sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Sem surpresas


Sem essa de Artmedia, Thun ou Rapid Viena. Definidos os 32 participantes da fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa, pela primeira vez nos últimos anos não houve surpresas vindas da fase qualificatória. Todos os considerados favoritos do terceiro qualifying espantaram as zebras e conheceram seus adversários no sorteio desta quinta, em Mônaco.

O único resultado que poderia ser considerado surpresa é a eliminação do Ajax frente ao Sparta Praga, que vai disputar a fase de grupos pela primeira vez. Entretanto, se lembrarmos que no ano passado os holandeses caíram diante do København no mesmo estágio, a desclassificação tem seu peso reduzido.

Da mesma forma, equipes pouco tradicionais como Rosenborg, Steaua Bucareste e Besiktas fizeram o mínimo: eliminaram, respectivamente, Tampere, BATE e Zürich. Vamos a uma análise resumida dos grupos da temporada 2007/08:

Grupo A – Lucky odds
O Liverpool tem sido feliz nos últimos sorteios, e dessa vez não foi diferente. O grupo A não é dos mais difíceis e os Reds devem vencer a chave sem dificuldades. O Olympique perdeu um pouco da força da temporada passada com a saída de Ribéry e deve brigar com o Porto pela segunda vaga. Mas o Besiktas, que finalmente consegue chegar de novo à fase de grupos, pode arrancar pontos preciosos e surpreender.

Grupo B – Três para duas
O Chelsea conseguiu um grupo mais tranqüilo nesta temporada. O time de José Mourinho começou bem o campeonato local e não deve ter problemas para se classificar em primeiro. Valencia e Schalke devem brigar até a última rodada pela segunda vaga, e o saldo de gols conseguido em cima do Rosenborg pode ser fundamental.

Grupo C – Cadê eles?
E o Real Madri conseguiu escapar do Lyon! Se bem que, a julgar pelo início de temporada do hexacampeão francês, até que não seria má idéia. De qualquer forma, o Real é virtual favorito – isto porque muitas vezes complica o que parece fácil. Como não se sabe ao certo como se portará o novo time de Schuster, fica a incógnita. Também na teoria, o Werder Bremen seria o segundo colocado, mas o ataque da equipe não se encontra sem Klose. A Lazio suou para eliminar o Dínamo Bucareste, então não custa nada ao Olympiacos sonhar com uma vaga.

Grupo D – UCL ou Brasileirão?
Na temporada passada, o Milan passava por dificuldades e, talvez, sequer tivesse avançado às oitavas se não tivesse sido sorteado em um grupo tão fácil. Desta vez, o sorteio também foi generoso, mas nem precisava. O Celtic, que engrossou o caldo nas oitavas, não deve ser páreo, e vai brigar com Shaktar e Benfica pela segunda vaga – afinal todos estão praticamente no mesmo nível. Bastante equilíbrio no grupo mais brazuca da UCL – 15 brasileiro estarão em campo.

Grupo E – Grupo da morte, de novo?
Se existe uma equipe que não tem tido sorte nos sorteios, é o Barcelona. Os campeões de 2005/06 quase foram eliminados na primeira fase na temporada passada e agora enfrentam os campeões francês e alemão. Pior para o Rangers, que vai virar sparring. Pior também para Lyon ou Stuttgart, que teriam capacidade para ir mais longe. Mas um dos dois vai ficar de fora.

Grupo F – Vendetta!
Vez ou outra algum duelo histórico se repete na fase de grupos. Assim será Manchester e Roma nesta chave: os comandados de Spalletti têm sede de vingança. Parece difícil que Sporting e, principalmente, Dynamo de Kiev, tirem ingleses e italianos da fase seguinte.

Grupo G – Alguém vai sobrar
Um grupo interessante, com equipes que são fortes em seus campeonatos locais, mas que ainda carecem de um resultado expressivo na Europa. A Inter é candidata natural a uma das vagas, mas a dificuldade em apontar uma equipe mais fraca mostra o equilíbrio do grupo. Talvez por isso, esse sim seja o grupo da morte. Zico tem uma prova de fogo e a paciência dos turcos está acabando, mas o Fenerbahçe é, talvez, o menos qualificado.

Grupo H – Tudo definido?
O Grupo H precisa ainda da definição do duelo entre Sevilla e AEK, mas como os espanhóis venceram a primeira por 2 a 0, devem mesmo fazer, ao lado do Arsenal, a dupla forte da chave. Steaua Bucareste e Slavia Praga (o mais fraco dentre os 32) não devem complicar, mas isso não é garantia de fortes emoções para os torcedores dos Gunners – que ainda choram a saída de Henry.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

O muro de Munique


O alemão tem fama de organizado, metódico e formal. Por isso, é difícil conseguir deixá-lo nervoso, tirá-lo de sua seriedade costumeira. E até por isso, quando se consegue, é melhor estar pronto para agüentar as conseqüências, principalmente quando o alemão que se irritou é o Bayern de Munique.

A meta de toda temporada do Bayern é conquistar todos os títulos que disputa. Se a Champions League não vier, ajusta-se uma ou duas peças. Se o Campeonato Alemão escapar, acende-se o sinal amarelo. Mas quando os todo-poderosos bávaros sequer se classificam para a UCL, mudanças radicais acontecem.

E as mudanças começaram ainda no final da temporada passada. Saiu Felix Maggath, duramente criticado por não saber lidar com jogadores de nome, entrou Ottmar Hitzfeld, técnico dos triunfos recentes da equipe, como a UCL 2000/01. Ainda sem poder contratar, Hitzfeld começou a arrumar o principal defeito do time com o que tinha em mãos no momento: colocou Demichelis para jogar ao lado de Lúcio, em uma defesa que sofreu 40 gols em 34 partidas (o Borussia M'Gladbach, rebaixado, sofreu 44).

Karl-Heinz Rummenigge, dirigente bávaro, alardeou no final de maio: "temos 100 milhões de euros para contratações e não temos medo de usá-los". Um desabafo que ele poderia ter guardado para si, afinal todos os clubes sabiam que o Bayern tinha dinheiro em caixa e pediram alto. Ainda assim, eles pagaram e os reforços começaram a chegar. Ribéry, Luca Toni, Klose, Altintop, Zé Roberto, Schlaudraff, van Buyten...um time de respeito para a Europa. Um timaço para a Alemanha.

Vale ressaltar que a maioria das contratações foi para o ataque, mesmo sabendo que os problemas defensivos eram os mais graves. Isto porque Hitzfeld viu que poderia melhorar o sistema defensivo com os jogadores que tinha. Fixou van Bommel na frente da dupla argentino-brasileira e formou um verdadeiro muro de Munique.

