sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A sexta estrela


Faço questão de abordar tal assunto hoje, antes da final entre Brasil e Alemanha na Copa do Mundo de futebol feminino. Afinal, antes do início do Mundial pouco se falava. Agora, com a classificação para a primeira final de Copa da história do futebol feminino brasileiro, e com a fenomenal campanha da seleção, este deve ser o principal assunto na mídia.

Qualquer que seja o resultado, é preciso que fique claro que estas meninas são vencedoras. Afinal, se Alemanha, Estados Unidos e os países da Escandinávia são as maiores potências do futebol feminino, é porque houve investimento muito, mas muito pesado nos últimos vinte anos.

E quanto investimento houve no Brasil para o desenvolvimento do futebol feminino? Como vai o campeonato nacional? (Que campeonato!?) Qual incentivo essas meninas tiveram para seguir numa carreira que, ao contrário do futebol masculino, oferece pouca - ou nenhuma - perspectiva?

Talvez o problema esteja exatamente na interminável comparação. Por que o vôlei agrada tanto no masculino quanto no feminino? Por que o basquete do Pan teve mais destaque com Janete & cia. do que com os homens? Por que só no futebol as mulheres não têm destaque? Num país multicultural e multiracial, como pode perdurar preconceito tão forte por tanto tempo?

A própria FIFA faz pouco caso, afinal as regras do futebol são das poucas que não mudam de um para outro gênero. Por que a bola e o gol têm que ser do mesmo tamanho? As goleiras normalmente são mais baixas que os goleiros, e ninguém vê isso?

Por que não adicionar a estrela do título mundial feminino no distintivo da CBF? Afinal, a sigla não significa Confederação Brasileira de Futebol? Não há distinção, pelo menos na teoria.

De qualquer forma, essas meninas são vencedoras e o Brasil prova, ao criar nos terrões craques como Marta, que é, sim, o país do futebol. E lembra porque é, ainda, o país da desigualdade.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Brasileirão: 70%


A segunda análise do returno do Brasileirão já tem ares de reta final: completada a 27ª rodada, faltam 11 jogos para o término do campeonato e a contagem regressiva de dez rodadas começa.

As últimas quatro jornadas do Brasileirão serviram para consolidar a regularidade de duas equipes: o São Paulo, que só vence, e o América-RN, que só perde. De fato, o Mecão ainda não está matematicamente rebaixado (o que pode acontecer em quatro rodadas), mas as possibilidades são remotíssimas. Com isso, sobram três vagas para a série B do ano que vem - e a disputa promete ser diríssima.

Tirando o América, o Goiás tem a pior campanha do segundo turno: quatro pontos em sete jogos fizeram com que Bonamigo fosse demitido, e Márcio Araújo já estreou mal. Os goianos parecem sem reação, ao contrário do Náutico, que venceu as quatro últimas partidas e se vê pela primeira vez em dez rodadas fora da zona de rebaixamento. O Juventude segue seu calvário e, a julgar pelo fraco desempenho dentro de casa e o pífio como visitante (seis pontos em treze jogos), deve acompanhar o Mecão. O Paraná Clube é outro que não vem bem no returno e já permanece entre os quatro piores.

O São Paulo venceu duas partidas importantíssimas, contra Vasco e Santos, e pode até ser campeão já daqui a cinco rodadas. Para isto, terá que superar mais uma seqüência complicada: Flamengo e Inter fora, além do clássico contra o Corinthians. Depois, a "decisão" contra o Cruzeiro.

E a Raposa vai bem, obrigado. O time amadureceu e tem desempenho parecido ao dos campeões dos anos anteriores (Santos/04, Corinthians/05 e São Paulo/06). Não fosse a versão paulista da "máquina tricolor", o time de Dorival Júnior - que conseguiu uma excelente vitória sobre o Vasco no Rio - chegaria tranquilamente ao bicampeonato.

A briga pela Libertadores segue aberta entre Grêmio, Palmeiras, Santos, Botafogo e Vasco. Os dois cariocas perderam força nas últimas rodadas (especialmente os cruzmaltinos, que têm ainda confrontos diretos contra Santos, Bota e Palmeiras). O Grêmio parece mais consistente no momento, mas as duas vagas restantes devem ser definidas apenas nas últimas rodadas.

O panorama de times como Internacional e Sport pouco se alterou: continuam uma campanha cheia de altos e baixos. O Atlético-PR, que chegou a sondar a zona de rebaixamento, se reergueu com Ney Franco e já aparece em 11º, mas o máximo que poderá fazer é garantir com segurança uma vaga na Sulamericana.

