segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Clássicos brasileiros


Um domingo à tarde com dois clássicos e vários outros jogos importantes pelo Campeonato Brasileiro. O dérbi de Milão quase no mesmo horário, a alguns canais de distância.

Brasileiros lá e aqui.

Um abismo de diferença.

Sete brasileiros em campo no San Siro/Giuseppe Meazza. Pouco mais de 200 em dez estádios.

Muitas diferenças.

Por mais brigado e truncado que seja, assistir a um clássico Milan-Inter e depois zapear para um Náutico-Palmeiras é qualquer coisa como dirigir um carro importado e depois andar de charrete. Sem medo de errar.

O dérbi mais brasileiro dos últimos anos (se não tiver sido o MAIS brasileiro até hoje) teve belas jogadas, tensão, emoção e muita disputa. Óbvio que o nível é diferente. Claro que aqui também há as mesmas características. Mas em proporções muito distintas.

Irrita profundamente o que só pode ser chamado de mania do brasileiro, jogador e torcedor, de reclamar de qualquer encontrão. Até por isso, Leandro Vuaden tornou-se o inimigo número 1 de treinadores, atletas e até comentaristas de TV.

Assista a uma disputa de bola entre Gattuso e Zanetti. Veja como Seedorf dá o bote. Perceba se existe falta.

Não há.

Pois isto é futebol.

Ao mesmo tempo, jogadores quase se esbofeteam num Gre-Nal. Excesso de vontade ou falta de qualidade? São dois dos melhores times do país.

Hora de repensar os clássicos brasileiros. Que neste domingo, estiveram mais bem representados na Itália do que aqui.

Abaixo, o que pôde ser extraído da rodada do final de semana.

André Luís (POR): Sem culpa no gol, foi bem em todos os momentos que foi exigido, especialmente contra Kleber Pereira.

Carlinhos Bala (SPO): Jogou improvisado na ala e participou muito no ataque, inclusive no gol do Sport.
André Dias (SAP): Jogou muito na defesa e mostrou a eficiência na bola aérea, abrindo o placar.
Adriano (NAU): Salvou um gol em cima da linha e mostrou disposição o jogo todo.
Júlio César (GOI): Dois gols e uma assistência para Paulo Baier. Grande partida.

Guiñazu (INT): Batalhou demais na marcação e roubou muitas bolas.
Leandro Salino (IPA): Brigou o jogo todo, defendendo e atacando com a mesma qualidade e intensidade.
Marcelinho Paraíba (FLA): Mais afastado da área, rendeu menos na frente mas rodou mais a bola. Lindo cruzamento para o gol de Vandinho.
D’Alessandro (INT): Comandou a avalanche colorada no primeiro tempo e marcou um golaço de longe, contabilizando ainda duas assistências.

Kleber Pereira (SAN): Novamente, uma ilha de talento num mar de mediocridade.
Vandinho (FLA): Entrou e mudou o jogo: uma assistência e o gol da virada.

Técnico: Tite (INT): Aproveitou o recuo do time gremista e colocou o Inter no ataque. Foi recompensado.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Seleção da 26ª rodada


Galatto (ATP): Com grande atuação, garantiu o empate em casa contra o líder Grêmio.

Vítor (GOI): Lançamento preciso no segundo gol, ainda marcou o seu. Ainda foi seguro na cobertura de Kléber.
Rafael Marques (GOI): Sem problemas na defesa, lançou-se ao ataque e marcou de cabeça.
Vinícius (ATM): Firme na marcação, marcou o gol da vitória no segundo tempo.
Júlio César (GOI): Com bastante espaço, anotou uma assistência e sofreu pênalti.

Henrique (CRU): Bem na marcação, subiu ao ataque para marcar um gol.
Alê (COT): Muito bem nos desarmes, foi uma boa opção de saída de bola.
Diego Souza (PAL): Fez um golaço e ainda participou de todo o jogo, com grandes chances.
Edno (POR): Bem posicionado, recebeu duas bolas para fazer os gols da virada da Lusa.

Guilherme (CRU): Oportunismo e inteligência para marcar dois gols importantíssimos para o Cruzeiro.
Keirrison (COT): Outra grande atuação, aproveitou os erros dos adversários e mostrou a competência de sempre.

Hélio dos Anjos (GOI): Consolidou a equipe com dois alas que avançam muito e bem. Aproveitou o melhor de Iarley e fez Paulo Baier voltar a render.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Dança das cadeiras


Treinador ainda sofre mais do que mãe de juiz. Após 25 rodadas do Campeonato Brasileiro, já aconteceram 23 trocas de técnico - o maior número para tantas rodadas desde o início dos pontos corridos, em 2003. A última vítima foi PC Gusmão, demitido após a goleada sofrida pelo Figueirense para o Sport, na Ilha do Retiro.

