domingo, 29 de abril de 2007

O que é que o Azulão tem?


Podia parecer acaso a classificação do São Caetano às semifinais do Campeonato Paulista. Afinal, Corinthians e Palmeiras deram mole e ficaram pelo caminho. Podia e parecia.

O acaso virou realidade após a vitória inquestionável sobre o São Paulo. Inquestionável, mas que foi apontada mais como uma noite infeliz do Tricolor. O São Caetano venceu porque o São Paulo jogou mal. Neste domingo, o São Caetano venceu porque o Santos jogou mal. Mas seria isso obra do acaso? Por que São Paulo e Santos jogaram mal?

Jogaram mal porque o São Caetano jogou bem. Se não teve uma postura ofensiva, não se pode culpar o técnico Dorival Júnior, que nunca disse que o time jogaria bonito e pra frente. Disse que jogaria como tem jogado, na base do contra-ataque - um modo de jogo muito, mas MUITO interessante para jogos de ida e volta.

O 4-3-1-2, que neste domingo virou um 4-3-2-1 em muitos momentos, com Luís Henrique voltando mais, engessou o habilidoso meio-campo do Santos e obrigou uma equipe compacta a jogar pelos lados. O São Caetano não é brilhante, mas seu treinador sabe dispor em campo as peças que possui em mãos e abriu uma excelente vantagem.

Ataques fazem gols, mas defesas ganham campeonatos, já diria Helenio Herrera, mestre do catenaccio, o estilo retranqueiro dos italianos. E é assim que o São Caetano deve - e vai - ser campeão paulista.

sábado, 28 de abril de 2007

Quando menos é mais

Fiz esse texto após a primeira partida entre Vasco e Gama pela Copa do Brasil. Retomo a discussão por achá-la interessante. Publicado também no Blag do Mauro Beting no dia 23 de março.

Gama e Vasco faziam um jogo equilibrado até os 33 minutos do primeiro tempo, quando Ciro fez falta clara em André Dias e foi corretamente expulso. Tentando matar dois coelhos com uma cajadada só, Renato Gaúcho imediatamente sacou Coutinho, que logo seria expulso por já ter amarelo e jogar de maneira violenta (e também por conta da famosa “lei da compensação” dos árbitros), e colocou Bruno Meneghel, deixando três atacantes contra dois zagueiros.

Na volta do intervalo, o atacante André Borges deixou clara a intenção do técnico Gilson Kleina: esperar o Vasco em seu campo e sair nos contra-ataques. Foi assim, e principalmente explorando a falta de entrosamento da dupla de zaga vascaína (que também pecava na técnica), que o Gama abriu dois a zero no placar. Romário entrou, o Vasco pressionou e eventualmente conseguiu o empate.

Mas a questão não é essa. A expulsão de Ciro parece ter feito bem ao Gama. Jogando com um a menos, o time se fechou e conseguiu encaixar os contra-ataques. Aparentemente, ter um a menos foi bom para a equipe. Aí surgem duas perguntas:

1) Existe quem defende a redução para 10 jogadores em cada time, sob o argumento de que partidas em que cada time tem um jogador expulso são mais abertas e movimentadas.

2) "Ter um a menos em campo é um problema". Nem sempre. É o que parece, às vezes, quando equipes que perdem um jogador "se superam", no jargão mais apelativo.

Analisando bem, um a menos muda pouco taticamente no time, embora não seja regra. Isso, claro, se a equipe souber se adequar à nova configuração do jogo. Se o Gama estivesse perdendo, precisasse atacar e seu atacante fosse expulso, a realidade seria totalmente outra.

Mas o que me chamou a atenção mesmo é que, neste caso em particular, o técnico do Gama realmente APROVEITOU a inferioridade numérica para apostar em um esquema diferente de jogo. Embora o time estivesse até atacando mais quando tinha 11 jogadores, a expulsão de Ciro fez Gilson Kleina apostar nos contra-ataques, que acabaram surtindo certo efeito, afinal o time abriu 2 a 0.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Mudar ou não mudar? Eis a questão

Até que ponto as substituições influenciam no andamento e, mais objetivamente, no resultado de uma partida? Reservas que marcam um gol logo ao primeiro toque na bola são um prato cheio para a mídia, que os apelida de "talismãs" e "curingas". Ao treinador, cabe o rótulo do estrategista, o visionário ou, no mínimo, do comandante com "estrela".

Após o empate em 2 a 2 com o Audax, Muricy Ramalho foi chamado de burro pela torcida por ter feito a primeira substituição somente aos 38 do segundo tempo. No empate com o São Caetano em 1 a 1, as vaias vieram porque o técnico não tirou Richarlyson após o volante ter marcado um gol contra. Parece irônico, até porque Muricy defende abertamente o número de substituições por jogo, de três para cinco. Mas será que isso seria positivo?

Do outro lado da moeda, o técnico do Roda JC da Holanda, Huub Stevens, afirmou que é mais válido treinar variações táticas com os onze titulares que tentar mudar a sorte de um jogo em uma troca. "A variação de sistema de jogo não necessariamente ocorre com substituições. Se você joga com uma linha de quatro defensores, pode adaptar o sistema durante o jogo ao adiantar um atleta ou recuar um zagueiro para jogar na sobra", exemplificou o treinador. Assim, a inteligência tática, mais fácil de ser controlada, se sobrepõe ao acaso da individualidade, muito mais imprevisível.

Parreira, no comando da seleção, recebeu o estigma de teimoso por não mudar a equipe no intervalo e realizar sempre as mesmas substituições - e sempre a partir dos 15 minutos do segundo tempo. A idéia predominante no futebol nacional, de que não se pode mudar a equipe antes do intervalo, tem sido posta em xeque por treinadores como Vanderlei Luxemburgo, Ney Franco e Cuca.

A quebra deste paradigma já mostra que os treinadores estão mais suscetíveis a mudanças em suas equipes e não temem corrigir algo que dê errado - independente de quando essa correção aconteça. Se é bom por um lado, por outro pode causar danos irreversíveis aos times cujos treinadores são mais, digamos, impacientes.

O que não mudou com três substituições, não melhora com cinco. Um raciocínio simplista, mas que entendo ser verdadeiro. Conhecer bem o elenco, treinar variações táticas e usar as substituições com sabedoria ainda é, creio eu, a solução. Mudar ou não mudar? Eis a questão.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Vai começar a Copa Libertadores

Havia postado antes do início do jogo entre São Paulo e Audax, mas como fazia os prognósticos baseando-me em uma vitória brasileira que não veio, mudei o post. Escrevi com a idéia de que Toluca e Boca vencem e se classificam. Venceram, mas a goleada do Boca mudou um confronto. Post editado novamente.