Nas sete partidas que realizou nesta temporada, o Bayern marcou 17 gols e sofreu um. Mais impressionante que este dado é o fato de que, em média, três chutes foram dados ao gol de Kahn por partida. E para completar, uma estatística que não é feita no Brasil: na temporada passada, Lúcio ganhou 59% das divididas que disputou e Demichelis, 58%. Atualmente, os números chegam a 68% e 66%, e tendem a subir.

Hitzfeld solidificou a defesa, mas não fez só isso. Possibilitou, com as contratações, atuar tanto num 4-2-2-2 à brasileira, quanto num típico 4-3-1-2 alemão ou ainda em um 4-4-1-1 inglês. Mostrou que é possível Luca Toni e Klose atuarem juntos e já fez de Ribéry o dono do time. A conquista do prato da Bundesliga virá sem problemas, com números impressionantes.

Sorte de Milan, Barcelona e Chelsea que os bávaros não disputam a UCL deste ano. Mas que se preparem para a próxima temporada, porque os alemães vêm como um Panzer, pronto para derrubar tudo e a todos.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

A África é logo ali

Começou neste final de semana a Copa do Mundo 2010, com três goleadas em quatro partidas. Isso mesmo! É que os Jogos do Pacífico Sul, que acontecem em Samoa Americana, servem como fase inicial das eliminatórias da Oceania para o Mundial da África do Sul. E os favoritos (se é que eles existem em um estágio como esse) cumpriram seu papel.

As Ilhas Salomão, do desconhecido técnico brasileiro Airton Andrioli, confirmaram a fama de potência ascendente na região e aplicaram um sonoro 12 a 1 sobre os donos da casa, últimos colocados do ranking da FIFA (os mesmos que levaram 31 a 0 da Austrália nas eliminatórias para 2002). Não que isso seja grande coisa: nas eliminatórias para a Copa de 2006, os salomões (?) surpreenderam a Nova Zelândia (meu Deus!) e chegaram à final do continente contra a Austrália. As derrotas de APENAS 2x1 e 7x0 para os Socceroos foi comemorada com muito abacaxi, água de côco e luaus intermináveis. De qualquer forma, os olheiros do mundo do futebol já prestam atenção em Commins Menapi, artilheiro do jogo com quatro gols.

Já as Ilhas Fiji foram mais incisivas: 16x0 sobre Tuvalu, um arquipélago que consegue a proeza de ser um dos poucos territórios do mundo a não ser filiado à FIFA, somente à OFC. Os jogos contra os tuvaluanos (?), portanto, não contam para as eliminatórias.

Surpreendente mesmo foi a vitória da Nova Caledônia sobre o Taiti, por 1 a 0, gol do capitão Pierre Wajoka. É a primeira vez que a ex-colônia francesa disputa as eliminatórias e já conseguiu uma vitória, por isso olho neles! Por fim, Vanuatu fez 4 a 0 em Samoa, cujos jogadores foram acusados de 'chinelinhos' pela torcida. Ainda faltam as estréias das Ilhas Cook e de Tonga, por isso emoção não vai faltar.

Regulamento

A briga é grande para ver quem vai perder para a Nova Zelândia na final continental (se bem que para 2006 os All Whites ficaram atrás das Ilhas Salomão). Dez equipes foram divididas em dois grupos de cinco e jogam entre si em turno único, com todos os jogos acontecendo em Samoa Americana até a primeira semana de setembro.

Os dois primeiros de cada grupo avançam para as semifinais. Os vencedores disputam a final e se classificam para a fase seguinte. Os perdedores disputam a decisão de terceiro lugar para se juntar aos outros. Daí, estes três melhores mais a Nova Zelândia disputam um quadrangular ida e volta. O vencedor disputa (e provavelmente perde) uma vaga na Copa com o quinto colocado da eliminatória asiática.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

A justificativa de Dunga


Que Dunga tem problemas de relacionamento com a imprensa não é novidade. Entretanto, a justificativa que o técnico tem dado para deixar Ronaldinho e Kaká no banco soa muito mais como desculpa.

Dunga parece querer dar satisfações à imprensa. Quer dizer "aqui quem manda sou eu", ao passo que os jornalistas fazem cara de "mas eu não perguntei nada!". De fato, Dunga se explica sem ter sido acusado. Parece querer dizer que não é apenas um técnico-tampão, que pode ser manipulado por Ricardo Teixeira, por mais que isto esteja claro. Tão claro que ninguém fala. E mesmo assim ele se defende.

Seria muito mais fácil para Dunga dizer que Ronaldinho e Kaká não são titulares porque ele quer priorizar o grupo que conquistou a Copa América e que conseguiu algum entrosamento. Talvez, assim, ele até conseguisse o tão desejado respeito que tanto pede.

E poderia encerrar o discurso dizendo que sua intenção é inserir os dois aos poucos na equipe, afinal eles seriam titulares até em uma seleção dos melhores do mundo. Até porque, se a coisa apertar, ele será cobrado e terá que escalar ambos. Aí sim a imprensa vai questionar e cobrar o tal critério defendido por Dunga. E vai ficar feio pra ele. E, aí sim, ele vai ter que dar satisfações.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Brasileirão 2007: análise de público do primeiro turno

Publico, conforme prometido e ainda que atrasado, um panorama do público do campeonato brasileiro no primeiro turno. Deixo claro que os números podem variar de acordo com determinadas fontes, mas o levantamento foi feito com base nos borderôs oficiais divulgados no site da CBF. Por isso, os públicos registrados foram os pagantes, ainda que em praticamente todos os jogos houvesse mais gente no estádio. Clássicos não foram computados como jogos neutros, pois possuem sim um mando e foram registrados para os devidos mandantes. Mas, vamos aos números.

Nos 187 jogos realizados, foi registrado um público de 2.546.187 torcedores, uma média de 13.616 pessoas por jogos. Se não considerarmos na contagem as duas partidas que tivemos com portões fechados (São Paulo 2x0 Goiás, na primeira rodada e Botafogo 3x1 Juventude, na 14ª rodada), a média sobe para 13.763. De acordo com o site da CBF, no ano passado a média foi de 12.401 por jogo. Um aumento de 9,7%.

