terça-feira, 30 de outubro de 2007

A Copa do Mundo é...dele

Ninguém se fortaleceu mais no processo de escolha do Brasil como sede da Copa de 2014 do que Ricardo Teixeira. O presidente da CBF, criticado por alguns ao assumir o futebol nacional em 1989 e por quase todos com o passar do tempo, é, hoje, a segunda pessoa mais importante do futebol mundial.

Digo segunda porque Teixeira vem, obviamente, atrás de Joseph Blatter, que só não terá vida tão longa na Fifa justamente por causa da idade. A corrida presidencial para eleger o sucessor de Blatter já é intensa nos bastidores das confederações e Teixeira, que nunca escondeu o sonho de presidir a entidade máxima do futebol mundial, vê na organização da Copa no Brasil seu maior trunfo na campanha para ser o presidente a partir exatamente de 2014.

Além das conhecidas ressalvas de segurança e infra-estrutura feitas sobre a candidatura brasileira, outro ponto chamou a atenção do comitê de inspeção da Fifa, mas que passou despercebido por aqui: o comitê organizador da Copa é a própria CBF e Ricardo Teixeira, por conseqüência, seu presidente. Um fato inédito.

Os países-sede possuem um comitê organizador local, que trabalha em conjunto com o comitê da Fifa. Para a Copa de 2006, o presidente do comitê alemão foi Franz Beckenbauer; na África do Sul, a tarefa cabe a Danny Jordan. Estes comitês são entidades jurídicas únicas e as federações nacionais mantêm suas instituições e estruturas preservadas, trabalhando paralelamente.

A decisão de imputar à CBF tamanha responsabilidade desvirtua o processo, além de deixá-lo menos transparente: Teixeira será o comandante de todas as negociações, seja de patrocínios, parcerias, obras e quaisquer outras decisões que envolvam a Copa. Tendo na cabeça a cifra de US$ 1 bilhão que o comitê de inspeção avaliou como necessária para adequar os estádios ao padrão Fifa, imagine o que esse poder centralizado pode acarretar quando se tem uma pessoa que comanda as federações estaduais decidindo tudo: entra em cena o jogo político, que quase nunca visa o melhor para quem realmente interessa. Com um ano de articulações pela frente para a escolha das cidades-sede, Teixeira pode conseguir qualquer coisa que quiser - até mesmo definir o número de sedes em doze, ao contrário das dez que a Fifa recomenda.

Não bastasse isso, somente pelo fato de o Brasil ter sido escolhido sede, Teixeira garantiu-se como presidente da CBF até 2014 (e até por isso deve concorrer à presidência da Fifa somente a partir de então). Com a constante reclamação (fundamentada) dos clubes de que a CBF só se interessa pela seleção e deixa eles, alimentadores de todo o sistema, à deriva, os sete próximos anos podem ser bastante nebulosos para o futebol brasileiro - especialmente se contarmos o rápido processo de enfraquecimento dos clubes nesta década.

O Brasil tem sim condições de sediar uma boa Copa do Mundo. Não será a melhor da história, afinal a diferença de nível para os europeus é absurda. Mas as chances de que seja uma Copa extremamente bem organizada já começam a diminuir. A taça do Mundo pode até ser nossa. Mas com o Teixeira, não há quem possa!

sábado, 27 de outubro de 2007

Campeonato sulamericano sub-15



As cidades de Porto Alegre e Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, recebem entre os dias 27 de outubro e 11 de novembro jovens garotos nascidos a partir de 1º janeiro de 1992 que devem protagonizar o futebol do continente dentro de alguns anos. É a terceira edição do Campeonato Sul-Americano sub-15, que irá reunir as seleções dos dez países filiados à Conmebol.

Na primeira fase, os times estão divididos em dois grupos de cinco. As duas equipes que mais somarem pontos em cada chave irão avançar ao quadrangular final, que irá definir o campeão continental da categoria.

