quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ranking Olheiros das categorias de base - Setembro/2010

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Estaduais de base trazem novidades e mudanças na classificação

Os campeonatos estaduais dão o tom da mudança na edição de setembro do Ranking Olheiros das categorias de base. Com nove federações conhecendo seus campeões nas principais divisões inferiores, já são 15 regionais encerrados em 2010, o que modifica muitas posições na zona intermediária e apresenta novos clubes, como o tradicional Ceará, que acabou com a hegemonia do Fortaleza no sub-18 e aparece pela primeira vez em nosso Ranking.

>>> Veja como está o Ranking após a nova atualização
>>> Entenda o Ranking (critérios de pontuação e mais informações)
>>> Veja todas as competições e os pontos distribuídos no Guia de competições de base

No Top 10, não houve mudança de posições, mas a vantagem do líder Internacional para o Cruzeiro, segundo colocado, diminuiu, ainda que continue maior que cem pontos. Quem por pouco não entrou no seleto grupo foi o Juventude, que com a conquista do Gaúcho Sub-20 sobre o rival Caxias – a primeira desde 2001 – subiu sete posições e parou no 11º lugar, a menos de 10 pontos do Coritiba. Finalmente, o Desportivo Brasil, após grande campanha na Milk Cup, foi quem mais subiu desde a última atuação, em julho, chegando à 41ª colocação.

Nos últimos dois meses, tivemos nove campeonatos estaduais encerrados: Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul. Além disso, o Internacional disputou a Manchester United Premier Cup (antiga Nike Cup) sem muito sucesso, e o Desportivo Brasil ficou em terceiro na Milk Cup. Outros estaduais devem se encerrar nas próximas semanas, como o Catarinense, o Paraense e o Paranaense, e serão contabilizados na última atualização de 2010, em dezembro, que contará ainda com as pontuações referentes à Copa Sub-23, novidade no Ranking, e ao Brasileiro Sub-20, o que garante muita emoção e possibilidade de grandes mudanças até os últimos jogos do ano.

Veja o ranking abaixo e confira a matéria completa no Olheiros:


segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Pior defesa e com mais derrotas, Atlético-MG ainda pode escapar do rebaixamento

A pouca esperança do torcedor reside em nomes como Obina e Diego Tardelli

Será 13, e não mais 14, o número de rodadas que Dorival Júnior terá para evitar a queda do Atlético-MG. O treinador campeão paulista e da Copa do Brasil desta temporada não teve tempo de promover alterações profundas na equipe em tão pouco tempo, mas sabe que, com ele, não chegarão reforços – é com esta equipe que o Galo, primeiro campeão brasileiro, tentará não se tornar o primeiro grande rebaixado duas vezes para a Série B na era dos pontos corridos.

A missão não será fácil, como as falhas do time já provaram. Mas olhando para os números, a esperança do torcedor pode aumentar ou diminuir – depende da forma como encara as probabilidades e o potencial deste elenco.

Ceará, Atlético-GO, Corinthians, Internacional, Avaí, Cruzeiro, Botafogo, Guarani, Santos, Flamengo, Palmeiras, Goiás e São Paulo. Este é o caminho a percorrer pelo Galo. Serão seis jogos como mandante (em negrito), seis como visitante e o clássico contra o Cruzeiro.

Por mais que a diferença para o Flamengo, primeiro fora da zona de rebaixamento, pareça possível em mais de meio turno (sete pontos), o que preocupa são o número de derrotas e de gols sofridos: 16 e 47, os piores índices do Brasileirão.

Jamais aconteceu, desde 2003, de o time mais derrotado do campeonato escapar do rebaixamento – por uma questão até mesmo lógica. Da mesma forma, a pior defesa sempre foi punida com o rebaixamento.

Preocupa, em especial, o número de derrotas: 16 em 25 rodadas, quase metade. Só para se ter uma ideia, no ano passado o Fluminense era o lanterna ao final da 25ª rodada, com 18 pontos – oito a menos que o Náutico, 16º colocado –, mas só havia sido derrotado 13 vezes. O Sport, maior perdedor até aquele momento com 15 reveses, acabou rebaixado na lanterna.

