terça-feira, 31 de julho de 2007

Fábio Luciano no Flamengo


Ao contrário do que este blog apurou há cerca de dois meses, o zagueiro Fábio Luciano nao acertou com o Cruzeiro. O jogador de 32 anos é o novo reforço do Flamengo para a disputa do Campeonato Brasileiro. O jogador será apresentado na quinta-feira, no Ninho do Urubu, em Vargem Grande. Ele assinou contrato com o Rubro-Negro até o fim do ano.

Inicialmente, o zagueiro tinha propostas de Internacional, Cruzeiro e Corinthians. Fábio descartou logo de cara a oferta corintiana por querer fugir da violência de São Paulo. As conversas com o Inter não evoluíram e ele quase fechou com o Cruzeiro, mas a diferença entre o valor pedido e o oferecido pela diretoria mineira foi grande. (segundo informações de BH, o pedido era de R$80 mil mensais e a oferta, de R$50 mil).

Fábio Luciano já atuou pela seleção brasileira, pelo Corinthians, pelo Fenerbahçe da Turquia e recentemente teve uma passagem pelo Colônia, da Alemanha. O jogador foi revelado pela Ponte Preta.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

A (in)cultura do futebol brasileiro


Alex Ferguson está no comando do Manchester United há 20 anos. Isso mesmo. Assumiu os Red Devils em 1986. Na época, Telê Santana era o técnico da seleção brasileira e Pepe treinava o São Paulo que conquistaria o bicampeonato brasileiro. Ganhou mais troféus que qualquer outro treinador da história do futebol inglês e comandou o Manchester United por mais de 1.000 partidas.

Guy Roux foi técnico do Auxerre, da França, de 1961 a 2005. Conquistou o acesso para a primeira divisão em 1980 e foi campeão francês em 1996, além de conquistar quatro Copas da França. Só deixou o clube porque decidiu se aposentar. Mas já voltou atrás e assumiu o Lens este ano.

Dois exemplos simples (ainda que raros) de como os técnicos são vistos na Europa. E de como, também nisso, nós colônia estamos há anos luz da metrópole: não é novidade que, no Brasil, o cargo de técnico é dos mais instáveis.

Ney Franco comandou o Flamengo durante pouco mais de um ano. Venceu a Copa do Brasil de 2006 (ainda que tenha dirigido a equipe somente na final, contra o Vasco) e o Campeonato Carioca de 2007. Foi demitido porque o Flamengo está na zona de rebaixamento. DETALHE: com três jogos a menos que os rivais. A justificativa de Kleber Leite? "O Ney venceu dois campeonatos, mas o time precisa de uma chacoalhada. Ele fez um bom trabalho, mas infelizmente É A CULTURA DO FUTEBOL BRASILEIRO". E veio Joel Santana.

Cultura? Interessante. Em tempos de futebol globalizado, nunca fomos tão colônia. Tão primitivos. Tão incultos.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

A verdade sobre o corte de Ricardinho


Muito estranhas as circunstâncias do corte de Ricardinho da seleção de vôlei para a disputa do Pan. André Kfouri as desvenda e apresenta em seu Blogol, o qual indico.

Meu comentário acerca das informações levantadas por André: não duvido que o tratamento dispensado por parte do COB tenha sido exatamente este. Estranho, porém, as desavenças entre técnico e atleta. Mas as entendo, por saber que existem em qualquer meio. Que os dois se acertem, porque a ausência de qualquer um é uma perda enorme.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Burroth?

O medo de perder tira a vontade de vencer. (fui corrigido por alguém nos comentários, muito obrigado! Havia escrito ao contrário...pelo jeito o Burroth fui eu!) Esta é uma frase que ouvi recentemente e que se adequa muito bem a certos treinadores brasileiros, como Nelson Rodrigues do Sub-20, Dunga, Wagner Benazzi, Estevão Soares, Carlos Alberto Parreira e, principalmente, Celso Roth.

O rótulo de retranqueiro acompanhou Roth por todos os clubes nos quais passou. Entretanto, o trabalho que fez no Botafogo tirou um pouco essa impressão. Com três meses de Vasco, Roth fez com sua reputação o mesmo que faz com seus times: retrocedeu, recuou, encolheu-se.

Senão, vejamos. O Vasco-2006 de Renato Gaúcho perdia muitos pontos em casa e teve a segunda melhor campanha como visitante do Brasileirão, exatamente porque jogava com muita velocidade e era extremamente ofensivo. Em casa, oferecia o contra-ataque aos adversários. Fora, aproveitava estes contra-ataques.