A rodada com mais público foi exatamente a última, com 173.868, média de 17.387. O diferencial foram quatro partidas com a promoção "Torcer faz bem", onde a troca de produtos por ingresso fez comparecerem, no mínimo 23 mil pessoas em cada jogo. A pior rodada foi a 14ª, com público de 80.576 e média de 8.058. O jogo do Botafogo, com portões fechados, pode ter influenciado. Entretanto, apenas três dos outros nove jogos teve público superior a 10 mil pessoas, e o maior foi de 13 mil no Estádio dos Aflitos.

Curiosamente, uma mesma rodada apresentou o melhor e o pior público do primeiro turno. O clássico Fla-Flu, ainda que realizado em data diferente da do restante da rodada, levou 49.828 torcedores ao Maracanã. Já o empate entre Juventude e Náutico foi acompanhado por 2.086 testemunhas. Confira abaixo os dez melhores e piores públicos do primeiro turno:
O Flamengo é o time que mais aparece na lista dos melhores públicos, em três jogos: um como mandante, outro como visitante e outro em um jogo neutro. Entretanto, de acordo com o critério adotado, entra como visitante e o público vai todo para o Fluminense. Nos piores, Paraná e Santos aparecem em quatro jogos (dois como mandantes e dois como visitantes). Juventude e América-RN aparecem três vezes.

Clubes

Entre os clubes, o Sport é o que apresenta melhores números totais e de média, seguido de perto pelo Cruzeiro. De fato, os dois rankings são muito parecidos. A única diferença significativa é o Flamengo, que tem a terceira melhor média mas é apenas o 12º no público acumulado, por ter ainda três jogos a realizar. O Fluminense foi beneficiado pelo público do Fla-Flu. Corinthians, Grêmio e Botafogo alcançaram bons números em determinado momento do campeonato, mas as campanhas irregulares afastaram o público.

São Paulo e Inter, líderes de público e renda no ano passado, não apresentam o mesmo desempenho. A torcida gaúcha acompanha a oscilação do time e os são-paulinos são taxados de torcida de final: só vão ao estádio quando o time está perto de conquistar o título. O Atlético-MG não vê o fenômeno de público do ano passado, na série B, se repetir, ao passo que o Palmeiras, com o veiculado "fantasma" do Parque Antárctica, afastou também a sempre presente torcida do Palestra.

Não surpreende a lanterna segurada pelo Juventude, que no ano passado só havia levado mais torcida que o São Caetano. A má campanha do time de Caxias do Sul faz a média do ano passado se repetir. O Santos também não tem empolgado e o Atlético-PR, normalmente com bons números, também vê sua torcida sumir perante a má campanha.

Confira os rankings de público por time:

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Mundial Sub-17 - Coréia do Sul 2007 - As seleções

Peço sinceras desculpas aos amigos pela ausência dos últimos dias, mas a carga de trabalho tem sido estonteante. Havia prometido um preview especial do Mundial Sub-17, que começa neste sábado, mas deixo um guia que, certamente, é ainda melhor: escrito pelos amigos Dassler Marques e Marcus Alves para a Trivela. É a seqüência da introdução que postei esta semana. Posto ainda, até amanhã, a análise de público do primeiro turno do Brasileirão que havia prometido.

Grupo A

A Coréia do Sul inicia o Mundial sub-17 sonhando em repetir o feito de cinco anos atrás, quando, também como sede, porém, da Copa do Mundo, alcançou as semifinais. Apesar de previamente classificada para a competição, ela disputou as eliminatórias asiáticas e não passou das quartas-de-final. Esse desempenho não repercutiu bem na imprensa sul-coreana, que criticou o treinador Park Kyung-Hoon fortemente. Ex-zagueiro dos Guerreiros Taeguk, Park confia muito no potencial do meio-de-campo Yoon Bitgaram. Ele será o responsável pela ligação da defesa e o ataque.

Como maiores empecilhos à passagem da Coréia do Sul para as oitavas-de-final, aparecem Costa Rica e Peru. Os Ticos chegaram às quartas-de-final das últimas três edições do Mundial sub-17, mas nunca conseguiram avançar para as semifinais. Agora com uma seleção mais equilibrada, eles esperam superar esse estigma. Além de uma defesa composta por quatro bons nomes, La Sele possui, ainda, um ataque bastante rápido. Diego Brenes, considerado um dos melhores das eliminatórias, é uma das principais esperanças do técnico Manuel Ureña para acabar com a desconfiança em torno de seu nome. El Purito, como é conhecido, está em baixa depois do desempenho ruim nos Jogos Pan-Americanos.

Em sua segunda participação na competição, o Peru aspira por uma campanha melhor do que a realizada em casa, há dois anos, quando não passou nem da primeira fase. O destaque peruano e melhor atleta do Sul-Americano sub-17, Reimond Manco, assegurou que os Jotitas, como é conhecida essa equipe, alcançarão as semifinais. A força dessa seleção é exaltada pelo treinador Juan José Oré a todo o momento. Ele inclusive recomendou alguns de seus garotos para a disputa das eliminatórias da próxima Copa do Mundo. Ainda assim, os Jotitas precisam contornar a irregularidade exibida no Sul-Americano para merecerem essa confiança.

Consciente de seu papel, o técnico de Togo, Samuel Abraw, confessou que esse Mundial sub-17 servirá como aprendizado para a sua equipe. Sem contar com “diferenciais” como Manco, ele espera que a sua defesa mantenha o rendimento apresentado no Africano sub-17, quando ela segurou a favorita Gana nas semifinais. Se o habilidoso Camaldine Abraw, filho do técnico e alvo de interesse do Anderlecht, mostrar seu futebol no ataque, os Gaviões poderão, então, sonhar com vôos mais altos.

Grupo B

A Coréia do Norte volta ao MundialsSub-17, dois anos após a participação em 2005, disposta a repetir a campanha que os colocou entre os oito melhores. Diante do Brasil de Celsinho e Ramón (hoje no CSKA Moscou), os norte-coreanos foram até a prorrogação, vendendo caro a derrota em sua primeira participação no torneio. Com uma equipe pouco conhecida, em especial pela pouca internacionalização do futebol e de todo o país, resta ver o que acontecerá no caso de uma nova boa participação e o conseqüente interesse estrangeiro nos atletas, algo possível pelos bons retrospectos recentes da seleção sub-17 em termos continentais.

Por incrível que pareça, esta será a primeira participação da Inglaterra na história da competição. Por sua grandeza natural, os ingleses comandam um segundo escalão de favoritos ao título - logo atrás de Brasil, Nigéria, Gana e Espanha - credenciados pelo vice-campeonato europeu deste ano e 14 vitórias em 21 jogos nos últimos meses. Os meias Henri Lansburi (Arsenal) e Danny Rose (Tottenham), além do avante Victor Moses (Crystal Palace), são os principais nomes do time. Moses, que tem origens nigerianas, foi o artilheiro no Europeu sub-17 e comanda em campo uma ótima equipe chefiada por John Peacock, antes de mais nada, uma grande força do grupo B.

