terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ranking Olheiros - Dezembro 2010

Campeão brasileiro sub-20, Cruzeiro é maior pontuador do ano e diminui vantagem do Inter

Publicado no Olheiros.net

A conquista do bicampeonato do Brasileiro Sub-20 fez o Cruzeiro diminuir a vantagem do líder Internacional e se consolidar na segunda posição do Ranking Olheiros das categorias de base. Na última e mais completa atualização do ano, o tradicional ranking só não teve uma redução maior na margem colorada devido ao título conquistado pelo Inter na Copa Sub-23, uma das novidades desta edição, que conta também com doze campeonatos estaduais, a inclusão da SC Cup Sub-16 e mudanças profundas no Top 10.


>>> Veja como está o Ranking após a nova atualização




Cruzeiro: o melhor de 2010

Com o encerramento de todas as competições nacionais de base no ano, é possível contabilizar também os maiores pontuadores de 2010. Neste quesito, o Cruzeiro sai como o grande vencedor do ano, somando 173 pontos no total graças às conquistas do Brasileiro Sub-20, da Copa Promissão e da Dallas Cup, além do vice-campeonato mineiro júnior e das boas campanhas na Copa São Paulo e na Taça Belo Horizonte. A Raposa foi a única equipe, além do Palmeiras, a pontuar nas três principais competições de base do ano (Copa SP, Taça BH e Brasileiro Sub-20).

Vendo sua vantagem ligeiramente diminuída (de 145 para 126 pontos), o Internacional continua alcançando ótimos resultados. Em 2010, foram mais 130 pontos somados, graças aos títulos na Copa Sub-23, Copa Brasil Sub-17 e Copa Santiago.

Em seguida, uma dupla alviverde que se recuperou e deu o que falar: Coritiba (108) e Palmeiras (107) acumularam diversos resultados expressivos e entraram de vez no Top 10. O Coxa foi campeão da Taça BH e vice estadual, enquanto o Verdão ficou com o vice do Brasileiro Sub-20 e do Paulista Sub-20, além de ter caído nas semifinais da Copa São Paulo. Vasco, Vitória (ambos com 95), Grêmio (91), Juventude (90), Corinthians (87) e Atlético-MG (75) fecham a lista dos dez maiores pontuadores no ano.

Vale lembrar que os pontos consideram apenas os que foram acumulados em 2010, e não os de anos anteriores, que sofreram depreciação em virtude de novas edições realizadas.

Mudanças no Top 10

Com tantas competições acontecendo no fechamento do ano, era esperado que houvesse uma movimentação intensa de posições no Top 10 do Ranking Olheiros das categorias de base, o que acabou se comprovando: nada de novo nos quatro primeiros, mas a partir daí as novidades são muitas. Com a conquista do estadual júnior e as idas à semifinal da Copa Sub-23 e às quartas do Brasileiro Sub-20, o Atlético-MG voltou à quinta colocação, ultrapassando o Fluminense que ficou para trás: o tricolor teve um ano ruim nas principais categorias e caiu para o oitavo lugar.

Quem se aproveitou disso foi o Corinthians, vice-campeão da Copa Sub-23, que também subiu uma posição. O Vitória, que aparecia em novo, chegou ao sétimo lugar graças à boa campanha no Brasileiro Sub-20. O Coritiba permaneceu na décima colocação, mas o Palmeiras aparece como o novo integrante da lista, chegando à nona colocação. Foram 49 pontos acumulados desde a última atualização, em setembro.

Por outro lado, quem mais perdeu com a atualização foi o Santos, que teve depreciados os pontos do título paulista sub-20 do ano passado. Apesar do vice da Copa São Paulo, o Peixe foi mal na Taça BH, no Brasileiro Sub-20 e na Copa Sub-23, caindo sete posições e perdendo espaço.

Novidades: Copa Sub-23 e SC Cup Sub-16

Mais duas competições se juntam ao Ranking Olheiros das categorias de base a partir desta atualização de dezembro. A recém-inaugurada Copa Sub-23 já é incluída em sua primeira edição, dada a relevância dos clubes participantes e a renovação da atenção dada pelos clubes à categoria, até pouco tempo esquecida, e a SC Cup Sub-16, disputada desde 1998, entra no Ranking por ser uma das principais competições da categoria no país.

Quem mais lucrou com essas inclusões foi o Inter, campeão da Copa Sub-23 e semifinalista da SC Cup. O Colorado também somou pontos pelo vice do ano passado no torneio sub-16, que tem as pontuações desde 2008 computadas para o geral. Grêmio, campeão deste ano, e Atlético-PR, duas vezes semifinalista, também acresceram pontos preciosos. Corinthians, Atlético-MG e Vasco, outros semifinalistas da Copa Sub-23, não pontuaram na SC.

Estaduais: estreantes e sobe e desce

Como acontece em todas as atualizações, os campeonatos estaduais são a principal fonte de novidades e mudanças no Ranking Olheiros das categorias de base. O encerramento de nada menos que doze deles (quase a metade de todo o país) promove muitas alterações. A maior delas foi a escalada da Ponte Preta, que graças à boa participação no Paulista Sub-20, em que parou nas semifinais, somou 20 pontos, galgou incríveis 74 postos e chegou ao 47º lugar.

Quem também subiu bem graças ao Paulista foi a Portuguesa, campeã de 2010, que somou 40 pontos e subiu 22 posições, ficando exatamente em 22ª. Outros a subirem bastante graças aos estaduais foram o Joinville (terceiro colocado no Catarinense Junior, 20 pontos, 34 posições até o 41º lugar) e o Botafogo-PB (campeão paraibano junior, 20 pontos, 37 posições até o 57º lugar).

Por outro lado, houve quem não repetiu em 2010 os feitos recentes e acabou ultrapassado. Além de alguns clubes que deixaram de figurar no Ranking por não pontuarem desde 2007 (ano a partir do qual os pontos são zerados), outros caíram vertiginosamente, como o Marília, do Maranhão, que perdeu os pontos do título maranhense de 2007, ficou com apenas 7 no total e despencou 54 posições, aparecendo em 112º lugar. Também caíram bastante Paraná Clube (35 posições, até o 67º lugar), Piauí (35 posições, até o 112º lugar) e Engenheiro Beltrão-PR (19 posições, até o 65º lugar).

Os estaduais proporcionaram ainda dez estreias no Ranking: os campeões Izabelense (PA), Guarany (PB), Buriti (TO), Fluminense (PI), Ji-Paraná (RO), Juventude (MA), Roraima (RR) e Sete de Setembro (MS), além de Cascavel, semifinalista no Paranaense Junior, e Contagem, quarto colocado no Mineiro da categoria.

Sempre vale o lembrete: trata-se de um levantamento estatístico realizado para analisar exclusivamente o desempenho recente dos clubes nas principais competições amadoras do país, sem a pretensão de avaliar qual tem de fato a melhor infraestrutura ou capacidade de revelar talentos em sua base. Ainda assim, acreditamos que o Ranking fornece um panorama bastante preciso da realidade sub-15 a sub-20 no Brasil.

Para outras explicações, como o critério utilizado para chegarmos ao resultado final e a relação completa dos pontos acumulados por equipe a cada competição, visite nossas páginas adicionais do Ranking.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Filho da globalização

Atuando na França, filho de ídolo camaronês pode defender seleção sub-17 mexicana

Milão, 8 de junho de 1990. Numa das maiores zebras da história das Copas, a ainda pouquíssimo conhecida seleção de Camarões chocava o mundo ao derrotar a Argentina de Maradona no jogo de abertura. O gol da vitória foi marcado por François Oman-Biyik, então atacante do Stade Lavallois, da França. Vinte anos depois, a família Omam-Biyik, originária do subúrbio de Yaoundé, capital camaronesa, volta ao noticiário.

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Isto porque o filho de François, Emilio Omam-Biyik, pode defender a seleção mexicana no Mundial Sub-17 que acontece no país, em junho do ano que vem, mesmo sem ter jamais chutado uma bola naqueles gramados. Mas o que tem a ver com o México o filho de um ex-jogador camaronês que passou a maior parte da carreira em clubes franceses? Para a alegria dos amantes do futebol globalizado, tudo. Emílio nasceu na Cidade do México em 12 de março de 1995, quando seu pai defendia o América - ficou por lá de 1994 a 1997, antes de defender o Atlético Yucatán e o Puebla.

Mexicano de nascimento, o garoto tem a cidadania camaronesa da família e também a francesa, afinal foi para lá que seguiu com o pai quando François encerrou a carreira no Châteauroux, em 2000. E foi exatamente no clube da segunda divisão francesa que o menino de quinze anos começou a seguir a carreira e o exemplo do pai.

O interesse em contar com o jogador para o mundial que sediará em junho foi manifestado pelo técnico da seleção sub-17, Raúl Gutiérrez, em novembro. “É um garoto que temos acompanhado e obviamente precisa ser considerado, porque é mexicano. Já conversamos com seu pai, sabemos que existe a possibilidade de atuar pela nossa seleção, então daremos prosseguimento para ver o que acontece”, disse.

De fato, Emilio não descartou defender a equipe mexicana, mas também afirmou que poderia vestir a camisa francesa ou a camaronesa. “Não sei por qual gostaria de jogar, porque gosto das três. Gosto do México porque foi onde nasci, da França porque tem um futebol de bom nível e de Camarões porque é o país de meus pais. Mas ainda nenhuma seleção me chamou”, disse, em francês, durante entrevista ao portal mexicano Mediotempo – por ter se mudado aos quatro anos, não fala o idioma espanhol.

De excelente porte físico (mede 1,88m aos 15 anos de idade, um monstro perto de seus companheiros), o segundo Omam-Biyik da linhagem possui ótima velocidade e facilidade para finalizações, principalmente de cabeça, puxando o pai. Entretanto, joga um pouco mais recuado, no meio-campo. Até por isso, costuma ele mesmo se comparar a Abou Diaby, do Arsenal.

Contudo, a convocação para a seleção mexicana pode não passar de rumores. A renúncia de Nestor de La Torre da Comissão de Seleções da Federação Mexicana, e a chegada de José Manuel de la Torre (que não é irmão do primeiro) à seleção principal provocou uma onda de incerteza entre os treinadores das seleções de base sobre a continuação de seus trabalhos. Desta forma, caso Gutiérrez seja sacado, o processo de convocação possa ser abortado.