O Vasco de Roth é o melhor mandante do BR-07 porque abafa o adversário - e tem qualidade para isso. Tem, também, qualidade para jogar fora de casa, como mostrou ontem nos vinte minutos iniciais. Entretanto, Roth prefere recuar o time aos 25 do primeiro tempo com uma falsa sensação de segurança a marcar o terceiro e o quarto gols.

Celo Roth tentou corrigir o problema mais antigo do time do Vasco: arrumar a defesa. Ainda não conseguiu, e o pior: aos poucos vai minando o ataque, único setor que funcionava. Roth é daqueles técnicos que sobrevivem graças à falta de opções no mercado. E que fazem sobreviver o anti-futebol, o menos é mais, o jogar sem a bola. É daqueles técnicos que não podem sobreviver no futebol brasileiro, ou o futebol brasileiro não vai sobreviver.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Mundial Sub-20: análise final


Chegamos ao final do Mundial Sub-20 do Canadá, com a vitória da Argentina - a sexta conquista no total e a quinta em sete edições do torneio. Foram 135 gols em 52 partidas, uma média apenas regular de 2,59 gols por jogo. O torneio registrou também recorde de público para um Sub-20, com média de 22 mil pessoas por partida. Sérgio Aguero, da Argentina, foi o artilheiro com seis gols e eleito o melhor jogador do torneio com méritos, ainda que Moralez tenha sido de fundamental importância para o hexa argentino.

A Argentina chegou como principal favorita, jogou como tal e fez por merecer o título. Jogadores mais conhecidos, como Aguero e Banega, tiveram o auxílio de outros nem tão baladados, como Piatti e Di Maria. O golaço de Aguero contra a Polônia, nas oitavas, foi só uma mostra do futebol envolvente que os meninos de Tocalli demonstraram.

A República Tcheca chegou à final graças a um futebol extremamente coletivo - tanto que nenhum jogador entra na seleção elaborada em conjunto com o amigo Dassler Marques, do Papo de Craque. Futebol de marcação e contra-ataque que só chega longe em regulamentos com mata-mata, como esse.

Melhor que os tchecos foram os chilenos, que se não puderam contar muito com a estrela Alexis Sanchez, provaram que a safra é realmente muito boa ao revelar Vidangossy, Vidal e, principalmente, o bom goleiro Toselli, que quebrou o recorde de minutos sem sofrer gol (levou o primeiro aos 10 do primeiro tempo da semifinal).

A Áustria foi a maior zebra do torneio: eliminou os Estados Unidos em uma ótima partida do multinacional Rubin Okotie. Paquistanês filho de nigeriano com austríaca, o garoto do Austria Vienna é, a meu ver, a revelação do campeonato (se é que existe revelação em um torneio onde TODOS são, em tese, revelações). O time tem bons valores como o defensor Proedl e o atacante Hoffer, e pode render frutos para a seleção principal que sedia a Eurocopa no ano que vem.

Favoritos pelo caminho

México, Estados Unidos e Espanha também chegaram muito bem cotados ao Mundial, mas caíram todos nas quartas-de-final. A seleção mexicana, que teve a melhor campanha da primeira fase, sucumbiu diante dos argentinos, que viriam a se sagrar campeões. Os Estados Unidos, ainda que com uma atuação inspirada de Adu no primeiro tempo, caíram de produção e viram uma Áustria gigante na segunda etapa e na prorrogação merecer a classificação. E a Espanha, que protagonizou uma virada espetacular sobre o Brasil nas oitavas, parou diante da muralha tcheca, ainda que tenha merecido a vitória.

Fiasco

Muito já se falou sobre o Brasil, e só resta ratificar: uma das melhores gerações de todos os tempos na mão de um dos piores técnicos de todos os tempos. Erros na convocação, na escolha dos titulares e no treinamento tático (?) da equipe foram cruciais para a pior campanha da história do país na competição: uma vitória e três derrotas.

Outros times

A Nigéria, vice-campeã em 2005, não tinha a mesma força mas ainda assim chegou às quartas. Segurou o 0 a 0 com o Chile por noventa minutos, mas sofreu quatro gols na prorrogação em um jogo que entrou para a história. Os africanos, aliás, avançaram todos à segunda fase, mas Congo, Zâmbia e Gâmbia não brilharam em nenhum momento e ficaram pelo caminho.