A força mental e o poder de concentração dos garotos será, certamente, o principal requisito em teste para que o Brasil se sagre tetracampeão mundial sub-17. Com momentos de muito brilho técnico no Sul-Americano da categoria, do qual foi campeão, e nos Jogos Pan-Americanos, quando foi eliminado na primeira fase, o time do treinador Lucho Nizzo – antes comandado por Edgar Pereira – precisará reduzir a zero alguns momentos de apagão que colocaram interrogações em seu caminho recente.

Os atletas brasileiros devem ter na cabeça a fatídica derrota da geração anterior, diante do México na finalíssima de 2005, mas especialmente as vaias e críticas recebidas no Pan. O potencial desta equipe - onde os laterais Rafael (Fluminense) e Fábio (Fluminense), e os meias Felippe (Botafogo) e Lulinha (Corinthians) são as grandes figuras – é muito bom e resulta em favoritismo. O corintiano Lulinha, já com certa projeção nacional e até internacional, com propostas oficiais do Barcelona, é ao lado do espanhol Bojan Krkic, candidato a craque do Mundial.

A Nova Zelândia chega a seu segundo Mundial sub-17, oito anos após receber o evento. A projeção internacional recente – jogou e perdeu três jogos no Mundial sub-20 2007 – é fruto da migração australiana para a a Confederação Asiática e a abertura de um filão antes inexistente. Classificada para o Mundial com vitórias sobre Nova Caledônia, Taiti e Fiji, a seleção neozelandesa precisará provar mais, especialmente após ser batida por 4 a 0 pela Coréia do Sul, durante a preparação. O meia-direita Jacob Matthews e o atacante Costa Barbarouses, artilheiro na fase classificatória, comandam as esperanças remotas da equipe de Colin Tuua.

Grupo C

Honduras chega com credenciais, pela primeira vez que disputa o Mundial sub-17. É da equipe parte da responsabilidade de ter parado o México, atual campeão mundial, na fase classificatória. Com um elenco coeso e calcado na doação física, o time hondurenho é candidato a zebra do torneio e deve avançar eventualmente como um dos melhores terceiros colocados. O meia Johnny Harold Leveron é tido por muitos como a referência técnica, e destoa positivamente no voluntarioso onze do treinador Miguel Escalante.

O referendado título europeu da Espanha sub-17, neste ano, não é a única das qualidades do fortíssimo time chefiado por Juan Santisteban, referência mundial em categorias de base e há 19 anos na seleção espanhola. O atacante Bojan Krkic, de raízes sérvias, foi o grande astro da competição européia e já integra, logicamente ainda de forma suplementar, o plantel principal do Barcelona. Fran Mérida, meia que seguiu os passos de Fàbregas, saindo do Barça para o Arsenal, é outro nome badalado, assim como toda a equipe, jamais campeã do torneio, mas fortes com perspectivas desta feita.

Dotada de uma tradição que contrasta com as inúmeras glórias na categoria sub-20, a seleção da Argentina volta ao Mundial após ficar de fora em 2005, novamente com o peso de não nunca ter ido à final do torneio. Isto, poucas semanas após a façanha de Agüero e companhia no Canadá. Desfalcada ainda de seu principal nome, Federico Laurito (Udinese), lesionado com gravidade durante o último Sul-Americano, os argentinos devem apostar em uma formação coletivamente forte e sem brilhos individuais. Os defensores Mateo Musaccio (River Plate) e Alexis Machuca (Newell’s), são valorosos e já atuaram na primeira divisão local.

Uma das quatro classificadas da Ásia - isso se não contarmos os anfitriões sul-coreanos - a Síria, quarta colocada do torneio asiático, disputará, pela primeira vez, o Mundial sub-17. Com a classificação assegurada após vitórias contra adversários como Bangladesh e Vietnã, os sírios terão testes mais duros neste torneio, embora possam ter como referência a campanha no sub-20 de 2005, quando o país chegou entre os oito melhores. Outro problema é a ausência do artilheiro Mohammad Jaafar, o que reduz ainda mais as já pequenas chances do país neste torneio.

Grupo D

A Nigéria entra na disputa do Mundial sub-17 como favorita ao título. Ausente na última edição da competição, ela retorna após conquistar o Africano sub-17. Essa excelente campanha foi fundamental para o treinador Yemi Tella, pois a sua indicação para o cargo havia sido cercada de desconfiança em virtude de sua pouca experiência. Em alta, ele conduzirá mais uma safra recheada de talentos. Entre os destaques dos Golden Eaglets, estão Ibrahim Rabiu, apontado como sucessor de Okocha, e o artilheiro Chrisantus Macauley. Eles tentarão igualar a marca de três títulos do Brasil na competição.

Sem participar do Mundial sub-17 desde que o venceu, em 2001, a França, a princípio, brigará com o Japão pela segunda colocação do grupo. A exemplo do que aconteceu no Europeu sub-17, os Les Bleuets não chegam à Coréia do Sul como favoritos. Ainda assim, eles não podem ser descartados. Além de serem treinados pelo experiente François Blaquart, assistente de Jacques Santini na última Eurocopa, os Mini-Bleus possuem boas opções no elenco. Os zagueiros Mathieu Saunier e Mamadou Sakho e os atacantes Henri Saivet e Damien Le Tallec são alguns dos destaques dessa seleção. Le Tallec, irmão do outrora promissor Anthony Le Tallec, não prima pela técnica, mas pode surpreender positivamente à frente do ataque francês.

Atual campeão asiático da categoria, o Japão aposta em um meio-campista bastante promissor para superar as tradicionais Nigéria e França. Yoichiro Kakitani é constantemente comparado com Shunsuke Nakamura em virtude de seu estilo e, ainda, com Hideotoshi Nakata por causa de seu temperamento. Jogador do Cerezo Osaka, ele cumpre qualquer função no meio-de-campo, onde também atua o artilheiro Kota Mizunuma. Ao lado do goleiro Ryotaro Hironago, eles são as principais armas do técnico Hiroshi Jofuku. No comando desde 2003, Jofuku ainda precisa definir um esquema para a equipe.