Apesar de estar dando os seus primeiros chutes, o torneio já teve em seus gramados atletas que já debutaram nas seleções principais dos seus países, como o argentino Sergio “Kun” Agüero, o paraguaio José Montiel, o chileno Aléxis Sánchez e os brasileiros Marcelo e Anderson. Outras jovens promessas do futebol sul-americano, como Alex Teixeira, Cristopher Toselli, os gêmeos Fábio e Rafael, Federico Laurito, Diego Buonanotte e Matías Zarate, também participaram da competição.

A matéria completa, escrita por Marcus Alves, Mozart Maragno e Rafael Reis, você confere o Olheiros.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O mundo do futebol se renova


Está no ar a partir de hoje o Olheiros, o primeiro site brasileiro voltado totalmente para o futebol de base. E é com muito prazer que faço parte deste grupo, que tem o intuito de crescer e fazer a diferença - exatamente como os garotos que dão seus primeiros passos nos gramados mundo afora.

Estréio nesta sexta meu primeiro texto na coluna "Ponto futuro". Convido a todos os amigos que visitem e, caso gostem, recomendem. Críticas, sugestões e comentários serão sempre bem-vindos.

Deixo com vocês o texto oficial de abertura do site, escrito pelo amigo Dassler Marques, co-idealizador do projeto ao lado do também amigo Marcus Alves.

Olheiros na rede

Não há, em qualquer segmento que se aponte, um tratamento específico para o futebol de base na imprensa brasileira. Paradoxalmente, é dos jovens jogadores que os clubes daqui mais precisam, cada dia em maior escala, para rechear seus elencos e manter as finanças no azul. Olheiros surge, justamente, para preencher essa lacuna.

Conhecer o futebol de base é, acima de tudo, antever os fatos. Se hoje, Fàbregas e Messi assombram a Europa como protagonistas da temporada em curso, quem acompanha jovens jogadores desde a adolescência poderia, há muito tempo, prever esse sucesso. Desde já, podemos atestar a qualidade de futuros craques como Bojan Krkic, Toni Kroos e Ransford Osei.

Cabe, ainda, ressaltar o período decisivo para o ciclo da base mundial. Olheiros ganha vida, justamente, após os repercutidos Mundiais Sub-17 e Sub-20, mas meses antes dos Jogos Olímpicos de Pequim. É nesse período, principalmente, que a cobertura do futebol de base é amplificada e discutida, nem sempre como deveria ser.

Recheado por gente que estuda e acompanha jovens jogadores de todo o mundo, Olheiros traz uma proposta de cobertura através de oito colunistas semanais e seções específicas, como o “Fique de olho”, o “Meninos prodígios”, “Eternas promessas” e “Meninos ganham campeonatos”. Além disso, há, no conteúdo, especiais e entrevistas com pessoas presentes no contexto do futebol de base, como é o caso de Rodrigo Caetano, responsável pela formação de atletas como Lucas e Anderson no Grêmio, e entrevistado, pessoalmente, por nosso Gustavo Vargas.

Não por coincidência, somos também jovens e, modéstia à parte, representantes de uma nova safra de analistas que estuda e acompanha o futebol em ampla profusão. Fatalmente, não será comum ver, aqui, expressões como “fulano está mascarado” ou “ciclano sentiu a pressão”. Algumas vezes, se trata de um julgamento primário e abrigo seguro para críticos desinformados ou preguiçosos.

Sobre a linha editorial, é importante dizer que Olheiros não pretende ser um site entusiasta de garotos que, sabe-se bem, nem sempre são soluções. O objetivo primordial é preencher um filão sistematicamente ignorado pela grande mídia, mas de relevância contínua e crescente no futebol brasileiro e mundial.

Enxergar futuros talentos é, em comum, algo que dá prazer para a nossa equipe. Desde já, Olheiros está no ar.

Os Olheiros são: Dassler Marques, Gustavo Vargas, Leandro Guimarães, Marcus Alves, Maurício Vargas, Mozart Maragno, Nuno Almeida e Rafael Reis.