Os asiáticos decepcionaram: o Japão até apareceu bem na primeira fase, mas caiu diante da República Tcheca. A Coréia do Norte, uma aposta pessoal e candidata à zebra, não venceu um jogo.

O Uruguai tinha um bom time, Cardaccio foi bem mas marcou um gol contra e a equipe não resistiu ao forte time norte-americano. E times como Jordânia, Nova Zelândia e Panamá cumpriram seu papel: fazer número.

Por fim, duas decepções: o Canadá, time da casa, teve a pior campanha do torneio e não marcou um gol sequer. E a Escócia, vice-campeã européia, somou três derrotas.

Segue a seleção do campeonato, elaborada em conjunto com o amigo Dassler Marques, do Papo de Craque:

Toselli (Chile)

Proedl (Áustria)
Cahais (Argentina)
Martínez (Chile)
Insúa (Argentina)

Banega (Argentina)
Isla (Chile)
Maximiliano Moralez (Argentina)
Freddy Adu (EUA)

Aguero (Argentina)
Adrián López (Espanha)

Em tempo: Agüero ganhou a Bola de Ouro da Fifa de melhor jogador. Moralez levou a bola de prata e Giovanni dos Santos, do México, a bola de bronze.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Ganhando um jogo


Poucas vezes o verbo "ganhar" expressou tão bem o sentido de uma vitória. O São Paulo ganhou o jogo de presente do Cruzeiro, uma vitória que literalmente caiu no colo. Ganhou porque Dorival Junior mexeu muito mal. O time do Cruzeiro tinha o controle do meio-campo, criava mais que o São Paulo. Leandro Domingues, um bom valor deste time cruzeirense, abriu o placar e era fundamental para a rápida saída de bola rumo ao ataque, com o também veloz Guilherme, outro excelente jogador. Ambos, amparados pelo também interessante Ramires, serviam Roni e Araújo.

Eis que o São Paulo empata na única forma que conseguia chegar: através de bolas alçadas na área. Muricy ainda tem muita dificuldade para fazer esse time criar. Não à toa, é um dos piores ataques da competição. E nessas horas até Aloísio faz falta, com seu manjado papel de pivô para a chegada dos demais. A defesa é impecável, mas um time que joga com alas deveria aproveitar melhor o contra-ataque e as saídas rápidas para o ataque.

Jogo empatado, movimentado e aberto. Dorival Junior decide então por duas modificações: lança Maicosuel, de características não tão ofensivas, no lugar de Leandro Domingues, autor do gol. E tira Roni para a entrada de...Marcinho. A própria torcida já previa o desfecho, chamando o treinador de "burro". Ainda que não tivesse marcado, Roni vive uma boa fase e, como isso é raro, ele precisa ser aproveitado.

Resultado: o São Paulo venceu a queda-de-braço do meio-campo e Hernanes, com todo o espaço do mundo, fez um golaço. A partir daí, o time mineiro não tinha mais poder de reação. Foi o primeiro jogo que o São Paulo venceu ao tomar gol neste Brasileirão, e por tabela a primeira virada. O São Paulo é um time que ainda não se encontrou. Mas que ganhou um jogo que parecia perdido.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Brasileirão: 30%


A concorrência com Copa América, Mundial Sub-20 e Jogos Pan-Americanos tirou quase todos os holofotes do Campeonato Brasileiro. De fato, tem sido difícil acompanhar tudo, mas o Brasileirão já passou de seu primeiro quarto e lá vamos nós para a terceira análise. Vale lembrar que nem todos os times têm o mesmo número de jogos, então algumas posições na tabela podem não refletir a verdadeira campanha das equipes.

O Botafogo segue na liderança, mas perdeu a invencibilidade na 11ª rodada após um sonoro 3x0 para o Santos. Foi a primeira partida sem Dodô, pego no anti-doping. Ainda assim, o Fogão continua na liderança por ao menos mais uma rodada, mas é preciso ver como o time vai ficar após as recentes paradas e a ausência de Dodô.

O time mais interessante da quinzena é o Cruzeiro: se isolou na estatística do melhor ataque (27), mas é também a segunda pior defesa (24). Nos últimos quatro jogos do time celeste, saíram 16 gols, uma incrível média de quatro por partida. Doriva Júnior tem problemas na defesa desde o início do campeonato, mas o ataque parece ter se acertado com as chegadas de Wagner e Roni.