Quem deve assumir é Mário Sérgio, que há poucos dias estava no Atlético-PR. O Furacão é, aliás, o recordista de trocas: já foram quatro até agora, média de um técnico novo a cada cinco rodadas (na ordem: Ney Franco, Roberto Fernandes, Tico dos Santos, Mário Sérgio e agora Geninho). Náutico e Ipatinga completam o top 3 com quatro nomes diferentes. Quanto aos treinadores, Cuca é o recordista: do Botafogo, para o Santos e agora no Flu, foram três times diferentes.

Das vinte equipes, oito mantém seus treinadores desde o início do campeonato: Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro, São Paulo, Vitória, Flamengo, Sport e Coritiba. Curiosamente, são os nove primeiros colocados - o Botafogo, quarto lugar, foi o único que mudou e está lá em cima.

É o famoso dilema de Tostines: os técnicos estão desde o início porque a campanha é boa ou a campanha é boa porque técnicos estão desde o começo? A resposta é igualmente dúbia: pelas duas razões.

Para se fazer uma boa campanha, é preciso muito planejamento. E isso significa, entre outras coisas, saber contratar bem com pouco dinheiro (Botafogo e Grêmio são os exemplos de elencos modestos, mas equilibrados), dar respaldo ao treinador (vide São Paulo, mesmo em momentos de turbulência) e lidar com a janela de transferências com sabedoria (o que o Cruzeiro parece finalmenter ter conseguido fazer este ano).

Obviamente, não há receita pronta. Os times, dependentes do dinheiro das transferências, dançam conforme a música. E os técnicos, ora seguros, ficam sem cadeira rapidamente.

Abaixo, a seleção da 25ª rodada

Harley (GOI): Segurou a pressão gremista com no mínimo duas defesas difíceis.

Vítor (GOI): Aproveitou os espaços, avançou bastante e fez o gol da virada.
Maurício (PAL): Ótima partida, atento nas coberturas e na marcação.
Índio (INT): Seguro, foi firme nas divididas e anulou Wellington Paulista.
Marcelo Cordeiro (VIT): Sempre bem no apoio, mostrou oportunismo no gol da vitória.

Zé Luís (SAP): Bem na marcação, cruzou as bolas que originaram os dois gols da equipe.
Bida (SAN): Muita vontade, correu o jogo todo e se posicionou bem para marcar.
D’Alessandro (INT): Grandes passes e um golaço. Finalmente mostrou do que é capaz.
Diego Souza (PAL): Sobe de produção quando joga mais à frente, e por isso marcou o gol da vitória.

Adeílson (IPA): Fez um gol e infernizou a defesa atleticana com grande movimentação.
Roger (SPO): Dois gols pelo segundo jogo seguido. Vive ótima fase.

V. Luxemburgo (PAL): Mesmo sem a dupla de ataque titular, conseguiu armar uma equipe brigadora e saiu de campo com uma vitória importantíssima.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Seleções



Impressionante a capacidade da seleção brasileira, historicamente, de perder quando dela muito se espera e de vencer quando nela não mais se acredita. Basta ver como foram quatro de suas conquistas mundiais - 62 foi exceção e, curiosamente, é o time menos lembrado, talvez até por isso.

Irrita-me profundamente, entretanto, a burrice egocêntrica da maioria das análises, que jamais valorizam o adversário. Quando o Brasil perde, é porque errou e NUNCA porque o oponente foi superior. Quando vence, é porque é o melhor futebol do mundo e NUNCA porque o adversário pode ter errado.

Mas foi isso o que aconteceu. O Brasil venceu porque o Chile errou.

Errou ao ser ofensivo demais, ao acreditar na vitória. Tivesse sido mais cauteloso, armado uma defesa mais sólida, teria ganho. Parece estranho - e é.

Basta ver qual a principal dificuldade da seleção brasileira: adversários que jogam fechados, retraídos. Ultrapassar duas linhas de quatro é tarefa mais difícil do que fazer Ronaldo emagrecer ou Ronaldinho reencontrar seu futebol.

Por isso, o Chile errou. O Brasil não evoluiu. Dunga não acordou. O 4-2-3-1 é, sim, a melhor forma de se montar o time com as peças atuais - e tem dado os melhores resultados. Mas só funciona porque o time continua jogando no contra-ataque, esperando o adversário. Foi assim até surgir a falta e a cabeçada de Luís Fabiano.

