem no Mundial Sub-20. Aliados à experiência de jogadores como Forlan e Dario Rodriguez, podem levar a Celeste de volta à Copa.

Palpites das duas primeiras rodadas:
Uruguai 2x0 Bolívia
Argentina 3x1 Chile
Equador 2x1 Venezuela
Peru 1x1 Paraguai
Colômbia 0x2 Brasil

Venezuela 1x2 Argentina
Bolívia 1x1 Colômbia
Paraguai 2x1 Uruguai
Chile 3x1 Peru
Brasil 2x0 Equador

Palpite para a classificação:
Tudo bem, é um campeonato que dura dois anos, mas vamos lá: Brasil, Argentina, Paraguai e Equador. Uruguai e Chile devem brigar pela vaga na repescagem num duelo muito equilibrado.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Campeonato Alemão: balanço inicial


Desistindo de pedir desculpas pela falta de atualização e de visitas aos amigos, passo a contentar-me com esporádicas postagens, vez que o tempo não me tem sido amigo. Tanto é verdade que, muito atrasado, faço aqui um balanço do Campeonato Alemão após seis rodadas (lembrando que já chegamos à nona, mas a divisão fica assim para um melhor acompanhamento fase a fase). A análise recai sobre os seis principais times do país, aqueles que acompanho mais de perto em virtude de um trabalho paralelo realizado. Lembrando que, em parênteses, aparece a campanha da equipe na Bundesliga e, em maiúscula, o melhor jogador do time no período, vamos às observações:

BAYERN DE MUNIQUE (1º, 14 PG – 4V, 2E, 0D – 16GP, 3GC)

O Bayern iniciou a temporada cercado de expectativas – e atendeu a cada uma delas. Ottmar Hitzfeld fez muito bem ao aproveitar os amistosos pré-temporada e a Copa da Liga para encontrar a forma ideal de jogo e conseguiu: um surpreendente 4-2-2-2 à brasileira, com Zé Roberto jogando ao lado de van Bommel na primeira linha do meio-campo. Hitzfeld provou também que Luca Toni e Klose podem sim jogar juntos (ambos marcaram 12 dos 25 gols do time, quase 50%) e consertou a defesa, ponto fraco do ano passado. E de quebra, Ribéry foi eleito o jogador do mês de setembro na Alemanha. Resultado: quatro vitórias, dois empates contra adversários diretos e a liderança tranqüila da Bundesliga.

Foram bem: RIBÉRY, Klose, Toni e Altintop.
Foram mal: Schweinsteiger, Podolski

SCHALKE 04 (5º, 10PG – 2V, 4E, 0D – 12GP, 6GC)

A grande dúvida que pairava sobre o Schalke no início da temporada era se o time conseguiria sobreviver agora que Lincoln, o dono da equipe nos últimos anos, deixou Gelsenkirchen. O croata Rakitic, contratado para ser o substituto, até que tem tido um desempenho razoável. Mirko Slomka escala a equipe no tradicional 4-3-1-2 alemão, com um losango no meio-campo e a defesa vai bem, ainda que sofra muitos gols no segundo tempo. O ataque começou arrasador, mas tem produzido pouco nas últimas rodadas.

Foram bem: BORDON, Ernst, Rafinha e Rakitic
Foram mal: Asamoah, Lövekrands e Altintop

HAMBURGO (6º, 10PG – 3V, 1E, 2D – 6GP, 5GC)

O Hamburgo fez contratações interessantes para apagar o péssimo desempenho da temporada passada. Boateng chegou para compor a defesa, que é o ponto forte do time: sofreu apenas cinco gols, graças às performances de Rost e Mathijsen (Kompany vinha bem, mas se contundiu). Apesar de jogar com dois pontas, um centroavante enfiado e van der Vaart na armação, o ataque tem sido econômico: fez apenas seis gols. Até por isso, o recém-contratado Zidan perdeu a vaga para Guerrero.