Por outro lado, o São Paulo é o time mais chato do BR-07. Tem a melhor defesa (incríveis quatro gols) e o pior ataque, ao lado do América-RN (9). Em doze jogos do time no campeonato, foram marcados 13 gols. Muricy tem a defesa sob controle, mas o ataque é um problema crônico.

Valem ser destacadas também as recuperações de Palmeiras e Santos. O time de Caio Junior ronda a zona da Libertadores e possui uma estatística interessante: é a melhor equipe fora de casa e a quarta pior em seus domínios. O de Wanderley Luxemburgo aos poucos vai resolvendo seus problemas no ataque. O Inter também vai subindo aos poucos, e foi muito interessante a estratégia adotada por Gallo na vitória sobre o Corinthians: meio que copiou o esquema do Botafogo, e deu certo.

O Goiás se mantém na segunda colocação há quatro rodadas, mas ainda é preciso mais tempo para analisar o trabalho de Bonamigo. O Paraná teve uma queda, mas venceu na saída de Pintado (vai para o futebol árabe) e voltou às primeiras posições.

Na parte de baixo, o Corinthians agoniza e a lua-de-mel com a torcida parece ter acabado. Os adversários aprenderam como a equipe joga e Carpegiani terá que se desdobrar, pois reforços não devem vir. A presença do Flamengo na zona de rebaixamento pode ou não ser circunstancial: jogou apenas nove vezes, mas nas últimas quatro que jogou não venceu. E América-RN e Náutico já se consolidam como favoritos ao rebaixamento.

Em quatro rodadas, mais uma análise. Até breve!

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Banho tcheco


Não chegou a ser um banho, como diz o título do post, mas a República Tcheca só precisou de 15 minutos para assegurar a vaga na final do Mundial Sub-20. E não foi um banho de bola, pois o que os tchecos fazem melhor é jogar SEM a bola, por mais paradoxal que possa ser. Foi assim, com um jogo baseado na defesa, que um time que venceu apenas dois dos seis jogos que disputou neste mundial chegou à decisão (empatou os outros quatro).

A República Tcheca tem seu jogo baseado na defesa e em dois pilares bem definidos: marcação e força. Aliás, são onze pilares: a maior média de altura da competição (1,83m). Um time que, até aqui, esperou o adversário em seu campo e marcou em bolas paradas ou contra-ataques. Nesta semifinal, entretanto, adotou uma postura diferente e partiu pra cima da Áustria logo no início, definindo a partida exatamente com um gol de bola parada e outro de contra-ataque.

Não há espaço para o individualismo neste time tcheco. Os jogadores possuem uma elevada consciência tática e os gols são todos fruto de trabalho puramente coletivo. Ou seja, pragmatismo puro, futebol de resultados. Será um duelo interessante na final, contra Argentina ou Chile, dois times que tocam muito a bola e que possuem jogadores extremamente habilidosos. Jogam pra frente, sem descuidar do setor defensivo. O Chile, curiosamente, tem a melhor defesa da competição, sem ter sofrido um gol sequer. Os tchecos, mesmo com toda esta postura, sofreram seis.

Dificilmente o banho tcheco se repetirá. Será o duelo da força contra a habilidade. A tática contra a técnica. Espero que o segundo vença.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

O Pan no país do futebol


Dá pena ver como os esportes chamados "amadores" sofrem no Brasil. E sofrem porque o chamado "profissional" é detentor da esmagadora maioria da atenção da mídia. E este blog também é prova disso. Basta ver em que porcentagem cada esporte foi abordado aqui.
Entretanto, o que mais me chama a atenção é um processo de "futebolização" dos outros esportes. Explico.

Diariamente, a mídia joga todos os holofotes no futebol e solta uma notinha aqui de vôlei, outra notinha ali do basquete, mas só quando algum brasileiro chega à alguma decisão. Agora, do futebol, fala-se até do campeonato da quarta divisão de São Paulo. Vai procurar mesa-redonda sobre basquete pra ver se você acha. É claro que os canais fechados dão mais espaço para esses esportes, por serem exatamente canais de esporte 24 horas. Ainda assim, pude presenciar duas cenas intrigantes em apenas três dias de transmissão do Pan.