O Haiti se classificou para o Mundial sub-17 depois de superar adversários como o atual campeão México. Aliada aos recentes resultados dos profissionais, essa façanha mostra que o futebol haitiano não pode ser desprezado. Comandados pelo treinador Jean Yves Labaze, essas promessas conquistaram a Copa Caribenha sub-16 no ano passado. Esse excelente momento é conseqüência da manutenção de uma mesma base por mais de dois anos. Ainda inexperiente, La Bicolore disputa a competição pensando nos frutos a serem colhidos no futuro. [MA]

Grupo E

Aos quatorze anos, Freddy Adu disputou o Mundial sub-17 de 2003 pelos Estados Unidos. Nascido em Gana, ele era considerado uma das maiores promessas do futebol mundial. Assim como Adu, Alex Nimo será mais um africano a atuar pela seleção americana na competição. O atacante natural da Libéria é constantemente comparado com seu compatriota George Weah. Maior destaque da seleção treinada por John Hackworth, ele conta com as assistências do habilidoso Bryan Dominguez para brilhar na Coréia do Sul.

Outro nome desse campeonato que merece ser acompanhado de perto é o meia Eden Hazard, do Lille. Considerado a revelação do último Europeu sub-17, Hazard é a maior esperança da lgica. Com uma base formada, sobretudo, por atletas provindos da famosa academia do Racing Genk, os Diablotins esperam não decepcionar em sua primeira participação no Mundial sub-17. Essa classificação é resultado do trabalho do técnico Bob Browaeys e, também, da federação, que, há cinco anos, mantém investimentos nas categorias de base.

Menos cotada, a Tunísia é comandada pelo ex-meio-campo do Espérance e das Águias de Cartago, Maher Kanzari, de apenas trinta e dois anos. Aparentemente inexperiente, ele acumula os conhecimentos adquiridos ao lado de treinadores como Henri Michel e Francesco Scoglio. A preparação dos tunisianos foi realizada na Síria, na Suíça e na Alemanha. Apesar desse período de treinamentos, eles certamente não exercerão um papel de destaque.

O Tadjiquistão surpreendeu a todos ao se classificar para o Mundial sub-17. Nem mesmo seu técnico, Pulod Kodirov, esperava pelo terceiro lugar alcançado nas eliminatórias asiáticas. Ao lado da Arábia Saudita, ele foi a única seleção a vencer todas as suas partidas na fase de grupos. O atacante Davrondzhon Tukhtasunov contribuiu bastante ao marcar cinco gols. Ele é apontado como a próxima estrela a deixar a Ásia Central depois do uzbeque Maxim Shatskikh, do Dínamo de Kiev. Atuando ofensivamente, como o fez nas eliminatórias, o Tadjiquistão pode surpreender mais uma vez.

Grupo F

O regresso da Colômbia ao Mundial sub-17, após o quarto lugar de 2005, passa pelas mãos do conceituado treinador Eduardo Lara, comandante da equipe naquele torneio. Com outra geração em mãos, Lara acumula dois resultados contrastantes: pelo Sul-Americano sub-17, foi vice-campeão, mas, no Pan, acabou eliminado na primeira fase pela Jamaica, embora esta tenha jogado com a equipe três anos mais velha. Com o talento de quase sempre, a Colômbia é em tese a terceira força do grupo F, podendo então avançar. Aí em diante, é outra história.

Qualificada como a quinta melhor dentre as cinco nações européias classificadas, a Alemanha volta ao Mundial sub-17 após oito anos ausente e, justamente, em um período em que a falta de novos bons jogadores foi acusada. O rápido meia/atacante Sascha Bigalke (Hertha Berlim) e o talentoso Toni Kroos (Bayern de Munique), meia de ligação, são os candidatos a craque na equipe dirigida por Heiko Herrlich, ex-jogador do Bayer Leverkusen. Embora a força germânica nunca possa ser desprezada, ter voltado à disputa do torneio já é uma vitória para os alemães, que estão no plano secundário na briga pelo título.

Após a fraca campanha em 2001, quando recebeu o Mundial e perdeu os três jogos que disputou, a seleção de Trinidad e Tobago volta à competição, pela primeira vez através da fase eliminatória. A ampliação do torneio, passando de 16 a 24 seleções, certamente teve peso para a qualificação da equipe, derrotada por Estados Unidos e Costa Rica nos dois primeiros jogos na seletiva classificatória. O atacante Stephen Knox, oásis de talento no time de Anton Corneal, precisará muito da ajuda dos companheiros para classificar a nação caribenha, ou ao menos fazer o primeiro gol do país na história do campeonato.

Naturalmente favorita pela tradição na história do Mundial sub-17, a seleção de Gana tem time suficientemente forte para batalhar entre as equipes favoritas ao título. Terceiro lugar no último Africano sub-17, atrás de Togo e Nigéria, a equipe contará mais uma vez com o já badalado Kelvin Owusu Bossman, único “estrangeiro” do time, jogador do Reading, da Inglaterra. Ransford Osei, atacante goleador, é outro nome a se observar, de uma seleção que nesta categoria normalmente não se contenta só em revelar bons jogadores, mas também briga por título.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Entrevista com Erich Beting

Tive o prazer de conhecer o jornalista Erich Beting no 1º Fórum de Marketing Esportivo da ESPM. Fiz questão de agendar uma entrevista com ele, que sabe tudo sobre marketing e negócios do esporte. O resultado é a conversa que você ouve abaixo, realizada durante o Domingo Esportivo do dia 08 de julho.

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Se não conseguir ouvir, clique aqui.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Mundial Sub-17 - Coréia do Sul 2007 - Introdução


Passada a euforia argentina por outra conquista no Mundial Sub-20, os olhos cada vez mais atentos ao futebol de base voltam-se para a Coréia do Sul, sede da categoria mais jovem organizada pela Fifa: o Mundial Sub-17. Assim como no Mundial Sub-20, apresento a partir de hoje o Sub-17 e suas seleções. A introdução de hoje faz parte também de um especial da Trivela, com o qual tive o prazer de colaborar. A partir de amanhã, os grupos.

Os coreanos sediam a 12ª edição do campeonato, que tem como maior vencedor a seleção brasileira, com três conquistas (Egito 97, Nova Zelândia 99 e Finlândia 2003). Nigerianos e ganeses levantaram o caneco duas vezes nas primeiras edições e o México é o atual campeão, após derrotar o Brasil no Peru, em 2005. Aquele time mexicano foi a base da equipe que chegou até às quartas-de-final do Sub-20 deste ano no Canadá, impulsionada pelo garoto-prodígio Giovanni dos Santos, que já começa a aparecer no Barcelona. A ausência do campeão será uma das mais sentidas na Coréia: após uma campanha pífia nas eliminatórias, ficou atrás de Haiti e Honduras. Uma baita zebra.