Por isso, imagino dificuldades maiores contra a Bolívia, em casa, do que contra o Chile fora. Por mais frágeis que sejam, os bolivianos terão até Evo Morales em campo, se defendendo.

Eventualmente, o Brasil acaba ganhando. Mas duas vitórias não podem mascarar os problemas.


Abaixo, a seleção da estranhíssima 24ª rodada do Brasileirão.

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Vanderlei (COT): Impressionante como pega este goleiro. Segunda grande exibição seguida, salvou o Coritiba de uma goleada. Sem culpa no gol.

Thiaguinho (BOT): Ótima descoberta de Ney Franco, se afirmou e fez um golaço.
Índio (INT): Não desgrudou de Washington e ainda atrapalhou a vida de Jonas.
Durval (SPO): Bem na marcação, ainda encontrou espaços para subir e marcar um gol.
Triguinho (BOT): Fundamental na defesa, salvou dois gols em cima da linha.

Andrade (SPO): Eficiente na cobertura, nos desarmes e nos chutes de longa distância.
Ramires (CRU): Sem Jadílson, jogou mais livre e subiu mais ao ataque, driblando Tiago e fazendo um belo gol.
Romerito (GOI): O cérebro e o pulmão do time do Goiás, a melhor equipe do segundo turno do Brasileirão.
Ibson (FLA): Voltou a jogar como vinha jogando no primeiro turno, mas agora um pouco mais recuado. Ótimas ligações defesa-ataque, fez a bola girar o tempo todo.

Kléber Pereira (SAN): Mostrou que basta a bola chegar, que ele faz sua parte. Mais dois gols, a artilharia e o Santos fora da zona do rebaixamento.
Roger (SPO): Calou o Parque Antarctica com dois gols de oportunismo. Belo retorno após ser humilhado pelos palmeirenses.

Nelsinho Baptista (SPO): Mostrou que tem estrela com este time do Sport e aprontou outra, anulando as peças do Palmeiras.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Vitória anunciada



Uma vitória anunciada, pela forma como o Cruzeiro adiantou a marcação logo no início e dificultou a já complicada saída de bola cruzmaltina.

Um placar que poderia ter sido mais elástico se Adílson Batista soltasse mais o time, e se o time soltasse mais o pé nos chutes, especialmente quando Edmundo vestiu a camisa 1.

Um jogo de futebol sonolento, mas de momentos ímpares, como a expulsão de Tiago a quinze minutos do fim – e Tita já havia errada e precipitadamente feito as duas substituições restantes no intervalo, expondo a equipe a uma situação impensável exatamente no momento em que poderia ter empatado, pouco depois do gol de André.

No primeiro tempo, sem Jadílson, Ramires foi quem avançou mais pela esquerda e aproveitou o espaço deixado por Wagner Diniz. Do outro lado, Jajá aproveitava a insegurança de Edu e criava boas chances. Com Alex Teixeira e Madson muito abertos pelos lados, Edmundo via-se obrigado a voltar para compor o meio e deixar isolado o já deslocado Alan Kardec, que simplesmente não participa do jogo.

Em cinco minutos, o Cruzeiro recebeu de graça a vitória que teimava em não buscar, por mais fácil que estivesse: Wagner Diniz saiu machucado aos 23, após sofrer duas faltas duras no campo defensivo. Em seguida, Jonílson fez falta duríssima por trás e foi merecidamente expulso. Na cobrança, Cintra viu intenção de Mateus em tocar a mão com a bola e assinalou pênalti, desta vez bem batido por Guilherme.

Nem deu tempo para Tita montar as duas linhas de quatro que tinha em mente, recuando de vez Edmundo para o meio: Jajá aproveitou os espaços dados por Marquinho e encontrou Ramires, que driblou Tiago e ampliou.

Com duas mudanças no intervalo, o técnico vascaíno colocou Serginho para cobrir o espaço deixado pela saída de Joílson e puxou Madson para a ala esquerda, promovendo a estréia de André em uma espécie de 3-4-1-1, com Edmundo tentando alimentar Alan Kardec. Pouco adiantou, pois o Cruzeiro mesmo sem querer jogar, não era incomodado.

Madson, incansável, buscou o jogo e sofreu a falta que cobrou muito bem na cabeça de André, que diminuiu. O Vasco chegou a acreditar, mas após a inevitável expulsão de Tiago, Guilherme ampliou novamente de pênalti, maltratando o goleiro Edmundo com uma paradinha. Então, os cariocas abdiaram do jogo e foram respeitados pelo time mineiro, que não chutou.

Talvez em respeito a Edmundo, que chamou novamente a responsabilidade e assumiu o posto de goleiro. Talvez por saber que o Vasco não é seu adversário real, por não ter um time à altura dos duelos que as equipes já travaram no passado.