Colaboram, ainda: Alexandre Lozetti, André Augusto, Bárbara Barreto, Braitner Moreira, Filipe Lima, Henrique Moretti e Leandro Silva.


terça-feira, 16 de outubro de 2007

Brasileirão: 80%


Faltando sete rodadas para o final do campeonato, vamos a mais uma análise com muito a se definir, ao contrário do que se esperava. As disputas, tanto em cima quanto embaixo da tabela, ainda estão abertas, e o cenário pode mudar até mesmo na última rodada.

Certo mesmo, só duas coisas: o América/RN já foi rebaixado (pior campanha da história dos pontos corridos) e São Paulo é o campeão, mesmo apresentando uma queda de rendimento que já era esperada - ainda que para algumas rodadas atrás (entre a 21ª e a 25ª), quando o Brasileirão tem mostrado, desde 2003, os últimos deslizes do campeão antes da arrancada final. Apesar de possuir um elenco com muitas opções, Muricy viu contusões e cansaço aparecerem, mas nada que vá tirar a taça do Morumbi.

Agradecimento especial ao Cruzeiro, que tem sido o vice que qualquer equipe pediu a Deus. A Raposa também perdeu fôlego, deixou escapar pontos importantes e tem até sua vaga na Libertadores ameaçada, pois Palmeiras, Santos e Grêmio já encostaram. E, de fato, restaram estas equipes na briga. Enquanto Cruzeiro, Grêmio e Santos têm três jogos a cumprir em casa, o Palmeiras em quatro. Analisando pela tabela, diria que o Grêmio tem menos chances, mas é uam disputa muito parelha.

O Fluminense permanece rondando a zona da Libertadores, e com a permanência de Thiago Neves faz bem em usar as últimas rodadas do Brasileiro como uma preparação de luxo para a temporada 2008. O Tricolor serve também como separação entre os que brigam efetivamente pela Libertadores e os que ainda sonham: está a cinco pontos de Sport, Vasco e Flamengo (estes dois últimos com um jogo por realizar, na quinta). Esses times torcem pela ascensão do Flu para tentarem a quinta colocação.

O Vasco é um caso à parte. Esteve oito rodadas sem vencer e, de candidato à Libertadores, teve seu discurso mudado para a fuga do rebaixamento. O elenco é muito inferior ao do São Paulo e não aguentou conciliar BR e Sulamericana. Resta agora a Roth encerrar o ano com uma posição honrosa. A tabela não é das mais difíceis, mas a Libertadores é um sonho distante, assim como para o Flamengo, que tem conseguido bons resultados ao lotar o Maracanã e foi o time que mais subiu desde a última análise, mas longe da torcida não tem sido tão eficiente.

Se o Flamengo subiu, o Goiás continua caindo e já está no limite da zona de rebaixamento. Pior que os esmeraldinos só o Botafogo, que tem a segunda pior campanha do returno (à frente apenas do América). A saída-e-volta-relâmpago de Cuca abalou o emocional dos jogadores, e um time em queda tão acentuada numa fase crítica como esta pode gerar conseqüências catastróficas como o rebaixamento.

Rebaixamento que o Juventude parece que não conseguirá evitar, assim como o Paraná, que tem uma tabela complicadíssima. Resta, assim, uma vaga, e pode sobrar para um grande: Botafogo, Atlético e Corinthians são candidatos. E mesmo o Náutico, com toda a recuperação, continua ameaçado.

E você, quem acha que vai ficar com as vagas na Libertadores? E quem vai ser rebaixado? Quando voltarmos para a última análise antes do final do campeonato, muita coisa já estará definida.

sábado, 13 de outubro de 2007

A África é logo ali 2 - Conmebol, AFC e CAF

Após a vibrante (?) primeira fase na Oceania das Eliminatórias para a Copa 2010, mais três continentes dão a largada para a corrida rumo à África do Sul: Ásia, África e América do Sul. Expliquemos o regulamento e tentemos adivinhar as chances de cada um.