Na primeira, em uma matéria que falava sobre a derrota de 14 a 2 que o Brasil sofreu para a República Dominicana no baseball, foi utilizada a expressão "derrota de goleada". Mas peraí. No baseball não existe gol. Cada ponto recebe o nome de "corrida". Então, no máximo, deveria ser derrota de maratona, sei lá. Mas de goleada???

Na segunda cena, o narrador explica as regras do handball: "o toque da bola nos pés, seja voluntário ou não, é considerado falta, DA MESMA FORMA DA MÃO NO FUTEBOL". Comparação desnecessária e incorreta, afinal a regra diz que se a bola bater na mão involuntariamente, não é falta.

Ou seja, a competição é feroz. A cultura do futebol parece enraizada no jornalismo esportivo e teremos que aguentar mais e mais comentários infelizes. E aí vêm os especialistas nas modalidades para explicar como cada uma funciona. E é um mundo de informação que vai ser repetida nas olimpíadas, afinal não se cria uma cultura de acompanhamento destes esportes.

Esporte amador? A imprensa, sim, deveria ser chamada de amadora.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Pagamos o pato


Era uma das melhores gerações do futebol brasileiro. Perdemos Lucas por contusão e Anderson para o banco da seleção principal da Copa América, mas tínhamos Pato, Carlos Eduardo, Renato Augusto, os dois David e Cássio. Um bom grupo, mas nunca um bom time. E a culpa cai sobre somente um nome: Nelson Rodrigues.

O famoso jornalista, que apelidou a seleção nacional de "pátria de chuteiras", deve estar revirando-se no túmulo ao ver que seu nome foi tão maltratado por seu homônimo, que responde pelo cargo de técnico do time sub-20. Faltou ao "comandante" exatamente isto: comando. Faltou dar um padrão tático à equipe, ou ao menos variações do já esfarrapado 4-2-2-2.

Faltou perceber que Leandro Lima não poderia ser titular, que David deveria jogar no lugar de Luizão e que, se Jô tivesse mesmo que ser mantido, deveria atuar de forma diferente. Mas, acima de qualquer coisa, faltou o que um grupo de garotos mais precisa encontrar quando olha para o técnico: liderança.

Nelson Rodrigues não passa nenhuma confiança a seus comandados. De fato, sua postura à beira do gramado denuncia que nem ele confia em si mesmo. Assim, sem um trabalho psicólógico forte, os garotos se perdem. As jogadas não saem, Pato tenta resolver sozinho e não consegue, Cássio toma um gol bobo - ainda que irregular - por desatenção

Era uma das melhores gerações do futebol brasileiro. Foi a pior campanha do Brasil em um Mundial Sub-20. A CBF bancou Nelson Rodrigues, e nós pagamos o pato.

domingo, 8 de julho de 2007

Mundial Sub-20: segunda fase

Hora de rever a primeira fase do Mundial Sub-20 e analisar os confrontos das oitavas em diante. Já adianto que, baseando-me nas últimas análises de Copa América e Mundial Sub-20, minhas habilidades de futurologia não estão lá muito apuradas. Mas talvez isso signifique que estou no caminho certo, afinal prever zebras é algo meio complicado e a gente sempre analisa pelo ângulo que parece mais correto. Ou então realmente não sirvo pra coisa. Mas vamos lá:

O México foi o melhor time da primeira fase, o único a conseguir três vitórias. Teve o terceiro melhor ataque, com sete gols, e jogou de maneira bastante ofensiva, muitas vezes até com três atacantes de ofício, como na estréia contra Gâmbia. Giovanni dos Santos mostrou que é diferenciado e brilhou nos dois primeiros jogos, marcando dois gols. Na última rodada, descansou. Os mexicanos são amplamente favoritos contra a seleção do Congo, que ficou em terceiro no mediano grupo A.

Dos poucos jogos que vi na íntegra (nem metade das 36 partidas desta primeira fase foram televisionadas), a seleção da Espanha foi a que mais me agradou. Possui um toque de bola extremamente refinado, e não é apenas um toque sem objetividade: os jogadores sabem o que fazer com a bola e buscam a todo momento o gol. Os espanhóis tiveram o segundo melhor ataque da primeira fase, com 8 gols, e o artilheiro até aqui: Adrian Lopez, do La Coruña, com quatro gols. Destaque também para Juan Mata e Sunny Stephens. O Brasil vai ter muito, MUITO trabalho para vencer uma das quatro favoritas ao título.