Sinal amarelo para Figueirense, Flamengo, Atlético-MG e Corinthians: embora estejam acima de times como Juventude e Goiás, devem tomar cuidado por a diferença de pontos entre o Paraná (18º) e o Goiás (12º) é de apenas três pontos.

E para finalizar, um fato até certo ponto curioso: os oito times que não trocaram de técnico desde o início do campeonato são justamente...os oito primeiros. Coincidência? Resta saber se os times estão em cima porque os técnicos não caíram, OU os técnicos não caíram porque os times estão em cima. Ainda que sutilmente, há diferença. Voltamos em 20 dias com mais uma análise.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O futebol ficou chato


O futebol ficou chato. É uma pena, afinal nunca tivemos tantos campeonatos disponíveis - e talvez até por isso tenha perdido um pouco a graça, afinal tudo que é demais enjoa.

Mas é certo que não se pode mais provocar, ousar, desafiar. Tanto é verdade que Vampeta virou um oásis para os jornalistas, em meio a um imenso deserto de declarações enlatadas. E não cola o argumento de que "as respostas são sempre as mesmas porque as perguntas não mudam". Afinal, se as perguntas não mudam, porque as respostas antigamente eram melhores?

Fato é que não apenas os jogadores tentam ser mais "politicamente corretos", ainda que de político ou correto o futebol em sua essência não tenha nada. E é por isso talvez que muitas vezes tentem deixar os treinamentos mais rígidos: acabando com o improviso, pode-se (ao menos na teoria) eliminar falhas e tornar o imprevisível, previsível.

Hoje o drible da foca, ontem a embaixadinha, amanhã a declaração que "incentiva o adversário e inflama as torcidas a brigarem". Tudo parece proibido, errado, anti-ético.

E só piora quando os personagens - os jogadores - deixam de tentar. Um pouco pelo discurso, mas muito pela falta de qualidade. Tudo bem, ainda existem os que tentam, e sempre há de haver. Mas eles deixaram de ser regra para tornarem-se exceção.

Enfim, o futebol ficou chato. Ou pelo menos perdeu um pouco da graça. Você concorda?

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Chutômetro - Liga dos Campeões da Europa

Peço novamente desculpas aos amigos pela falta de atualização e também pelas escassas visitas aos blogs. Não só isso, mas a falta de tempo não tem me deixado postar com a qualidade que gostaria. Ainda assim, vale o registro de que começa amanhã mais uma fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. Sem a pretensão de fazer um guia detalhado dos grupos (o que deixo para os amigos da Trivela), deixo aqui uns pitacos (não tão certeiros como os do Bodaum), para primeira rodada:

Grupo A
A missão do Liverpool não começa fácil. O Porto teve um bom início de temporada e o jogo deve ser bastante equilibrado. Aposto num empate. Já na partida entre Olympique Marseille e Besiktas, os franceses são favoritos, ainda que não estejam lá grandes coisas na Ligue 1. Palpite conservador no 2x1.

Grupo B
O Chelsea é a maior barbada da semana. Jogando em casa contra o Rosenborg, o time vai aproveitar o que deve ser um treino de luxo. Enquanto isso, na Alemanha, Schalke e Valencia já estréiam em clima de decisão pela segunda vaga. Pelos retrospectos nacionais, aposto no Schalke.

Grupo C
Aposta boa também é o Real, que está na ponta dos cascos no Espanhol e enfrenta um Werder Bremen cheio de desfalques importantes, sem ataque e com uma péssima defesa que levou três do Borussia Dortmund na sexta. Pra cima deles, Robinho! Olympiacos e Lazio vivem altos e baixos e devem fazer um duelo equilibrado: empate.

Grupo D
Milan e Benfica prometem fazer um bom jogo, ainda que Ancelotti goste de jogar com segurança. Vitória rossonera, mas não sem dificuldades. Na Ucrânia, já que ainda não está tão frio, o Celtic arranca um pontinho.

Grupo E
Rangers e Stuttgart fazem outro jogo imprevisível. O campeão alemão vai se achando aos poucos, e a exibição do final de semana pode significar que vem nova vitória por aí. Em Barcelona, um jogo que seria muito mais difícil na temporada passada. Não vejo o Lyon com chances de surpreender: dá Barça.

Grupo F
Embalada, a Roma recebe o Dynamo de Kiev em uma partida que promete alguns gols - a maioria do lado romanista. Sporting e Manchester United também deve ser um jogo bom de se ver, pois ambos jogam pra frente. Aposto em um empate com muitos gols.