Mas certamente Emílio aguarda também alguma manifestação da federação francesa, cuja equipe sub-17 disputa as eliminatórias europeias para o Mundial. Caso decida-se em breve por uma das três seleções, já se sabe ao menos que não poderá defender no Mundial a mesma camisa camaronesa que seu pai envergou, uma vez que os leõezinhos indomáveis já foram eliminados da classificatória africana. De qualquer forma, Emílio não se diz preocupado com isto no momento. Enquanto sabe que tem o interesse ao menos da seleção mexicana, se diz focado no trabalho nas bases do Châteauroux. E é o que deve fazer, para que possa ser convocado sim por seu futebol, e não por seu sobrenome.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

E se o Brasileirão 2010 fosse decidido no mata-mata?

Como seria? Confira: repetimos a brincadeira feita nos últimos anos e simulamos os jogos entre os oito primeiros colocados. A regra é simples: pega-se a classificação final do campeonato e arranja-se os oito primeiros na chave, da mesma forma que acontecia até 2002: 1º x 8º, 2º x 7º e assim por diante. Para sabermos os resultados, basta pegar os placares do primeiro e do segundo turno. Em caso de empate, prevalece a melhor campanha.

Quartas de final

Fluminense (1º) x Santos (8º)

Santos 0x1 Fluminense
Fluminense 0x3 Santos

O primeiro confronto já resulta em uma baita surpresa. Campeão nos pontos corridos com a melhor defesa e menor número de derrotas, o Fluminense seria eliminado pelo oitavo colocado Santos já de cara. Com grande campanha na primeira fase e jogando por dois resultados iguais, o Flu parecia virtualmente classificado ao vencer por 1 a 0 em plena Vila Belmiro, graças ao gol de Alan. Mas, em noite inspirada de Zé Eduardo, que marcou três, o Peixe venceu em pleno Engenhão e repetia o feito de 2002, quando eliminou o São Paulo nas quartas de final após se classificar em oitavo.

Cruzeiro (2º) x Internacional (7º)

Internacional 1x2 Cruzeiro
Cruzeiro 1x0 Internacional

Focado na disputa da Libertadores e do Mundial de Clubes, o Inter daria-se ao luxo de mandar um time misto para a partida de ida no Beira Rio, acabando derrotado por 2 a 1, com gols de Kleber, que depois acabaria indo para o Palmeiras. Podendo até perder por um gol de diferença, a Raposa administraria a vantagem no jogo de volta, vencendo por 1 a 0, gol de Éverton.

Corinthians (3º) x Botafogo (6º)

Botafogo 2x2 Corinthians
Corinthians 1x1 Botafogo

Na busca pelo título nacional no ano do centenário, o Corinthians contaria com a estrela de Bruno César e com uma pitada de sorte para passar pelo Botafogo. Na primeira partida, no Engenhão, o camisa 10 corintiano abrira o placar, mas a equipe sofreria a virada no segundo tempo, graças a Renato Cajá e Lúcio Flávio. O empate viria no último lance, numa jogada improvável: escanteio de Defederico, cabeçada de Paulo André. Na volta, Pacaembu lotado para testenhumar a classificação, que aconteceria mesmo com um empate. A festa parecia garantida com o golaço de Bruno César logo a três minutos, mas graças ao gol de cabeça de Loco Abreu, aos 26, o jogo ganhou contornos dramáticos. O Corinthians foi para cima tentando assegurar a vantagem, mas o Botafogo se fechava na retranca e apostava nos contra ataques. Ao final, classificação suada, no melhor estilo corintiano.

Grêmio (4º) x Atlético-PR (5º)

Atlético-PR 1x1 Grêmio
Grêmio 3x1 Atlético-PR

Duas equipes que terminaram a etapa de pontos corridos em grande fase, Atlético-PR e Grêmio protagonizaram dois jogos distintos. Na Arena da Baixada, cada equipe dominou um tempo e o empate foi consequência natural: 1 a 1, com gols de Maikon Leite e Vilson. Na volta, o Grêmio, empurrado pela torcida, nem precisou dos gols do artilheiro Jonas para vencer por 3 a 1 numa partida nervosa, com pênaltis para os dois lados. Neuton abriria o placar, mas Paulo Baier empataria logo em seguida, de pênalti, para desespero da torcida gremista. No segundo tempo, entretanto, Douglas e Diego concretizariam a classificação às semifinais.

Semifinais

Grêmio (4º) x Santos (8º)

Grêmio 1x2 Santos
Santos 0x0 Grêmio

O Santos continuaria surpreendendo a todos ao eliminar o Grêmio com uma vitória em pleno estádio Olímpico. Liderado por Neymar, que marcou um gol e perdeu pênalti, o Peixe venceria por 2 a 1 graças a um gol de Rodriguinho aos 48 do segundo tempo. Até então herói da campanha, Jonas tornaria-se vilão com a expulsão no jogo de volta, minando as chances de virada gremista, que por causa da atuação de Victor não deixou a Vila Belmiro com uma goleada.

Cruzeiro (2º) x Corinthians (3º)

Cruzeiro 1x0 Corinthians
Corinthians 1x0 Cruzeiro

Muita polêmica, reclamações dos dois lados, protestos contra a arbitragem e cruel eliminação corintiana. A semifinal teve emoção do início ao fim: em Uberlândia, a Raposa abriria o placar logo aos três minutos, com um chute de Montillo que Júlio Céar não alcançaria. Três minutos depois, pênalti polêmico marcado para o Corinthians, mas Fábio defenderia a cobrança de Bruno César. No segundo tempo, foi a vez dos corintianos reclamarem suposto pênalti não marcado no meia. No jogo de volta, com Ronaldo em campo e a Fiel lotando o Pacaembu, o Cruzeiro surpreendeu no início jogando no ataque, ao contrário do que se imaginava, pela vantagem de poder até mesmo perder por um gol de diferença. A partida seguiu nervosa, com as duas equipes criando chances, até que aos 43 minutos do segundo tempo o árbitro Sandro Meira Ricci, curiosamente o mesmo do jogo de ida, marcou pênalti de Gil em Ronaldo, para desespero de Cuca. O Fenômeno converteu a cobrança, mas era tarde demais. O Cruzeiro faria a final contra o Santos.

A decisão

Cruzeiro (2º) x Santos (8º)

Cruzeiro 0x0 Santos
Santos 4x1 Cruzeiro

A final envolvia os dois primeiros campeões da era dos pontos corridos, e teria duas partidas bastante distintas: no Mineirão, mesmo jogando em casa, o Cruzeiro seria bombardeado pelo ataque santista, o melhor da temporada, tendo de se esforçar para segurar o empate. Na Vila, entretanto, a tática não daria resultado e a vantagem da melhor campanha seria pulverizada. Com um segundo tempo perfeito, o Santos marcaria quatro gols com Edu Dracena, Alex Sandro, Marcel e Neymar, coroando um ano perfeito e conquistando a tríplice coroa, feito alcançado até então somente pelo Cruzeiro. Festa para Neymar, o melhor do Brasil em 2010.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Análise: Brasileirão 100%


Liderado por Conca, Fluminense conquista seu segundo título brasileiro

Ataques ganham jogos, mas defesas conquistam campeonatos. Uma das máximas do futebol provou-se verdadeira novamente nos pontos corridos do Brasileirão em 2010. Pela terceira vez nos últimos três anos, o time da defesa menos vazada sagrou-se campeão brasileiro, em um ano marcado pela baixa média de gols e indefinição do campeão até os últimos instantes. Mais do que isso, a marca do Brasileiro 2010, o oitavo por pontos corridos, foi a da irregularidade das equipes e a definição clara, bem antes do que em outros anos, do que cada time buscava no campeonato: a divisão bem demarcada de forças, consequência de repetidas temporadas sob este regulamento, começa a mostrar sua cara.

Sprint final: Flu e Cruzeiro fazem sua parte, Corinthians bobeia

De nossa última análise, passaram-se três rodadas que viram, no transcorrer delas, muitas alterações de posições na ponta. Durante determinados momentos dos jogos, a liderança passava de mão como um bastão de revezamento 4 x 100m. Mas no sprint final, Fluminense e Cruzeiro foram superiores e deixaram o Corinthians com o bronze.

Flu e Cruzeiro tiveram três rodadas finais perfeitas, somando nove pontos. Enfrentando fora de casa dois rivais do Corinthians, o tricolor carioca teve novamente grandes atuações de Darío Conca, craque do campeonato, para chegar ao seu segundo título nacional, após 26 anos.

Com uma tabela teoricamente mais complicada, o Cruzeiro venceu bem o Vasco em casa e saiu ganhador da partida mais difícil, contra um Flamengo que ainda lutava para fugir do rebaixamento. Duas viradas seguidas sobre Fla e Palmeiras, entretanto, garantiram à Raposa de Cuca o vice-campeonato e a passagem direta à fase final da Libertadores.

O Corinthians, por sua vez, continuou mostrando as dificuldades de jogar bem fora de casa, e perdeu a liderança em um empate com o Vitória, em Salvador. O triunfo fácil sobre o Vasco no Pacaembu manteve acesas as esperanças, mas graças a uma falha de Júlio César, que vinha crescendo de produção na reta final, o duelo no Serra Dourada terminou apenas empatado. Se serve de consolo, nem mesmo a vitória adiantaria, já que o Flu fez a parte dele.

Libertadores: Grêmio seca o Goiás

Quem também somou 100% de aproveitamento nas últimas três rodadas foi o Grêmio, com vitórias contundentes sobre Atlético-PR, Guarani e Botafogo. Vencendo dois confrontos diretos na briga pela quarta vaga à Libertadores, o tricolor chegou aos 43 pontos no segundo turno, alcançando a melhor campanha de uma equipe em um turno do Brasileirão: 75,43% de aproveitamento, deixando a 16ª posição ao final da 19ª rodada
para terminar no quarto posto.

O Grêmio terminou ainda o campeonato com o melhor ataque (67 gols), igualando sua marca do ano passado e ultrapassando Fluminense, Corinthians e Santos na reta final, em que marcou nove gols em três jogos - os 23 gols de Jonas, artilheiro com mais gols desde Washington e seus 34 em 2002, certamente ajudaram e muito. Entretanto, de nada adiantará o esforço se o Goiás conquistar a Sul-Americana na quarta-feira, por isso o suspense permanece.