As zebras, aliás, são tão comuns em um campeonato com essa média de idade que, muitas vezes, a surpresa é não haver surpresas. Burkina Faso em 2001, Omã em 95, Catar em 91 e Bahrein em 89 são exemplos de semifinalistas que não eram nem um pouco cotados em suas edições. Por isso, atenção Brasil, Argentina e Espanha, principais favoritos: muito cuidado com franco-atiradores como Síria, Tadjiquistão e, claro, Haiti e Honduras.

Quem já vingou e quem ficou pelo caminho

Difícil apontar promessa concretizadas das duas últimas edições, afinal muitos desses jogadores são, ainda, extremamente jovens. Atletas como Anderson, Freddy Adu e Giovanni dos Santos já estão na Europa, mas continuam em processo de amadurecimento.

Um que já parece realidade mais sólida é Cesc Fabregas, artilheiro em 2003 na campanha do vice-campeonato espanhol. Eleito melhor jogador do torneio, já é um dos principais nomes do Arsenal e disputou a Copa de 2006. Outro que apareceu recentemente é o francês Florent Sinama-Pongolle, artilheiro em 2001 com nove gols, recorde do torneio. Campeão com a França em Trinidad & Tobago, foi contratado pelo Liverpool e emprestado ao Recreativo Huelva, o que coloca um ponto de interrogação em sua seqüência.

Talvez o principal jogador a ter disputado um Sub-17 tenha sido Ronaldinho Gaúcho em 97, quando o Brasil conquistou seu primeiro título na categoria. Ainda que não tenha sido a estrela do torneio, evoluiu muito mais que o espanhol Sérgio e o brasileiro Fábio Pinto, eleitos os dois melhores da competição. Buffon e Totti, campeões mundiais em 2006, saíram da safra de 93, que rendeu também Kanu à Nigéria. Fernando Redondo apareceu na primeira edição, em 85, e Luís Figo surgiu na campanha portuguesa de 89.

Por outro lado, uma maldição paira sobre os eleitos da Fifa como melhor jogador de cada edição: de todos, o único que conseguiu algum destaque foi o norte-americano Landon Donovan, craque de 99. Veja se você se lembra dos outros: William Oliveira (Brasil, 85); Phillip Osundo (Nigéria, 87); James Will (Escócia, 89); Nii Odartey Lamptey (Gana, 91); Daniel Addo (Gana, 93); Mohamed Kathiri (Omã, 95); Sérgio (Espanha, 97).

Fórmula de disputa

Pela primeira vez, 24 seleções disputam o torneio, que até 2005 contava com 16 equipes. O regulamento é o mesmo do Sub-20: os dois melhores de cada grupo, além dos quatro melhores terceiros colocados, avançam para as oitavas-de-final. A partir daí, é mata-mata até a final, que acontece em Seul, no mesmo estádio da abertura da Copa de 2002.

domingo, 12 de agosto de 2007

Brasileirão: 50%


E chegamos ao final do primeiro turno. Hora de mais uma análise do campeonato, desta vez mais aprofundada. Um super post! Amanhã, uma análise completa do público da primeira fase.

A lamentar, apenas, a diferença de jogos de algumas equipes, que não nos permitem analisar melhor os resultados. Afinal, todos têm jogos suficientes para podermos analisar o que cada um apresentou até aqui. E pelo que pôde ser visto, também há de se lamentar a queda anual do nível do campeonato, inversamente proporcional à saída de jogadores, que só aumenta. Fica até um desafio: quem foi o melhor jogador do primeiro turno? Difícil dizer.

Foram marcados 520 gols em 185 jogos, uma média de 2,81 gols por jogo. No ano passado, tínhamos 502 em 190: 2,64. A rodada com mais gols foi justamente a primeira: 39. A com menos, a décima: 22. A duas maiores goleadas foram os 5 a 1 do Inter em cima do Sport e do Náutico sobre o América. Detalhe: os dois vencedores eram visitantes.

O São Paulo começou cambaleante após a perda de alguns jogadores e a queda atingiu níveis críticos nas semifinais do paulista e nas oitavas da Libertadores. O time demorou para se acertar, mas finalmente adquiriu sua hoje principal característica: a regularidade. A defesa é impressionante e a equipe assumiu a liderança na 17ª rodada. Agora, já tem 7 pontos de vantagem. O binômio 'defesa + contra-ataque' garante ao tricolor o posto de melhor visitante, com apenas uma derrota em dez jogos fora de casa. É o principal, senão o único, candidato ao título.

O Botafogo foi o time do primeiro turno. Goleou, encantou, abriu cinco pontos de vantagem mas, após a saída de Dodô, pego no antidoping, não foi mais o mesmo. Alguns problemas internos, como o de Zé Roberto, somados a uma natural queda de produção fazem o time levantar dúvidas sobre até onde deve agüentar. Mas, ao não ser que Cuca perca o comando, deve brigar até o final por uma vaga na Libertadores - e deve conseguir. Quanto ao título, creio não haver mais fôlego.

Assim como o São Paulo, o Cruzeiro encontrou-se já com o campeonato em andamento. A defesa dá sinais de melhora e o ataque é o melhor do primeiro turno, com 40 gols marcados. Dorival Júnior ainda tem problemas, a equipe têm momentos de paralisia, mas para o nível atual deve ficar entre os seis melhores.

O Vasco é, sem dúvida, a maior surpresa do campeonato. O time foi muito mal no campeonato carioca e a chegada de Celso Roth deixou até os mais otimistas com vários pingos de desconfiança. O time ainda não é confiável, mas chegou a liderar e esteve quase o tempo todo entre os cinco primeiros. O clube, inclusive, foi um dos que contratou melhor na janela do meio do ano. Wágner Diniz finalmente encaixou no 3-5-2 de Roth que tem sido imbatível em São Januário (é o melhor mandante e o único a ainda não perder em casa). Mas o desempenho longe do Rio ainda deixa muito a desejar e pode ser o fiel da balança.

Palmeiras, Goiás, Grêmio, Santos, Inter e Sport têm muito em comum: são equipes extremamente irregulares. Até por isso, aparecem grudadas na tabela: a diferença entre palmeirenses (5º) e rubro-negros (10º) é de apenas três pontos. O Palmeiras não consegue emplacar resultados em casa; o Grêmio alterna vitória maiúsculas e derrotas bobas; Goiás, Santos, Inter e, principalmente, Sport, vão bem em casa mas dificilmente marcam pontos fora. São equipes que devem ficar neste bolo da Sul-Americana, com algumas alternâncias, até o final. Apenas Santos, Grêmio e Palmeiras que parecem ter um pouco mais de bala na agulha.