Olhando para a tabela, é difícil imaginar que o Atlético-MG inicie uma recuperação tão surpreendente quanto à do Flu no ano passado e não seja mais derrotado. Em 2009, o time de Cuca foi batido pela última vez na 27ª rodada, o que foi a 14ª derrota do Tricolor na competição, para então arrancar rumo à salvação.

É possível se salvar com muitas derrotas, desde que o número de empates seja pequeno e, consequentemente, o de vitórias seja grande. Analisando apenas os campeonatos com 20 times (ou seja, desde 2006), o Goiás se safou em 2007 mesmo tendo perdido 19 partidas, ou um turno inteiro. A diferença é que venceu 13 jogos e empatou apenas seis – cenário favorável ao Galo, que empatou apenas três vezes até aqui e é o time com menos empates.

Por outro lado, mesmo que siga invicto até o final do Brasileirão, nada garante que o Atlético se safe. Em 2008, o Figueirense foi rebaixado com as mesmas 16 derrotas, e o Corinthians de 2007 foi o rebaixado com menor número até hoje: apenas 14 – mas empatou outras 14.

Portanto, os números mostram que, apesar de desesperadora, a situação do Galo não é irreversível. Em um momento que a cautela parece ser o mais adequado, empates mesmo fora de casa não podem ser comemorados. Mas como lançar-se ao ataque pela vitória com uma defesa tão instável? É este o desafio que Dorival terá pela frente.

Rebaixados e quase rebaixados nas últimas temporadas e o número de derrotas:

2009
Rebaixados: Coritiba (17), Santo André (19), Náutico (20), Sport (21)
Com mais derrotas que escaparam: Atlético-PR e Vitória (16), Fluminense (14)

2008
Rebaixados: Figueirense (16), Vasco (20), Portuguesa (18), Ipatinga (21)
Com mais derrotas que escaparam: Atlético-PR (17), Vitória e Náutico (16)

2007
Rebaixados: Corinthians (14), Juventude e Paraná (19), América-RN (29)
Com mais derrotas que escaparam: Goiás (19) e Náutico (17)

2006
Rebaixados: Ponte Preta (19), Fortaleza (16), São Caetano (20) e Santa Cruz (24)
Com mais derrotas que escaparam: Palmeiras (18), Juventude (17), Atlético-PR e Flamengo (16)

sábado, 25 de setembro de 2010

Mainz que uma zebra

Com técnico jovem e garotos como Holtby e Schürrle, Mainz 05 é bola da vez na Alemanha

Publicado no Olheiros

Impulsionado por dois jovens jogadores que têm encantado a torcida, o líder do Campeonato Alemão entra em campo na manhã deste sábado para defender a ponta diante de um dos principais postulantes à primeira posição. Sim, estamos falando do Bayern de Munique, mas como o segundo sujeito desta frase. O duelo no Allianz Arena colocará os bávaros frente aos líderes isolados, inéditos e com 100% de aproveitamento desta Bundesliga: o Mainz 05.

Comandado por um técnico jovem e por atletas que despontam no país, o clube da pequena cidade às margens do Rio Reno surge como sensação não só na Alemanha, mas também em todo o continente europeu neste início de temporada graças a Lewis Holtby e André Schürrle, que vêm ofuscando até mesmo Thomas Müller e Tony Kroos nos noticiários.

Considerado um daqueles times pequenos que oscilam entre a segunda e a primeira divisão, o Mainz 05 retornou à Bundesliga na temporada passada e fez ótima figura para seu porte, terminando na nona colocação. Para muitos, a troca de treinador ainda na pré-temporada foi fundamental para o sucesso: saiu o norueguês Jorn Andersen, que havia conquistado o acesso, e assumiu Thomas Tuchel, então treinador das bases, que dirigia o sub-19 do clube. Tuchel, de apenas 37 anos, coordenou a base do Stuttgart entre 2000 e 2005, conquistando o campeonato alemão sub-19 em seu último ano por lá. Além disso, participou ativamente da formação de jovens como Khedira, Tasci e Gentner.