Outra grande cotada é a Argentina, que comandada por Agüero (três gols e três assistências) teve outra campanha excelente, sem tomar gols (feito alcançado também por Chile e Nigéria). Os argentinos sofreram na estréia contra a forte defesa tcheca, golearam o Panamá por 6 a 0 e agora terão outro desafio europeu pela frente: a violenta Polônia, que levou 11 cartões em três jogos, sendo um vermelho. Resta saber se os poloneses se defenderão da mesma maneira do jogo contra o Brasil ou da goleada sofrida para os Estados Unidos.

E por falar nos yankees, aí vêm eles, com Freddy Adu e tudo. A eterna promessa fez uma jogadaça digna de futebol brasileiro na vitória contra o Brasil e marcou três vezes para ajudar os Estados Unidos a alcançarem o melhor ataque da primeira fase: nove gols, seis deles na goleada de 6 a 1 sobre a Polônia. Szetela e Altidore também fizeram três gols cada. Os estadunidenses são, sim, favoritos ao título. Mas tudo pode acontecer contra um Uruguai que, apesar de um tropeço inesperado diante de Zâmbia, tem capacidade para vencer.

Chile e Portugal se enfrentam com duas dúvidas diferentes: os chilenos terão que provar que a excelente forma da primeira fase não foi apenas graças a um grupo fraco; os portugueses terão de se virar sem sua estrela, Bruno Gama, que se machucou, e fazer sumir a má impressão da derrota para Gâmbia.

E por falar em africanos, os quatro avançaram às oitavas, um feito até certo ponto surpreendente. A Nigéria não empolgou em nenhum momento e Congo me pareceu uma equipe muito frágil que deu sorte. Mas Zâmbia e Gâmbia surpreenderam e podem ir mais longe: zambianos enfrentam exatamente a Nigéria, enquanto gambianos pegam o burocrático time austríaco.

Por fim, o Japão salvou a honra do continente asiático ao vencer um Grupo F que parecia não ter favoritos. E enfrenta a República Tcheca que deve levar vantagem na força, mas fica atrás na velocidade e talvez até na qualidade técnica. Confira abaixo a chave da segunda fase:

Tudo bem, vou dar a cara à tapa. Meus palpites para as quartas: Gâmbia x EUA, Brasil x Japão, Portugal x Zâmbia, Argentina x México (a famosa final antecipada?). Deixo claro que são apenas palpites, afinal alguns times sequer tive a oportunidade de assistir uma partida sequer. E se serve de consolo para o Brasil, pelo menos pegou a chave mais fácil.
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sábado, 7 de julho de 2007

Copa América: Chegou a hora da verdade

Terminou a primeira fase da Copa América. Foram 18 jogos e 50 gols, boa média de 2,77 por jogo. Não fosse o regulamento amigo, que permite a classificação de oito entre doze equipes para a primeira fase, a última rodada teria sido mais emocionante: à exceção de Peru e Bolívia, que ainda valia alguma coisa, as outras partidas foram extremamente sonolentas, bem diferente da empolgante primeira rodada.
A única surpresa dentre os eliminados é o Equador, que jogou mais que o Chile, mas acabou perdendo as três partidas. A Bolívia, de quem não se esperava nada, engrossou o caldo e chegou à ultima rodada com chances de classificação - e quase conseguiu. Ao menos fica a certeza de que deveremos ter as eliminatórias mais equilibradas desde que o sistema de pontos corridos foi adotado.
Analisando as quartas-de-final, que começam hoje, a Venezuela demonstrou um futebol mais solto que o Uruguai, e combinada à força da torcida, é favorita para chegar às semifinais (um feito histórico se considerarmos o que o futebol representa no país). Mas basta um empate e a decisão nos pênaltis para os uruguaios, ainda que sem brilho, possam fazer valer a força da camisa.
O Brasil enfrenta o Chile repleto de incertezas e desconfiança, mas ainda assim é mais forte e vai, mais uma vez, depender de Robinho. Por que não escalar Anderson e Diego na armação? A resposta, que não virá, cabe a Dunga. Certo é que, caso avance, o Brasil pode pegar uma Venezuela inspirada e, se perder, as conseqüências podem ser devastadoras.
México e Paraguai fazem o duelo mais parelho: o Paraguai mostrou bastante poder ofensivo, mas o México pareceu um time mais equilibrado. Qualquer prognóstico é puro achismo e será, sem dúvida, um jogo muito interessante. A mim, interessa particularmente ver como a seleção paraguaia vai se livrando de uma vez por todas dos fantasmas da geração de 98, que parecem ter feito mais mal do que bem ao futebol do país, atrasando a renovação que finalmente chega agora.
E a Argentina é franca favorita diante do Peru. Em 2004, um jogo duro também nas quartas: 1 a 0, gol de Tevez. Mas os peruanos tinham a força da torcida e agora a Argentina tem uma equipe mais forte. Não que vá ser extremamente fácil, mas os hermanos são os favoritos não só para esse jogo, mas também para a conquista do título.
Brasil x Venezuela, Argentina x México ou Paraguai. Seja no futebol apresentado, ou na base da camisa, essas prováveis semifinais colocam, de fato, os melhores times da competição frente a frente. Chegou a hora da verdade.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Made in Brazil