Cinco brasileiros, 3 mexicanos, 2 argentinos, 2 uruguaios, 1 colombiano, 1 chileno, 1 paraguaio e 1 venezuelano. Façam suas apostas. Vai começar a Copa Libertadores 2007. Tudo bem que alguém vai reclamar que a fase de grupos é muito importante - tanto que o atual campeão, Internacional, foi eliminado -, mas fato é que em uma inchada competição continental, é quando as 16 melhores equipes se enfrentam que o bicho pega realmente.

O Santos, melhor campanha da primeira fase, pega o Caracas, da Venezuela. Duelo interessante já que o Peixe é sem dúvida a melhor equipe até aqui e o Caracas, a maior surpresa.

O Flamengo, segundo melhor, pega o Defensor Sporting, que não ofereceu perigo ao Santos e não deve endurecer a vida dos comandados de Ney Franco.

Com o empate do São Paulo, o Libertad fica em terceiro e pega o Paraná. Pode dar Paraná, mas aposto na "cancha" dos paraguaios.

O Toluca enfrenta os colombianos do Cúcuta e deve passar.

O Necaxa pega o Nacional num duelo equilibrado, mas tendo a apostar nos uruguaios, embra os mexicanos possam surpreender.

Velez x Boca é um clássico. Impossível palpitar, mas diria 51% pro Velez.

Grêmio e São Paulo fazem o duelo mais equilibrado. Sem favoritos. Dois jogos históricos.

E o Colo Colo pega o América do México. Melhor para os mexicanos.


Seguindo meus palpites, as quartas ficariam assim: Santos x América/MEX, Toluca x Nacional-URU, Flamengo x Grêmio/São Paulo (sem palpite) e Libertad x Velez/Boca (também sem palpite).

Muito boas as chaves, mas o Santos, que ficou sozinho, tem vida mais fácil.

À moda antiga


Ricardo é daqueles homens à moda antiga. Todo dia, faz tudo sempre igual. Acorda, toma seu desjejum, abotoa o paletó impecavelmente passado a ferro e amarra os cadarços de seu sapato, impecavelmente lustrado. Dá um beijo na esposa e sai para outro dia de labuta.

O emprego de Ricardo é assaz diferente. Ele trabalha com corações, mas não é médico. Traz alegria, mas não é palhaço. Encanta, mas não é mágico. Ricardo é jogador de futebol. Mas vem de outro tempo, de quando se amarrava cachorro com lingüiça. É um daqueles homens à moda antiga.

É conhecido pelo apelido de "Kaká". Simples, como foram Vavá, Zito e Didi. Não fossem os tempos modernos, seria "Cacá", com "C" mesmo. O "K" vem do marKeting, que não entra em campo mas faz toda a diferença. Bom moço, querido da mídia, Ricardo só quer mesmo é jogar futebol. É daqueles homens à moda antiga.

Enquanto moribundos saudosistas reclamam que nada é como antigamente, Ricardo joga o futebol clássico. Torna o difícil, fácil. Joga ereto, de fraque, de terno, o mesmo que abotoa antes de sair de casa. O mesmo que veste em diversas propagandas espalhadas por toda Milão, a capital da moda. Tivesse o gol de ontem saído dos pés de Pelé ou Tostão, ninguém estranharia. Foi um gol à moda antiga.

Esqueçam a velocidade, fora com a correria sem propósito. Se o português Ronaldo é daqueles peladeiros indefectíveis, Ricardo é um gentleman. Faz os velhos sorrirem ao lembrarem de jogadas antigas. Suas jogadas, ainda que rápidas, passam em câmera lenta. Ele joga em preto e branco. É um jogador à moda antiga.

E que bom é lembrar dos tempos da bola de couro, da chuteira amaciada pelo garoto, dos tempos descompromissados de antigamente. Lembrar de um último suspiro de arte intransigente. Lembrar de Ricardo, um jogador à moda antiga.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Existe ética no jornalismo?

Encontrar uma resposta para essa pergunta é, talvez, tão difícil quanto solucionar outro dilema básico das bancadas acadêmicas: como seguir a premissa básica da profissão de jornalista, a famigerada imparcialidade?

Após intermináveis debates e alguma (bem pouca) experiência no meio, posso dizer que imparcialidade e ética fazem parte de um jornalismo platônico, existente apenas no mundo das idéias. São objetivos a serem buscados a todo momento, ainda que se saiba que nunca serão alcançados em sua totalidade.

Diante disso, trago à tona o episódio do contrato subtraído da casa do presidente do Corinthians, Alberto Dualib, após coletiva de imprensa. No dia seguinte, o diário Lance! divulgou detalhes do contrato que só poderiam ser conhecidos com a posse do mesmo. Ficou feio para a repórter Marília Ruiz, que representava a TV Record, mas também escreve para o Lance!.

Por mais que o diário argumente que conseguiu as informações através de outra fonte, a imagem do veículo fica um pouco manchada. Vale a pena realmente lançar mão de artifícios como esse em nome do sucesso editorial?

Fato é que já encarei situações como essa. Queimar a fonte, usando uma informação importante passada em off, ou prezar pela tão defendida, e pouco praticada, ética? Fato é, e aí concordo com Erich Beting em recente artigo para o portal Cidade do Futebol, que os valores de cada um falam mais alto.

Mas não sei se estaria disposto a abrir mão de um furo. Realmente não sei. Continua uma pergunta sem resposta.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Davi e Golias no futebol II – A vitória de Davi!

Como na semana passada, abro o espaço das segundas-feiras para mais um amigo. Companheiro de comentários nos 1440 kHz da Azul Celeste, Paulo Piedade, o Paulinho Filé, fala sobre a acachapante vitória do São Caetano sobre o São Paulo. Acompanhemos:

Davi e Golias no futebol II – A vitória de Davi!

Por Paulo Filé

camisasete@yahoo.com.br

O estádio Cïcero Pompeu de Toledo foi a arena escolhida pela Federação Paulista de Futebol. Os protagonistas do espetáculo vinham à campo para ratificar uma barbada, ou seja, o São Paulo, extremamente superior ao adversário, faria o resultado quando bem entendesse. Ao São Caetano, cabia a fama de “aprontar com os grandes” e a esperança de ser uma zebra de fato. Uma vitória por um golzinho a zero estaria ótimo!

Novamente, comparamos os times com a parábola da discrepância de forças entre duas partes, vencida pela mais frágil. O São Paulo, tão onipotente em seu majestoso estádio, jamais poderia esperar uma virada, histórica e indiscutível, aplicada pelo Azulão do eficiente Dorival Júnior, sob o comando em campo do surpreendente maestro Douglas.