Grupo G
O PSV já não é tão forte, mas também o CSKA não o é. Partida difícil, inclusive de assistir. 1x0 para os holandeses. Na Turquia, Fenerbahçe e Inter não promete muito mais, mas ao menos as equipes têm jogadores mais habilidosos. Mesmo fora, dá Inter (que só pipoca nas finais).

Grupo H
Por fim, jogaço entre Arsenal e Sevilla. Qualquer coisa pode REALMENTE acontecer. Vou no embalo dos líderes do inglês: 2x1. Por outro lado, Slavia e Steaua fará parte dos 'jogos esquecidos'. Dou-me o direito de apostar na dupla: empate ou Steaua.

E você, quais os seus palpites?

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Copa do Mundo de Rugby


Vez ou outra é bom variarmos o assunto, afinal falar toda hora de homens correndo atrás de uma bola em um gramado cansa! Por isso, vale a lembrança de que acontece em estádios franceses mais uma edição da Copa do Mundo de Rugby.

Acredite ou não, o rugby é o segundo esporte coletivo mais popular do mundo. O fato pode causar surpresa porque costumamos fechar os olhos para o que não é popular por aqui (ou ainda mais, para tudo que não seja futebol), mas a verdade é que rugby e futebol sempre caminharam lado a lado.

Tanto que existe até a lenda de que o rugby surgiu de uma jogada irregular em uma partida de futebol, quando William Webb Ellis, do time do colégio Rugby (situado na cidade inglesa com o mesmo nome, em Warwickshire), teria pego a bola do jogo com as mãos e seguido com ela até a linha de fundo adversária.

Confesso que ainda não conheço muito bem as regras do jogo - ao contrário do futebol americano, de que sou fã. Mas o rugby é também um esporte muito tático e, principalmente, de muita garra e força, o que atrai ainda mais. um exemplo? O fracote da foto é o francês Sébastien Chabal, carinhosamente conhecido pelos torcedores como "Neandertal").

Esta é a sexta edição do torneio. A Austrália é a maior vencedora, com três títulos, e a atual bicampeã. Nova Zelândia e África do Sul também já levantaram o troféu, e os três países, ao lado da Inglaterra e da anfitriã França são os principais candidatos ao título. Mas a Argentina já surpreendeu no jogo de abertura e venceu os donos da casa por 17 a 12.

O Brasil nunca disputou a Copa do Mundo, principalmente pelo fato da Argentina ser a grande potência sulamericana e ter sido a única a representar o continente até hoje. Nas eliminatórias para esta edição, chegou à segunda fase mas foi massacrado por Chile (57x13) e Paraguai (47x8). O mesmo Chile depois perdeu para a Argentina por 60 a 13 - uma dimensão do esporte no país. Ainda assim, o interesse vem crescendo e a audiência da Copa do Mundo (transmitida pelos canais ESPN) é mostra disso.

Para mais informações, acesse o site oficial da Copa do Mundo de Rugby e o site da Associação Brasileira de Rugby.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mundial Sub-17: análise final

Assim como no Mundial Sub-20, é hora de fazermos uma análise do Sub-17 após o final da competição. Se compararmos o nível técnico dos dois torneios, este foi aparentemente superior àquele. A principal justificativa que se vem à mente é a de que, nesta idade, as preocupações táticas não são tão rígidas como no sub-20, onde muitos atletas são titulares - quando não estrelas - de seus times.

Foram marcados 165 gols em 52 partidas, com uma boa média de 3,17 por jogo - não foi a melhor da categoria, que costuma ter muitas goleadas. As principais goleadas, aliás, tiveram como protagonistas Nova Zelândia e Trinidad e Tobago - mas não como vencedores. O melhor ataque foi o da Alemanha, com 20 gols, e a defesa do Peru levou três gols em cinco jogos. Na média, entretanto, a Nigéria foi melhor por ter sofrido quatro em sete.

A Nigéria sagrou-se campeã nos pênaltis com um futebol mais eficiente do que costuma ser o africano nesta faixa etária, e por conseqüência um pouco menos vistoso. A ausência das Super Águias da Copa de 2006 modificou o trabalho em toda a estrutura da Federação Nigeriana e uma forte aplicação tática fez da Nigéria o mais europeu dos africanos. O artilheiro do campeonato, Macauley Chrisantus, pode não ser um primor de técnica, mas não lhe falta faro de gol (veja mais sobre ele no blog do amigo Dassler Marques).