Conclui-se agora, ao final do primeiro tempo entre Brazil e Equador pela Copa América, um processo que iniciou-se (ainda que provavelmente sem querer ou saber) com a Lei Bosman e a Lei Pelé; que passou pelo aumento de estrangeiros permitidos nos clubes europeus e pela autorização de naturalizações e passaportes extra-comunitários; e que culminou com a transformação do futebol nacional em terceira divisão. Este processo é a europeização do futebol brazileiro.

O futebol nunca foi tão global, certo? Tão moderno. Mas nunca repetiu tanto a história antiga ao transformar o Brazil em simples fornecedor de pé-de-obra, de matéria-prima que é transformada em produto na metrópole européia. O futebol é globalizado porque os jogadores não são de suas nações, e sim do mundo. Mas é mercantilizado, porque não mandam em si mesmos, são de seus agentes e empresários.

Já disse que esta não é mais a seleção brazileira e sim a seleção de brazileiros. Afinal, apenas um ou outro reserva ainda atua no Brazil e mais, a seleção não atua mais aqui. Só nas eliminatórias, porque é obrigada. É uma espécie de Dream Team, de Globetrotters do futebol, que excursiona pelo mundo mostrando suas habilidades. E se os principais jogadores já não atuam mais aqui, nem na seleção os torcedores podem vê-los atuando, pois agora só pela telinha. Ou seja, vemos a seleção brazileira da mesma forma que um japonês. Mas os ingleses já estão cansados: a maioria dos amistosos recentes foi lá, em Londres, onde só chove. Já Sâo Paulo, a Terra da Garoa, não vê a seleção desde 2005.

E esse processo de europeização do futebol brasileiro, que antes aparentava existir apenas nos bastidores e na sua estrutura, atingiu agora o gramado com a escalação de três volantes e um meia-atacante trombador. Nunca fomos tão pouco Brasil e tanto Brazil, jogando à européia, buscando a força física para superar um...Equador. Tememos o poderio ofensivo de uma equipe que perdeu para Chile e México.

Tudo bem que este não é o time principal, que faltam Gaúcho, Kaká...mas a seleção parece ter perdido a alma, a vontade de ser o que sempre foi, de ser Brasil. O país do futebol está se tornando um apátrida.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Brasileirão: 20%


Perto da metade do primeiro turno, é hora da segunda análise do Campeonato Brasileiro. Há cerca de um mês, quando a competição chegava à sua quarta rodada (10%), Botafogo, Corinthians e Vasco eram os únicos invictos e, junto do Paraná, formavam o quarteto da zona de classificação para a Libertadores. Agora, apenas o alvinegro mantém seu aproveitamento de pontos (83,3%), continua na liderança e é o único invicto. O Paraná também permanece no pelotão da frente, em terceiro, enquanto Corinthians e Vasco já foram derrotados e estão mais pra baixo.

Quem mais subiu foi o Goiás, que era o 18º lugar e, com quatro vitórias seguidas, é o vice-líder. O São Paulo, que passava por um momento complicado, aos poucos vai se achando e já está em quarto. O Cruzeiro vem se recuperando com um bom trabalho de reformulação imposto por Dorival Junior, e o Fluminense não diminuiu o ritmo após a conquista da Copa do Brasil. Quem mais caiu foi o Vasco: de 4º para 11º, mas Palmeiras, Grêmio, Sport e Atlético-PR também pioraram.

