terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Vice? Campeões!


Acompanhei muito de perto, em virtude do trabalho na rádio Azul Celeste, toda a campanha do Rio Branco na Copa São Paulo, desde os amistosos até à final. E acredito poder dizer, sem medo de errar e sem cometer injustiças, que ninguém merecia mais aquele troféu que estes meninos.

Pois analisando os quatro semifinalistas, vemos dois clubes gigantes do futebol brasileiro, donos das melhores estruturas do país, e um emergente, que possui administração competente e estratégia agressiva de crescimento para os próximos anos. Enquanto isso, o Rio Branco passa pela pior crise de sua história.

Rebaixamento após 17 anos na elite, dívidas e mais dívidas, falta de apoio da cidade. Os problemas do clube não são segredo para quem vive de perto. E mesmo assim, esses garotos foram longe. Mesmo com bem menos recursos que São Paulo, Inter ou Figueirense.

Só para citar duas barras superadas pelo elenco, houve denúncias - não comprovadas, é verdade - de falta de comida no alojamento, além de uma virose que pegou dez jogadoers em plena competição.

E é por tudo isso, e por saber o quanto esses garotos lutaram, que deixo aqui meus parabéns. E fica a certeza de que, se na Copinha eles foram vice, na vida têm tudo para serem campeões.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A nova invasão européia*

A África, como conhecemos hoje, teve sua divisão geopolítica definida, em grande parte, por acordos estabelecidos entre os países europeus que colonizaram o continente, como Inglaterra, França e Portugal. Muito em razão disso, estouram intermináveis conflitos uma vez que, em um mesmo país, habitam diferentes grupos étnicos e, não obstante, uma mesma etnia encontra-se dispersa entre dois ou mais territórios.

Em meio a um clima político sempre agitado, começa neste domingo a 26ª edição da Copa Africana de Nações, sediada pela quarta vez em Gana. Décadas após a conquista da independência, o continente vê uma nova – e desta vez diferente – invasão européia. Trata-se dos jogadores nascidos no Velho Continente que, por possuírem raízes africanas, escolheram defender as cores das nações de seus antepassados.

Tradicional destino de jogadores africanos – e, dos antigos colonizadores, o que possui laços mais fortes com o continente –, a França aproveitou-se, durante muitos anos, da qualidade oferecida pelo toque de habilidade de estrelas como George Weah, Abedi Pelé e Didier Drogba. Agora, vê o caminho inverso sendo percorrido.

É o caso de Emerse Fae, campeão mundial sub-17 com a França em 2001. Nascido em Nantes, o meio-campista do Reading preferiu defender a Costa do Marfim. Fae enfrentará François Jodar, técnico do Mali, que comandou os Bleus na campanha vitoriosa em Trinidad & Tobago. Caso os marfinenses enfrentem a Tunísia, ele terá pela frente outro ex-companheiro: Chaouki Ben Saada, atacante do Bastia, escolheu por honrar as cores das Águias de Cartago.

Até mesmo Dede Ayew, filho de Abedi Pelé, que aos 18 anos disputa sua primeira competição oficial por Gana, chegou a jogar nas seleções de base da França. Ele nasceu em Lille, quando seu pai atuava por lá. Há também franceses de nascimento nas seleções de Benin, Gana, Guiné, Mali, Marrocos e Senegal.

Outros exemplos são o jovem Karamoro Cisse, nascido na Itália, que faz na CAN sua estréia pela equipe de Guiné; Stephan Loboue, goleiro reserva da Costa do Marfim que enfileirou na equipe sub-18 da Alemanha por ter nascido em Pforzheim; e Quincy Owusu Abeyie, que acaba de ser liberado pela FIFA para defender Gana após jogar o Mundial Sub-20 de 2005 pela Holanda.

Nesse vai-e-vem, dentre os jogadores mais conhecidos, Frederic Kanouté e Mohamed Sissoko optaram por defender Mali. Outros, como Karim Benzema, decidiram tentar a sorte na Europa (Benzema foi inclusive destaque da França em 2007).

Queda de braço

Mais que escolhas profissionais e demonstrações de amor à pátria (independente de qual seja), tais situações têm criado disputas acirradas pelos jovens talentos africanos/europeus. A FIFA permite que o jogador decida, até completar 21 anos, por qual seleção quer atuar, desde que não tenha disputado partidas pelas seleções principais. Com isso, o assédio tem sido enorme e muitos garotos recebem “incentivos” para defenderem este ou aquele país.