O sentimento de que o título foi merecido, mas que poderia ter ficado em mãos melhores, se deu graças às exibições de Espanha e Alemanha ao longo do torneio. Embaladas por Bojan Krkic e Tony Kroos (dois melhores jogadores do Mundial, com uma preferência deste que vos escreve pelo segundo), espanhóis e alemães tinham tudo para fazer uma final espetacular, não fosse a discutida expulsão de Bojan na semifinal e o apagão alemão nos primeiros vinte minutos da semifinal.

Para o futuro, fica a dúvida de até onde este grupo espanhol pode evoluir - ao contrário de Krkic, que parece um jogador praticamente pronto. E quanto à Alemanha, a expectativa do surgimento de uma nova geração vencedora, embalada pelo 'meister' Kroos, que pinta com grande força (credenciado pelas atuações) para ser o futuro camisa 10 alemão.

Fechando os semifinalistas, Gana eliminou o Brasil mas nunca empolgou, mesmo na primeira fase. Saída do mesmo grupo da Alemanha, perdeu também na primeira fase para tais adversários. Ao menos fica o consolo de que Ransford Osei e Sadick Adams podem render muitos frutos num futuro cada vez mais próximo.

A França apresentou Le Tallec, habilidoso atacante que marcou belos e decisivos gols. A Inglaterra já não teve tanto brilho, apesar da vitória sobre o Brasil. E a Argentina, sempre aquém nos sub-17 do seu desempenho nos sub-20, manteve a escrita e passou quase que desapercebida.

E o Brasil, mais uma vez decepcionou, certo? Discurso fácil, mas fato é que a partida contra Gana não deveria ter acontecido tão cedo e foi fatal. Assim como certos erros bobos de jogadores considerados experientes dentro do grupo, apesar da idade (e se é que isso é possível). Duas goleadas maísculas credenciaram o time ao tetra, mas a derrota para a Inglaterra em um jogo que parecia tranquilo complicou demais os planos da equipe.

Lulinha mostrou que é preciso cuidado ainda maior ao se endeusar um garoto. A expectativa em cima do garoto sempre superou o que ele realmente mostrou até hoje, e jogadores menos badalados como Fábio e Alex foram mais decisivos. Alex que, inclusive, foi o mais lúcido brasileiro enquanto o Brasil ainda foi lúcido.

A decepção maior (se não a única) ficou mesmo a cargo do Brasil, assim como no Sub-20. Coincidência ou não, só saberemos mais à frente. O problema, entretanto, é que é preciso ser feito algo agora, realizar um diagnóstico que dificilmente será preciso.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Copa do Mundo de Futebol Feminino - China 2007 [parte 4 de 4]

Grupo D

Brasil


A sempre árdua caminhada do futebol feminino brasileiro começou difícil já no sorteio: enfrentam as chinesas, donas da casa, e um rejuvenescido time dinamarquês. Como por aqui qualquer coisa que não seja o título é considerada uma derrota, a pressão sobre estas meninas é enorme - ainda mais depois da conquista do título pan-americano (o que, convenhamos, não é grande coisa dado o nível das adversárias). Talvez por isso a derrota para a Argentina no sul-americano tenha sido boa, afinal as meninas do Brasil têm limitações, como quaisquer outras. Marta é a melhor do mundo, Kátia vem muito bem e a experiência de Pretinha e Formiga fará muito bem a jovens revelações como Cristiane e Daniela. É uma grande chance de fazermos história. Mas que as cobranças não venham exageradas se essas garotas não trouxerem o título, porque com o (quase nenhum) apoio que elas recebem aqui, a única coisa que deveriam ouvir de nós é um sincero pedido de desculpas e um enorme agradecimento, afinal elas cumprem excepcionalmente bem a árdua tarefa de vestir a amarelinha que pesa demais - ainda mais quando se é o país do futebol. Ainda mais quando se é o país do futebol machista.

China

É bom abrir o olho com as chinesas - e não é trocadilho. Uma das melhores equipes na década de 90, a China passou por um profundo processo de reformulação nos últimos anos preparando-se exatamente para este momento, quando voltam a sediar a Copa do Mundo feminina após 16 anos da primeira edição. Sun Wen não está mais no time, e as "rosas de aço" apostam em talentosas jovens como a atacante Ma Xiaoxu e a goleira Zhang Yanru para voltar aos seus melhores dias. Xiaoxu, aliás, foi eleita a melhor jogadora da Ásia na temporada passada e terminou como artilheira e melhor jogadora do Mundial Sub-20, que a China perdeu para a Coréia do Norte. Alguns dos talentos daquela equipe foram alçados ao time principal, mas os resultados de 2007 não são muito animadores - tanto que a sueca Marika Domanski-Lyfors, contratada em março, admitiu que teria muito trabalho pela frente. Um ponto de interrogação sobre as donas-da-casa, ainda que de uma coisa não se possa duvidar: força, elas têm.