Talvez porque era uma vitória anunciada.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Brasileirão: 60%


Melhores: Palmeiras, Botafogo, Fluminense
Piores: Portuguesa, Náutico, Atlético-PR e Figueirense

Na primeira análise do Brasileirão no segundo turno, o quadro parece começar a se definir: o Grêmio mantém cinco pontos de vantagem na liderança, mas aumentou a distância para outros concorrentes diretos. O Palmeiras, melhor equipe do returno com nove pontos de doze possíveis, aparece agora como o principal - e único, para alguns - concorrente gremista. Curiosamente, a saída de Valdívia parece ter feito mais bem do que mal até agora ao alviverde.

Botafogo e Fluminense também tiveram bons inícios de returno. Enquanto o Fogão mantém a ascensão das rodadas anteriores, o Flu já demonstra melhoras com a chegada de Cuca. A saída de Thiago Neves, entretanto, ainda não foi sentida completamente.

Por outro lado, a Portuguesa marcou apenas um ponto nas últimas quatro rodadas. Com a pior defesa, o time ressente a perda de Diogo e parece caminhar novamente a passos largos à Série B. Quem também deve abrir os olhos é o Atlético-PR, que vem jogando de forma exageradamente defensiva com Mário Sérgio. O time ainda não venceu no returno, assim como o Figueirense, que não consegue mais mostrar força nem mesmo no Orlando Scarpelli.

Outras equipes que tiveram desempenho razoável foram Vasco e Goiás. Os cruzmaltinos venceram a primeira fora de casa e, apesar do defensivismo e das invenções de Tita, conseguiram respirar momentaneamente. Já o alviverde goiano também conseguiu sete pontos e dá mostras de que ficará na zona intermediária, graças ao clima especial para Hélio dos Anjos no clube.

Atlético-MG e Internacional são os times mais instáveis deste início de segundo turno: goleiam em casa, mas não conseguem opor resistência quando jogam fora de seus domínios. Desta forma, o Inter fez 4 a 1 no Palmeiras, mas sucumbiu diante de Sport e Vasco. Já o Galo goleou o Furacão, mas se viu envolto em uma crise pela eliminação na Sul-Americana com direito a vexame em pleno Mineirão.

O campeonato tem 617 gols em 230 jogos, com média de 2,68 inferior à de 2007: eram 649 em 228 (o Flamengo devia ainda dois jogos devido ao Pan) e média de 2,84. Quem mais subiu de posição foram Botafogo e Fluminense (quatro cada) e quem mais caiu foi a Portuguesa (também quatro).

Abaixo, os números do período e, depois, a seleção da 23ª rodada.

Melhor ataque
2007 - Cruzeiro (54 gols)
2008 - Grêmio, Palmeiras (40)

Melhor defesa
2007 - São Paulo (7)
2008 - Grêmio (16)

Pior ataque
2007 - América-RN (18)
2008 - Ipatinga (22)

Pior defesa
2007 - América-RN (55)
2008 - Portuguesa (47)

Artilheiros
2007 - Josiel (PAR): 15 gols
2008 - Alex Mineiro (PAL) e Kléber Pereira (SAN): 15 gols

Seleção da 23ª rodada

Fernando (IPA): No mínimo quatro defesas dificílimas. Uma das melhores atuações de um goleiro no campeonato até aqui.

Leonardo Moura (FLA): A qualidade de sempre no apoio, fez Júnior César se preocupar com a marcação e sumir do jogo.
Miranda (SAP): Voltou mostrando o de costume: segurança, eficiência e comando da zaga.
Gustavo (PAL): Ganhou todas no alto e foi firme embaixo.
Dutra (SPO): Ganhou liberdade com o esquema de três zagueiros. Foi à frente e fez o gol da vitória em linda tabela.

Toró (FLA): Guerreiro, brigou pela bola e ainda foi ao ataque com objetividade.
Sandro Silva (PAL): Marcou o tempo todo e foi à frente, dando o passe para o primeiro gol.
Conca (FLU): Incansável, buscou o jogo e fez um belo gol de fora da área.
Diego Souza (PAL): Jogou mais perto do ataque e fez sua melhor partida pelo Verdão. Brigou, correu e foi recompensado com dois belos gols.

Iarley (GOI): O principal jogador do time. Marcou o primeiro gol em um momento complicado e levou muito perigo a partida toda.
Soares (GRE): Entrou no lugar de Perea, marcou um gol e deu a assistência para outro.

V. Luxemburgo (PAL): Avançou a marcação, colocou Martinez na cobertura pela esquerda e deixou Diego Souza na posição em que rende melhor.