O número de filhos de argelinos que são disputados todos os anos com a França, por exemplo, impressiona (talvez na tentativa de descobrir um novo Zidane). Ibrahim Affelay, holandês com raízes marroquinas, quase provocou uma crise diplomática entre os dois países em 2006 antes de optar pelo lado europeu – surgiram acusações de ambas as federações sobre um possível aliciamento. Prova de que não é apenas nas categorias de base dos clubes que tal prática existe – um verdadeiro “comércio” de pessoas entre Europa e África volta a acontecer depois de muito tempo de liberdade.


*Coluna publicada originalmente no Olheiros.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Pato à milanesa


Choverão comentários, exaltações hiperbólicas e arautos do “eu havia dito”. Mas o que me motiva, hoje, a escrever estas linhas, é muito mais um sentimento que uma análise pseudo-entendida.

Sou apaixonado por futebol. Do contrário, não teria este espaço e colaboraria em outros. Mas acredito, acima de tudo, que o esporte é um prazer e precisa ser uma realização. Do contrário, vira mecânico e enfadonho.

De fato, assim tem sido recentemente, com muita transpiração e pouca – ou quase nenhuma – inspiração. E é por isso que a atuação rossonera merece este desabafo, pois há tempos não degustava futebol como fiz neste domingo. Há tempos não me divertia realmente assistindo a uma partida.

E é assim que tem que ser, no final das contas. Seja bem-vindo, Pato. O futebol estava com saudade de sorrir.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Deixem os meninos sonharem*


Muito se fala em épocas de Copa São Paulo que a competição, outrora charmosa, hoje perdeu muito do seu brilho pela suposta invasão de times de aluguel, bem como uma verdadeira avalanche de empresários e observadores. De fato, um torneio que começou apenas com clubes da capital e que atualmente conta com 88 equipes – e que já teve até convidados internacionais – dificilmente mantém o nível.

Entretanto, é exagerado – e preguiçoso, no mínimo – desvalorizar a Copinha pela presença de times desconhecidos como fazem alguns e como fez, ridiculamente, o técnico Vizolli, do São Paulo, dizendo que ele forma jogadores para o São Paulo e “não para um Piauí", após o empate de quarta-feira contra o time nordestino.

Mas não é tal arrogância o tema desta coluna. Tentando aprofundar a questão, perguntei-me do porquê certas equipes viajam, às vezes, três, quatro dias em ônibus para sequer marcarem um gol. Porque existem brigas enormes nas federações pela vaga do estado? O que ganham equipes como os Ypirangas do Amapá e de Pernambuco, que sofreram mais de dez gols em apenas um jogo? Que jogadores são revelados nestas condições? Com que auto-estima o garoto vai voltar para casa e continuar tentando a sorte no futebol?

A resposta pode parecer simples e até burra, mas não se ganha nada. Dificilmente se revela alguém. E é exatamente aí que reside a mágica do futebol: mesmo sem condições, muitas vezes passando fome, o garoto sonha e sabe que, provavelmente, só correndo atrás de uma bola ele poderá, no mínimo, sobreviver para continuar, que seja, correndo. Tirar dele a esperança, enquanto ele viaja naquele ônibus incômodo, de que ele poderá brilhar, é mais cruel que qualquer dificuldade que a vida lhe impõe.

Quem nunca quis ser jogador de futebol um dia? O Olheiros é composto por ex-futuros craques, assim como a maioria da imprensa esportiva brasileira. Até por isso, os sonhos desses meninos deveriam ser mais respeitados. É certo que nem todos têm muito futuro – a maioria, na verdade – e acabarão se perdendo pelos campos do Brasil. Mas como jovens que são, ao menos ainda têm direito de sonhar. E isso, ninguém tira deles.


* Coluna publicada originalmente no Olheiros.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Copa São Paulo de Futebol Junior

Primeira competição de 2008, tradicional reveladora de talentos que virou uma mega feira de negócios. Mas, ainda assim, nós do Olheiros estaremos lá pra acompanhar.

Cruzeiro, São Paulo, Corinthians e Flamengo são, a meu ver, os principais favoritos. Inter e Grêmio também vêm bem. Vamos ver o que acontece.

Convido a todos para acessarem os especiais que fizemos no Olheiros:

Apresentação dos grupos, de A a K: http://www.olheiros.net/artigo.aspx?id=168
Apresentação dos grupos, de L a V (!): http://www.olheiros.net/artigo.aspx?id=169

Seleção da história da Copinha: http://www.olheiros.net/artigo.aspx?id=141
Onze jogadores da Copinha que não vingaram: http://www.olheiros.net/artigo.aspx?id=148
Oito esquadrões da Copa São Paulo: http://www.olheiros.net/artigo.aspx?id=160