África

Desde já convido a acompanharem os pitacos mais certeiros do amigo Marcus Alves, especialista em futebol africano. A África foi o país que mais ganhou com os aumentos de participantes na Copa, e para 2010 foi agraciada com a sexta vaga: permanecem cinco se classificando, além da anfitrã. Além disso, o regulamento mudou um pouco: Neste final de semana, acontecem os emocionantes duelos entre Serra Leoa x Guiné Bissau e Madagascar x Ilhas Comoros. A volta acontece mês que vem, quando também jogam Djibouti x Somália, em confronto único. Os vencedores avançam à segunda fase, com 12 grupos de 4 times. Os campeões de cada grupo, mais os 8 melhores segundos colocados avançam à terceira fase: cinco grupos de quatro seleções, com o campeão de cada grupo carimbando o passaporte.

Ásia

O regulamento asiático é uma bagunça, portanto vamos simplificar: Austrália (disputando sua primeira eliminatória pela AFC), Coréia do Sul, Japão, Irã e Arábia Saudita entram direto na segunda fase. Na primeira (que já está rolando, e que pode gerar surpresas, afinal times importantes já estão na briga), foram formadas 19 chaves de ida e volta. Dos vencedores, os 11 melhores no ranking vão direto para a terceira fase, enquanto os oito piores serão chaveados novamente, em ida e volta. A terceira fase tem cinco grupos de quatro times, com primeiros e segundos avançando para a fase final: dois grupos de cinco, onde os dois melhores de cada chave garantem vaga. Os terceiros se enfrentam e o vencedor pega o campeão da Oceania na repescagem.

América do Sul

Agora sim, o que interessa! O regulamento é simples e conhecido: turno e returno para os dez países. Quatro classificam e o quinto vai para a repescagem, dessa vez para enfrentar um time da Concacaf. Considerando a hegemonia brasileira e argentina, e um formato que elimina a chance de surpresas, restam duas vagas e meia. Quem deve ficar com elas?

Ainda que tenha evoluído muito, a Venezuela deve se contentar mais uma vez com uma briga com a Bolívia para fugir da lanterna. E deve conseguir, o que elimina mais duas equipes, sobrando seis. O Peru tem um ataque digno de disputar uma Copa, mas a defesa seria a mais vazada até mesmo no Campeonato Brasileiro. De qualquer forma, pode tirar pontos e, quem sabe, surpreender. Tirando os venezuelanos, que nunca disputaram um Mundial, os peruanos são os sul-americanos há mais tempo sem participar da Copa: desde 82, quando Cubillas despediu-se dos gramados.

A Colômbia, adversária do Brasil na estréia, teve a melhor defesa da última eliminatória, mas após o fracasso na Copa América o técnico Jorge Pinto promoveu uma reformulação no elenco. Melhor para Falcão Garcia, que vive boa fase no River. Ferreira, do Atlético-PR, também é conhecido da torcida brasileira e Rodallega possui certa rodagem. Ainda assim, os colombianos entram como azarões.

Por isso, a briga deve ficar entre os mesmos de sempre: o Paraguai conseguiu se livrar da sombra da geração de 98, mas os últimos resultados não são animadores. Entretanto, graças à falta de concorrência, deve ficar no mínimo com a quarta colocação. Desta forma, Equador, Uruguai e Chile brigam por duas vagas. O Chile vem renovado e deve aproveitar boa parte da equipe que foi bem no Mundial Sub-20. Muitos terão idade suficiente para serem titulares caso a equipe vá para a África. Sem Valdívia, suspenso (e que nem é tão unanimidade assim por lá), Marcelo Bielsa tem um bom plantel para brigar.