Por falar em técnico, talvez no primeiro jogo, quando teve o São Caetano “aos seus pés”, o time do São Paulo deixou passar a grande oportunidade em resolver sua participação nas finais do Paulistão 2007. Mesmo após o gol do Azulão (contra, abatendo muito o jogador Richarlysson), Muricy Ramalho continuou com sua formação inicial, como se estivesse esperando que, num passe de mágica, seus pupilos apresentassem um futebol digno de um time vencedor.

Da mesma forma, encarou o São Paulo o segundo jogo como uma festa. Depois do gol então, tudo ficou maravilhoso, lindo... como bem definiu Ulisses Costa, narrando pela Rádio Bandeirantes. Mas, havia um copo de água para cada copo de chopp do São Paulo, que vinha do ABC dentro de “cavalos de tróia”, vestidos em azul, com muita garra e ignorando ao oponente. Passaram por cima, massacraram, foram cruéis na dose!

Difícil redigir palavras tão duras para um elenco tão completo. Porém, o futebol não premia o quase. Quando as coisas quase acontecem... elas perdem para as que acontecem. E, motivado pela apatia do Tricolor no primeiro jogo, quem aconteceu foi o São Caetano. Complementando, consideramos a omissão do técnico Muricy, não procedendo qualquer alteração e abrindo mão de valores que poderiam ter resolvido os seus problemas daquele jogo e, por conseqüência, os do segundo.

Da mesma forma, considero o placar um exagero da fatalidade, mas, inquestionável sob o aspecto do merecimento no jogo. Não houve um senão em relação ao árbitro. Os lances foram limpos e legítimos. E “Davi foi perfeito e certeiro na pedrada”, deixando o gigante Golias, desfalecido. Sem próximo round... Vitória!

E o São Caetano vai à final... novamente para ser o “Davi”, contra um Santos esperto e com Luxemburgo no comando, que, apesar das dificuldades para a almejada classificação, também o fez de forma digna, por ter melhor elenco e a tradição da camisa do Santos F.C., em relação ao bravo Bragantino, de gratas revelações de alguns valores e do técnico Marcelo Veiga sob a “batuta” dos Chedid.

domingo, 22 de abril de 2007

Onde há fumaça...

O Comitê Organizador do Pan anunciou esta semana as cidades que participarão do revezamento da tocha pan-americana. A chama, que será acesa em 4 de junho, em Teotihuacan, na Cidade do México, segue diretamente para o Brasil e passará por 53 cidades.

Além das 27 capitais, o CO-Rio justificou a escolha das demais cidades como locais que possuem "representatividade econômica, histórica, ecológica e turística". Aí é que começa o problema. É o famoso critério subjetivo tão utilizado pelos dirigentes e políticos brasileiros. Quem aferiu essa representatividade? Quem definiu os parâmetros?

Correto que Campinho da Independência, no Rio, um antigo quilombo, e Campo Novo de Parecis, no Mato Grosso, uma comunidade indígena, recebam a tocha. Mas o que faz uma cidade como Americana, no interior de São Paulo, merecedora da tocha? Sou da cidade e posso falar bem.

Qual a importância turística de Americana? Nenhuma. Ecológica? É um dos menores municípios em território do país e é quase todo formado por área urbana. Histórica? A cidade não fez parte de nenhum grande acontecimento da história do país. Econômica? Até pode ser, afinal é uma cidade industrial e outrora foi o maior pólo têxtil da América Latina. Esportiva? O Rio Branco, time da cidade, é mais um dentre tantos do interior. A cidade revelou jogadores medianos como Macedo e Gléguer e, no máximo, pode-se destacar o tenista Flávio Saretta.

Agora, a principal importância é a política. E aí eu volto para o ponto de partida. O critério subjetivo a que me referi é exatamente esse: as cidades são escolhidas sem critério e, aí, criam-se justificativas que se apliquem a todas. É um processo inverso. Porque manda mesmo quem tem influência política para colocar a cidade na trajetória da tocha.

E isso é apenas um exemplo da "organização" do Pan. Se fizeram isso com a tocha, imaginem nos orçamentos das obras, multiplicados várias vezes. Onde há fumaça, há fogo.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Fábio Luciano no Brasil

Fábio Luciano rescindiu nesta quinta-feira seu contrato com o Colônia, da segunda divisão alemã. De acordo com o próprio jogador, em entrevista ao site oficial do clube, seu ciclo na Europa se encerrou e seu desejo é encerrar a carreira no Brasil.

O zagueiro de 32 anos sente falta da família, que mora no interior de São Paulo. Pode vir para o Corinthians, clube por onde já passou, e teria sua vinda facilitada por Renato Duprat. Pode vir para o Inter, que procura desesperadamente um substituto para Fabiano Eller. E pode vir para o Cruzeiro, que também quer alguém para a defesa.

Não há destino definido ainda. Mas que ele vem, vem. Pelo menos é o que ele diz.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Dia de índio


Tem dias que não dá. Neste 19 de abril, dia nacional do índio, não deu para o Inter do zagueiro Índio, que foi expulso após pisar nas costas do adversário.

Pisada - na bola - deu o Inter no Uruguai, logo na primeira rodada, quando vencia a partida e cedeu três gols em questão de meia hora.

Meia hora que era o que faltava de jogo quando o Velez abriu o placar diante do Emelec na Argentina, e o Inter, que precisava de apenas um gol, passou a jogar por três. E podia jogar mais três horas que não faria três, porque tem dias que não dá.

Não dá pra entender porque Abel insiste com Fernandão no meio, porque sacou Vargas - um dos poucos que jogaram bem - para a entrada de Michel e porque não lançou Christian, já que o que o time precisava era de gols.

Gol que saiu tarde demais, num tirambaço de Fernandão, e que quase saiu antes, no primeiro tempo, mas as bolas pararam nas mãos do goleiro Muslera e na trave, como na cabeçada de Pato, que não esteve bem e, em alguns momentos, pecou pela falta de objetividade.

E quem pagou o pato foi o torcedor do Inter, que brigou nas arquibancadas, pediu a saída de Abel e viu seu time ser o primeiro campeão da Libertadores eliminado na fase de grupos do ano seguinte.

Tem dias que não dá. Hoje foi um desses dias. De índio.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

3-4-3: um velho novo esquema

Há tempos quero discorrer acerca de um esquema tático que considero deveras interessante: o 3-4-3. Após alguns estudos e conversas com colegas (valeu, Dassler!), pude verificar uma ou duas alternativas para a aplicação desta formatação de jogo um tanto incomum atualmente.