Dinamarca

Presença constante nas primeiras edições da Copa do Mundo, a Dinamarca tinha uma boa geração que sempre incomodava as favoritas. Entretanto, pouco sobrou daquele time e hoje o que se vê é uma equipe renovada, após a ausência do último Mundial. Katrine Pedersen, Anne Dot Eggers Nielsen e Meret Pedersen formam um trio experiente que serve de base para a ainda indefinida equipe de Kenneth Heiner-Moller, um jovem treinador de 35 anos que assumiu a equipe apenas em julho. A qualidade reside no ataque, e é assim que as dinamarquesas pretendem seguir o legado de suas antecessoras: incomodar as favoritas.

Nova Zelândia

A Nova Zelândia assumiu, em todos os aspectos, o papel da Austrália: reina suprema na Oceania e, sempre que chegar a um evento importante, será vista com disconfiança por não possuir adversários à altura. Tanto isso ainda é verdade que, pelo menos por enquanto, as neozelandesas serão apenas meras figurantes. As primeiras participações em cada um dos torneios de ponta servirá de aprendizado para que gerações futuras possam evoluir, assim como fez exatamente a...Austrália. Dito tudo isto, vale lembrar que no Mundial Sub-20 do ano passado, elas arrancaram um inesperado empate das brasileiras (0x0). Se há destaques na equipe Kiwi, estas são a veterana atacante Wendi Henderson e as defensoras Jackman e Rebecca Smith. De resto, muita vontade e pouca técnica na equipe com menor média de idade desta Copa do Mundo.

Palpite do Grupo D: Brasil e China. A Dinamarca tem chances, ainda que poucas, de surpreender.

Seguindo os palpites, as quartas-de-final ficariam assim:

Alemanha x Suécia
Noruega x China

EUA x China
Brasil x Canadá

Mas vale lembrar que palpites são dados para serem contestados!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Copa do Mundo de Futebol Feminino - China 2007 [parte 3 de 4]

Grupo C

Noruega


Uma das tradicionais forças do futebol feminino, a Noruega já conquistou todos os principais títulos em disputa: a Copa de 95, as Olimpíadas de 2000 e o europeu em duas oportunidades. A eliminação nas quartas-de-final em 2003 levantou algumas dúvidas sobre a seqüência do trabalho e a chegada de Bjarne Berntsen ao comando promoveu uma mudança no estilo de jogo das norueguesas: saem os lançamentos e as bolas aéreas, entra um futebol de mais passe e movimentação. A renovação também chega em forma de novos talentos, como Isabell Herlovsen e Stine Frantzen, que tentarão solucionar o principal problema da equipe: o deficitário ataque, que em um recente torneio preparatório para o Mundial, não marcou um gol sequer em três partidas.

Austrália

Assim como no masculino, a seleção feminina da Austrália participou de algumas Copas do Mundo com o desconfiado olhar de que só conseguiu a vaga graças à fragilidade dos adversários da Oceania. Mas na primeira disputa de eliminatórias pela AFC, as "Matildas" desbancaram as forças do continente e carimbaram o passaporte. Tom Sermanni tem em mãos um time forte fisicamente e com algum talento. A ausência de uma liga feminina nacional é determinante para frear a evolução do esporte no país, mas a participação nesta Copa certamente servirá de aprendizado.

Canadá

Tentando sair detrás das sombras das eternas rivais norte-americanas, as canadenses chegam à Copa da China com boas perspectivas. Repetir o feito de quatro anos atrás, quando chegou às semifinais, é o desejo do treinador Even Pellerud, ex-jogador na fria Noruega. As características de seu time são as mesmas dele próprio quando jogador: força física e velocidade na saída para o ataque. As esperanças de, quem sabe, melhorar a colocação de 2003 residem na goleadora Christine Sinclair, que alcançou a impressionante marca de 56 tentos em 88 jogos aos 23 anos de idade. No que lhe falta em habilidade, compensa com força e poder de finalização. Esperança de vitórias para um país que começa a se apaixonar pelo futebol.