O América-RN continua segurando a lanterna, mas seu aproveitamento caiu de 25% para 17%. Com quatro pontos em oito rodadas, o Mecão já trocou de técnico e é o mais sério candidato ao rebaixamento. E por falar em trocas de técnico, sete times já mudaram de treinador: Juventude, Atlético-MG, Paraná, Atlético-PR, Sport, Náutico e América-RN.

Santos e Internacional continuam surpreendendo na parte de baixo da tabela. O Peixe permanece na 16ª posição, a primeira fora da zona de rebaixamento, e o Colorado subiu de 19º para 15º. O Flamengo também está embaixo, mas com dois jogos a menos.

Saindo dos números e analisando o futebol apresentado pelas equipes, o Botafogo segue como favorito ao título. Apenas São Paulo e Fluminense aparecem como postulantes a roubar essa primeira colocação alvinegra, mas sempre é bom lembrar que ainda é muito cedo para qualquer coisa. Até por isso, é bom esperar pra ver até onde Goiás e Paraná podem chegar.

Vale lembrar que a partir de agora os elencos serão testados ao máximo, com duas rodadas por semana e com a abertura do mercado europeu. Até o final de agosto, algumas equipes sofrerão mudanças drásticas. Esta é, portanto, a etapa mais complicada do campeonato.

A próxima análise acontece daqui a quinze dias. Teremos, portanto, quatro rodadas no espaço de duas semanas. Hora de confirmar - ou não - algumas verdades do campeonato, que (repito) ainda está muito no começo.

Copa América + Sub-20


Final-de-semana mais cheio que ônibus às seis da tarde. Humanamente impossível assistir a tudo, afinal se tentasse ainda estaria vendo algum jogo e não aqui postando. Mas falemos do que se passou na Copa América e no pontapé do Mundial Sub-20. Do Brasileirão, faço um post à parte mais à noite.

No Grupo A, o Peru mostrou que realmente tem uma defesa fraca, tanto que sucumbiu à pressão venezuelana. As duas equipes devem avançar, deixando a bomba para o Uruguai, que precisa vencer os donos da casa para passar. Mas a Celeste está um nível abaixo dos venezuelanos e se arrancar um empate, deve dar-se por satisfeita. De qualquer forma, se passar não deve ir longe.

México e Equador derrubaram a maioria dos prognósticos, que apontavam um lado equatoriano forte e um México fragilizado pelos desfalques. Mexicanos são os primeiros classificados e equatorianos precisam vencer o Brasil. Tarefa dura, mas não impossível.

Não impossível porque o Brasil mais uma vez não jogou bem. O problema não são os jogadores, mas o esquema. E nessas horas percebe-se como o nível é baixo: esses jogadores têm se limitado a cumprir as ordens de Dunga. Isto é ruim 1º porque jogar como ele quer não rende, e 2º porque nem isso alguns têm conseguido fazer: seguir as ordens do treinador.

E o nível é baixo exatamente porque alguns jogadores não têm inteligência (ou peito mesmo) pra perceber os defeitos do time e jogar da maneira que tem que se jogar, não como o técnico quer. Se não rende, muda o posicionamento, vai pra outra faixa do campo...e só o Robinho tem se movimentado assim. Elano e Mineiro ficam presos às orientações burras do Dunga. E se o cara jogar certo e fizer gol, o tecnico vai tirá-lo do time porque não ta seguindo as ordens? Vai nada. E Dunga já mostrou outra vez que não tem capacidade, dizendo que o Chile jogou com duas linhas de quatro quando claramente não foi assim.

Já no Sub-20, a estréia ruim do Brasil foi circunstancial, pois se a Polônia não tivesse um jogador expulso, não teria se fechado tanto. Acredito que o Brasil deva vencer a Coréia, pois a diferença de qualidade é inegável e o futebol coreano é diferente do polonês em questões defensivas. Mas discordo de Carlos Eduardo e William no banco.

A Argentina também sucumbiu à forte defesa do leste europeu, representada pela República Tcheca. Gostei demais de Espanha e Uruguai, que fizeram o melhor jogo até aqui. Mesmo com dois gols de desvantagem, os espanhóis tocaram a bola com calma, pois sabiam que tinham qualidade para empatar. Essas duas equipes não terão dificuldades para passar por Zâmbia e Jordânia e devem ir longe na competição. Restam agora as estréias de México e Portugal, que acontecem nesta segunda. Vejamos se o nível melhora, pois as partidas do Sub-20 até aqui têm sido tão sonolentas quanto as da última Copa do Mundo.