O Equador entra como favorito, apesar da péssima campanha na Copa América. Muitos jogadores atuam na Europa e o país consegue revelar bons talentos, mostrando que não foi apenas uma geração dourada, como o caso da Colômbia da década passada. E por fim, o indecifrável Uruguai, que ainda vive da síndrome do "agora vai". A saída de Recoba abre espaço para uma boa geração, que também apareceu bem no Mundial Sub-20. Aliados à experiência de jogadores como Forlan e Dario Rodriguez, podem levar a Celeste de volta à Copa.

Palpites das duas primeiras rodadas:
Uruguai 2x0 Bolívia
Argentina 3x1 Chile
Equador 2x1 Venezuela
Peru 1x1 Paraguai
Colômbia 0x2 Brasil

Venezuela 1x2 Argentina
Bolívia 1x1 Colômbia
Paraguai 2x1 Uruguai
Chile 3x1 Peru
Brasil 2x0 Equador

Palpite para a classificação:
Tudo bem, é um campeonato que dura dois anos, mas vamos lá: Brasil, Argentina, Paraguai e Equador. Uruguai e Chile devem brigar pela vaga na repescagem num duelo muito equilibrado.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Campeonato Alemão: balanço inicial


Desistindo de pedir desculpas pela falta de atualização e de visitas aos amigos, passo a contentar-me com esporádicas postagens, vez que o tempo não me tem sido amigo. Tanto é verdade que, muito atrasado, faço aqui um balanço do Campeonato Alemão após seis rodadas (lembrando que já chegamos à nona, mas a divisão fica assim para um melhor acompanhamento fase a fase). A análise recai sobre os seis principais times do país, aqueles que acompanho mais de perto em virtude de um trabalho paralelo realizado. Lembrando que, em parênteses, aparece a campanha da equipe na Bundesliga e, em maiúscula, o melhor jogador do time no período, vamos às observações:

BAYERN DE MUNIQUE (1º, 14 PG – 4V, 2E, 0D – 16GP, 3GC)

O Bayern iniciou a temporada cercado de expectativas – e atendeu a cada uma delas. Ottmar Hitzfeld fez muito bem ao aproveitar os amistosos pré-temporada e a Copa da Liga para encontrar a forma ideal de jogo e conseguiu: um surpreendente 4-2-2-2 à brasileira, com Zé Roberto jogando ao lado de van Bommel na primeira linha do meio-campo. Hitzfeld provou também que Luca Toni e Klose podem sim jogar juntos (ambos marcaram 12 dos 25 gols do time, quase 50%) e consertou a defesa, ponto fraco do ano passado. E de quebra, Ribéry foi eleito o jogador do mês de setembro na Alemanha. Resultado: quatro vitórias, dois empates contra adversários diretos e a liderança tranqüila da Bundesliga.

Foram bem: RIBÉRY, Klose, Toni e Altintop.
Foram mal: Schweinsteiger, Podolski

SCHALKE 04 (5º, 10PG – 2V, 4E, 0D – 12GP, 6GC)

A grande dúvida que pairava sobre o Schalke no início da temporada era se o time conseguiria sobreviver agora que Lincoln, o dono da equipe nos últimos anos, deixou Gelsenkirchen. O croata Rakitic, contratado para ser o substituto, até que tem tido um desempenho razoável. Mirko Slomka escala a equipe no tradicional 4-3-1-2 alemão, com um losango no meio-campo e a defesa vai bem, ainda que sofra muitos gols no segundo tempo. O ataque começou arrasador, mas tem produzido pouco nas últimas rodadas.

Foram bem: BORDON, Ernst, Rafinha e Rakitic
Foram mal: Asamoah, Lövekrands e Altintop

HAMBURGO (6º, 10PG – 3V, 1E, 2D – 6GP, 5GC)

O Hamburgo fez contratações interessantes para apagar o péssimo desempenho da temporada passada. Boateng chegou para compor a defesa, que é o ponto forte do time: sofreu apenas cinco gols, graças às performances de Rost e Mathijsen (Kompany vinha bem, mas se contundiu). Apesar de jogar com dois pontas, um centroavante enfiado e van der Vaart na armação, o ataque tem sido econômico: fez apenas seis gols. Até por isso, o recém-contratado Zidan perdeu a vaga para Guerrero.