Turma do meio: coadjuvantes

Foram raras as vezes nos últimos anos em que tão pouco esteve em jogo na última rodada. Com três rebaixados já conhecidos - e o último saindo de um confronto direto - e a briga à Libertadores reduzida também a um confronto direto, 13 dos 20 times chegaram à rodada 38 apenas para cumprir tabela. Já classificados para o torneio continental em 2011, Santos e Internacional aproveitaram as rodadas finais para fazer testes visando a próxima temporada ou mesmo os ajustes finais para o Mundial Interclubes. Para são-paulinos e palmeirenses, ao menos a graça foi torcer para seus times perderem para o Fluminense e estragar o centenário corintiano.

O desempenho da turma do meião nas rodadas finais mostra bem a irregularidade das equipes ao longo do ano: a média de pontos da turma (que vai, na classificação final, desde o Inter, 7º, ao Avaí, 15º) foi de 4,5 de nove disputados, exatamente 50%. A maioria dos times manteve a posição de três rodadas atrás, com exceção de Avaí, que conseguiu escapar do rebaixamento com uma rodada de antecedência graças a uma virada sobre o Santos na Ressacada, e o Atlético-MG, que encerrou a corrida pela recuperação, impulsionado por Dorival Júnior, para beliscar ainda uma vaga na Sul-Americana. E não será só o Grêmio a torcer contra o Goiás: o Flamengo também, torcendo para que o Grêmio pegue a vaga na Libertadores e sobre para ele, Fla, a última vaguinha da Sul-Americana.

Rebaixamento: recuperações e surpresa

Foi a luta contra o rebaixamento mais sem graça dos últimos anos, não apenas por não envolver times grandes, mas também porque Grêmio Prudente, Goiás e Guarani já terem chegado à última rodada enforcados. A emoção foi grande, sim, no Barradão, onde o surpreendente Atlético-GO, lanterna por onze rodadas e que havia arrancado na reta final com vitórias importantes como a conquistada sobre o Corinthians em pleno Pacaembu, segurou o ataque do Vitória po 90 minutos para se manter na primeira divisão. Tristeza rubro-negra, alegria tricolor, já que o Bahia será o representante do estado em 2010 na Série A.

Destaques: Darío Conca (meia, Fluminense), Jonas (atacante, Grêmio) e Henrique (volante, Cruzeiro)

Perebas: Júlio César (goleiro, Corinthians), Jefferson (goleiro, Botafogo), ataque do Vitória

Brasileirão 2010 - 38ª rodada: números finais

Melhor ataque
2010: Grêmio (67)
2009: Grêmio (67)
2008: Flamengo (67)
2007: Cruzeiro (73)
2006: São Paulo (66)

Melhor defesa
2010: Fluminense (36)
2009: São Paulo (42)
2008: Grêmio (35)
2007: São Paulo (19)
2006: São Paulo (32)

Pior ataque
2010: Guarani (33)
2009: Atlético-PR (42)
2008: Ipatinga (37)
2007: América-RN (24)
2006: São Caetano (37)

Pior defesa
2010: Goiás (68)
2009: Náutico, Sport (71)
2008: Figueirense (73)
2007: América-RN (80)
2006: Santa Cruz (76)

Gols e média
2010: 978 (2,57 gols por jogo)
2009: 1094 (2,87)
2008: 1035 (2,72)
2007: 1056 (2,77)
2006: 1030 (2,71)

Artilheiros
2010: Jonas (Grêmio) - 23 gols
2009: Adriano (Flamengo) e Diego Tardelli (Atlético-MG) - 19 gols
2008: Kléber Pereira (Santos), Kerrison (Coritiba) e Washington (Fluminense) - 21 gols
2007: Josiel (Paraná) - 20 gols
2006: Souza (Goiás) - 17 gols

Séries

Série de vitórias atual: Cruzeiro, Fluminense e Grêmio (3)
Série invicta atual: Corinthians e Fluminense (9)
Série de derrotas atual: Palmeiras (4)
Série sem vencer: Ceará, Goiás (7)

Maior série de vitórias do campeonato: Botafogo - 5 (da 12ª à 16ª rodada)
Maior série invicta do campeonato: Fluminense - 17 (da 4ª à 18ª rodada)
Maior série de derrotas: Goiás - 6 (da 14ª à 19ª rodada)
Maior série sem vencer: Goiás - 12 (da 8ª à 19ª rodada)

sábado, 4 de dezembro de 2010

Petrodólares compram talento?

Sedes de 18 e 22, Rússia e Catar precisam reverter histórico ruim em competições de base

A FIFA chocou o mundo ao dar suas Copas de 2018 e 2022 para Rússia e Catar. Ampliando o discurso de levar o Mundial a lugares antes não contemplados – ou novos mercados, como são África do Sul, Brasil e os dois escolhidos dessa semana –, a entidade máxima do futebol deixou muita gente de nariz torcido por não conceder a organização dos torneios a centros mais tradicionais, como Inglaterra ou Espanha. Donos dos maiores orçamentos entre os candidatos, russos e catares prometem torneios de modernos e belos estádios, o verdadeiro futebol do futuro. Entretanto, qual será o futuro do futebol das duas próximas sedes da Copa do Mundo?

Publicado no Olheiros

A oito anos do seu Mundial, a Rússia já pode olhar para suas seleções de base e imaginar quem poderá estar em campo defendendo seu país. Se Andrei Arshavin, astro da candidatura, foi bastante político ao dizer que pretende, aos 37 anos, capitanear sua equipe, há companheiros dele que podem, sim, pisar no Luzhiniki Stadium no dia 8 de junho de 2018 para a provável partida de abertura do 21º Mundial.

Um deles é Alan Dzagoev, meia titular do CSKA Moscou que, aos 20 anos, já é recorrente na seleção desde os 18. Se repetir o que fez nas bases e em seus primeiros anos como profissional, terá tudo para, aos 28, ser a principal estrela dos donos da casa. Seu companheiro de clube, Georgi Schennikov, tem tudo para ser o lateral esquerdo daquela equipe: estreou no time de cima aos 17 e, aos 19, é titular da seleção sub-21.

Sub-21 que, se pensarmos num prazo de oito anos, poderá ser responsável por fornecer a maior parte do pé de obra. O elenco, formado de maneira bastante heterogênea, sem predomínio da base de nenhum clube, não conseguiu se classificar para a fase final do Europeu, a ser disputado na Dinamarca em 2011. Consequentemente, esta geração, que já não participou de Mundial Sub-20, também não disputará uma Olimpíada.

A participação nos principais campeonatos internacionais, aliás, tem sido rara na base russa. A última participação no Sub-20 foi em 1995, curiosamente no Catar, e o melhor resultado foi um título na primeira edição, em 1977, ainda como União Soviética. A separação fez mal à Rússia, que desde então só participou em 95 mesmo. No Mundial Sub-17, situação ainda pior: depois do título conquistado ainda como seleção soviética, em 1987, os garotos russos não voltaram ao torneio.

No cenário continental, a cena se repete. No Sub-21 e Sub-19, títulos apenas na época da União Soviética. Conquista russa, mesmo, apenas no Sub-17 de 2006, curiosamente com essa mesma geração que agora falhou em se classificar ao Sub-21. Nomes como Aleksandr Sapeta, Anton Vlasov, Aleksandr Prudnikov e Dmitri Ryzhov se destacaram aos 17 anos, mas já não mantiveram o desempenho cinco anos depois. Finalmente, as atuais seleções sub-17 e sub-19 (que também não conseguiu se classificar para os últimos europeus da categoria) têm dois nomes de destaque: Igor Kireyev e Alexsandr Kozlov, respectivamente meia e atacante do Spartak. Para uma seleção que, de tradicional na época da União Soviética passou a participante esporádica em Copas (esteve apenas em 1994 e 2002), ainda é muito pouco.

Catar: dinheiro compra tudo?

A escolha do Catar como sede para 2022 foi ainda mais criticada especialmente pela falta de tradição futebolística do país. De fato, dentre tantos representantes do Oriente Médio, o Catar é o que tem o futebol mais modesto: enquanto Arábia Saudita, Kuwait, Irã, Iraque e Emirados Árabes já participaram de Copas e o Bahrein bateu na trave nas últimas duas eliminatórias, o mais longe que os catares chegaram foi a fase final em diversas oportunidades, inclusive para 2010, mas jamais pontuando próximo de sequer sonhar com a repescagem.

O país tenta, sem sucesso, chegar à Copa do Mundo desde 1978, e poderá acabar fazendo sua estreia somente quando for sede. Na Copa das Nações Asiáticas, o melhor desempenho foi em 2000, quando chegou às quartas de final. Para a edição de 2011, a participação está garantida, pois será sede.

Na base, o país sediou o Mundial Sub-20 de 1995, conquistado pela Argentina de Sorín sobre o Brasil de Caio e Zé Elias. Os anfitriões não passaram da primeira fase, caindo curiosamente no grupo de Brasil e Rússia. Ainda assim, os catares protagonizaram uma das maiores zebras da história do torneio, ao chegarem à decisão contra a Alemanha, dirigidos por Evaristo de Macedo. A evolução não foi percebida, entretanto, e a última participação foi mesmo quando sede.

No sub-17, a equipe campeã asiática de 1990 chegou às semifinais do Mundial no ano seguinte, na Itália. Em 1999, os vice-campeões continentais caíram nas quartas de final do Mundial realizado na Nova Zelândia, e a última participação ocorreu em 2005, no Peru, em que o time ficou na última colocação. Daquela equipe pouco foi aproveitado, tanto que o atual capitão da seleção, o atacante Yusef Ahmed, tem os mesmos 22 anos dos remanescentes da campanha e, à época, não era convocado. Internacional catar mais experiente, terá 36 anos em 2022.

O sub-17 atual sequer passou da primeira fase das eliminatórias do asiático da categoria, ficando atrás de Síria, Iraque e Iêmen. Difícil vislumbrar algo para daqui a doze anos, mas uma federação que literalmente recruta estrangeiros para se naturalizarem – o brasileiro Fábio Montezine, revelado pelo São Paulo, aceitou o desafio –, precisa rever seus conceitos de investimento na base se não quiser se juntar à África do Sul como únicos anfitriões eliminados na primeira fase de um Mundial.