Antes de qualquer coisa, é preciso salientar que, por ser um esquema altamente complexo, o 3-4-3 só pode ser utilizado em equipes que possuem jogadores com características muito específicas – e que se encaixem perfeitamente nas funções determinadas pelo esquema. Independentemente da proposta apresentada, pode-se verificar a necessidade de um líbero, dois pontas velozes e habilidosos e volantes que possam oferecer cobertura à defesa. Vamos então às duas formações:

A primeira, minha favorita, é basicamente uma remontagem do famoso WM de Herbert Chapman, que revolucionou o futebol inglês na década de 20, modificando o 2-3-5, predominante na época, por considerá-lo ofensivo demais. Eventualmente, Chapman chegou ao comando da seleção inglesa e, em 1953, viu sua criação ser aposentada após uma derrota de 6 a 3 para a incrível Hungria de Puskas em pelo estádio de Wembley.

Nesta formação, o time atua com uma sobra (ao contrário do líbero de Chapman) e dois zagueiros; dois volantes (para usar a terminologia atual), dois meias, dois pontas e um centro-avante. As considerações que faço são as seguintes: se por um lado permite ataques pelos flancos com os pontas e triangulações envolvendo o atacante fixo e os dois meias, deixa muito espaço nas laterais do campo para o avanço do adversário. A sugestão é abrir mais os dois zagueiros, deixando o central fixo e ajudado pelos volantes, que não sobem.


Variante do "WM": jogadores formam um "X" e fazem um funil no meio-campo

Em alguns momentos da campanha vitoriosa do Brasileiro de 2006, o São Paulo de Muricy Ramalho chegou a jogar nesse formato, quando Aloísio era o único homem de área, Souza e Júnior avançavam como pontas e Leandro recuava para compor o meio com Danilo. Tenho muita vontade de ver o Manchester United de Alex Ferguson jogando nesta formação, com a seguinte escalação: Van der Sar; Heinze, Ferdinand e Brown; O’Shea, Carrick, Scholes e Giggs; Saha, C. Ronaldo e Rooney.

Por outro lado, existe o 3-4-3 com um losango no meio campo, onde um volante fica fixo dando proteção aos meias abertos, que se revezam nas subidas ao ataque, e existe a figura do número 1, como na ilustração abaixo. Muito popular na Holanda (o Az Alkmaar de Louis van Gaal joga assim), esse esquema possui um eco no Brasil: o Botafogo de Cuca. Luciano reveza de função com Leandro Guerreiro e Túlio dá proteção à zaga, enquanto Lúcio Flávio chega de trás para jogar com Jorge Henrique e Zé Roberto, pelas pontas, e Dodô, enfiado. É um estilo de jogo assaz ofensivo para os padrões atuais, mas que tem dado certo no Estadual e credencia o Fogão ao título.

Três losangos, com o primeiro e o último homem do meio assumindo funções duplas

Resumindo, hoje o 3-4-3 funciona assim: os três defensores ficam atrás, um lateral avança e outro fecha o meio-campo. Um meia avança e outro fica de sobra caso venha rebote, os três atacantes avançam e dois deles (quando seu time não está no ataque) voltam ao meio-campo, para ajudar na marcação, deixando um na frente. Mas, em alguns casos, nenhum atacante volta, pois o técnico decide deixá-lo descansando para não se cansar quando seu time ataca.

E você, o que acha desse esquema? Acredita que pode dar certo no futebol brasileiro?

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Diamantes são eternos


Leônidas da Silva jamais brindou aos gramados do Maracanã com uma exibição de seu talento. Quando calçou pela última vez as surradas chuteiras de couro, em meados de 1949, o maior do mundo era ainda uma cornucópia de madeira, concreto e ferragens. Não possuía a alma que hoje faz pulsar toda uma cidade quando as torcidas o invadem em dia de jogo.

O Diamante Negro, ou “homem-borracha” – outro apelido que o jornalista francês Raymond Thourmagem conferiu ao craque, quando da Copa de 38 – imortalizou seu nome na estirpe dos grandes craques com belas jogadas, gols antológicos e com ela. A bicicleta. Uma jogada que tanto afronta os movimentos naturais do corpo humano que só poderia ter sido concebida por um anjo negro, um deus banto da bola, que, alado, não teme à gravidade e confere à plástica de um gol uma visão totalmente nova.

A jóia mais precisa de Leônidas, lapidada pela primeira vez em 24 de abril de 1932, causou mais espanto que a Semana de Arte Moderna havia feito dez anos antes na capital paulista. Também ousada, também instigante. E se Leônidas, que depois de jogar por Flamengo, Botafogo e Vasco foi a São Paulo, não pôde adornar o Maracanã com tal jóia, o tempo tratou de corrigir essa falha.

Diamantes duram eternamente, e o brilho de Leônidas reluziu na bicicleta de Dodô. Um artilheiro muito mais modesto, que no Saara do futebol contemporâneo é o “artilheiro dos gols bonitos”. Tranqüilo, de ar despreocupado, Ricardo Lucas – que começou no mesmo São Paulo – aproveitou que a história brinca de inventar coincidências para, ao vestir o manto alvinegro eternizado na figura de Leônidas, surpreender a todos com uma jogada tão bela quanto difícil. Pode não ter tido a técnica, a plástica do mestre, mas certamente causou o mesmo espanto de quando foi executada pela primeira vez.

Não, as monumentais paredes de concreto do eternamente maior do mundo não são frias. Elas têm sentimento. E choraram, vibraram, agradeceram ao ver aquele gol, um gol que ninguém esperava, ninguém exigia que acontecesse. E que nunca viram nos pés de quem o criou. E é essas coisas da vida que surgem ao acaso, despreocupadas, que valem mais a pena e despertam mais emoção. Emoção que dura eternamente. Como os diamantes.

Na hora H

Apresento hoje a coluna de um grande amigo dos idos da faculdade, Thiago Felippe, que esporadicamente nos brindará com seus comentários. Espero que gostem.

Suspense ou Surpresa
Por Thiago Felippe

Passados os primeiros jogos das semifinais dos principais campeonatos regionais, a única certeza que se tem é de que não há certeza alguma. Nenhum clube conseguiu abrir margem que permita tranqüilidade na partida de volta, mas também poucos favoritos foram surpreendidos de maneira que pareça que a zebra vai desfilar na próxima semana.

Em São Paulo, Peixe e Tricolor tiveram amplo domínio em seus confrontos, mas como o que vale é bola na rede, ambos continuam em aberto. Bragantino e São Caetano foram dominados e pouco fizeram para quem almeja a final e um título regional. Mesmo assim estão vivos e, como o futebol é apaixonante pelo imponderável, podem na próxima semana aprontar pra cima dos grandes que restaram no Paulistão. Vão sim precisar de mais ousadia, pois pouco chegaram às metas adversárias porque pênalti, falta perto da área e escanteio só acontecem quando se ataca. Atacando, em um desses lances pontuais, podem achar o golzinho que precisam para seguir adiante. A dupla San-São segue favorita, mas é bom abrir o olho. A superioridade que não resultou em vitória nesse fim de semana também mostrou algumas fragilidades defensivas que podem comprometer.