Gana

A história de Gana é parecida com a do Canadá: as "rainhas negras" buscam espaço e tentam desbancar a Nigéria, primeira força do continente africano. No último Mundial, conseguiram: venceram a Austrália (adversárias novamente) por 2 a 1, enquanto as nigerianas sequer marcaram gols. O grupo é difícil e as chances de classificação não são boas, mas se as ganesas conseguirem adquirir experiência e melhorarem seu jogo para desbancar as nigerianas, o técnico Isaac Paha certamente se dará por satisfeito. Olho em Adjoa Bayor, veterana de duas Copas, eleita melhor jogadora africana em 2003 e com experiências na liga feminina norte-americana.

Palpite do Grupo C: Noruega avança. Canadá é grande favorito à segunda vaga, mas tanto Austrália quanto Gana podem, porque não, surpreender.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Copa do Mundo de Futebol Feminino - China 2007 [parte 2 de 4]

Grupo B

Suécia


A Suécia está hoje em um patamar parecido ao do Brasil: tem um time forte, que entra com chances de título, mas que está um nível abaixo de Alemanha e Estados Unidos. Atuais vice-campeãs, as suecas só foram derrotadas pelas alemãs na prorrogação, em 2003. Como boa parte do elenco é o mesmo de quatro anos atrás, e considerando a forte liga logal (Marta joga por lá), a experiência acumulada pode servir para conseguir ficar uma posição acima no pódio. Eliminada nas semifinais do europeu frente à Noruega, as comandadas de Thomas Dennerby irão contar com Hanna Ljungberg e Victoria Svensson para conseguir este feito.

Estados Unidos

As estadunidenses estão nervosas e querem vingança. Melhor seleção da década de 90 e bicampeãs mundiais, elas não engoliram a vitória maiúscula que a Alemanha lhes impôs na semifinal de 2003 (3x0), em plenos gramados norte-americanos. A transformação das alemãs em principal potência do esporte surtiu efeitos na terra do Tio Sam e um trabalho de reformulação aconteceu para o tricampeonato não escapar. Será a primeira Copa do Mundo sem Mia Hamm, e agora todos os holofotes voltam-se para Kristine Lilly. A estrela terá a ajuda de Abby Wambach, atacante no melhor estilo camisa 9, para conseguir a única coisa que o técnico Greg Ryan quer: uma vitória na final contra a Alemanha.

Nigéria

A Nigéria domina o cenário do futebol feminino da África, mas pouco tem conseguido fazer em eventos mundiais. Experiência internacional não falta, afinal o país disputou todas as Copas do Mundo desde 1991. Pentacampeã africana (conquistando o último título em novembro), apenas uma vez avançou às quartas na Copa e, em 2003, perdeu as três partidas sem marcar um gol sequer. O técnico Effiom Ntiero surpreendeu ao deixar as veteranas Mercy Akide e Florence Omagbemi de fora da convocação final, e a renovação pode ser a hora da virada ou mais uma decepção para as "Super Falcons", que apostam suas fichas no talento da novata Cynthia Uwak.

Coréia do Norte

Poucos países testemunham uma evolução tão grande em seu futebol quanto a Coréia do Norte. As equipes de base masculinas têm sido presença constante nos mundiais e os frutos devem ser colhidos em breve no time principal. No feminino, esses frutos já aparecem: as norte-coreanas surpreenderam a todos ao vencer o Brasil na semifinal e conquistar o Mundial Sub-20 no ano passado, na Rússia, com uma acachapante goleada de 5 a 0 sobre as chinesas, rivais locais . Tudo bem que nas eliminatórias o time principal acabou perdendo, mas essa mistura entre veteranas e novatas, se não vai levar a equipe muito longe nesta Copa, ao menos servirá de pavimentação para uma estrada mais vitoriosa no futuro.

Palpite do Grupo B: Estados Unidos e Suécia, possivelmente (mas não necessariamente) nessa ordem.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Copa do Mundo de Futebol Feminino - China 2007 [parte 1 de 4]

Certamente você não sabia (ou sabe muito pouco a respeito), mas estamos a uma semana de mais uma Copa do Mundo. Começa nesta segunda-feira a 5ª edição da Copa do Mundo de Futebol Feminino - China 2007 (FIFA WOMEN'S WORLD CUP CHINA 2007). Não é valorizada, não recebe 10% da atenção que a mídia dá para o torneio masculino (ou o clima é o mesmo de um ano atrás?) e é a única modalidade do mundo que muitas pessoas ainda têm a cara de pau de dizer que é só para os homens. Mas é um dos esportes que mais cresce no cenário internacional (pena que sempre fiquemos pra trás em tudo, ironicamente nós, o país do futebol!).