Com tanta experiência com as bases apesar da pouca idade para treinador, o alemão de Krumbach decidiu apostar em garotos que buscavam uma oportunidade e teve respaldo da diretoria. Das 14 transferências realizadas durante a janela, nenhum jogador tinha mais de 27 anos e quatro tinham menos de 20. Destaque para Lewis Holtby, meia atacante de 20 anos recém-completos e emprestado pelo Schalke, que já havia feito bastante barulho pelas seleções de base alemãs.

Sem espaço no Azuis Reais (assim como aconteceu com Özil), Holtby – que já havia sido emprestado no primeiro semestre, ao Bochum – chegou com status de capitão da seleção sub-21 e logo foi escalado como armador por Tuchel em seu 4-3-1-2, que rendeu vitórias convincentes sobre Stuttgart (2x0), Wolfsburg (4x3) e Kaiserslautern (2x1) nas rodadas iniciais. O camisa 18 anotou uma assistência por partida e foi fundamental para que a equipe vermelha assumisse a liderança da Bundesliga pela primeira vez em sua história de 105 anos.

Nas duas partidas seguintes, Tuchel decidiu alterar a forma de jogo: contra um Werder Bremen desfalcado, o 4-3-2-1 deu mais poder de marcação e valeu o triunfo por 2 a 0 em pleno Weserstadion. Já na terça-feira contra o Colônia, com Holtby poupado, a equipe jogou mais solta num 4-2-3-1. Entretanto, foi necessária a intervenção do meia, que entrou apenas no segundo tempo, para aparecerem os gols. Bastaram 26 minutos em campo para ele marcar duas vezes e garantir a incrível quinta vitória em cinco jogos, um dos melhores inícios de temporada da história recente da Bundesliga. Com tanto cartaz, até mesmo Fabio Capello está sendo aconselhado a convocar o jogador para a seleção principal da Inglaterra, já que seu pai é inglês – perguntado, o garoto não descartou a possibilidade.

Mas não é só de Holtby que vive o Mainz. Fruto das categorias de base dos Nullfünfer, André Schürle tem feito valer para os gramados alemães o famoso ditado brasileiro “em se plantando, tudo dá”. O atacante de 1,84m e 19 anos também foi campeão alemão sub-19 no ano passado sob o comando de Tuchel, e ganhou a oportunidade do treinador para mostrar serviço. Contra Wolfsburg, Kaiserslautern e Werder Bremen, saiu do banco para marcar gols decisivos, e já deverá ser titular ante o Bayern.

Para os mais desavisados, Schürrle não é tão cara nova assim: na temporada passada, atuou em 25 partidas e somou cinco gols e três assistências, passando a ser constantemente convocado para a seleção sub-19. Veloz, de bom posicionamento e habilidoso, não é apenas um matador caneludo. Já no início do campeonato, seu destino está traçado – foi contratado na semana passada pelo mesmo Schalke 04 que emprestou Holtby, pelo valor de 4 milhões de euros, e irá mudar de casa ao término da Bundesliga.

Outro jovem que chegou por empréstimo é Marcel Risse, 19 anos, também meia atacante oriundo do Bayer Leverkusen após um ano emprestado ao Nuremberg. Campeão europeu sub-19 em 2008 com a seleção alemã, Risse estreou contra o Werder e foi o homem do jogo, marcando um gol e dando passe para outro, mostrando que pode brigar por um lugar na equipe.

Finalmente, até mesmo Eugen Polanski, volante de 24 anos que havia surgido muito bem no Borussia Mönchengladbach mas que decepcionou em sua passagem pelo Getafe, parece estar readquirindo a boa forma no Stadion am Bruchweg. O cão de guarda do meio-campo tem demonstrado vitalidade e inteligência no auxílio a uma defesa bastante experiente, vazada apenas quatro vezes e melhor do torneio até aqui.