Nos demais estados o discurso de indefinição pode ser aplicado com a mesma contundência. No Rio, Botafogo e Cabofriense seguem iguais para o segundo jogo. Em Minas, Cruzeiro e Atlético conseguiram bons resultados, empate e vitória respectivamente, mas nada que garanta um pé na final. No Paraná, houve empate no clássico e o Coxa perdeu, mas definição que é bom, só mesmo na próxima semana.

O único campeonato a apresentar algo de diferente é o Gauchão. De um lado, o Juventude é o único a confirmar favoritismo ao vence fora de casa. Parece caminhar para a final e quem sabe encontrar, surpreendentemente, seu grande rival municipal, o Caxias, que goleou o apático Grêmio por 3x0 na zebra do fim de semana. Claro que o Grêmio tem time para reverter o placar, mas o tricolor gaúcho parece estar em má fase que pode culminar, na mesma semana, com eliminações no campeonato regional e na Libertadores da América.

Como nos belos roteiros, todos estarão ligados para ver o desfecho dessas histórias. Basta saber se teremos o bom e velho final feliz com o mocinho (os grandes) vencendo no final ou se teremos algum desfecho heróico de superação e reviravolta. É esperar pra ver.


Rapidinhas:

1 – Tiro no escuro: o Corinthians contrata Carpegiani. Sua capacidade é indiscutível, mas está há anos fora do futebol. Será que era a melhor hora e lugar para se arriscar? Ou técnico também precisa de ritmo de jogo?

2 – Oba-oba de volta: Em sete dias, Felipe Massa foi do céu ao inferno e voltou ao paraíso novamente. De fato, sua vitória foi maiúscula, de gente grande. Mas aqueles que baixaram as orelhas depois do erro na Malásia já voltaram fanfarrões após a corrida do Bahrein. Haja coração.

3 – Pé de coelho: Como escreveu o dono desse blog recentemente, ninguém quer ganhar o campeonato espanhol. Tudo bem que o juizão operou o Real, mas perder do Racing atualmente requer muito esforço. O Sevilla perdeu fora de casa e deixou o Barça abrir vantagem. Diga-se de passagem, o Barcelona não queria a liderança. Deu até pênalti ao adversário, perdido bisonhamente pelo Mallorca. No final, o pé do “conejo” Saviola salvou a pátria azul-grená. Que falta faz o Ronaldinho Gaúcho.

4 – Dupla Explosiva: Manchester e Chelsea garantiram vaga na FA Cup e farão a final deste torneio em 19 de maio. Este promete ser um dos grandes jogos do ano. Quem gosta de futebol não pode perder.

Ao dono deste blog, meu muito obrigado pela oportunidade.
Valeu Mauricio

domingo, 15 de abril de 2007

Campeonatos estaduais e o calendário

Enquanto muitos campeonatos estaduais chegam à suas retas finais, teço aqui alguns comentários acerca do calendário do futebol brasileiro, a possível adequação ao calendário europeu e onde os estaduais se encaixam - ou não - nesse calendário.

Antes de mais nada, sou contra a mudança do calendário nacional simplesmente porque as temporadas são como são na Europa devido ao clima, e isso todo mundo sabe. Mudar os campeonatos no Brasil sob a alegação de que diminuiria o êxodo de jogadores durante os campeonatos é uma falácia, já que os campeonatos sempre foram nessas datas e sempre houve negociação de atletas. O que acontece é que nos últimos anos o número de transferências subiu vertiginosamente, muito graças à tão discutida globalização que chegou ao futebol. Afinal, basta voltar dez anos atrás para pensar o que seria de um jogador que fosse para a Turquia, a Rússia ou o Japão.

Fato é que esse argumento é muito fraco para que comecemos a ter campeões com barra. Não gosto disso de temporada 2006/07. O que começa em um ano deve terminar no mesmo. Engraçado que em 2000 a Copa JH acabou em 2001 e ninguém achou estranho. Tudo bem, são outras circunstâncias, mas não me agrada.

Agora, já que apontei o problema, é esperada uma sugestão para a solução, correto? Pois vamos lá. O principal é o mais difícil: descentralizar o poder dos cartolas. A CBF recebe quantias vultuosas de patrocínio (o dinheiro que recebeu para que a seleção se hospedasse na Suíça antes da Copa é prova disso) e para onde vai essa grana? Deveria ser repassada às federações e essas deveriam utilizá-la de maneira adequada, fomentando o futebol nos estados, pois é na pelada do chão de terra que surge o craque.

Mas o que quero dizer com tudo isso? Acredito que os campeonatos estaduais já estão em sua sobrevida. Não deveriam mais existir. Podemos dizer de repente que não se pode acabar com campeonatos tão charmosos, com a rivalidade estadual. Seria o fim dos pequenos. Pois bem. Se queremos adequar o calendário com vista à globalização, o charme de outrora deve dar lugar à organização e profissionalismo. O mais engraçado é que parte da imprensa que critica os campeonatos estaduais por serem deficitários, de nível técnico fraco e causadores do inchaço do calendário são os primeiros a se posicionarem contrários à sua extinção, alegando que são “o charme e o diferencial do Brasil".

Em vez dos estaduais, deveríamos ter mais divisões nacionais, não só até a C, quem sabe uma série D, regionalizada e arcada pelos cofres das federações, que só sugam a grana que vem graças ao trabalho árduo dos clubes. Com três divisões nacionais de 20 clubes cada, teríamos 60 times em atividade o ano todo e com a quarta divisão regionalizada, seria como um estadual. O campeão de cada região disputa uma fase final para X vagas à série C. Mais ou menos como acontece em todos os países europeus, que tanto queremos copiar.

A Copa do Brasil continua e deve acontecer no segundo semestre, enquanto a Libertadores e a Sulamericana sejam disputadas no primeiro e simultaneamente, nos mesmos moldes da Champions League e da Copa da Uefa. Se vamos copiar algo dos europeus, copiemos o que é bom. Afinal, não faz sentido um clube que disputa a Libertadores ser punido com a exclusão da Copa do Brasil.

Um futebol organizado não só de cima para baixo com imposições e pouca transparência não tem mais lugar hoje em dia, pois infelizmente já teve e continua tendo.

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Quem quer ser campeão espanhol?

Você quer? Este humilde blogueiro até gostaria, mas não torce nem joga por nenhum time da terra da paella. Acontece que ninguém quer ser campeão espanhol. Ou pelo menos é o que parece.

Na rodada passada, o Barcelona perdeu para o Zaragoza. Bastava ao Sevilla vencer em casa o irregular Racing Santander para assumir a ponta. Mas o time empatou. E viu o Real se aproximar de novo, embalado por uma vitória em cima do Osasuna.

