segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O fim das peneiras?*


Publicado originalmente no Olheiros.

Imagine a seguinte cena: ao olhar para uma arquibancada cheia de ansiosos garotos esperando pelo início da “peneira”, o observador, em vez de dividi-los em times e mandar todos para o gramado, pergunta quem tem em mãos um currículo, portfólio ou ainda carta de apresentação. Parece estranho, mas é uma das propostas do professor Alcides Scaglia, mestre em pedagogia do esporte, coordenador pedagógico do Paulínia Futebol Clube, clube emergente do interior de São Paulo, e pró-reitor acadêmico da Universidade do Futebol.

Co-autor do livro “Educação como prática corporal”, Scaglia defende o fim das peneiras como as conhecemos, substituindo os simples “todos contra todos” de quinze minutos por processos mais contínuos de avaliação, buscando detectar atletas potencialmente inteligentes e não apenas garotos extremamente habilidosos. Dessa forma seria possível, afirma, acabar finalmente com a tese de que jogador bom já nasce com o dom para o futebol, o popular talento nato.

A ideia por trás da proposta é oferecer mais oportunidades para que o menino, às vezes nervoso naquele momento, mostre seu potencial. Como exemplo famoso de vítima das peneiras temos Kaká, mais de uma vez criticado na base por seu porte físico franzino. Nesse verdadeiro processo seletivo, são avaliados outros critérios além da pura habilidade com a bola no pé: a capacidade de organizar o jogo, de adaptar-se a mudanças rápidas (tomada de decisão e reações imediatas), a concentração, atenção, controle emocional e até mesmo comunicação não verbal, o chamado entrosamento.

À primeira vista, podem parecer exigências demais para meninos de quinze, doze, às vezes até dez anos. Afinal, se alguns garotos não possuem porte físico ou habilidade destacada tão jovens, também podem não possuir aspectos tão cognitivos do jogo desenvolvidos em tão pouca idade. Mas Scaglia lembra que cada faixa etária possui seu nível de exigência. “É preciso ter por referências a idade dos jogadores, pois é dela que dependerá a seleção dos jogos e os objetivos mais específicos exigidos em cada uma das etapas do processo de especialização”, afirma.

Segundo ele, o maior empecilho para a aplicação deste novo sistema não é, como se poderia pensar, a infraestrutura precária de clubes menores ou das peneiras realizadas no interior dos estados – mais ou menos a mesma justificativa que a FIFA usa para vetar as novidades tecnológicas no esporte. “Este método pode ser aplicado em qualquer lugar, pois depende mais do conhecimento pedagógico do que da estrutura em si”, explica.

O problema, diz Scaglia, é a grande presença de ex-jogadores de futebol, sem formação técnica ou acadêmica alguma, nas divisões de base dos clubes. “Vejo isto com muitos problemas. Entendo que um ex-jogador até poderia estar no profissional ou mesmo nos juniores, causando menos estragos, pois os jogadores já estão "formados", mas não abaixo disso. Muito menos nas escolinhas de iniciação, onde o estrago seria muito maior, e em muitos casos irreparável”, diz.

Para selecionar e formar, então, é preciso primeiro estar formado, informado e atualizado. Colocar em prática um método como este é um desafio quase intangível, grande parte pela insistência dos clubes em manter o sistema considerado eficiente, mas também devido à escassez de profissionais realmente preparados para trabalhar com a base da maneira que os garotos merecem e precisam.

Mas se a cobrança por resultados e a exigência pela perfeição dos jogadores aumentam a cada dia, por que não subir a barra também na fonte, garantindo menos foguetes molhados no futuro? Questão de custo-benefício, inteligência e atualização.

Para ler o artigo completo de Alcides Scaglia, clique aqui

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A bola da Copa?

Pois é, voltamos. Depois de um longo e tenebroso verão, mas voltamos - não sabemos se, ainda, definitivamente.

Acontece que estamos há uma semana do sorteio dos grupos da Copa e também do lançamento oficial da bola da Copa de 2010. A Adidas, fornecedora oficial de material esportivo, faz mistério e abre seção especial no site com a contagem regressiva:



Entretanto, dá pra ter uma ideia de como será a bola. Conhecendo as estratégias dos fornecedores de material esportivo, sabemos que tudo é uma questão de PADRÃO. Os uniformes, por exemplo, possuem diferenças, mas todos seguem um padrão parecido, seja nos detalhes, seja nos próprios layouts, ou ofamoso template.

Percebe-se, então, que a bola da vez é um triângulo de cantos arrendodados, presente em todo lugar no site da bola:
Veja, também, que o triângulo aparece no desenho da bola utilizada na Uefa Champions League desse ano:


Mas a bola da UCL ainda é a Teamgeist, a dos 14 gomos lançada para a Copa de 2006. Além do desenho e das cores, que já se prometeu que seriam branco, preto e amarelo, a Adidas deve mudar novamente a ESTRUTURA da bola.

Sabendo disso, prestemos atenção nas chamadas dos uniformes das seleções que estarão na Copa:

Reparou? Não? Tente de novo, agora com mais zoom:


Parece uma bola diferente, não é? E deve ser mesmo: a bola da Copa. Veja uma simulação bem grosseira, feita apenas para ilustrar como deve ficar:

Quanto ao nome, é difícil chutar. Mas como a chamada do site fala em "celebrar", podemos traduzir o termo "celebrate", em inglês, para algumas das línguas oficiais do pais:

Em Southern Sotho, língua utilizada na bola Kopanya, ficaria "keteka".
Em Zulu, "gubha".
Em Xhosa, "ukubhiyoza".
Em Northern Sotho, "tuma".

De todas, preferi keteka.

Mas é claro, tudo isso é uma suposição.

Veremos na sexta-feira o quanto acertamos.

E você, o que acha?