Por mais que tenham petrodólares sobrando para investirem em estádios, infraestrutura e suntuosos orçamentos para sediar a Copa, russos e catares não podem esquecer que é necessário também investir na base. E que o futebol é muito mais que o dinheiro que movimenta.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Oferecendo mala branca, Corinthians esquece participação em rebaixamentos do Guarani



Um milhão, dois milhões de reais, acordo para empréstimo de jogadores em 2011. Independente do valor ou do que for combinado, o incentivo corintiano chegará a Campinas para que o Guarani, já rebaixado, dificulte ao máximo a vida do Fluminense na última rodada do campeonato brasileiro.

Entretanto, o que muitos bugrinos não lembram e a maioria dos corintianos quer esquecer para que a oferta seja aceita é que o Corinthians teve participação importante em dois rebaixamentos recentes do Guarani.

Em 2006, o campeonato paulista era disputado em turno único, com pontos corridos. A três rodadas do fim, o Corinthians já estava longe da briga pelo título e apenas cumpria tabela, focado na Libertadores – ocupava a sexta colocação, dez pontos atrás do líder e futuro campeão Santos. O Guarani, por sua vez, agonizava na 16ª posição, brigando ponto a ponto com a Portuguesa Santista para escapar da degola. Caso vencesse, ficaria muito próximo da permanência. O jogo no Pacaembu teve um Corinthians misto, mas mesmo assim por pouco o Timão não venceu: Goeber marcou o gol do empate bugrino aos 47 do segundo tempo. A partida terminou 2 a 2 e, com os dois pontos a mais dessa vitória que não veio, o Guarani teria escapado (veja no vídeo abaixo).



A situação foi semelhante em 2009, em que ambos se enfrentaram também a três rodadas do fim. O empate sem gols no Brinco de Ouro praticamente sacramentou a sexta queda bugrina em oito anos, já que o time precisava vencer as três partidas restantes – acabou perdendo para Mirassol e Bragantino e ficou com 14 pontos, a cinco de escapar. Contudo, desta vez a “ajuda” corintiana não poderia acontecer de fato, já que o time ainda brigava para se classificar às semifinais. Ainda assim, se tivesse acontecido, o ponto a menos não faria falta ao Corinthians, que se classificaria em terceiro da mesma forma, para então ser campeão.

Na década de 90, duas memórias tristes para o torcedor bugrino envolvendo o Corinthians: em 1999, na melhor campanha em brasileiros desde o título de 1978, o Guarani foi eliminado nas quartas de final pelo alvinegro: empate sem gols no Brinco, vitória corintiana por 2 a 0 no Morumbi no segundo jogo (com expulsão de André Gomes no segundo tempo) e empate em 1 a 1 na terceira partida, também na capital.

E no Paulista de 1997, conquistado pelo Timão, uma das maiores goleadas sofridas pelo Guarani em toda sua história: 8 a 2, pela segunda fase, com gols de Henrique, Túlio (2), Mirandinha (2), Marcelinho (2) e André – Nenê e Gallo descontaram. (veja os gols no vídeo abaixo)




Rivalidade e falta de ajuda anterior à parte, a situação financeira do Guarani indica que o incentivo para o jogo deste domingo será muito bem aceito no Brinco de Ouro.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dez promessas botafoguenses que não vingaram

O torcedor botafoguense não se vangloria à toa de sua rica história. Afinal, ser o clube que mais cedeu jogadores para a disputa da Copa do Mundo na seleção mais vitoriosa do planeta é certeza de participação importantíssima na história do Brasil através dos Mundiais. E saber que grandes nomes do futebol, como Nilton Santos, Jairzinho, Paulo César Caju e Zagallo deram seus primeiros chutes ainda entre os amadores do seu time é motivo de baita orgulho.

Publicado no Olheiros.net


O que dizer então do nascimento de um anjo de pernas tortas, acompanhado por todos os presentes em General Severiano naquele 10 de junho de 1953, que, embasbacados, viram o atrevido moleque deitar em rolar em cima da Enciclopédia. Garrincha é talvez, até hoje, o jogador mais associado à expressão “revelado por tal clube”, pela forma como foi descoberto no Botafogo.

Contudo, este celeiro de jogadores perdeu muito de sua luz ao passar dos anos, tornando-se uma solitária estrela de brilho ínfimo. Nas décadas de 80 e 90, o Botafogo deixou de revelar atletas não só para a seleção brasileira, como também para o próprio consumo interno, perdendo espaço no cenário nacional, que antes dividia com o Santos, para equipes como Internacional, Flamengo e Atlético-MG, grandes reveladores do período. Não à toa, a média de botafoguenses convocados para as Copas caiu de quatro nomes, nas décadas de 60 e 70, para zero nos últimos três mundiais – Bebeto e Gonçalves, os últimos lembrados, em 1998, não foram revelados lá.

Mas há sim uma luz no fim do túnel. Após anos e anos sendo ofuscado pelos rivais do estado, o Botafogo reestruturou as categorias de base e começa a trazer mais jogadores para o time de cima e a participar mais ativamente das convocações das seleções sub-15, sub-17 e sub-19. Nos últimos anos, nomes interessantes surgiram e buscaram seu espaço. Infelizmente, não são todos que conseguem alcançar o sucesso nos profissionais, e são esses os que abordamos aqui. Confira então, agora, as dez principais revelações do Botafogo nos últimos anos que prometeram, mas não cumpriram.

Leandro Eugênio
Aos 19 anos, ele destruiu o São Paulo nas oitavas de final da Copa do Brasil de 1999 – e só. Leandro, lateral esquerdo que iniciou sua carreira no Matsubara, do Paraná, em 1996, viveu seus 15 minutos de fama intensa e pagou o preço depois, jamais conseguindo repetir aquela atuação. Após empate em 1 a 1 no Morumbi (em que ele foi reserva de Ronildo), Leandro foi escalado pelo técnico Gilson Nunes para a partida de volta. Incisivo e muito veloz no apoio, marcou um gol e deu assistências para Bebeto e Reidner. Tornou-se titular e disputou os dois jogos da final, perdida para o Juventude. No segundo semestre, entretanto, retornou ao time júnior e fez parte da equipe campeã da Taça Belo Horizonte. Ao final da temporada, foi negociado com o Sport e começou a rodar, passando por América do Rio e até Twente, da Holanda. O sobrenome Eugênio passou a fazer parte do dia-a-dia quando retornou ao Bota em 2000, para diferenciá-lo de Leandro Ávila. Contudo, tornou-se um carma, e após passar pelos outros três grandes do Rio sempre como reserva, e por Paysandu, Marília e Figueirense, chegou ao Ipatinga em 2007, onde passou a ser chamado de Leandro Soares.

Nome Completo: Leandro Eugênio Soares
Data de Nascimento: 06/10/1979
Posição: lateral esquerdo
Ano em que surgiu: 1999
Por que não vingou?: Criou grande expectativa após atuação de gala contra o São Paulo, mas nunca mais exibiu o mesmo futebol

Rodrigo Fernandes
O baiano Fernandes, como era conhecido na base, chegou ao Botafogo aos 13 anos de idade, vindo de Feira de Santana. Teve uma extensa carreira nas seleções amadoras, sendo campeão da Copa Amizade Brasil-Japão Sub-15 em 1998, e participando da fraca campanha no Mundial Sub-17 de 2001, em que o Brasil caiu diante da futura campeã França na segunda fase. Falhou, entretanto, ao dar sequência e não fez parte do título mundial sub-20 dois anos depois. Curiosamente, Fernandes começou como lateral esquerdo mas, ao chegar aos profissionais, passou a atuar mais pela direita. Alternando períodos de titularidade com outros na reserva, permaneceu no Botafogo até 2005, amargando o rebaixamento, participando da campanha da Série B e sendo finalmente titular absoluto no Brasileirão de 2004. Finalmente, foi negociado com o Paysandu para o Brasileirão de 2005, e aí começou sua peregrinação: defendeu Mogi Mirim, Duque de Caxias, Tigres e Boa Vista, até acertar com o Formiga para a disputa do Módulo II do Campeonato Mineiro deste ano.

Nome Completo: Rodrigo Vaz Fernandes
Data de Nascimento: 05/06/1984
Posição: lateral-direito
Ano em que surgiu: 2002
Por que não vingou?: Surgiu nos profissionais num ano complicado, em que a equipe acabou rebaixada. Oscilou entre titular e reserva e acabou não se destacando como nas categorias de base.

Felipe Tigrão
Campeão estadual junior em 1997, Felipe Conceição, mais conhecido como Felipe Tigrão, surgiu como grande promessa em 98, integrado ao elenco que disputava o Brasileirão por Paulo Autuori. Ofuscado pela dupla Túlio e Bebeto, teve chances apenas como substituto, mas que foram suficientes para garantir-lhe convocações para a seleção sub-20. Em 99, chegou a fazer dupla com Ronaldinho Gaúcho na equipe campeã da Copa do Rei, na Tailândia, mas acabou não sendo chamado para o Mundial da categoria. Nos anos seguintes, passou a sofrer com diversas pequenas lesões, que o impediram de obter uma sequência na equipe, e que eventualmente lhe custaram o espaço. Chegou a formar dupla com Dodô no Rio-São Paulo de 2002 antes de ser negociado com o Juventude, onde também não se firmou. Passou a atuar por equipes pequenas como Tombense, Portuguesa-RJ, Tupi-MG e chegou a ser contratado pelos portugueses do Vitória de Guimarães, mas logo foi emprestado. Em 2010, defendeu o Liaoning Whowin, da China, cujo mascote é, curiosamente, um tigre.

Nome Completo: Felipe de Oliveira Conceição
Data de Nascimento: 09/07/1979
Posição: atacante
Ano em que surgiu: 1998
Por que não vingou?: Recorrentes pequenas lesões não lhe permitiam adquirir sequência. Passou a ser emprestado a equipes pequenas do Rio, até que deixou o clube em 2002.