Agora, o ainda líder Barça pega o trôpego Mallorca, no Camp Nou. Parece fácil, mas ultimamente, na Liga, só tem parecido. O Real visita o Santander, que emperrou o Sevilla domingo passado. E o time andaluz tem a missão mais complicada: enfrenta o cabisbaixo Valencia, eliminado no último minuto da Liga dos Campeões, também fora de casa.

Valencia que chegou a brigar pelo título até poucas rodadas atrás, mas que parece ter aberto mão, escolhendo a Liga dos Campeões. Ou simplesmente não teve capacidade mesmo para seguir brigando, pois o time tem jogado muito mal.

O Barcelona aparece como candidato, pois não tem que se dividir entre duas competições, como o Sevilla, e possui mais consistência que o Real. Mas os merengues vêm subindo de produção, enquanto pipocam notícias ruins vindas da Catalunha sobre desmanche no elenco e problemas físicos de Ronaldinho. E ao Sevilla fica a dúvida: vai priorizar um dos dois torneios ou vai tentar ganhar os dois? Veremos nas próximas semanas.

Há várias rodadas, quando um dos três ponteiros ganha, os outros ganham. Quando um tropeça, os outros imitam. É a menor pontuação de um líder na 29ª rodada dos últimos anos. É, parece que ninguém quer ser campeão espanhol.

Novidade no ar


Estréia neste sábado a Rádio ESPN, parceria com a Eldorado AM 700 kHz de São Paulo, pertencente ao Grupo Estado. A equipe, formada grande parte por membros da emissora de TV a cabo com alguns adendos, tem tudo para dar muito certo. Paulo Calçade e Eduardo Affonso, por exemplo, saíram da Rádio Bandeirantes para empunhar novos microfones. Comentaristas de calibre, narradores de peso e repórteres muito competentes. Vai incomodar Band e Jovem Pan, embora o alcance seja menor - não possui rede afiliada e fora da capital só poderá ser ouvida via internet, pelos sites www.radioeldoradoam.com.br e www.espn.com.br.

A parceria inicial dura três anos e compreende a transmissão de jogos dos campeonatos Paulista, Brasileiro e Libertadores. Além disso, a equipe produz boletins diários e, às segundas, terças e sextas, será transmitido, simultaneamente com a TV, o Sportscenter.
A primeira transmissão será da semifinal do Paulista entre Bragantino e Santos, no Pacaembu. A partida será narrada por Paulo Soares com comentários de Paulo Calçade e reportagem direto do estádio com Sérgio Loredo, Conrado Giulietti e Alex Tseng.

Muito legal a iniciativa e vai ser interessante ouvir gente que começou no rádio mas que há tempos está na TV. Será que teremos problemas de adaptação? Acredito que não, mas só ouvindo pra saber. Sucesso e boa sorte.

A equipe:

Âncoras - João Palomino, Flávio Gomes e João Carlos Albuquerque.
Comentaristas - Antero Greco, José Trajano, Paulo Vinicius Coelho, Paulo Calçade e Mauro Cezar Pereira.
Locutores - Paulo Soares, Everaldo Marques, Reinaldo Costa, Cledi Oliveira e Carlos Lima.
Repórteres - Eduardo Afonso, Conrado Giuliette, Sérgio Loredo, Flávio Ortega e Alex Tseng.
Coordenadores - Marcelo Di Lallo e Sílvio Valente.
Produtores - Cleide Castro e Flávio Perez.
Editor de Esportes - Ari Pereira Jr.
Coordenador Geral - José Trajano.

* Com informações de www.espn.com.br e do site Papo de Mídia, amigo nosso.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Gatos pingados

Pra quem chama os campeonatos estaduais de "Festa do Interior", aí vai um balde de água bem gelada. O Campeonato Paulista registrou um público total de 982.676 pagantes em 190 partidas, o que dá uma média de 5.172 espectadores por jogo. Média razoável? Média enganadora. Os times pequenos só contabilizam públicos satisfatórios quando um dos quatro grandes visita os acanhados estádios longe da capital. Tirando então esses jogos (em que o time da casa acaba tendo sempre menos torcida que o visitante), o público cai para 229.523 em 120 jogos, o que dá uma média mais real de 1912 torcedores.

O Corinthians foi quem mais levou torcedores aos estádios: 136.962, média de 13,6 mil por jogo. O Palmeiras chegou muito perto, com 135085 e média de 13,5 mil. O São Paulo teve 11,6 mil e o Santos, 10,1 mil. Dentre os pequenos, o Noroeste foi o campeão de público – 46429 torcedores pagaram para ver os jogos em Bauru. Mas a média melhor quem tem é o Sertãozinho, caçula que permaneceu na elite: 4755 por jogo. O rebaixado Rio Branco, em dez jogos, não conseguiu lotar o Décio Vitta: registrou 13092 torcedores em um estádio que cabe 15 mil. Média de 1309.

Mas olhemos mais atentamente aos números dos pequenos SEM os jogos contra os grandes. Aí, o surpreendente Guaratinguetá aparece como campeão de público: 29373 pagantes em oito partidas, com uma média de 3672. Na outra ponta, o Tigre de Americana contabilizou 3324 pagantes nas mesmas oito. Uma média – aí sim chego aonde quero – de 416 torcedores por jogo. América, Santo André, Ituano e São Caetano (terceiro colocado!) também não passaram dos mil por partida.

O campeonato teve 41 jogos com menos de mil pagantes no estádio: alarmantes 21%. O pior público foi exatamente do Rio Branco, na última rodada. Míseras 169 testemunhas viram o time, então já rebaixado, vencer a equipe B do São Caetano por 3 a 2.

Mas de quem é a culpa? Da fórmula do campeonato, que não atrai mais? Do preço dos ingressos, a R$15 o mais barato, totalmente fora da realidade do futebol brasileiro? Do horário das partidas de meio de semana, que começam às dez da noite? Das diretorias, que montam elencos pouco atrativos para o torcedor? Os times que subiram tiveram boas médias. Falta motivação. Que passa pelo ingresso caro, pela falta de segurança, pelo descrédito no time e pelo formato da competição. Ponto para quem defende o fim dos estaduais. E pior para os pequenos, que podem ficar sem festa alguma.