Por mais que seja derrotado pelo Bayern neste sábado e perca a liderança, o Mainz mostra neste início de temporada que é possível, sim, colher resultados apostando em jogadores jovens. Importante lembrar, sem dúvida, que a defesa é toda composta por atletas acima dos 30 anos e tal experiência dá mais tranquilidade aos meninos. Ainda assim, já dá para o torcedor almejar muito mais do Mainz em 2010/11.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O médico e o monstro

Dorival Júnior paga por tentar disciplinar Neymar, que sofre com excesso de proteção e más influências

Não se surpreenda se, ao entrar no gramado da Vila Belmiro hoje à noite para o clássico contra o Corinthians, Neymar for aplaudido pelas torcidas organizadas do Santos e vaiado pelos demais torcedores. Tal manifestação resume o sentimento do torcedor comum, aquele que assiste aos jogos do seu time pela TV e vai ao estádio de vez em quando, sem usar a camisa do time por medo da violência do futebol. Mais que isso, mostra quão nociva é a promíscua relação das diretorias de clubes brasileiros com seus atletas, patrocinadores e apoiadores.

O brasileiro não gosta nem respeita muito hierarquia. Aliás, até que se prove o contrário, o brasileiro nem de trabalhar gosta muito. Difícil puxar pela memória rapidamente, mas não consigo lembrar de outro caso como este, em que por punir um jogador que o desrespeitou e não seguiu suas ordens, o treinador foi demitido. Penso como se pensa na Europa, modelo a ser seguido para o bem e para o mal no futebol: o treinador é o chefe e sua vontade é a que vale, afinal foi contratado para isso. Jogador que derruba treinador com corpo mole é outra coisa, e existem exemplos aos montes por aí.

Comenta-se muito que Dorival Júnior tenha desrespeitado o acordo feito com a diretoria, de que Neymar voltaria a campo nesta quarta, e que essa falta de palavra teria sido mais determinante que a escalação ou não do garoto. Aí, então, o argumento se inverteria: afinal, o treinador foi quem não respeitou a hierarquia, ao dizer uma coisa a seus empregadores e fazer outra.

Pois bem. A história parece um crime sem culpado, um milagre sem santo. Por que Dorival forçaria a saída para aceitar a proposta do São Paulo, como se chegou a cogitar, se já tinha no Santos a participação na Libertadores garantida? Apenas por questão salarial? Não me parece ser a resposta.

Mas há outro ângulo de observação que precisa ser estudado, e transformou-se em motivo de piada tão logo a demissão foi confirmada: qual o verdadeiro poder de Neymar? Quando Renê Simões manchetou as palavras “estão criando um monstro”, ele não poderia ter sido mais feliz. Mas há um significado para esta frase que poucos perceberam: se o garoto tem seus momentos rompantes, as atitudes das pessoas que o cercam estão ajudando a criar uma imagem distorcida do que é na verdade Neymar. As sucessivas tentativas de blindar Neymar estão transformando-o em uma pessoa marrenta, antipática e egoísta perante a opinião pública. E este é o maior perigo.

Ao apoiar Neymar em qualquer circunstância, a diretoria do Santos, que muito prometeu e teve de abrir mão para segurar o garoto no clube, está tirando dele o benefício da dúvida e o aprendizado através do erro. E a mesma diretoria que, como quase todas do país, distribui ingressos para torcidas organizadas em troca de apoio total e irrestrito, cede às pressões dos empresários, patrocinadores e marqueteiros que vêem no garoto a solução para os problemas financeiros que o clube colecionou adotando medidas exatamente iguais a essa. É, portanto, um círculo vicioso.

Neymar não é um monstro. Ele agora encaminha-se, sem culpa, para se tornar o jogador mais odiado do futebol brasileiro por torcida, imprensa e demais jogadores. Se ele era caçado em campo, agora será visto como um troféu. Não é difícil imaginar, em breve, uma contusão séria fruto de uma falta sofrida.