Magno
Natural do Espírito Santo e tido como uma das principais revelações do clube nos últimos anos, Magno chegou ao Bota em 2004 e foi despertando a atenção após ótimas apresentações nas equipes amadoras, graças principalmente à habilidade e velocidade. Sua estreia entre os profissionais aconteceu no Brasileirão de 2006, em que entrou no segundo tempo de uma vitória sobre o São Caetano por 2 a 1. Em 2007, disputou novamente o estadual junior, mas marcou apenas um gol e a equipe ficou na penúltima colocação. Com Cuca, teve algumas chances durante o ano, sempre entrando no segundo tempo. Finalmente, passou a ser emprestado para adquirir mais ritmo de jogo e experiência: em 2008 defendeu o América no Estadual e o Metropolitano, de Santa Catarina, na Série C do Brasileiro. No ano passado, foi emprestado ao Macaé para o Carioca e finalmente teve contrato encerrado com o Botafogo. De volta à sua terra natal, assinou com o Vilavelhense para a disputa do Capixaba 2010, mas acabou saindo em fevereiro para o Santa Helena, onde foi reserva na surpreendente campanha do vice-campeonato goiano. Desde maio, está sem clube.

Nome Completo: Magno Santos de Almeida
Data de Nascimento: 30/12/1987
Posição: meia
Ano em que surgiu: 2006
Por que não vingou?: Emprestado a equipes menores para ganhar ritmo de jogo, não encontrou mais espaço quando retornou e deixou o clube

Wellington Junior
Após passagens pelas divisões de base de Fluminense e CFZ, Wellington Junior chegou ao elenco de juniores do Botafogo em 2007. Titular da equipe semifinalista da Taça OPG, foi puxado por Cuca ao elenco profissional no ano seguinte. Sua estreia foi na Taça Guanabara, em partida que o Bota, já classificado para as semifinais, entrou com time misto. Resultado: derrota para o Madureira e Wellington acabou substituído. Um mês depois, daria a volta por cima na vitória sobre o Volta Redonda, quando marcou seu único gol com a camisa alvinegra. Duas semanas depois, no clássico contra o Flamengo, ele faria sua última partida no ano. A saída de Cuca minou suas chances, e ele voltou à equipe sub-20. Em 2009, com Ney Franco, jogou apenas três vezes, e após a expulsão no jogo contra o Resende pelo Estadual não apareceu mais em campo. Ainda assim, começou a ser convocado para a seleção sub-19 e, chamado para compor elenco no Mundial Sub-20 do Egito, acabou sendo titular da lateral-direita na semifinal, já que Douglas estava suspenso. De início promissor, acabou negociado com o desconhecido Spartak Trnava, da Eslováquia.

Nome Completo: Wellington Cândido da Silva Junior
Data de Nascimento: 20/06/1989
Posição: volante
Ano em que surgiu: 2007
Por que não vingou?: Promovido por Cuca, perdeu espaço com a saída do treinador. Chegou à seleção sub-20, mas sem chances em uma temporada turbulenta, foi negociado com o primeiro clube interessado.

Simões
Considerado uma grande promessa para o setor defensivo do Botafogo, Simões despontou nas categorias de base por seu porte físico, alto e mais forte que os garotos da mesma idade. Logo se destacou e ganhou até convocação para a seleção brasileira sub-17. Após ser relacionado para algumas partidas no Estadual e início do Brasileirão de 2006, seu empresário, Reinaldo Pitta, insatisfeito com a demora para a formulação de um contrato profissional, entrou na justiça para tentar tirar o garoto do clube. Após a briga, o Bota ficou com apenas 30% dos direitos federativos de Simões, que acertou com o Cruzeiro. Lá, foi reserva na campanha da conquista da Copa São Paulo de 2007, e ganhou uma chance no time profissional durante o campeonato mineiro. Entretanto, uma atuação horrível na primeira partida da final selou seu destino: entrou ainda no primeiro tempo, substituindo o lesionado Fellype Gabriel. Na segunda etapa, o Atlético-MG fez quatro gols, mas Simões só acompanhou dois deles dentro do gramado: fez falta dura em Danilinho e levou o segundo amarelo em cerca de 45 minutos, sendo expulso. Com dois homens a menos, Cruzeiro perdeu por 4 a 0, Paulo Autuori pediu demissão e Simões nunca mais teve chance – segue empréstimo atrás de empréstimo, tendo passado por Itaúna, Cabofiense, Ituiutaba, Guarani e finalmente o Nacional, onde disputa o Módulo III do Campeonato Mineiro.

Nome Completo: Bruno Simões Teixeira
Data de Nascimento: 04/07/1988
Posição: zagueiro
Ano em que surgiu: 2006
Por que não vingou?: Forçou a saída do clube e foi campeão da Copa São Paulo com o Cruzeiro, mas atuação tétrica na final do Mineiro selou seu destino

Gláucio
Artilheiro alvinegro em todas as categorias do clube, onde chegou aos 11 anos, Gláucio tinha personalidade forte e era capitão desde os tempos de infantil. Estreou no time principal no Estadual de 2002, sob o comando de Abel Braga. Tratado como jóia rara, era constantemente relacionado para partidas do profissional, atuando aos 19 anos em partidas também da Copa do Brasil e do Brasileiro. Em 2004, ficou marcado pelo gol que fez contra o São Paulo, em Caio Martins, aos 46 do segundo tempo, que livrou o Bota do rebaixamento. A falta de humildade, entretanto, acabou falando mais alto. “O Flamengo foi o time que eu marquei mais gols na base, acho que fiz uns dez”, disse certa vez antes de um clássico. Entretanto, a pouca disposição nos treinos e a irritação com a falta de oportunidades fizeram com que o atacante deixasse o time em 2005, sem nunca ter se firmado. Passou então por Volta Redonda, Americano, Mineiros-GO e Jataiense-GO. Em 2010, disputou a Segundona carioca pela Portuguesa.

Nome Completo: Gláucio Rodrigues dos Santos Bastos
Data de Nascimento: 25/07/1984
Posição: atacante
Ano em que surgiu: 2002
Por que não vingou?: Considerado grande promessa, era super protegido e passou a criar caso quando não tinha oportunidades

Leozinho
Se para um garoto da base do Flamengo a pressão já é grande quando começa a ser comparado com Zico, quando o menino é do time rival então, nem se fala. Leozinho, afinal, reunia todas as características do camisa dez clássico: ótima visão de jogo, toque de bola refinado, habilidade e perfil de liderança com os companheiros. Foi dessa forma que ele liderou o Botafogo na conquista do bicampeonato de juniores, em 1998, da Taça BH no ano seguinte. Não à toa, gerou grande expectativa quando foi promovido aos profissionais por Valdir Espinosa. Voltou aos juniores para, novamente, ser campeão estadual sub-20 em 2000, mas quando finalmente chegou sua vez, não mostrou a mesma qualidade dos tempos da base. Dispensado em 2002, foi para o Bangu, onde se vingou do Bota no Carioca de 2003, ao marcar o gol da vitória logo na primeira rodada. Em 2005, jogou por América, Volta Redonda e Cabofriense, para finalmente se reencontrar no Resende. Lá desde 2007, é o dono da camisa dez e teve boas atuações, como na semifinal da Taça Guanabara de 2009, quando a equipe eliminou o Flamengo em pleno Maracanã, mas jamais foi o mesmo.

Nome Completo: Leonardo Ramalho Rodrigues
Data de Nascimento: 03/07/1980
Posição: meia
Ano em que surgiu: 1999
Por que não vingou?: Gerou grandes expectativas quando surgiu, não correspondeu e acabou esquecido

Índio
Um dos primeiros frutos da nova categoria de base do clube, reformulada por Bebeto de Freitas após a queda para a Série B, Índio despontou na Taça OPG de 2007 e subiu ao time profissional junto com o goleiro Renan, no início de 2008, promovido pelo técnico Cuca. Sua estreia foi logo na Copa Peregrino, torneio amistoso disputado na pré-temporada contra equipes da Noruega e vencida pelo Fogão. Veloz e bom no apoio, substituiu o titular Alessandro quando este se lesionou durante o Estadual e fez parte do elenco campeão da Taça Rio. Entretanto, justamente quando vinha se firmando, sofreu uma grave lesão nos ligamentos cruzados do joelho esquerdo e teve de ser operado, perdendo o resto da temporada. “Foi em uma jogada do treino. Sozinho. Meu pé ficou travado na grama e o joelho rodou”, contou à época. Recuperado, foi emprestado ao Anápolis, time de sua cidade natal, mas voltou a sofrer a mesma lesão, precisando de uma nova cirurgia e perdendo novamente o ano todo.

Nome Completo: Tázio da Silva Henrique
Data de Nascimento: 31/07/1988
Posição: lateral direito
Ano em que surgiu: 2008
Por que não vingou?: Duas graves lesões seguidas atrapalharam seu desenvolvimento

Thiago Xavier
Apesar de carreira sólida na base, Thiago Xavier apareceu tarde nos profissionais do Botafogo: sua estreia, contra o Paraná Clube, foi somente no Brasileiro de 2004, quando já tinha 21 anos. Apesar disso, foi muito bem. Sendo utilizado sempre como opção, perdeu quase todo o ano de 2005 devido a uma lesão, mas como a impressão inicial tinha sido boa, a torcida aguardava seu retorno. E ele só ocorreu em 2006, com a saída de Jonílson, titular incontestável da posição. Ganhando a confiança de Carlos Roberto, Thiago ganhou a titularidade no Carioca e foi campeão estadual. Mas veio o Brasileirão, o time não ia bem e Carlos Roberto foi substituído por Cuca, que barrou o volante, que já começava a ser perseguido pela torcida e não teve mais espaço. Em 2007, foi emprestado à Cabofriense para a disputa do Estadual e depois, negociado com o Châteauroux, da segunda divisão francesa. Foi titular na primeira temporada, mas desde então continua no clube, atuando apenas esporadicamente.

Nome Completo: Thiago Xavier Rodrigues Corrêa
Data de Nascimento: 27/12/1983
Posição: volante
Ano em que surgiu: 2004
Por que não vingou?: Com a saída de Carlos Roberto, técnico que o deu oportunidade nos profissionais, perdeu espaço e acabou negociado

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Parceria de ouro


Escolinha de Campinas protagonizou campanha do Barbarense no Paulista Sub-13


Publicado no Olheiros

Não há como contestar a hegemonia do Santos no sub-13 paulista. Nas três edições da competição realizadas pela FPF, os peixinhos conquistaram todas. A última, de maneira invicta, ao derrotar no último domingo o União Barbarense, em Santa Bárbara d’Oeste, por 1 a 0. A vitória, porém, foi difícil, conquistada apenas num lance de bola parada nos minutos finais. O adversário até então também estava invicto, e chegava à decisão até com campanha superior, precisando apenas de um empate. Sinal de ameaça ao predomínio santista? Sim, se lembrarmos que foi o mesmo da final de 2009. Mas não falamos do União Barbarense, e sim de seu parceiro na disputa do Paulista Sub-13.