Dezesseis seleções correm atrás da bola em cinco estádios numa jornada de vinte dias que deveria ter acontecido há quatro anos - a Copa de 2003 aconteceria na China, mas o surto de SARS obrigou a transferência da sede para os Estados Unidos. Norte-americanas e alemãs são novamente as favoritas, mas com a melhor jogadora do mundo em ótima forma o Brasil pode, porque não, sonhar com um pódio.

A partir de hoje e até sexta-feira, o Jornalismo Esporte Clube faz uma apresentação das seleções. O regulamento é simples: quatro grupos de quatro equipes. Os dois primeiros avançam para as quartas-de-final e, a partir daí, é mata-mata até a final.

Grupo A

Alemanha
Atuais campeãs mundiais e européias, as alemãs são as principais favoritas ao título e farão de tudo para continuar no topo. A campanha nas eliminatórias foi avassaladora: oito vitórias em oito jogos, 31 gols marcados e 3 sofridos. A campanha do sexto título europeu em 2005 (o quarto consecutivo) não foi menos espetacular. A categoria de Renate Lingor (terceira melhor na última eleição da Fifa) e o faro de gol de Birgit Prinz (eleita três vezes seguidas a melhor do mundo) são apenas o cartão de visitas. Some-se a isso a muralha defensiva chefiada pela goleira Silke Rottenberg e uma equipe experiente, que tem metade das convocadas como remanescentes do triunfo de quatro anos atrás, não espera nada menos que um lugar na final.

Inglaterra
A Inglaterra também iniciou o futebol feminino no final do século 19, mas o desenvolvimento foi bem diferente. Enquanto no masculino a Premier League é considerado o melhor campeonato do mundo, as inglesas começam a aparecer somente agora no cenário internacional: esta será a segunda participação na Copa do Mundo (em 95, caíram nas quartas-de-final para a Alemanha). O fato de ter sediado o último europeu feminino certamente contribuiu para o amadurecimento da equipe, ainda que o desempenho não tenha sido tão excepcional (uma vitória e duas derrotas). A estrela da companhia é Kelly Smith, habilidosa meia de 28 anos que foi eleita a melhor jogadora do Torneio Quatro Nações, realizado em janeiro na China que contou também com as anfitriãs, Estados Unidos e Alemanha.

Japão
Quando eram a segunda força do futebol asiático, as japonesas jamais passaram das quartas-de-final em Copas do Mundo. Agora que ficaram para trás, então, as expectativas não são as melhores. Com a chegada da Austrália à AFC, a vida do Japão ficou mais complicada e por pouco as "Nadeshiko" não ficam de fora de um mundial pela primeira vez. O investimento pesado no desenvolvimento do futebol feminino no país fez nascer Homare Sawa, a estrela que faltava em uma equipe sempre marcada pelo jogo coletivo. Entretanto, a artilheira que marcou 60 gols em 188 jogos parece muito pouco para o time de Hiroshi Ohashi, que tenta compensar a falta de talento com variações táticas e forte espírito de equipe.

Argentina
A estréia da Argentina em mundiais não foi das melhores: um gol marcado, quinze sofridos e a última colocação em 2003. O técnico é o mesmo, Carlos Borello, mas a equipe evoluiu: no sul-americano do ano passado, válido como eliminatórias, derrotou o Brasil (sem Marta) por 2 a 0 e levou o título. As jogadoras mais experientes fazem uma mescla interessante com as novatas, que já têm alguma rodagem internacional (disputaram o Mundial Sub-20 do ano passado na Rússia). A jovem Maria Belen Potassa, de apenas 18 anos, é esperança de gols ao lado de Mariela Coronel. Ingredientes que fazem uma mistura interessante e que podem render no futuro.

Palpite do grupo: Alemanha passa. Inglaterra e Argentina brigam pela segunda vaga, com ligeiro favoritismo para as inglesas.

Amanhã, o grupo B de Suécia, Estados Unidos, Nigéria e Coréia do Norte.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Brasileirão: 60%


Hora de nossa primeira análise do Brasileirão neste segundo turno. Começamos a contar as rodadas faltantes, e estamos agora a 15 do final, podendo dizer com mais precisão quem briga pelo quê na reta final.

Por mais que ainda existam muitos pontos a disputar, o São Paulo vai sim ser pentacampeão brasileiro. A afirmação pode ser feita por verificarmos que o time da melhor defesa, que jogava feio, marcou 12 gols em três jogos e deu espetáculo na última rodada. A incrível média de 0,3 gols sofridos é apenas um número perto do que tem feito o time de Muricy, e mesmo que perca pontos na difícil seqüência que tem agora (Atlético-MG e Vasco fora e clássico contra o Santos), o time não deve se abalar.

