sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Novo Villa, grande de novo

Pouca gente pode se lembrar hoje em dia, com o crescimento de clubes como o Chelsea, mas o Aston Villa foi o primeiro grande inglês: um dos fundadores da FA, cinco de seus setes títulos nacionais foram conquistados antes de 1900. Contudo, desde o título de 81, conduzido por Peter White e seus 20 gols, o Villa não fazia uma campanha tão empolgante – e parece disposto a fazer história novamente.

Foram duros anos sob o comando de John Gregory, Graham Taylor e David O'Leary, com sucessivas campanhas contra o rebaixamento. Mas a chegada do milionário Randy Lerner e a injeção de alguns milhões fez os Villans, comandados por Martin O'Neill, renascerem.

Bicampeão europeu com o Nottingham Forest como jogador e tri escocês com o Celtic nos últimos anos, O’Neill reformulou a equipe com uma receita conhecida: mesclar jovens e experientes. Mas os ingredientes selecionados têm formado um prato cheio para os olhos: um futebol leve, rápido e dono do quarto melhor ataque da Premier League.

Jogadores como Ashley Young, John Carew, James Milner e Stilian Petrov se adequaram à nova filosofia da equipe, que conseguiu manter-se fiel às suas origens graças à por demais comemorada permanência de Gareth Barry, capitão e ídolo local. O 4-4-2 do início do campeonato sofreu três derrotas e foi substituído por um interessantíssimo 4-3-2-1, invicto há onze rodadas e com sete vitórias nas últimas oito partidas.

A defesa melhorou e sofreu apenas dois gols nos últimos quatro jogos. Luke Young saiu da lateral-direita para a esquerda e Laursen passou a revezar com Knight no miolo, garantindo uma zaga menos cansada. A entrada de Cuellar na lateral-direita garantiu também um maior poder de marcação.

Recuando Petrov e Barry da linha de 4, O’Neill lançou Steve Sidwell (ex-Chelsea) e formou uma pouco usual linha de três no meio-campo, protegendo melhor a zaga e liberando Millner e Ashley Young para o apoio. Young, antes, via-se preso a funções mais defensivas, mas com a mudança passou a render muito mais: no antigo esquema, deu uma assistência; agora, já anotou mais quatro passes para gol e três gols, dois deles na vitória sobre o Everton por 3 a 2. Eleito em dezembro o melhor jogador da liga, é fundamental na dobradinha que vem garantindo os resultados.

Dobradinha completada por Gabriel Agbonlahor, rápido atacante de 23 anos que marcou nove gols até agora e recebeu convocações de Fábio Capello nos últimos amistosos. Com a contusão de Carew, Gabby abandonou de vez a antiga função de right-winger para se transformar em um CF poderoso, oportunista e “terrível de ser marcado”, como afirmou John Terry.

Terá agora a companhia de Emile Heskey, recém-contratado a pedido de O’Neill, grande fã do jogador. Na vitória sobre o Portsmouth, na última rodada, Heskey estreou e o time voltou ao 4-4-2. A nova dupla funcionou perfeitamente bem: Agbonlahor dividiu de cabeça e a bola sobrou para Heskey marcar o gol vencedor. Se o esquema mudará de novo – e se isso continuará funcionando –, há ainda mais quinze rodadas para saber. O Villa ainda recebe o Chelsea e visita Liverpool e Manchester United. Se conseguir bater seus adversários, poderá tentar repetir seu último grande feito – a Copa Européia de 1982 – e voltar a ser grande.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

S.O.S. - Salvem o Servette

Publicado originalmente na coluna Futebol Alpino, da Trivela.

O garotinho ao lado só conhece as conquistas de seu clube através de fotos, vídeos e pelas histórias de seu pai ou avô. O Servette FC, uma das maiores e mais tradicionais equipes do futebol suíço, passa pela mais grave crise de sua história centenária. Segundo maior vencedor da Super League com 17 títulos, os grenás chegaram ao fundo do poço: lutando contra o rebaixamento na segunda divisão suíça, começam a se afundar novamente em dívidas e podem ter de fechar as portas definitivamente.

O clube já vinha mal das pernas desde a última conquista nacional, na temporada 1998/99. A bancarrota veio com o francês Marc Roger, que em um ano de administração, entre 2004 e 2005, acumulou uma dívida de 16 milhões de francos suíços – o equivalente, nos dias atuais, a R$ 33 milhões. Roger foi recentemente condenado a dois anos de prisão por crimes de fraude, falsificação de documentos e administração indevida do dinheiro do clube. Como já havia cumprido 22 meses de prisão preventiva, decretada após sua tumultuada saída de Chatelaine, acabou em liberdade.

Roger havia assumido o clube com uma dívida em torno de dez milhões de francos, remanescentes da construção do Stade de Genève, uma das sedes da Eurocopa. O orçamento inicial de construção da arena era de 68 milhões, e a obra seria financiada exclusivamente pelo setor privado, que lucraria com o centro comercial e o hotel localizados no complexo. Entretanto, o custo total ficou em 148 milhões, dos quais 43 milhões foram custeados por verbas públicas, principalmente do estado e da prefeitura de Genebra.

Sob o argumento de gerir profissionalmente o dinheiro do clube, o presidente fundou a AFI, empresa que ficaria responsável pela administração financeira do Servette e do estádio. A comunidade se envolveu e doou grandes quantias para salvar o clube da falência – somente Lorenzo Sanz, ex-presidente do Real Madrid, teria desembolsado três milhões de euros. Mas o dinheiro sumiu, a dívida só aumentou e, em 2005, a falência foi decretada e o time foi automaticamente rebaixado para a terceira divisão.