Foram bem: Jarolim, Rost, VAN DER VAART, Mathijsen.
Foram mal: Zidan, Trochowski, Olic

WERDER BREMEN (8º, 10PG – 3V, 1E, 2D – 9GP, 11GC)

O Werder Bremen é o time mais irregular deste início de temporada. Pode tanto fazer uma apresentação impecável como quando goleou o Stuttgart por 4 a 1, como pode também jogar da maneira horrível que jogou na derrota para o Borussia Dortmund por 3 a 0. Tanta irregularidade passa por um único problema: desfalques. Quase meio time titular permanece no estaleiro: Frings, Baumman e Carlos Alberto juntaram-se a Borowski, Klasnic e Wome, que ainda não jogaram nesta temporada. Thomas Schaaf não encontrou o substituto de Klose e Diego, ainda que continue bem, não consegue resolver tudo sozinho.

Foram bem: DIEGO, Sanogo, Hugo Almeida
Foram mal: Wiese, Mertesacker, Pasanen, Vranjes

BORUSSIA DORTMUND (9º, 9PG – 3V, 0E, 3D – 11GP, 10GC)

O Borussia montou um elenco compacto, afinal não disputa nenhuma competição européia esta temporada. Kovac chegou para o lugar de Metzelder, mas perdeu a vaga para Brzenska após o time sofrer sete gols nas duas primeiras rodadas. Sem Frei, machucado, e com a saída de Smolarek, Thomas Doll teve que se contentar com Petric e Klimowicz no ataque. Ziegler chegou, jogou algumas partidas no gol, mas Weidenfeller já recuperou a titularidade. É por essas e outras indefinições que o time está exatamente no meio da tabela.

Foram bem: KRINGE, Dede, Petric e Weidenfeller
Foram mal: Ziegler, Kovac e Valdez

STUTTGART (13º, 7PG – 2V, 1E, 3D – 8GP, 10GC)

O Stuttgart mudou pouco da temporada passada, e a falta de reforços cobrou seu preço logo nas primeiras rodadas. Schäfer falhou em alguns lances e deixou a torcida morrendo de saudades de Hildebrand. Além disso, o meio-campo caiu muito de produção após a lesão de Hitzlsperger. Outro lesionado, Mario Gomez não voltou bem e nem Bastürk, nem Ewerthon, justificaram o investimento. Armin Veh não consegue definir um titular para a lateral-esquerda e o time como um todo está bem abaixo do desempenho de 2006/07.

Foram bem: HILBERT, Pardo, Khedira, Hitzlsperger (antes da lesão)
Foram mal: Schäfer, Cacau, Fernando Meira e Ewerthon.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Náufrago


Acompanhasse Tom Hanks o Campeonato Brasileiro, ficaria com inveja da versão brasileira de "Náufrago". De fato, a cruzada da caravela vascaína passou muito além de Taprobana mas, quando começava a avistar a América, foi a pique.
Muitos são os motivos pela queda vertiginosa de produção do Vasco no segundo turno, que encontra par apenas em outro clube de regatas, ali na praia de Botafogo. Difícil apontar qual o mais importante:

- A complicada tarefa de conciliar duas competições com um elenco limitado. A Sulamericana fez com que o time disputasse um jogo a cada três dias, enquanto muitos adversários diretos (como Santos, Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro) descansavam.

- As lesões conseqüentes de tal maratona de jogos. Perdigão, elemento fundamental do time no final do primeiro turno, perdeu seqüência e não tem atuado tão bem, muitas vezes no sacrifício.

- Uma seqüência dificílima no Brasileirão (SP, Cruzeiro, Grêmio e Santos) exatamente num momento complicado.

- A dependência de Leandro Amaral, que se agravou nas últimas rodadas, não só pelos gols que marca como também pelos que ajuda a criar.