Foram bem: Jarolim, Rost, VAN DER VAART, Mathijsen.
Foram mal: Zidan, Trochowski, Olic

WERDER BREMEN (8º, 10PG – 3V, 1E, 2D – 9GP, 11GC)

O Werder Bremen é o time mais irregular deste início de temporada. Pode tanto fazer uma apresentação impecável como quando goleou o Stuttgart por 4 a 1, como pode também jogar da maneira horrível que jogou na derrota para o Borussia Dortmund por 3 a 0. Tanta irregularidade passa por um único problema: desfalques. Quase meio time titular permanece no estaleiro: Frings, Baumman e Carlos Alberto juntaram-se a Borowski, Klasnic e Wome, que ainda não jogaram nesta temporada. Thomas Schaaf não encontrou o substituto de Klose e Diego, ainda que continue bem, não consegue resolver tudo sozinho.

Foram bem: DIEGO, Sanogo, Hugo Almeida
Foram mal: Wiese, Mertesacker, Pasanen, Vranjes

BORUSSIA DORTMUND (9º, 9PG – 3V, 0E, 3D – 11GP, 10GC)

O Borussia montou um elenco compacto, afinal não disputa nenhuma competição européia esta temporada. Kovac chegou para o lugar de Metzelder, mas perdeu a vaga para Brzenska após o time sofrer sete gols nas duas primeiras rodadas. Sem Frei, machucado, e com a saída de Smolarek, Thomas Doll teve que se contentar com Petric e Klimowicz no ataque. Ziegler chegou, jogou algumas partidas no gol, mas Weidenfeller já recuperou a titularidade. É por essas e outras indefinições que o time está exatamente no meio da tabela.

Foram bem: KRINGE, Dede, Petric e Weidenfeller
Foram mal: Ziegler, Kovac e Valdez

STUTTGART (13º, 7PG – 2V, 1E, 3D – 8GP, 10GC)

O Stuttgart mudou pouco da temporada passada, e a falta de reforços cobrou seu preço logo nas primeiras rodadas. Schäfer falhou em alguns lances e deixou a torcida morrendo de saudades de Hildebrand. Além disso, o meio-campo caiu muito de produção após a lesão de Hitzlsperger. Outro lesionado, Mario Gomez não voltou bem e nem Bastürk, nem Ewerthon, justificaram o investimento. Armin Veh não consegue definir um titular para a lateral-esquerda e o time como um todo está bem abaixo do desempenho de 2006/07.

Foram bem: HILBERT, Pardo, Khedira, Hitzlsperger (antes da lesão)
Foram mal: Schäfer, Cacau, Fernando Meira e Ewerthon.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Náufrago


Acompanhasse Tom Hanks o Campeonato Brasileiro, ficaria com inveja da versão brasileira de "Náufrago". De fato, a cruzada da caravela vascaína passou muito além de Taprobana mas, quando começava a avistar a América, foi a pique.
Muitos são os motivos pela queda vertiginosa de produção do Vasco no segundo turno, que encontra par apenas em outro clube de regatas, ali na praia de Botafogo. Difícil apontar qual o mais importante:

- A complicada tarefa de conciliar duas competições com um elenco limitado. A Sulamericana fez com que o time disputasse um jogo a cada três dias, enquanto muitos adversários diretos (como Santos, Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro) descansavam.

- As lesões conseqüentes de tal maratona de jogos. Perdigão, elemento fundamental do time no final do primeiro turno, perdeu seqüência e não tem atuado tão bem, muitas vezes no sacrifício.

- Uma seqüência dificílima no Brasileirão (SP, Cruzeiro, Grêmio e Santos) exatamente num momento complicado.