Fluminense, Paraná, Atlético-MG e Figueirense também seguem numa mesma toada. Os paranistas começaram bem e lideraram, mas agora empacaram na zona da pasmaceira, que nem classifica nem rebaixa. Dificilmente sairão daí. O Fluminense tem potencial, mas não desenvolve: quando parece que "agora vai", o time empaca. O Galo, muito irregular, já esteve na zona da libertadores e na do rebaixamento. E o Figueirense faz o que sabe: revela este ou aquele jogador, tira pontos dos grandes, mas pouco incomoda o pelotão superior.

Atlético-PR e Corinthians rondaram a zona de rebaixamento quase todo o primeiro turno. O Furacão ainda começou bem, mas caiu de produção e Antônio Lopes não deve durar até o final do campeonato. Assim como Carpegiani, que se não tem uma constelação nas mãos, tem material para fazer um pouco melhor do que vem fazendo. Ainda que os que estão embaixo não ameacem, é bom ambos ficarem de olho.

Na zona do rebaixamento, o Náutico é o único que tem demonstrado possuir forçar para escapar. Entretanto, o Timbu é bem melhor fora do que dentro de casa. Roberto Fernandes tem feito o que pode com o elenco que tem, mas não acredito que a equipe escape.

Já o Flamengo deve escapar. Primeiro porque tem jogos a menos, depois porque trouxe alguns reforços que devem dar para o gasto e, finalmente, porque sinceramente não acredito que Corinthians e Flamengo venham a cair um dia.

Por fim, este deve finalmente ser o ano do Juventude. Algumas derrotas em casa, exatamente como o São Caetano no ano passado, vão custar muito caro ao final do campeonato. E o América de Natal já caiu. Um time que marcou dez pontos em 19 jogos, conquistou apenas uma vitória em casa, sofreu 42 gols, marcou 16, está a doze pontos de sair da zona de rebaixamento e tem quatro vezes menos pontos que o líder não pode escapar. Então restam duas vagas!

2006 vs. 2007

Vale a pena também comparar com o campeonato do ano passado, para termos uma idéia melhor do que acontece. Em 2006, o São Paulo também liderava e possuía uma campanha muito parecida: eram 11 vitórias, 4 empates e 3 derrotas, uma vitória a menos do que hoje por ter um jogo a menos na ocasião. A vantagem sobre o Santos era de cinco pontos, contra sete atualmente. Nos gols, a principal diferença: o ataque são-paulino era mais eficiente (32 gols - o segundo melhor então - contra 24), e a defesa bem mais vazada (havia sofrido 21 contra os 7 de hoje).

Outros números interessantes para comparação: o melhor ataque era do Paraná, com 33 gols. O pior, do Flamengo, com 17. A melhor defesa era do Santos, com 17 sofridos e a pior, da Ponte, com 39. Estariam classificados à Libertadores Santos, Paraná e grêmio, exatamente os mesmos que acabaram se classificando no final do campeonato. E estariam rebaixados Botafogo, Corinthians, Fortaleza e Santa Cruz. Os dois primeiros escaparam. Os últimos, não.

A diferença de pontos do Santa Cruz, lanterna, para o Goiás, primeiro fora da zona de rebaixamento, era de três pontos. E a pontuação do lanterna era a metade do líder. Dodô era o artilheiro, com nove gols, e Souza, que acabou ficando na liderança da tábua de artilharia, tinha oito. Ou seja: na metade do campeonato de 2006, havia mais equilíbrio. Agora, o cenário já parece bem mais definido.

sábado, 11 de agosto de 2007

Domingo Esportivo - 12/08

Convido a todos para que acompanhem o Domingo Esportivo de amanhã, nos 1440 AM da Rádio Azul Celeste - Rede Bandeirantes de Rádio para toda Americana e região.

Alguns dos destaques do programa deste domingo:

- O aniversário da conquista da segunda Taça Libertadores do Cruzeiro, com o gol de Elivélton.

- Uma homenagem a Garrincha no aniversário do Botafogo

- Entrevista com Walker, meio-campo que estava no Náutico e foi pego no antidoping em um caso parecido com o de Dodô.

Além da participação do ouvinte e muitos prêmios no Chuta ou Passa, o game-show mais disputado do rádio esportivo!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Bacalhau espinhoso

Vampeta provocou durante a semana e provou, nesta quinta à noite, um bacalhau espinhoso. Nada contra as declarações do volante. De fato, dá saudade da época em que os jogadores falavam muito mais do que o óbvio. Mas também dá saudade da época em que Vampeta falava muito e JOGAVA muito.

O volante pouco fez, o que não chega a ser privilégio dele. Só o esforçado Felipe merece destaque, pois a partir da metade do segundo tempo o Vasco massacrou e só não goleou graças às intervenções do camisa um corintiano. William só apareceu na entrevista pós-jogo, Everton Santos nem isso, Clodoaldo errou tudo o que tentou e Gustavo Nery fez o que sempre faz: nada.

O Vasco, no seu 3-5-2 usual, partiu pra cima de um Corinthians que tentou, mas não conseguiu, aplicar um 4-4-1-1 com o limitado Clodoaldo à frente e William de meia. Gustavo Nery supostamente foi escalado para ficar à frente de Carlão, mas nenhum dos dois viu a cor da bola, sempre bem conduzida por Wagner Diniz. Foi do ala-direito o chute que, desviado, enganou Felipe no primeiro gol.

Carpegiani tentou arrumar o time na volta do intervalo, e o Corinthians até parecia conseguir equilibrar a partida. Mas o segundo gol vascaíno enterrou todas as chances de uma possível recuperação corintiana. A partir daí, o que se viu foi um massacre. Entraram Bruno "Dentinho" Bonfim e Carlos Alberto, mas de nada adiantou.

Impressiona a vontade do Vasco, que por muito tempo foi uma equipe sonolenta e sem garra. Perdigão, gostem ou não, se entrega a cada partida e vai virando ídolo. Conca achou seu espaço, Leandro Amaral está de volta à boa forma do final de 2006 e até a defesa vai se acertando aos poucos. Não é um timaço, mas para o nível atual do futebol brasileiro, o Bacalhau tem um time acertadinho e até gostoso de assistir. Só não muito gostoso de engolir. Dúvidas? Pergunte ao Vampeta.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Razão vs. emoção


Nem mesmo um blockbuster hollywoodiano seria tão previsível e seguiria tão à risca um script. No jogo mais esperado do campeonato, aconteceu tudo exatamente como era esperado: o Botafogo tentou ser mais time e o São Paulo foi mais regular. Os botafoguenses, cariocas apaixonados, foram mais coração. Os são-paulinos, paulistas e calculistas, foram mais razão.