Oásis ou miragem?

Quando o clube faliu, havia tantos salários atrasados que alguns jogadores até tiveram de encerrar a carreira. Os credores era até mesmo ex-atletas, como o francês Christian Karembeu, que estava no Servette quando a crise estourou. Todos os profissionais foram para outros times e uma equipe formada pelas categorias de base, em sua maioria atletas sub-21, assumiu o nome e a estrutura existentes e conseguiu o acesso à segunda divisão.

Após duas temporadas em que foi possível baixar a poeira, com campanhas regulares e sem sustos, o fantasma volta a assustar os grenás: na metade do campeonato, o time venceu apenas três jogos em quinze e está em 14º lugar, a primeira posição fora da zona de rebaixamento. Pra piorar, os lanternas FC Locarno e FC Gossau têm um jogo a menos e tudo indica uma iminente queda na classificação após a realização da partida adiada pela neve.

A última tentativa de salvar o centenário clube deu-se em setembro, quando o empresário iraniano Majid Pishyar pagou quatro milhões de francos pelo controle majoritário, tornando-se presidente em substituição a Francisco Viñas, muito elogiado pelo gerenciamento de crise que foi feito. Diretor de uma holding de 32 empresas sediada em Dubai, com atividades em diversos setores, Pishyar não foi bem recebido pela imprensa e pela torcida, que vê no milionário um aproveitador que quer apenas ganhar dinheiro, e não salvar o clube.

Promessas de investimento pesado foram feitas: “vamos gastar o necessário para atingir nossos objetivos”, afirmou o iraniano quando assumiu, deixando claro que pretende voltar à primeira divisão e, dentro do possível, controlar as finanças – o que não é o suficiente para a comunidade de Genebra, que quer o fim do problema de uma vez por todas. Os habitantes, sempre muito ligados ao clube, têm deixado de acompanhar o time e nem mesmo o governo acena com a chance de ajuda financeira, já que no passado todos foram enganados.

Com isso, o novo estádio virou um elefante branco. Com capacidade para 30 mil torcedores, a média de público não passa dos dez mil. Até hoje, só ficou lotado nas três partidas da Euro que sediou. O centro comercial anexo é rentável, mas a administração o estádio é insolvente porque os custos de manutenção são maiores que as receitas. Só em 2008, o déficit foi estimado em 2 milhões de francos suíços. Para os dirigentes da Fundação que gere o Stade de Genève, a solução para a rentabilidade é ter o Servette na primeira divisão sempre com casa cheia, alguns jogos internacionais e ainda eventos culturais.

Entretanto, a crise financeira esbarra em um problema de planejamento estratégico: no desenho da construção, a arena não foi projetada para ser multiuso em seu interior e, portanto, não pode receber eventos de outros esportes ou até mesmo shows musicais com muita freqüência. Com isso, a dívida volta a aumentar. E sem receita para contratar, o retorno à elite fica mais distante. Pishyar tem dinheiro de sobra, mas não parece tão disposto assim a investir pesado em época de crise financeira internacional. Para piorar, sua experiência anterior não ajuda em nada: assumiu anos atrás o austríaco Admira Wacker, que em sua gestão faliu e foi rebaixado.

Para uma camisa que já foi envergada por Karl-Heinz Rummenigge e Sonny Anderson, entre outros, o destino parece cruel demais. Uma última alternativa seria voltar-se novamente às divisões de base, que deram conta do recado há pouco tempo e revelaram, nos últimos anos, nomes domo Senderos e Djourou. A rica cidade de Genebra queria um estádio moderno e um clube com ambições européias. Seis anos depois da inauguração do Estádio de Genebra, ela não tem uma coisa nem outra. Quem irá salvar o Servette?

sábado, 10 de janeiro de 2009

Colunas da semana

Neste sábado, dois textos no Olheiros:

Entrevista com Leonardo Condé, técnico do Atlético-MG na Copa São Paulo, falando sobre o trabalho de base do Galinho, as expectativas para 2009 e sobre o que é mais importante: conquistar títulos ou revelar jogadores?
http://www.olheiros.net/artigo.aspx?id=947

Na coluna "Ponto futuro", a dura realidade dos meninos que sonham com um futuro melhor na Copinha, mas podem acabar vendo seus sonhos se desfazerem tão cedo na vida.
http://www.olheiros.net/artigo.aspx?id=948

A melhor cobertura da Copa São Paulo é no Olheiros!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Copa São Paulo é no Olheiros!


Um torneio com 88 equipes de todo o país sugere dificuldades, mas o Olheiros mobilizou os seus colaboradores para trazer, pelo segundo ano consecutivo, as melhores e mais precisas informações sobre cada um dos aspirantes ao título da Copa São Paulo de Juniores de 2009.

Chegando à sua 40ª edição, a Copinha segue mobilizando todo o futebol brasileiro em janeiro e revelando grandes talentos, sua grande característica. Assim, o Olheiros dá o grande passo de uma cobertura que será enorme – antes, durante e depois da competição –, com boletins diários, especiais, colunas, previews, reviews, blog e o que mais pintar. Para acompanhar tudo sobre isso e até a cobertura da edição passada, basta acessar o
Olheiros!