Considerando isso, o Cruzeiro deixa de ser o "perseguidor" do São Paulo (ainda que deva continuar sendo chamado assim pela imprensa), porque não irá alcançar. A equipe mostrou ataque envolvente e não perde há nove rodadas. A última derrota? Justamente para o São Paulo.

O Vasco também vem invicto e vem bem, ainda que tenha mostrado certas dificuldades em alguns momentos e, principalmente, não consiga manter o rendimento fora de casa, coisa que São Paulo e Cruzeiro fazem bem. Até por isso, vai brigar mesmo até o fim por uma vaga na Libertadores.

O Botafogo confirma sua queda livre tendo conquistado apenas uma vitória nas sete últimas partidas. O moral da equipe é baixo e Cuca terá trabalho se quiser ficar entre os quatro primeiros - o que, neste momento, parece difícil de conseguir.

Digo isto principalmente pela ascensão nítida do Santos, que venceu seis das últimas oito partidas. E o mais importante: foram vitórias convicentes. O meio-campo está mais consistente e Kléber Pereira é o atacante que a torcida esperava desde o início do ano e Pedrinho tem jogado muito bem. Some-se a isso a permanência de Kléber, que não era esperada, e o Peixe tem tudo para juntar-se a São Paulo, Cruzeiro e Vasco como os representantes brasileiros na Libertadores de 2008.

O Palmeiras passa por uma seqüência muito difícil no campeonato, ao enfrentar São Paulo, Cruzeiro e Botafogo em um espaço de uma semana. As constantes reclamações sobre a arbitragem somadas à inconstância de um time que Caio Junior ainda não aprendeu a ter total controle fazem do Palmeiras uma equipe que oscilará na metade de cima da tabela até o final do campeonato.

E por falar em oscilação, cinco equipes têm trocado constantemente de posição entre si: Grêmio, Goiás, Sport, Internacional e Atlético-MG ocupavam a mesma faixa há quatro rodadas. Ganhando em casa e perdendo fora, esses times têm poucas aspirações no campeonato que não seja uma vaga na Sul-Americana para "salvar o ano". Pior para Grêmio e Inter, que no início do ano eram considerados candidatos ao título.

Da mesma forma, o Fluminense joga o campeonato despreocupadamente. Pode parecer discurso pronto, mas é fato que a equipe, já classificada para a Libertadores, tem jogado bem menos do que pode. Resta saber se interessa ou não classificar-se à Sul-Americana. Destaque para a dupla de Thiagos (Neves e Silva), que participam da maioria das jogadas da equipe.

O Corinthians é, talvez, a maior incógnita do campeonato. Isto porque não se sabe o que esperar de um interino que foi goleado pelo Atlético mas venceu um clássico. É uma aposta de alto risco. Tem, sim, capacidade para jogar mais e, ao menos, não ser ameaçado pelo rebaixamento. Mas qualquer coisa além disso seria uma surpresa para uma equipe sem um meia de ofício que depende de jogadas esporádicas.

Os times do Sul estão definitivamente...em baixa! Paraná e Figueirense permanecem rigorosamente iguais, mas estão uma posição abaixo do que estavam há quatro rodadas. São equipes sem criatividade e que não possuem muitas perspectivas no campeonato. Entretanto, a permanência não está garantida e uma natural acomodação poderia ser desastrosa, afinal a zona de rebaixamento não está totalmente definida e existem times melhores abaixo deles.

E esses dois times são, exatamente, Atlético-PR e Flamengo. O Furacão tinha ótimas expectativas, mas a vinda de Antônio Lopes foi desastrosa. Ney Franco tem uma boa oportunidade de mostrar do que é capaz, ao passo que Ramon mostra que, para o nível atual, ainda tem fuebol. Já o Flamengo conseguiu uma recuperação fundamental nas partidas que tinha a menos, mas ainda vê acesa a luz amarela. Principalmente porque os dois jogos que faltam são contra Cruzeiro e Vasco - duas pedreiras.

Quanto a Juventude, Náutico e América-RN, os gaúchos conseguiram duas vitórias seguidas pela primeira vez no campeonato, mas não parece ser suficiente. A recente subida do Timbu parece ter acabado, ainda que o time seja melhor que o do Juventude, por exemplo. E o Mecão só conta as rodadas: assim como o São Paulo, pode fazer história pela campanha - mas nesse caso, a pior dos pontos corridos.