- A constante mudança de esquema tático imposta por Roth recentemente. Após a vitória sobre o Lanús, quando a equipe jogou praticamente num 4-3-1-2, Roth atendeu o pedido da torcida e escalou Andrade ao lado de Perdigão. Entretanto, Andrade não tem repetido o bom desempenho de sua primeira passagem por São Januário. O meio perdeu em combatividade e agora o técnico muda a todo momento, muitas vezes até durante os jogos, o esquema do costumeiro 3-5-2 para o 4-3-1-2. Com isso, os alas/laterais caíram de produção e a zaga ficou indecisa.

Tudo isso fez com que o único invicto dentro de casa perdesse as três últimas partidas como mandante. A injeção de ânimo que a vitória na Sulamericana parecia ter dado ao elenco já teve seu efeito dissolvido, o que pôde ser visto especialmente na partida contra o Juventude: nunca uma equipe correu tanto sem imprimir velocidade e ritmo a um jogo. Foram 60 passes errados e um nervosismo fora de série. De novo em casa, contra o Juventude, assim como em 2006. De novo, o Vasco vai nadar, nadar, e morrer na praia.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Título ou vaga?

A Copa Sulamericana é o patinho feio do futebol brasileiro: equipes com um planejamento ruim na temporada utilizam-na como desculpa para os torcedores de que, ao menos, consegui-se uma classificação a um torneio continental. Ou então, quando a equipe briga contra o rebaixamento, o discurso é de que a meta é, exatamente, a Sulamericana.

Pois bem, vira-se a folha do calendário e a Sulamericana, ora comemorada, passa a ser lamentada. Uma competição que não vale nada, que só atrapalha o calendário, que tira o foco dos times em um momento muito importante do Campeonato Brasileiro. Mas afinal, por que a linha que separa o amor e o ódio pela Copa Sulamericana é tão tênue?

De fato, a Sulamericana é menos importante que a Libertadores e, como pregam muitos, não classifica para nada. Mas, ainda assim, é um título continental. Pergunte aos torcedores dos times campeões da Copa da Uefa se eles não comemoraram? Tudo bem que existem diferenças, mas também é a segunda competição em importância por lá.

Pergunte aos são-paulinos que lotaram o Morumbi se eles não vibraram com a vitória sobre o Boca? Talvez, o que falta para a competição "pegar" no Brasil é exatamente isso: que um brasileiro a conquiste. E pode ser que este seja o ano do São Paulo.

Mas o motivo do post é outro: para uma equipe como o Vasco, que briga por uma vaga na Libertadores, a Copa Sulamericana pode ser tanto benéfica quanto prejudicial. A maratona de jogos causou pequenas lesões e cansaço em alguns titulares e a queda de rendimento no Brasileirão foi visível. O exemplo do Fluminense de 2005, que a cada avanço internacional afastava-se da vaga para a Libertadores, ainda está vivo na memória.

Até por isso, cabe aqui uma discussão válida, pois as opiniões que colhi não são tão unânimes quanto pensava. Enquanto uns preferem que o seu time conquiste uma vaga para a Libertadores, outros vêem o título da Sulamericana como melhor opção. E é desta segunda maneira que penso, afinal para quê disputar uma competição que não se tem chance de título? (ou alguém acredita que se o Vasco ficar entre os quatro, briga pelo título no ano que vem?).

E o Vasco é só um exemplo. A questão é: um time limitado, que está nas quartas-de-final de um torneio sulamericano, deve abrir mão de uma colocação melhor no campeonato nacional para tentar o título deste torneio? É uma aposta arriscada, afinal somente o São Paulo tem elenco para disputar com tranquilidade ambas as competições.

Por querer tudo, pode-se não conseguir nada. E na escolha errada, pode-se jogar o ano fora. E você, o que preferiria: vaga na Libertadores ou título da Sulamericana?

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A sexta estrela


Faço questão de abordar tal assunto hoje, antes da final entre Brasil e Alemanha na Copa do Mundo de futebol feminino. Afinal, antes do início do Mundial pouco se falava. Agora, com a classificação para a primeira final de Copa da história do futebol feminino brasileiro, e com a fenomenal campanha da seleção, este deve ser o principal assunto na mídia.