Pelo segundo ano consecutivo, os meninos da Chuteira de Ouro enfrentaram o Santos na final do campeonato, deixando para trás equipes tradicionais como Corinthians, Palmeiras, Portuguesa e Ponte Preta. A escolinha de futebol localizada em Campinas, de propriedade do ex-zagueiro da seleção brasileira André Cruz, disputou em 2010 o Paulista Sub-13 pelo segundo ano consecutivo: em 2009, parceria com o Primavera de Indaiatuba levou a equipe também à decisão contra o mesmo Santos, com resultados semelhantes – empate no primeiro jogo, derrota no segundo.

A escolinha foi fundada no início dos anos 90, quando André Cruz ainda atuava na Europa (passou por Standard Liège, Napoli e finalmente Milan, onde ganhou convocação para a disputa da Copa de 98). Ele recebeu um convite de Lígio de Carvalho, que fora seu treinador nas categorias de base da Ponte Preta e com passagens pela base do Guarani e pela antiga seleção paulista de juniores.

Desde sua fundação, a Chuteira de Ouro participa de campeonatos amadores nacionais e internacionais, nas categorias dente de leite, pré-mirim e mirim. A criação do Paulista Sub-13 em 2008 despertou o interesse de André e Lígio, que decidiram então buscar parcerias com equipes do interior do estado para a disputa da competição. “A parceria é simples: o clube, que é profissional e afiliado à federação paulista, se inscreve e pleiteia a vaga. Nós cedemos os jogadores, arcamos os custos de transporte, alimentação e até mesmo de uniformes. O clube não ganha nada financeiramente, apenas em exposição”, conta André.

Como trabalha apenas com categorias totalmente amadoras, em que não é possível nem mesmo o vínculo de atleta em formação (permitido a partir dos 14 anos), a Chuteira de Ouro busca trabalhar em conjunto com clubes grandes do futebol nacional, recebendo indicações para formação de suas equipes e indicando os destaques para seus parceiros.

“Somos uma escola, não temos condição de segurar nenhum atleta. O que fazemos é utilizar nossa rede de contatos, ouvimos um colega dizer que tem um garoto bom aqui ou ali, então entramos em contato com os pais e observamos. Se considerarmos que se encaixa no nosso perfil, convidamos para treinar na escolinha”, acrescenta o ex-jogador, que também atua como empresário e possui atletas em categorias de base de clubes como Internacional, Cruzeiro e São Paulo, os principais parceiros.

“Alguns meninos, temos contatos mais próximos com os pais e responsáveis, e indicamos para fazerem avaliações em alguns clubes que a gente conhece. Outros acabam indo por conta própria e não dá pra ficar com todos eles. Como os garotos, nessa idade do mirim, já buscam ser jogadores profissionais, muitos pais também buscam a escolinha querendo se inscrever”, relata André.

Como não há vínculo formal, a escolinha afirma trabalhar na relação de confiança e no reconhecimento do incentivo quando da assinatura do primeiro contrato profissional ou de eventuais transações. Entretanto, como também é empresário, André Cruz acaba tornando-se o representante de alguns meninos que se destacam.

Não foi assim com Oscar, por exemplo, levado por ele ao São Paulo. Segundo o ex-zagueiro, muita ajuda foi dada à família durante os tempos de treinamento no CT de Cotia, mas após o litígio e a ida para o Internacional, não houve retorno do investimento. “Não ouvimos sequer um muito obrigado pelo suporte. Mas infelizmente é assim, estamos sujeitos a isso”, reflete.

Da equipe que atuou com a camisa do União Barbarense em 2010, o principal destaque foi João Vitor, artilheiro com 14 gols. Natural de Piracicaba, o atacante foi indicado pela rede de colaboradores da escolinha e já foi sondado por clubes maiores. “Ele é cuidado por um de nossos amigos, e deverá estar no sub-15 de um time importante no ano que vem”, revela André. Seu companheiro de ataque, Felipe, marcou dez gols e também chamou a atenção. Nem todos, entretanto, acabam seguindo em busca da carreira profissional.

Dadas as condições de trabalho – “não treinamos, só nos reunimos na hora do jogo, ao passo que o Santos treina, viaja junto, concentra” –, os resultados têm sido mais do que satisfatórios. E a participação em 2011 já é certa: a equipe formada por garotos nascidos em 1998 já disputa amistosos e torneios na região. Só falta saber qual camisa a Chuteira de Ouro vestirá desta vez

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Hora do vestibular

Chegando à reta final, Torneio OPG seleciona garotos que podem brilhar em 2011

No Brasil inteiro, o mês de novembro é marcado pelos vestibulares prestados pelos jovens de 17, 18 e 19 anos. Enquanto o país vive a polêmica das falhas no ENEM, outro vestibular segue firme testando, semana após semana, os garotos que buscam um lugar ao sol em 2011: o Torneio Octávio Pinto Guimarães, segunda principal competição de base do futebol carioca.

Disputado pela primeira vez em 1969, e ininterruptamente desde 1995, o Torneio OPG, como também é conhecido, coloca em ação os juniores cariocas no segundo semestre, após a realização do estadual, que ultimamente tem acontecido sempre no início do ano. O Vasco, atual campeão, também é o maior vencedor da competição, com seis conquistas. No ano passado, a equipe que levantou o caneco formou a base do time que venceria o estadual junior no primeiro semestre desse ano – daí, a importância do torneio.

Nomes como Max, Renato Augusto, Rômulo, Jonathan e Lipe (este último, artilheiro do torneio com 15 gols) ficaram conhecidos da torcida vascaína em 2010, por suas atuações principalmente no campeonato brasileiro. Mas foi no OPG que confirmaram para seu clube que tinham valor e mereciam ser aproveitados no time profissional.

E não foram só eles. Em 2009, Diego Maurício, emprestado ao Tigres para o campeonato, marcou seis gols e ajudou a equipe de Duque de Caxias chegar às quartas de final. Graças a este desempenho, foi titular do Flamengo no Estadual de Juniores nesse ano e, com 18 gols, cavou seu espaço no time de cima, atuando 26 vezes e marcando três gols na temporada.

Bruno Veiga, que fez um bom OPG pelo modesto Fênix (marcou nove gols), comandou o Fluminense na conquista do primeiro turno do estadual sub-20. Após uma certa oscilação entre profissionais e juniores, acabou contratado pelo Náutico para a disputa da Série B. O Flu, campeão em 2008, colheu naquela safra nomes de valor como Dalton, Alan, Fernando Bob e Dieguinho.

2010: pequenos surpreendem, campeão na lanterna

Com a penúltima rodada da terceira fase acontecendo neste sábado, o Torneio OPG 2010 pode ser decidido entre dois pequenos: pelo Grupo F, oTigres lidera com 18 pontos, três a mais que o Volta Redonda. O destaque da equipe é Marcos, que já fez seis gols. Tigres e Voltaço se enfrentam na última rodada em Duque de Caxias, mas poderá nem mesmo ser necessário: como o adversário folga nesta rodada, caso o Tigres vença o América já garantirá a vaga na final.

O problema é que, com 13 pontos, o América ainda tem chances se vencer hoje, e na próxima semana enfrenta o Flamengo, que tem os mesmo 13 pontos e também sonha com a taça, conquistada pela última vez em 2007. No mesmo grupo F, o Vasco decepcionou ao tentar defender o título e aparece na lanterna, com 11 pontos. Mesmo com nomes experientes na base, como Lipe, o time não ganhou nenhum jogo em casa, chegando até a ser goleado pelo América por 5 a 1. Num momento de transição de gerações, a expectativa é que os garotos vindos do juvenil, vice-campeões estaduais no ano passado, recuperem o bom nível.

Se o Grupo F está embolado, o G tem apenas duas equipes ainda na disputa pela vaga na final, mas esta promete ser emocionante. Na liderança com 25 pontos e melhor campanha, o Botafogo enfrenta o Fluminense em Xerém neste sábado. Enquanto isso, o Nova Iguaçu, que vem apenas um ponto atrás, recebe o lanterna Bangu em uma partida que a vitória é obrigação. Na última rodada, o confronto direto pela classificação acontece em Caio Martins. No primeiro turno,o duelo terminou 5 a 1 para o Orgulho da Baixada, com dois gols de Vinícius, vice-artilheiro do time com oito gols, ao lado de Lukian. William, com onze, é o principal marcador do campeonato até aqui.

O Bota, campeão pela última vez em 1997, tem o melhor ataque do OPG, com 25 gols – oito deles marcados por Jairo, que fez três somente na goleada sobre o Bangu por 9 a 0. O Nova Iguaçu, por sua vez, tem uma defesa quase impenetrável: foram apenas oito gols sofridos em dez partidas nesta fase final, graças principalmente às intervenções do goleiro Rafael.

Outros nomes que se destacaram no OPG 2010 foram Luiz Fernando, do Marinho, e Luiz Carlos, do Artsul, que caíram nas fases preliminares. Olho em todos eles, afinal como a história comprova, o futuro do futebol carioca passa por quem passa neste vestibular.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Brasileirão: 90%


Disputas por título, Libertadores e contra o rebaixamento chegam indefinidas à reta final


Chegamos à reta final do Brasileirão 2010, e apesar de um certo sentimento de que o campeonato não "engrenou", como em anos anteriores - talvez pela parada da Copa do Mundo -, já estamos a três rodadas do fim. Com 90% do torneio concluído, é hora de analisar as últimas três rodadas e tentar visualizar o que pode acontecer na acirrada briga pelo título, vaga restante na Libertadores e fuga do rebaixamento.

Título: reviravolta

A briga pelo título está emocionante, e a cada rodada uma equipe aparece com mais chances. Após duas rodadas na ponta, o Cruzeiro foi ultrapassado pelo Fluminense. Mas a liderança só durou quatro rodadas, e após um gol em pênalti polêmico no confronto direto, o Corinthians ultrapassou os mineiros e voltou ao primeiro lugar, que não ocupava desde a 24ª rodada.