- A dependência de Leandro Amaral, que se agravou nas últimas rodadas, não só pelos gols que marca como também pelos que ajuda a criar.

- A constante mudança de esquema tático imposta por Roth recentemente. Após a vitória sobre o Lanús, quando a equipe jogou praticamente num 4-3-1-2, Roth atendeu o pedido da torcida e escalou Andrade ao lado de Perdigão. Entretanto, Andrade não tem repetido o bom desempenho de sua primeira passagem por São Januário. O meio perdeu em combatividade e agora o técnico muda a todo momento, muitas vezes até durante os jogos, o esquema do costumeiro 3-5-2 para o 4-3-1-2. Com isso, os alas/laterais caíram de produção e a zaga ficou indecisa.

Tudo isso fez com que o único invicto dentro de casa perdesse as três últimas partidas como mandante. A injeção de ânimo que a vitória na Sulamericana parecia ter dado ao elenco já teve seu efeito dissolvido, o que pôde ser visto especialmente na partida contra o Juventude: nunca uma equipe correu tanto sem imprimir velocidade e ritmo a um jogo. Foram 60 passes errados e um nervosismo fora de série. De novo em casa, contra o Juventude, assim como em 2006. De novo, o Vasco vai nadar, nadar, e morrer na praia.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Título ou vaga?

A Copa Sulamericana é o patinho feio do futebol brasileiro: equipes com um planejamento ruim na temporada utilizam-na como desculpa para os torcedores de que, ao menos, consegui-se uma classificação a um torneio continental. Ou então, quando a equipe briga contra o rebaixamento, o discurso é de que a meta é, exatamente, a Sulamericana.

Pois bem, vira-se a folha do calendário e a Sulamericana, ora comemorada, passa a ser lamentada. Uma competição que não vale nada, que só atrapalha o calendário, que tira o foco dos times em um momento muito importante do Campeonato Brasileiro. Mas afinal, por que a linha que separa o amor e o ódio pela Copa Sulamericana é tão tênue?

De fato, a Sulamericana é menos importante que a Libertadores e, como pregam muitos, não classifica para nada. Mas, ainda assim, é um título continental. Pergunte aos torcedores dos times campeões da Copa da Uefa se eles não comemoraram? Tudo bem que existem diferenças, mas também é a segunda competição em importância por lá.

Pergunte aos são-paulinos que lotaram o Morumbi se eles não vibraram com a vitória sobre o Boca? Talvez, o que falta para a competição "pegar" no Brasil é exatamente isso: que um brasileiro a conquiste. E pode ser que este seja o ano do São Paulo.

Mas o motivo do post é outro: para uma equipe como o Vasco, que briga por uma vaga na Libertadores, a Copa Sulamericana pode ser tanto benéfica quanto prejudicial. A maratona de jogos causou pequenas lesões e cansaço em alguns titulares e a queda de rendimento no Brasileirão foi visível. O exemplo do Fluminense de 2005, que a cada avanço internacional afastava-se da vaga para a Libertadores, ainda está vivo na memória.

Até por isso, cabe aqui uma discussão válida, pois as opiniões que colhi não são tão unânimes quanto pensava. Enquanto uns preferem que o seu time conquiste uma vaga para a Libertadores, outros vêem o título da Sulamericana como melhor opção. E é desta segunda maneira que penso, afinal para quê disputar uma competição que não se tem chance de título? (ou alguém acredita que se o Vasco ficar entre os quatro, briga pelo título no ano que vem?).

E o Vasco é só um exemplo. A questão é: um time limitado, que está nas quartas-de-final de um torneio sulamericano, deve abrir mão de uma colocação melhor no campeonato nacional para tentar o título deste torneio? É uma aposta arriscada, afinal somente o São Paulo tem elenco para disputar com tranquilidade ambas as competições.

Por querer tudo, pode-se não conseguir nada. E na escolha errada, pode-se jogar o ano fora. E você, o que preferiria: vaga na Libertadores ou título da Sulamericana?