Qualquer que seja o resultado, é preciso que fique claro que estas meninas são vencedoras. Afinal, se Alemanha, Estados Unidos e os países da Escandinávia são as maiores potências do futebol feminino, é porque houve investimento muito, mas muito pesado nos últimos vinte anos.

E quanto investimento houve no Brasil para o desenvolvimento do futebol feminino? Como vai o campeonato nacional? (Que campeonato!?) Qual incentivo essas meninas tiveram para seguir numa carreira que, ao contrário do futebol masculino, oferece pouca - ou nenhuma - perspectiva?

Talvez o problema esteja exatamente na interminável comparação. Por que o vôlei agrada tanto no masculino quanto no feminino? Por que o basquete do Pan teve mais destaque com Janete & cia. do que com os homens? Por que só no futebol as mulheres não têm destaque? Num país multicultural e multiracial, como pode perdurar preconceito tão forte por tanto tempo?

A própria FIFA faz pouco caso, afinal as regras do futebol são das poucas que não mudam de um para outro gênero. Por que a bola e o gol têm que ser do mesmo tamanho? As goleiras normalmente são mais baixas que os goleiros, e ninguém vê isso?

Por que não adicionar a estrela do título mundial feminino no distintivo da CBF? Afinal, a sigla não significa Confederação Brasileira de Futebol? Não há distinção, pelo menos na teoria.

De qualquer forma, essas meninas são vencedoras e o Brasil prova, ao criar nos terrões craques como Marta, que é, sim, o país do futebol. E lembra porque é, ainda, o país da desigualdade.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Brasileirão: 70%


A segunda análise do returno do Brasileirão já tem ares de reta final: completada a 27ª rodada, faltam 11 jogos para o término do campeonato e a contagem regressiva de dez rodadas começa.

As últimas quatro jornadas do Brasileirão serviram para consolidar a regularidade de duas equipes: o São Paulo, que só vence, e o América-RN, que só perde. De fato, o Mecão ainda não está matematicamente rebaixado (o que pode acontecer em quatro rodadas), mas as possibilidades são remotíssimas. Com isso, sobram três vagas para a série B do ano que vem - e a disputa promete ser diríssima.

Tirando o América, o Goiás tem a pior campanha do segundo turno: quatro pontos em sete jogos fizeram com que Bonamigo fosse demitido, e Márcio Araújo já estreou mal. Os goianos parecem sem reação, ao contrário do Náutico, que venceu as quatro últimas partidas e se vê pela primeira vez em dez rodadas fora da zona de rebaixamento. O Juventude segue seu calvário e, a julgar pelo fraco desempenho dentro de casa e o pífio como visitante (seis pontos em treze jogos), deve acompanhar o Mecão. O Paraná Clube é outro que não vem bem no returno e já permanece entre os quatro piores.

O São Paulo venceu duas partidas importantíssimas, contra Vasco e Santos, e pode até ser campeão já daqui a cinco rodadas. Para isto, terá que superar mais uma seqüência complicada: Flamengo e Inter fora, além do clássico contra o Corinthians. Depois, a "decisão" contra o Cruzeiro.

E a Raposa vai bem, obrigado. O time amadureceu e tem desempenho parecido ao dos campeões dos anos anteriores (Santos/04, Corinthians/05 e São Paulo/06). Não fosse a versão paulista da "máquina tricolor", o time de Dorival Júnior - que conseguiu uma excelente vitória sobre o Vasco no Rio - chegaria tranquilamente ao bicampeonato.

A briga pela Libertadores segue aberta entre Grêmio, Palmeiras, Santos, Botafogo e Vasco. Os dois cariocas perderam força nas últimas rodadas (especialmente os cruzmaltinos, que têm ainda confrontos diretos contra Santos, Bota e Palmeiras). O Grêmio parece mais consistente no momento, mas as duas vagas restantes devem ser definidas apenas nas últimas rodadas.