A chegada de Tite surtiu efeitos instantâneos e positivos no time, que foi o melhor das últimas semanas: três vitórias e um empate, somando dez pontos. Numa sequência tão equilibrada, em que a média de pontos das equipes foi de 5,25 de 12 possíveis, os resultados contra o Cruzeiro e no clássico contra o São Paulo fazem do Corinthians o favorito do momento. O Fluminense perdeu a grande chance de encaminhar o título ao empatar em casa com o Goiás, mas ainda assim pontuou bem - 8 de 12. Dos três, o Cruzeiro foi o pior, anotando apenas seis pontos e saindo da liderança para ficar três pontos atrás do Corinthians. Os problemas na defesa parecem ser o pricipal senão do time neste momento.

Contudo, a tabela do Fluminense ainda é a mais fácil, já que recebe um provável rebaixado Guarani na última rodada e, nas próximas duas, enfrenta São Paulo e Palmeiras, sem aspirações no campeonato e rivais do Corinthians, fora de casa. Da mesma forma, o Cruzeiro recebe Palmeiras e Vasco e joga fora contra o Flamengo, enquanto o Corinthians tem um jogo complicado contra o Vitória no Barradão. Impossível prever.

Rumo à Libertadores: Atlético-PR em melhor forma

Assim como na disputa do título, a briga pela vaga remanescente na Libertadores envolve três equipes e está equilibrada. Com o segundo melhor desempenho das últimas quatro rodadas (três vitórias, nove pontos), o Atlético-PR assumiu a quarta colocação pela primeira vez no campeonato. Impulsionado por Paulo Baier, que marcou os gols das vitórias sobre o Flamengo (1 a 0) e Grêmio Prudente (2 a 1), o Furacão já empatou com o Cruzeiro na segunda melhor campanha do returno, com 29 pontos. Os jogos fora contra o Ceará e em casa com o Avaí parecem fáceis, mas o duelo mais importante acontece neste final de semana.

No sábado, o Atlético-PR visita o Grêmio, ainda detentor da melhor campanha do segundo turno, com 34 pontos. A derrota para o Fluminense na 32ª rodada impediu a aproximação definitiva do G-4, mas o time depende só de si: se vencer o Furacão no confronto direto, vai a 57 pontos e ultrapassa o rubro-negro paranaense. Depois, visita um desesperado Guarani em uma partida complicada e, finalmente, recebe o Botafogo na última rodada, em outro confronto direto - por isso, depende só de si mesmo.

O Botafogo, por sua vez, tem os mesmos 56 pontos do Atlético, mas fica atrás pelo meno número de vitórias. Neste domingo, tem grande chance de reassumir a quarta posição em que estava há três rodadas, ao receber um Internacional sem aspirações no campeonato e já concentrado no Mundial de Clubes. Depois, visita o já rebaixado Prudente e decide e vida contra o Grêmio no Olímpico - podendo até jogar por um empate. Abreu continua marcando gols importantes e levando o time nas costas.

Contudo, vale lembrar que nada disso terá importado se Palmeiras ou Goiás vencerem a Sul-Americana, já que em caso de conquista brasileira, o quarto colocado perderá a vaga na pré-Libertadores. Mas como a final da competição acontece só depois da última rodada do Brasileirão, a torcida eleita poderá comemorar, pelo menos por alguns dias.

Rebaixamento: um G já foi, faltam 2

A briga contra o rebaixamento parece menos quente neste ano, por praticamente não envolver mais grandes. Com outro desempenho ruim, o Grêmio Prudente só somou 3 de 12 pontos possíveis e teve seu rebaixamento concretizado na 35ª rodada, ficando com 27 pontos. A campanha pode ser a segunda pior da história dos pontos corridos com 20 times, superando apenas os 17 pontos do América de Natal em 2007.

Curiosamente, o único triunfo recente foi justamente no confronto direto, e em grande estilo: 4 a 1 no Goiás, resultado que praticamente sepultou as chances de salvamento do esmeraldino. Com isso, o time goiano recebeu do Prudente a lanterna do segundo turno - 13 pontos - e fechou o pior desempenho das últimas quatro rodadas, somando apenas um ponto (exatamente contra o então líder Fluminense, fora de casa). Estes casos mostram como as equipes que lutam contra o rebaixamento tentam se superar nas rodadas finais, fazendo com que resultados considerados garantidos sejam verdadeiras zebras.

Com 32 pontos, a sete do 16º colocado com nove ainda por disputar, o Goiás precisa de uma combinação de resultados e ainda vencer Atlético-MG fora, Corinthians e Santos em casa. Tudo isso enquanto ainda precisa dar atenção às semifinais da Sul-Americana. Mesmo com Rafael Moura inspirado, parece que não vai dar.

Nas outras duas indesejadas vagas, a briga é mais acirrada. Avaí e Guarani aparecem empatados com 37 pontos, e a fase de ambos é horrível: o Bugre somou apenas dois pontos nas últimas quatro rodadas, e foi quem mais caiu no período - três posições, afundando na zona de rebaixamento. No confronto direto com o Vitória em casa, empate em 1 a 1 que pode custar caro, já que a equipe enfrenta o Grêmio, na busca pela Libertadores, no Brinco e a dupla Fla-Flu fora.

O Avaí foi um pouco melhor no retrospecto recente, somando sete pontos, mas a tabela é igualmente complicada: visita o Atlético-PR, também na briga pela Libertadores, e o Santos, e pode decidir o descenso em casa, contra o Atlético-GO. O Dragão, aliás, protagonizou a maior recuperação da parte de baixo da tabela: após amargar 27 rodadas na zona de rebaixamento, engrenou uma série de bons resultados (apenas uma derrota em sete jogos) e está três pontos à frente do Avaí. O jogo no Serra Dourada contra o desinteressado São Paulo pode garantir a permanência, se conseguir roubar pontos de Vitória e Avaí nos confrontos diretos fora de casa.

Com 39 pontos, Vitória e Atlético-MG ainda fazem muitas contas. O Galo vem bem com Dorival Júnior, que já igualou a pontuação alcançada com Luxemburgo na metade das rodadas. O Galo joga em casa contra o Goiás, provavelmente já rebaixado, e visita São Paulo e Palmeiras, em partidas que pode muito bem vencer e dizer adeus à degola. Já o Vitória tem que se preocupar mais: sem vencer há três rodadas, tem um jogo dificílimo no Barradão contra o Corinthians, e pode entrar pela segunda vez no Z-4 a duas rodadas do fim.

Ainda preocupado, o Flamengo de Luxemburgo tem oscilado muitos altos e baixos, e a goleada sofrida para o Atlético-MG no último final de semana acendeu o sinal amarelo na Gávea. O Fla está três pontos à frente de Avaí e Guarani, mas devido ao alto número de empates, caso iguale-se em pontos ficará atrás dos adversários na classificação. A tabela tem um jogo difícil contra o Cruzeiro e um confronto direto contra o Guarani, ambos em casa, e um jogo menos complicado na Vila Belmiro diante do Santos. Pelos inúmeros confrontos diretos, pode escapar com apenas mais uma vitória.

Confira os números do campeonato até aqui:

35ª rodada

Melhor ataque
2010 - Corinthians (61)
2009 - Grêmio (60)
2008 - Flamengo e São Paulo (62)
2007 - Cruzeiro (71)

Melhor defesa
2010 - Fluminense (34)
2009 - São Paulo (35)
2008 - Grêmio (30)
2007 - São Paulo (15)

Pior ataque
2010 - Guarani (32)
2009 - Santo André (36)
2008 - Ipatinga (35)
2007 - América-RN (24)

Pior defesa
2010 - Goiás (60)
2009 - Náutico e Sport (62)
2008 - Figueirense e Vasco (68)
2007 - América-RN (71)

Artilheiros
2010 - Jonas (GRE): 21 gols
2009 - ADriano (FLA): 19
2008 - Kléber Pereira (SAN): 21
2007 - Josiel (PAR) e Acosta (NAU): 19

Série invicta: Botafogo (13)
Série de vitórias: Atlético-PR, Corinthians (3)
Série sem vencer: Guarani (10)
Série de derrotas: Flamengo (2)

sábado, 13 de novembro de 2010

Físico de David, potência de Golias


Estreia perfeita faz de Isco substituto natural de David Silva no Valencia

Publicado no Olheiros

Os inúmeros problemas administrativos fizeram com que o Valencia deixasse de bater de frente com Barcelona e Real Madrid nas últimas temporadas da Liga. Apoiada inteiramente na sua dupla de Davids, a equipe de Mestalla finalmente cedeu aos assédios e negociou Villa e Silva, ainda mais valorizados após a conquista da Copa do Mundo, aliviando um pouco os cofres, combalidos pelo projeto do novo estádio. Entretanto, sem seus dois pilares, a torcida Che teme pelo futuro. A resposta, porém, pode vir da própria cantera valenciana: comparado a David Silva, Isco é uma estrela pronta para brilhar.

Nesta quinta, o meia estreou pela equipe profissional em jogos oficiais, na partida de volta da segunda fase da Copa do Rei, contra o Logroñés. Os visitantes assustaram ao abrir o placar nos minutos iniciais, mas com uma primeira etapa iluminada, Isco marcou dois golaços e comandou a vitória por 4 a 1: primeiro, dominou na área, girou em cima do zagueiro e chutou forte; depois, uma pintura, driblando quatro defensores enquanto entrava na área e finalizava rasteiro. Quando substituído, foi aplaudido de pé pela torcida.

Francisco Román Alarcón Suarez nasceu em 21 de abril de 1992 em Málaga, e após jogar em equipes da região e na seleção da Andaluzia, desembarcou em Valencia em 2006. Após um período de adaptação complicado, em que chegou a ser escalado até na lateral direita e por pouco não abandonou o clube para voltar pra casa, tem se destacado nas categorias de base até chegar ao time B, o Valencia Mestalla, que disputa a quarta divisão espanhola.

Já relativamente conhecido internacionalmente, Isco apresentou-se no Mundial Sub-17 do ano passado, na Nigéria, em que envergou a camisa 10, marcou três gols e liderou o time de Gines Melendez ao terceiro lugar. Na atual campanha das eliminatórias do Europeu Sub-19, também é um dos artilheiros, com quatro gols em três partidas – a Espanha teve a melhor campanha da primeira fase, e aguarda o sorteio dos grupos do Elite Round. Também em 2009, Isco foi eleito o melhor jogador na conquista do COTIF – Torneio Internacional Sub-20 de L’Alcudia pelo Valencia.