Outros números:


Cinco melhores públicos
1º São Paulo 3x1 Corinthians (8ª rodada): 32653
2º Corinthians 0x3 Palmeiras (11ª): 28371
3º São Paulo 3x1 Palmeiras (17ª): 25926
4º Corinthians 3x0 Ponte Preta (1ª): 24114
5º Corinthians 1x2 Ituano (4ª): 23735

Cinco piores públicos
1º Rio Branco 3x2 São Caetano (19ª): 169
2º América 1x1 Guaratinguetá (11ª): 246
3º América 2x4 Bragantino (15ª): 253
4º Rio Branco 2x3 São Bento (17ª): 253
5º Santo André 2x1 América (17ª): 262

Cinco melhores públicos do interior
1º Bragantino 2x1 Barueri (19ª): 13950
2º Marília 1x1 Noroeste (4ª): 8879
3º Guaratinguetá 0x0 Bragantino (5ª): 5561
4º Guaratinguetá 1x0 Ponte Preta (8ª): 5112
5º Noroeste 5x2 São Caetano (9ª): 4883

Ranking de público
1º Corinthians: 136962
2º Palmeiras: 135085
3º São Paulo: 116336
4º Santos: 101640
5º Noroeste: 46429
6º Sertãozinho: 42792
7º Guaratinguetá: 42011
8º Marília: 39960
9º Juventus: 38508
10º Paulista: 38413
11º São Bento: 34080
12º Bragantino: 33728
13º Ponte Preta: 30890
14º América: 27327
15º Barueri: 24321
16º Rio Claro: 23696
17º São Caetano: 23521
18º Ituano: 17353
19º Santo André: 16532
20º Rio Branco: 13092

Ranking de média
1º Corinthians: 13696
2º Palmeiras: 13509
3º São Paulo: 11634
4º Santos: 10164
5º Sertãozinho: 4755
6º Guaratinguetá: 4668
7º Noroeste: 4643
8º Marília: 4440
9º Paulista: 4268
10º Juventus: 3851
11º São Bento: 3787
12º Bragantino: 3748
13º Ponte Preta: 3432
14º América: 2733
15º Barueri: 2702
16º Rio Claro: 2633
17º São Caetano: 2352
18º Santo André: 1837
19º Ituano: 1735
20º Rio Branco: 1309

Para baixar uma planilha (Excel) com as estatísticas de público do Paulistão, clique aqui.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Quem te convidou?

O Milan vai ter trabalho se quiser conquistar o sétimo título europeu de sua história. Isso porque vai ter que derrotar duas equipes inglesas na seqüência. Primeiro, pega o Manchester, que se já era favorito graças à grande fase de Cristiano Ronaldo e à irreparável campanha que faz no Campeonato Inglês, vai atrair todos os holofotes após a histórica goleada sobre a Roma.

Depois, se passar, pega Chelsea ou Liverpool, que reeditam a conturbada semifinal da temporada 2004/05. Na ocasião, os Reds avançaram graças a um gol altamente questionável na segunda partida (afinal, a bola entrou ou não? Parece que a linha do gol teme em enganar a todos em solo inglês). Caso o time da terra dos Beatles chegue à decisão, será exatamente a reedição da final de Istambul, uma das mais emocionantes dos últimos anos, quando o Milan abriu 3 a 0 no primeiro tempo e cedeu o empate na segunda etapa, perdendo nos pênaltis.

De qualquer forma, quaisquer sejam os finalistas, esta é a melhor UCL da década. O motivo? Pode não ser o único, mas muito é devido ao fato de que três dos quatro semifinalistas são ingleses. Se a Inglaterra não tem uma seleção que possa aspirar muitos títulos, a Premier League se firma como o principal campeonato doméstico da Europa – e por tabela, do mundo. Não apenas pelo poder aquisitivo dos clubes (o Manchester é mais rico do mundo segundo a revista Forbes e a Liga possui sete entre os vinte primeiros), mas também, e principalmente, pelo futebol desempenhado.

O futebol inglês do chuveirinho na área não existe há algum tempo, pelo menos no campeonato nacional. Apesar de abrir as portas para os jogadores estrangeiros assim como todo o futebol europeu, a grande sacada foi exigir que um atleta tenha disputado no mínimo 75% das partidas da sua seleção (seja principal ou de base) nos 365 dias anteriores à contratação. Uma tentativa de garantir o nível alto que tem dado certo. Mas então como jogam os ingleses? Com um toque de bola apurado e muito, muito rápido. Com a marcação em cima, sufocando a saída de bola adversária. E através de contra-ataques velocíssimos e quase sempre mortais.

Mas esta não é a primeira vez que um mesmo país coloca três times nas semifinais. Na temporada 2002/03, Milan, Inter e Juventus representaram a Itália. O Real Madri foi o intruso. Na final, Milan e Juventus disputaram uma burocrática partida à italiana, empatando sem gols e decidindo nos pênaltis – justamente o último título rossonero. Um pouco mais atrás, em 99/00, Valencia, Real e Barcelona formavam o trio espanhol, com o Bayern de Munique de penetra. Na final, os madrilenhos derrotaram o Valencia por 3 a 0 com grande atuação de Raúl.

Nem por isso, o futebol espanhol era o mais forte naquele ano, muito menos o italiano em 2002/03. Mas, agora sim, pode-se dizer que o futebol inglês é o mais forte. Pobre do Milan, afinal nas últimas duas oportunidades o penetra se deu mal.

terça-feira, 10 de abril de 2007

O jogo dos 7 acertos


A avalanche vermelha de Alex Ferguson aplicou a segunda maior goleada da história da Uefa Champions League. A pressão avassaladora dos minutos iniciais é muito parecida com a que a Alemanha de Klinsmann exercia na Copa de 2006, e assim derrotou Costa Rica, Equador e Suécia. Tivesse o primeiro jogo terminado com um resultado diferente, poder-se-ia dizer que a Roma pagou pelo que não fez, visto que a derrota para o Portsmouth não estava nos planos do Manchester. Mas a vitória desta terça começou a ser construída uma semana atrás.

1) A ausência de Scholes, expulso em Roma, permitiu que Ferguson percebesse a opção antes pouco utilizada que era Carrick. Com mais liberdade, o volante pôde avançar e marcou dois gols.

2) A entrada de Alan Smith deu mais mobilidade à equipe do que se Solskjaer comecasse jogando, o que resultou no primeiro gol, logo aos onze minutos.

3) Em um gramado de dimensões menores que as do Estádio Olímpico, o Manchester arriscou de fora da área, prática de muito resultado mas pouco utilizada no Brasil, em parte devido à falta de precisão nos fundamentos. Chutar de fora muitas vezes é melhor que tentar entrar com a bola na área.

4) Os Red Devils marcaram sob pressão a saída de bola e induziram a equipe italiana a erros, como no quinto gol, após cobrança de escanteio.

5) Cristiano Ronaldo mostrou mais uma vez porque é o melhor jogador em atividade, se movimentando muito para servir aos companheiros e aparecendo no lugar exato para marcar duas vezes.

6) A velocidade com que o Manchester troca passes é algo impressionante. É uma das principais características do futebol inglês, e que foi praticada à beira da perfeição nesta partida.

7) Ferguson conseguiu anular Totti, Mancini e todo o meio da Roma. Mas nem precisava.