O panorama de times como Internacional e Sport pouco se alterou: continuam uma campanha cheia de altos e baixos. O Atlético-PR, que chegou a sondar a zona de rebaixamento, se reergueu com Ney Franco e já aparece em 11º, mas o máximo que poderá fazer é garantir com segurança uma vaga na Sulamericana.

Sinal amarelo para Figueirense, Flamengo, Atlético-MG e Corinthians: embora estejam acima de times como Juventude e Goiás, devem tomar cuidado por a diferença de pontos entre o Paraná (18º) e o Goiás (12º) é de apenas três pontos.

E para finalizar, um fato até certo ponto curioso: os oito times que não trocaram de técnico desde o início do campeonato são justamente...os oito primeiros. Coincidência? Resta saber se os times estão em cima porque os técnicos não caíram, OU os técnicos não caíram porque os times estão em cima. Ainda que sutilmente, há diferença. Voltamos em 20 dias com mais uma análise.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O futebol ficou chato


O futebol ficou chato. É uma pena, afinal nunca tivemos tantos campeonatos disponíveis - e talvez até por isso tenha perdido um pouco a graça, afinal tudo que é demais enjoa.

Mas é certo que não se pode mais provocar, ousar, desafiar. Tanto é verdade que Vampeta virou um oásis para os jornalistas, em meio a um imenso deserto de declarações enlatadas. E não cola o argumento de que "as respostas são sempre as mesmas porque as perguntas não mudam". Afinal, se as perguntas não mudam, porque as respostas antigamente eram melhores?

Fato é que não apenas os jogadores tentam ser mais "politicamente corretos", ainda que de político ou correto o futebol em sua essência não tenha nada. E é por isso talvez que muitas vezes tentem deixar os treinamentos mais rígidos: acabando com o improviso, pode-se (ao menos na teoria) eliminar falhas e tornar o imprevisível, previsível.

Hoje o drible da foca, ontem a embaixadinha, amanhã a declaração que "incentiva o adversário e inflama as torcidas a brigarem". Tudo parece proibido, errado, anti-ético.

E só piora quando os personagens - os jogadores - deixam de tentar. Um pouco pelo discurso, mas muito pela falta de qualidade. Tudo bem, ainda existem os que tentam, e sempre há de haver. Mas eles deixaram de ser regra para tornarem-se exceção.

Enfim, o futebol ficou chato. Ou pelo menos perdeu um pouco da graça. Você concorda?

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Chutômetro - Liga dos Campeões da Europa

Peço novamente desculpas aos amigos pela falta de atualização e também pelas escassas visitas aos blogs. Não só isso, mas a falta de tempo não tem me deixado postar com a qualidade que gostaria. Ainda assim, vale o registro de que começa amanhã mais uma fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. Sem a pretensão de fazer um guia detalhado dos grupos (o que deixo para os amigos da Trivela), deixo aqui uns pitacos (não tão certeiros como os do Bodaum), para primeira rodada:

Grupo A
A missão do Liverpool não começa fácil. O Porto teve um bom início de temporada e o jogo deve ser bastante equilibrado. Aposto num empate. Já na partida entre Olympique Marseille e Besiktas, os franceses são favoritos, ainda que não estejam lá grandes coisas na Ligue 1. Palpite conservador no 2x1.

Grupo B
O Chelsea é a maior barbada da semana. Jogando em casa contra o Rosenborg, o time vai aproveitar o que deve ser um treino de luxo. Enquanto isso, na Alemanha, Schalke e Valencia já estréiam em clima de decisão pela segunda vaga. Pelos retrospectos nacionais, aposto no Schalke.

Grupo C
Aposta boa também é o Real, que está na ponta dos cascos no Espanhol e enfrenta um Werder Bremen cheio de desfalques importantes, sem ataque e com uma péssima defesa que levou três do Borussia Dortmund na sexta. Pra cima deles, Robinho! Olympiacos e Lazio vivem altos e baixos e devem fazer um duelo equilibrado: empate.

Grupo D
Milan e Benfica prometem fazer um bom jogo, ainda que Ancelotti goste de jogar com segurança. Vitória rossonera, mas não sem dificuldades. Na Ucrânia, já que ainda não está tão frio, o Celtic arranca um pontinho.