O São Paulo construiu mais uma vitória sobre os dois pilares nos quais vem alicerçando uma sólida campanha rumo ao pentacampeonato: marcação e saída rápida para o contra-ataque. Foi assim que surgiu o segundo gol, e o primeiro aconteceu em outra jogada aplicada incessantemente: bolas paradas e cruzamento na área. Se o ataque não define com tanta qualidade, o jeito é buscar alternativas.

Alternativas que o Botafogo não encontrou ao pressionar enquanto a partida esteve igual no placar. O destempero apresentado após a abertura da contagem mostra uma equipe com um potencial enorme, mas que não consegue elaborar um isolante forte o suficiente para evitar que essa potência se dissipe. A queda de rendimento é fato consumado e somente Cuca poderá trabalhar a cabeça do grupo para evitar um desastre e salvar o ano.

A instabilidade que o Botafogo demonstrou em 90 minutos é reflexo de uma insegurança que a equipe tem no todo. Se permear a campanha por esta irregularidade, não volta ao topo. Por outro lado, o São Paulo tem exatamente o que falta aos cariocas: segurança, solidez e estabilidade. Não é, de longe, o melhor time são-paulino dos últimos anos e pode cair de produção ainda. Mas se mantiver a regularidade ímpar, será sem dúvidas nem contestações o primeiro pentacampeão brasileiro.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

O jogo

Pedindo desculpas pela ausência, retorno falando do jogo mais comentado da semana. Na ausência de equipes qualificadas, a disputa pela ponta do Brasileirão parece polarizada entre Botafogo e São Paulo já no final do primeiro turno. Desde o início dos pontos corridos, em 2003, nunca o quadro pareceu tão definido assim tão cedo. De fato, ao menos quatro equipes dividiam a ponta com claras condições de disputarem o título.

E o quadro é mais preocupante se considerarmos que o São Paulo demonstra uma capacidade muito maior de manter o ritmo do que o Botafogo. O alvinegro é o time mais time do campeonato, tem demonstrado o melhor futebol, mas o tricolor é mais regular e consistente.

Se há dúvida quanto a isso, basta um exercício rápido de reflexão: qual dos dois times desperta mais confiança? Enquanto, a cada rodada, tem-se a certeza de que o São Paulo cresce, aprende a conviver com as mudanças do elenco e parece mais forte, o Botafogo sempre pede uma pergunta, a cada vez que entra em campo: "será que hoje vai? Será que o time vai continuar a vencer? Será que o ataque vai funcionar e a defesa não vai entregar?". A queda das últimas rodadas é gritante.

O segundo melhor ataque contra a melhor defesa. Quando o São Paulo enfrentou o melhor ataque do campeonato (o Cruzeiro, fora de casa), foi vencedor. E a equipe, que sofria com a falta de gols nas primeiras rodadas, parece ter resolvido o problema.

Se o Botafogo vencer, literalmente bota lenha no campeonato. Caso o São Paulo vença, pode dar início a uma arrancada sem volta e muito prematura, que vai deixar ainda mais sem graça o campeonato mais insosso da história dos pontos corridos. Afinal, pode conquistar o penta mesmo com o pior São Paulo desde 2004.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Brasileirão: 40%


Com duas rodadas por semana, chegamos rápido a mais uma análise do Campeonato Brasileiro, a última antes do fim do primeiro turno. Em duas semanas, atingiremos a metade do torneio e algumas projeções podem ser feitas com mais propriedade - também porque a janela de transferências se fecha e os times definirão seus elencos para a reta final.

O Botafogo ainda é o líder, mas perdeu fôlego com a ausência de Dodô e está empatado com o São Paulo, com 31 pontos, mas com um jogo a menos. Na 12ª rodada, tinha quatro pontos de vantagem para o Goiás. O Vasco, ainda muito instável, conquistou sua segunda vitória fora de casa e é terceiro, ao lado do alviverde do Centro-Oeste, a cinco pontos dos líderes.

Os times que mais subiram na quinzena foram Vasco e Atlético-MG: ambos ascenderam cinco posições (Vasco de 8º para 3º e Galo de 14º para 9º). O Atlético respondeu bem à chegada de Leão, embora tenha sentido a saída do goleiro Diego. Mas o melhor time dessas quatro rodadas foi o São Paulo: quatro vitórias seguidas, igualando a marca recorde do campeonato que foi do Goiás. O ataque tricolor vai desencantando e marcou três gols em cada um dos últimos dois jogos, coisa rara até aqui.

Por outro lado, os que mais caíram foram Paraná e Sport: também cinco posições cada (Paraná de 5º para 9º e Sport de 9º para 14º). O Paraná ainda não se encontrou com Gilson Kleina, e com a saída de Josiel deve perder ainda mais força. E o Sport foi sacudido por uma goleada em casa para o Inter por 5 a 1, mas já mostrou que tem condições de melhorar quando, na última rodada, venceu o Palmeiras no Parque Antarctica por 2 a 1, de virada, e com um homem a menos.

Os times da zona de rebaixamento são os mesmos: Flamengo, Juventude, Náutico e América-RN. Nas últimas quatro rodadas, o América-RN fez três pontos, o Juventude quatro, o Flamengo também quatro (mas ficou uma rodada sem jogar) e o Náutico sete. Além do América, Corinthians e Atlético-PR também só marcaram três pontos e foram os piores pontuadores da quinzena.

Poucas conclusões podem ser tiradas ainda, mas Botafogo e São Paulo já se distanciam. Entretanto, por mais que o time carioca seja mais ofensivo e tenha um futebol mais vistoso, os paulistas é que parecem possuir mais regularidade - qualidade fundamental para se levar um título de pontos corridos. Na quarta-feira, ambos se enfrentam no Maracanã e o cenário fica interessante para a virada do turno.

Por mais clichê que seja, o campeonato continua embolado. A diferença entre o 5º e o 12º colocado é de apenas três pontos. Apenas Botafogo e São Paulo, numa ponta, e América-RN, na outra, se distanciam do restante do pelotão. Bom pra quem está embaixo, porque ainda há chance de recuperação, e não tão bom para que está em cima, pois terá de manter o nível durante muito tempo ainda.