Em tempo: Parecia que daria para o Valencia, mas o momento é todo do futebol inglês. No "momento pitonisa" de hoje, amanhã passa o Bayern. E o Liverpool já planeja a viagem a Londres para a semifinal. Jogo que de nada vale contra o PSV.

Tigrinhos para viver

Após rebaixamento, Rio Branco vai apelar à molecada para não fechar

Americana - Tradicional equipe do interior paulista, o Rio Branco, de Americana, vai apelar à garotada para não acabar com o futebol profissional. Após a derrota para o Rio Claro por 4 a 0, que rebaixou o Tigre para a Série A2 do Campeonato Paulista, José Fioque, assessor especial da presidência, admitiu que o clube não tem condições de arcar com as despesas da Segunda Divisão.
- É uma situação complicada. Se com uma cota de R$800 mil não conseguimos nos manter na Série A1, certamente que $60 mil não serão suficientes para gerir o futebol do clube numa Segunda Divisão - disse Fioque em entrevista à Rádio Azul Celeste de Americana.
Curiosamente, das equipes do interior paulista, o Rio Branco era o clube que estava há mais tempo na elite, pois disputa a A1 desde 1991. Com dívidas acumuladas de cerca de R$8 milhões, o clube terá dificuldades para montar uma equipe e disputar a Série A2. - A não ser que aconteça uma parceria. Aí teríamos condições de arcar com as despesas - emenda Fioque.
Sobre esta parceria, Fioque disse contar com os empresários da cidade. - É hora de fazer uma corrente, cada um ajudar um pouco pelo bem do Rio Branco. Em 2008, uma injeção de dinheiro de algum parceiro é condição fundamental para o clube disputar a Série A2. - Sem parceria, não joga nem a A3 - completou.
Até mesmo o fechamento do departamento de futebol profissional não foi descartado. Uma opção é recorrer à garotada, já que o time sub-20 foi vice-campeão paulista em 2006. O momento político do clube é tenso. Membros do Conselho Deliberativo querem destituir a diretoria e antecipar as eleições, marcadas para o final do ano.

Matéria publicada na página I-2, Caderno Especial do Interior, da edição desta terça-feira do jornal Lance!

segunda-feira, 9 de abril de 2007

Não, Galvão!

Galvão Bueno defendeu Felipe Massa dos dois erros cometidos no GP da Malásia. Disse que não falhou na largada e, mais grave ainda, o eximiu de culpa na tentativa frustrada de ultrapassagem a Lewis Hamilton. Erro crasso que só Galvão não viu. Ou não quis ver. Ou não deixaram que ele visse. Tanto que, ao final da corrida, Massa admitiu: "Errei".

E Galvão também errou. Ou ele, ou alguém, porque malhar esse Judas é fácil. É claro que a Globo, como única emissora que transmite a Fórmula 1 para o Brasil, não pode deixar o interesse cair (mais) porque perde poder de venda do produto. Mas defender Massa como Galvão fez é uma afronta à inteligência dos telespectadores.

Galvão é fã de Massa ou precisa ser fã de Massa? Eis a questão.

Pedala, Ronaldo!

Os dentes mais famosos do futebol voltaram a sorrir. Voltaram a mastigar a bola com a mesma voracidade com que recentemente mastigavam, bem, outras coisas. Ronaldo está em forma, está cabeludo (?), está feliz. Amigos próximos garantem que não vêem o Fenômeno tão bem desde que saiu da Itália. E agora está ele, de novo, respirando os ares milaneses. O gramado é o mesmo, embora mude a torcida e, conseqüentemente, o nome do estádio. Mas fato é que Milão faz bem a Ronaldo. E Ronaldo faz bem ao Milan, que sofre na Liga dos Campeões com um ataque pouco eficiente.

Na capital da moda, quem assina a grife rossonera é Kaká, que costura todas as jogadas do time de Ancelotti. Foi dele o passe para Ronaldo pedalar, ziguezaguear e abrir o placar contra o Empoli. Ronaldo, motivado, não dá ponto sem nó. E as pedaladas do 99 trazem à memória duas cenas muito parecidas com a do último sábado, ainda que em momentos muito diferentes. A primeira, uma das mais conhecidas, aconteceu também em solo italiano e mostrou os dentes chorando a dor de uma contusão sofrida após meses de recuperação. A segunda, sob o pano de fundo ufanista de uma propaganda, mostrou a primeira volta por cima do atacante, culminando com a campanha vitoriosa em 2002 na Coréia e no Japão. Ronaldo é brasileiro e não desiste nunca.

Ninguém teve que provar seu valor mais vezes que ele. Ninguém foi tão unânime e tão questionado como ele. As pedaladas fenomenais deste sábado, além de mostrar um Ronaldo que não se via há tempos, mostraram um Ronaldo que sempre existiu, mas que às vezes foi esquecido por todos ou escondido por ele mesmo. De volta à Milão, Ronaldo prova que ainda tem muito pano para manga. E ao vestir a 99 como tem vestido, prova que pode ser ainda 9 duas vezes: no Milan, obviamente, e na seleção, por que não?

Começa o jogo

Amo futebol. Sou apaixonado pelo jornalismo. Fruto desta união é o blog que apresento agora, mas não o único. Um livro-reportagem, o Ora, Copas!, foi o primogênito, mas o trarei em pílulas ao longo dos dias.

Pouco menos de um ano após a formatura, participei de uma Mesa que discutia os desafios do jornalista recém-formado. Entre repórteres, desempregados e assessores de imprensa, eu choquei a todos quando disse: "fiz jornalismo para trabalhar no esporte. Pouco me interessa uma assessoria de imprensa ou a cobertura diária de política ou cidades". Um louco? Muito provavelmente.

Como a maioria, comecei narrando partidas de futebol de botão na infância, organizava tabelas de campeonatos imaginários - algumas mais bem feitas do que as dos campeonatos que acontecem por aqui, o que não é muito difícil - e lia, via, ouvia, respirava futebol, esporte, jornalismo.

Sempre gostei de escrever. Na oitava série, a professora pediu para que fizéssemos uma redação para descrever o seu esporte predileto. Escrevi cinco páginas. Na época de Colegial - hoje Ensino Médio (como o tempo passa!) -, criei um jornaleco na escola que pouco durou e, na faculdade, a nossa turma, a "Bancada da bola", organizou bolões e editávamos um jornalzinho sobre nós mesmos - e sobre o futebol.

Enfim, um pouco sobre mim. Pouco pra mim, muito pra quem não me conhece. Entrem, amigos. Aqui, falaremos de futebol e de jornalismo esportivo também, por que não? Está fundado o Jornalismo Esporte Clube. Que ele trace o caminho das vitórias e não seja rebaixado logo de cara!

Abraços.