Grupo E
Rangers e Stuttgart fazem outro jogo imprevisível. O campeão alemão vai se achando aos poucos, e a exibição do final de semana pode significar que vem nova vitória por aí. Em Barcelona, um jogo que seria muito mais difícil na temporada passada. Não vejo o Lyon com chances de surpreender: dá Barça.

Grupo F
Embalada, a Roma recebe o Dynamo de Kiev em uma partida que promete alguns gols - a maioria do lado romanista. Sporting e Manchester United também deve ser um jogo bom de se ver, pois ambos jogam pra frente. Aposto em um empate com muitos gols.

Grupo G
O PSV já não é tão forte, mas também o CSKA não o é. Partida difícil, inclusive de assistir. 1x0 para os holandeses. Na Turquia, Fenerbahçe e Inter não promete muito mais, mas ao menos as equipes têm jogadores mais habilidosos. Mesmo fora, dá Inter (que só pipoca nas finais).

Grupo H
Por fim, jogaço entre Arsenal e Sevilla. Qualquer coisa pode REALMENTE acontecer. Vou no embalo dos líderes do inglês: 2x1. Por outro lado, Slavia e Steaua fará parte dos 'jogos esquecidos'. Dou-me o direito de apostar na dupla: empate ou Steaua.

E você, quais os seus palpites?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Copa do Mundo de Rugby


Vez ou outra é bom variarmos o assunto, afinal falar toda hora de homens correndo atrás de uma bola em um gramado cansa! Por isso, vale a lembrança de que acontece em estádios franceses mais uma edição da Copa do Mundo de Rugby.

Acredite ou não, o rugby é o segundo esporte coletivo mais popular do mundo. O fato pode causar surpresa porque costumamos fechar os olhos para o que não é popular por aqui (ou ainda mais, para tudo que não seja futebol), mas a verdade é que rugby e futebol sempre caminharam lado a lado.

Tanto que existe até a lenda de que o rugby surgiu de uma jogada irregular em uma partida de futebol, quando William Webb Ellis, do time do colégio Rugby (situado na cidade inglesa com o mesmo nome, em Warwickshire), teria pego a bola do jogo com as mãos e seguido com ela até a linha de fundo adversária.

Confesso que ainda não conheço muito bem as regras do jogo - ao contrário do futebol americano, de que sou fã. Mas o rugby é também um esporte muito tático e, principalmente, de muita garra e força, o que atrai ainda mais. um exemplo? O fracote da foto é o francês Sébastien Chabal, carinhosamente conhecido pelos torcedores como "Neandertal").

Esta é a sexta edição do torneio. A Austrália é a maior vencedora, com três títulos, e a atual bicampeã. Nova Zelândia e África do Sul também já levantaram o troféu, e os três países, ao lado da Inglaterra e da anfitriã França são os principais candidatos ao título. Mas a Argentina já surpreendeu no jogo de abertura e venceu os donos da casa por 17 a 12.

O Brasil nunca disputou a Copa do Mundo, principalmente pelo fato da Argentina ser a grande potência sulamericana e ter sido a única a representar o continente até hoje. Nas eliminatórias para esta edição, chegou à segunda fase mas foi massacrado por Chile (57x13) e Paraguai (47x8). O mesmo Chile depois perdeu para a Argentina por 60 a 13 - uma dimensão do esporte no país. Ainda assim, o interesse vem crescendo e a audiência da Copa do Mundo (transmitida pelos canais ESPN) é mostra disso.

Para mais informações, acesse o site oficial da Copa do Mundo de Rugby e o site da Associação Brasileira de Rugby.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mundial Sub-17: análise final

Assim como no Mundial Sub-20, é hora de fazermos uma análise do Sub-17 após o final da competição. Se compararmos o nível técnico dos dois torneios, este foi aparentemente superior àquele. A principal justificativa que se vem à mente é a de que, nesta idade, as preocupações táticas não são tão rígidas como no sub-20, onde muitos atletas são titulares - quando não estrelas - de seus times.