Tamanho faro de gol, mesmo sendo meia e não atacante, mostra as qualidades e características do garoto: com enorme talento individual, é o típico jogador espanhol que conduz a bola sempre procurando passá-la e fazê-la rodar, aparecendo constantemente na área adversária. Some-se a isso seu porte físico peculiar – estatura abaixo da média, pernas levemente arqueadas e de forte musculatura, conferindo-lhe um centro de gravidade mais baixo – e terá um atleta que pode jogar tanto ditando o ritmo da partida quanto arrancando com velocidade e explosão.

Obviamente, por ter apenas 18 anos ainda tem muito a melhorar, como por exemplo a finalização à curta distância e a potência de seu chute, mas a diferença para muitos garotos de sua idade é que ele demonstra claramente possuir potencial para isso. A forma como se porta em campo já rendeu muitas comparações com o próprio David Silva, às quais responde com lisonja, mas admite ainda estar muito longe.

Por tudo isso, e pela grande prestação em sua estreia, Isco já demonstrou que se encontra mais do que preparado para fazer parte de vez do elenco principal – e, porque não, ganhar muitos minutos de experiência com a equipe. O ambiente é bastante favorável: os resultados não têm aparecido a contento e Unai Emery não encontrou o titular para a meia em seu 4-2-3-1, exatamente a posição de Isco (Mata não rendeu fora da ponta e “Chori” Dominguez não convence).

A julgar pelo desempenho contra o Logroñés, o garoto andaluz pode até ter, em breve, a companhia de Paco Alcácer, atacante com histórico proeminente nas seleções de base espanholas e que também estreou entre os profissionais na Copa do Rei. Aduriz e Soldado não têm tido jornadas muito esperadas na linha de frente e a temporada tem cara de transição para os morcegos laranjas.

Já com interesse declarado em fazer história no clube – “estou aqui há quatro anos, me identifico com Valencia e me sinto flho da cidade”, Isco tem tudo para se firmar como um ídolo da torcida. Mais que isso, é aposta sólida para substituir à altura, e para já, a dupla David Silva e Villa, e dar sequência ao legado.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Goiás – o fiel da balança do Brasileirão

Nos últimos anos, tabela fez equipe decidir campeões e rebaixados


Serra Dourada: palco de festas pelo título e desespero por rebaixamentos

Lutando contra o rebaixamento em uma temporada turbulenta desde o seu início, o Goiás pode ser, pelo quinto ano consecutivo, um fator determinante na luta pelo título ou descenso do Campeonato Brasileiro. A quatro rodadas do fim, o esmeraldino precisa de um pequeno milagre para escapar da queda, que não ocorre desde 1998. No caminho, enfrenta dois postulantes diretos ao título – e como nos últimos anos, pode ajudar a definir o campeão.

Na próxima rodada, o time goiano viaja até o Rio de Janeiro para enfrentar o Fluminense, atual líder e favorito pela tabela: joga fora de casa contra os descompromissados São Paulo e Palmeiras, que não se importariam de perder para prejudicar o rival Corinthians, como já declarado até mesmo por membros das duas equipes, e recebe o Guarani, possivelmente já rebaixado, na última rodada. Não à toa, o jogo deste final de semana é considerado por muitos nas Laranjeiras como o mais difícil para o Flu na reta final, já que o Goiás precisa reagir neste exato momento para ainda sonhar com a permanência.

Finalmente, o jogo que pode decidir tudo: Goiás x Corinthians, no Serra Dourada, na 38ª rodada. Se chegar ainda com chances de escapar do descenso, o time goiano certamente dificultará a vida do Corinthians, que não tem tabela fácil: confronto direto contra o Cruzeiro na próxima rodada, viagem até a Bahia para pegar o Vitória, que também luta para não cair, e um jogo em casa menos complicado com o Vasco.

Para chegar à ultima rodada com chances de se livrar do rebaixamento, o Goiás precisa necessariamente pontuar contra o Fluminense, o que deixaria Corinthians e Cruzeiro ainda na disputa – e colocaria o Timão na liderança, caso vença ou empate no jogo do próximo sábado.

Nesta etapa do campeonato, já começam a surgir os boatos de mala branca ou mala preta, de times oferecendo um incentivo financeiro a outros descompromissados no campeonato. Contudo, o Goiás tem sim muito interesse, e exatamente por isso deve fazer jogos emocionantes contra Flu e Corinthians.

E tem sido assim nos últimos anos, com o Goiás sempre aparecendo no caminho dos postulantes ao título nas rodadas finais. Para os supersticiosos, melhor para Flu e Corinthians, que ainda enfrentam o time goiano, já que nos últimos anos o campeão sempre pegou o esmeraldino na reta decisiva. Confira como foi nos campeonatos anteriores:

2009

Nas últimas sete rodadas, sem aspirações no campeonato (terminou em nono), o Goiás enfrentou quatro candidatos ao título: perdeu para o Palmeiras por 4 a 0 na 32ª rodada e para o Atlético-MG por 3 a 2 na 33ª, deixando as duas equipes ainda com esperanças.

Na 36ª rodada, arrancou um empate no Rio com o Flamengo, que poderia ter colocado o São Paulo com a mão na taça – mas o tricolor perdeu para o Botafogo, que lutava contra o rebaixamento, por 3 a 2.

Finalmente, enfrentou o São Paulo, àquela altura com 62 pontos contra 61 do Flamengo, na rodada seguinte. Venceu por 4 a 2 num jogo emocionante e, com a vitória sobre o Corinthians por 2 a 0, o Flamengo assumiu a ponta para ser campeão.

2008

Em 2008, Goiás também terminou numa posição intermediária – oitavo – e já não brigava por nada nas rodadas finais. Na 33ª, o Cruzeiro ainda estava na disputa, um ponto atrás dos líderes Grêmio e São Paulo. Mas o Goiás venceu por 3 a 0 no Serra Dourada, com dois gols de Paulo Baier, e tirou o time mineiro da disputa. Na última rodada, recebeu o São Paulo sob suspeita de manipulação de resultado, já que se vencesse o tricolor paulista, bastava ao gaúcho uma vitória para ser campeão. Com isso, o árbitro Wagner Tardelli foi substituído por Jaílson Macedo de Freitas. Resultado: o Grêmio venceu o Atlético-MG, mas o Goiás perdeu por 1 a 0 no jogo do título são-paulino.

2006

Em 2006, o São Paulo conquistou o título com tranquilidade, nove pontos à frente do Internacional. Mas nas rodadas finais, lá estava o Goiás no caminho do futuro campeão: na 35ª rodada, o time goiano ainda sonhava com a Libertadores, e recebia o São Paulo, enquanto o Inter jogava no Beira-Rio contra o quase rebaixado Fortaleza. Era a chance de ouro para reduzir a vantagem são-paulina a quatro pontos.

O Inter ganhou, mas o São Paulo também, com gols de Mineiro e Fabão, e ficou a apenas uma vitória do título, que viria na rodada seguinte. Ironicamente, o Goiás era o adversário exatamente do Colorado na última rodada, no Beira-Rio: com o campeonato decidido, vitória goiana por 4 a 1, sobre um Internacional reserva, já que os titulares se preparavam para o Mundial Interclubes. Se os resultados tivessem se invertido – vitória do Goiás sobre o São Paulo e do Inter sobre o Goiás, a diferença teria ficado em apenas três pontos.

2005

No turbulento campeonato dos jogos anulados e remarcados por conta do escândalo do apito, o Goiás recebeu o Corinthians no Serra Dourada na última rodada, com uma vantagem corintiana de três pontos sobre o vice-líder Internacional. As duas equipes tinham jogos difíceis: o Goiás precisava assegurar a terceira colocação e a vaga na Libertadores, e o Inter visitava o Coritiba, que lutava contra o rebaixamento.

Para ser campeão, bastava ao Corinthians um empate, mas em um belo jogo o Goiás venceu por 3 a 2. Restava então ao Internacional vencer o Coritiba de goleada para tirar a diferença de saldo, mas acabou derrotado por 1 a 0. O Coxa acabou caindo mesmo assim, o Corinthians sagrou-se tetracampeão e o Inter reclamou demais do pênalti marcado no confronto direto, a duas rodadas do fim.

Goiás, Corinthians e rebaixamento: uma história em capítulos

Além de ajudar a definir os campeões, em duas oportunidades o Goiás esteve no caminho do Corinthians quando o Timão lutava contra o rebaixamento. Em cada uma delas, o final foi diferente para o torcedor alvinegro:

1997

Num dos jogos mais marcados pelas acusações de mala preta (torcedores do esmeraldino chegaram a protestar, pedindo o dinheiro do ingresso de volta ao final do jogo), o Goiás, que com 48 pontos apenas cumpriria tabela na última rodada, recebia um Corinthians desesperado pela vitória. Era a primeira vez que o Timão sofria ameaça real de rebaixamento, e as chances eram reais: se perdesse o jogo e Cricíuma ou Bahia, que jogavam em casa, vencessem, o descenso estaria concretizado.

No final, deu tudo certo: Célio Silva e Mirandinha marcaram os gols da vitória corintiana, que nem teve tanto drama assim: Criciúma e Bahia empataram seus jogos e acabaram rebaixados. Melhor para o Timão, que montou a base da equipe bicampeã brasileira de 1998 e 1999.

2007

A três rodadas do fim, Goiás e Corinthians brigavam ponto a ponto contra o rebaixamento e se enfrentariam no Serra Dourada num jogo de vida ou morte. A partida terminou empatada em 1 a 1, mas somente graças ao goleiro Felipe, que defendeu um pênalti de Paulo Baier. Com o empate, as duas equipes permaneceram próximas, o Corinthians com 43 pontos, ainda fora do Z-4, e o Goiás com 42.

Na rodada seguinte, o Corinthians jogava em casa contra um Vasco sem pretensões. Foi um jogo nervoso, em que a equipe errou demais e pagou o preço, perdendo por 1 a 0. Mas o Goiás também havia perdido, de 4 a 1 para o Atlético-MG, e a esperança continuava viva. Mas na rodada decisiva, o Corinthians empatou fora de casa com o Grêmio e o Goiás venceu o Internacional, rebaixando o Timão.