Foram marcados 165 gols em 52 partidas, com uma boa média de 3,17 por jogo - não foi a melhor da categoria, que costuma ter muitas goleadas. As principais goleadas, aliás, tiveram como protagonistas Nova Zelândia e Trinidad e Tobago - mas não como vencedores. O melhor ataque foi o da Alemanha, com 20 gols, e a defesa do Peru levou três gols em cinco jogos. Na média, entretanto, a Nigéria foi melhor por ter sofrido quatro em sete.

A Nigéria sagrou-se campeã nos pênaltis com um futebol mais eficiente do que costuma ser o africano nesta faixa etária, e por conseqüência um pouco menos vistoso. A ausência das Super Águias da Copa de 2006 modificou o trabalho em toda a estrutura da Federação Nigeriana e uma forte aplicação tática fez da Nigéria o mais europeu dos africanos. O artilheiro do campeonato, Macauley Chrisantus, pode não ser um primor de técnica, mas não lhe falta faro de gol (veja mais sobre ele no blog do amigo Dassler Marques).

O sentimento de que o título foi merecido, mas que poderia ter ficado em mãos melhores, se deu graças às exibições de Espanha e Alemanha ao longo do torneio. Embaladas por Bojan Krkic e Tony Kroos (dois melhores jogadores do Mundial, com uma preferência deste que vos escreve pelo segundo), espanhóis e alemães tinham tudo para fazer uma final espetacular, não fosse a discutida expulsão de Bojan na semifinal e o apagão alemão nos primeiros vinte minutos da semifinal.

Para o futuro, fica a dúvida de até onde este grupo espanhol pode evoluir - ao contrário de Krkic, que parece um jogador praticamente pronto. E quanto à Alemanha, a expectativa do surgimento de uma nova geração vencedora, embalada pelo 'meister' Kroos, que pinta com grande força (credenciado pelas atuações) para ser o futuro camisa 10 alemão.

Fechando os semifinalistas, Gana eliminou o Brasil mas nunca empolgou, mesmo na primeira fase. Saída do mesmo grupo da Alemanha, perdeu também na primeira fase para tais adversários. Ao menos fica o consolo de que Ransford Osei e Sadick Adams podem render muitos frutos num futuro cada vez mais próximo.

A França apresentou Le Tallec, habilidoso atacante que marcou belos e decisivos gols. A Inglaterra já não teve tanto brilho, apesar da vitória sobre o Brasil. E a Argentina, sempre aquém nos sub-17 do seu desempenho nos sub-20, manteve a escrita e passou quase que desapercebida.

E o Brasil, mais uma vez decepcionou, certo? Discurso fácil, mas fato é que a partida contra Gana não deveria ter acontecido tão cedo e foi fatal. Assim como certos erros bobos de jogadores considerados experientes dentro do grupo, apesar da idade (e se é que isso é possível). Duas goleadas maísculas credenciaram o time ao tetra, mas a derrota para a Inglaterra em um jogo que parecia tranquilo complicou demais os planos da equipe.

Lulinha mostrou que é preciso cuidado ainda maior ao se endeusar um garoto. A expectativa em cima do garoto sempre superou o que ele realmente mostrou até hoje, e jogadores menos badalados como Fábio e Alex foram mais decisivos. Alex que, inclusive, foi o mais lúcido brasileiro enquanto o Brasil ainda foi lúcido.

A decepção maior (se não a única) ficou mesmo a cargo do Brasil, assim como no Sub-20. Coincidência ou não, só saberemos mais à frente. O problema, entretanto, é que é preciso ser feito algo agora, realizar um diagnóstico que dificilmente será preciso.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Copa do Mundo de Futebol Feminino - China 2007 [parte 4 de 4]

Grupo D

Brasil


A sempre árdua caminhada do futebol feminino brasileiro começou difícil já no sorteio: enfrentam as chinesas, donas da casa, e um rejuvenescido time dinamarquês. Como por aqui qualquer coisa que não seja o título é considerada uma derrota, a pressão sobre estas meninas é enorme - ainda mais depois da conquista do título pan-americano (o que, convenhamos, não é grande coisa dado o nível das adversárias). Talvez por isso a derrota para a Argentina no sul-americano tenha sido boa, afinal as meninas do Brasil têm limitações, como quaisquer outras. Marta é a melhor do mundo, Kátia vem muito bem e a experiência de Pretinha e Formiga fará muito bem a jovens revelações como Cristiane e Daniela. É uma grande chance de fazermos história. Mas que as cobranças não venham exageradas se essas garotas não trouxerem o título, porque com o (quase nenhum) apoio que elas recebem aqui, a única coisa que deveriam ouvir de nós é um sincero pedido de desculpas e um enorme agradecimento, afinal elas cumprem excepcionalmente bem a árdua tarefa de vestir a amarelinha que pesa demais - ainda mais quando se é o país do futebol. Ainda mais quando se é o país do futebol machista.

China

É bom abrir o olho com as chinesas - e não é trocadilho. Uma das melhores equipes na década de 90, a China passou por um profundo processo de reformulação nos últimos anos preparando-se exatamente para este momento, quando voltam a sediar a Copa do Mundo feminina após 16 anos da primeira edição. Sun Wen não está mais no time, e as "rosas de aço" apostam em talentosas jovens como a atacante Ma Xiaoxu e a goleira Zhang Yanru para voltar aos seus melhores dias. Xiaoxu, aliás, foi eleita a melhor jogadora da Ásia na temporada passada e terminou como artilheira e melhor jogadora do Mundial Sub-20, que a China perdeu para a Coréia do Norte. Alguns dos talentos daquela equipe foram alçados ao time principal, mas os resultados de 2007 não são muito animadores - tanto que a sueca Marika Domanski-Lyfors, contratada em março, admitiu que teria muito trabalho pela frente. Um ponto de interrogação sobre as donas-da-casa, ainda que de uma coisa não se possa duvidar: força, elas têm.

Dinamarca

Presença constante nas primeiras edições da Copa do Mundo, a Dinamarca tinha uma boa geração que sempre incomodava as favoritas. Entretanto, pouco sobrou daquele time e hoje o que se vê é uma equipe renovada, após a ausência do último Mundial. Katrine Pedersen, Anne Dot Eggers Nielsen e Meret Pedersen formam um trio experiente que serve de base para a ainda indefinida equipe de Kenneth Heiner-Moller, um jovem treinador de 35 anos que assumiu a equipe apenas em julho. A qualidade reside no ataque, e é assim que as dinamarquesas pretendem seguir o legado de suas antecessoras: incomodar as favoritas.

Nova Zelândia

A Nova Zelândia assumiu, em todos os aspectos, o papel da Austrália: reina suprema na Oceania e, sempre que chegar a um evento importante, será vista com disconfiança por não possuir adversários à altura. Tanto isso ainda é verdade que, pelo menos por enquanto, as neozelandesas serão apenas meras figurantes. As primeiras participações em cada um dos torneios de ponta servirá de aprendizado para que gerações futuras possam evoluir, assim como fez exatamente a...Austrália. Dito tudo isto, vale lembrar que no Mundial Sub-20 do ano passado, elas arrancaram um inesperado empate das brasileiras (0x0). Se há destaques na equipe Kiwi, estas são a veterana atacante Wendi Henderson e as defensoras Jackman e Rebecca Smith. De resto, muita vontade e pouca técnica na equipe com menor média de idade desta Copa do Mundo.

Palpite do Grupo D: Brasil e China. A Dinamarca tem chances, ainda que poucas, de surpreender.

Seguindo os palpites, as quartas-de-final ficariam assim:

Alemanha x Suécia
Noruega x China

EUA x China
Brasil x Canadá

Mas vale lembrar que palpites são dados para serem contestados!