Não se surpreenda, portanto, se Neymar entrar no gramado da Vila Belmiro hoje à noite pela última vez como o jogador que sempre foi. Com tudo isso, ele já mudou internamente. Não se sentirá o todo poderoso, como a maioria brinca, mas certamente perderá um pouco do brilho nos olhos que tinha em suas primeiras partidas, e muito da admiração da torcida que por ele pediu, incansavelmente, antes da Copa. No afã de extrair tudo dele, estão transformando Neymar em um monstro.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Brasileirão: 60%

O Brasileirão tem um novo líder! Chegamos à primeira análise após o início do segundo turno - pois é, já se foram quatro rodadas - e os números mostram que o fator setembro, com o acúmulo de rodadas no meio de semana, cobra seu preço. E o Fluminense é o principal atingido, caindo de produção, somando apenas quatro pontos no período (venceu apenas uma das últimas sete partidas) e vendo o Corinthians assumir a liderança, mesmo com um jogo a menos.

O Timão mostrou força e, quando mais precisava, corrigiu os defeitos de jogar mal fora de casa, vencendo o confronto direto com autoridade no Engenhão para abrir uma vantagem de dois pontos que pode se transformar em cinco, casa vença o Vasco na partida adiada do primeiro turno. Foram onze rodadas de liderança ininterrupta do time de Muricy Ramalho, que enfrenta o dilema de escolher entre dois goleiros instáveis e decidir a melhor posição para Deco - sua entrada no time coincidiu com a queda de rendimento.

Destaques: Jonas, Washington e Montillo, goleadores do período

Perebas: Fernando Henrique e suas falhas, Vasco e as dormidas em São Januário, sofrendo empates em jogos fáceis, e Neymar e seus pitis

Tamanha é a instabilidade do Fluminense no momento que outra equipe já aparece com mais força como adversária do Corinthians na briga pelo título: o Cruzeiro, maior pontuador do segundo turno até aqui (10 em 12 disputados). Cuca tem contado com a sorte que lhe faltou no Rio de Janeiro, e cada mudança sua na equipe parece dar ainda mais certo. Montillo tem tido tardes e noites abençoadas, o time joga com muita fluência e já está invicto há oito jogos. É o time a ser batido no momento.

Curioso notar a divisão de forças deste campeonato: cinco dos sete melhores pontuadores do segundo turno estão entre os sete primeiros colocados. Além do Cruzeiro (3º), também fora bem Corinthians (1º), Internacional (4º), Botafogo (5º) e Atlético-PR (7º), somando sete pontos cada.

Chama a atenção a manutenção do foco Colorado na competição, diferente de outros clubes que, ao vencerem a Libertadores ou mesmo chegarem à decisão, não conseguiram repetir as boas campanhas no Brasileirão. Vale lembrar que em 2006, quando o Inter foi campeão continental pela primeira vez, a história se repetiu e o time foi vice nacional. O apetite por títulos talvez se explique pelo fato de o Colorado não ganhar o Brasileiro desde 1979.

Jonas puxa o Grêmio para cima; quarteto nada fantástico não sai do zero

A ascensão é azul não só por causa do Cruzeiro, mas também graças ao Grêmio, segundo maior pontuador do período (nove pontos, três vitórias) e time que mais subiu na tabela no segundo turno: foram cinco posições, da 16ª à 11ª. A grnade vitória sobre o Corinthians em pleno Pacaembu com gol de Douglas, mais os gols decisivos de Jonas, foram fundamentais para a reação do time de Renato Gaúcho.

O camisa 7 marcou na derrota em casa para o Palmeiras, mas fez dois na vitória em Florianópolis sobre um decadente Avaí para assumir a liderança isolada da artilharia com 11 gols. Curiosamente, Jonas também era o artilheiro do campeonato no ano passado com os mesmo 11 gols (veja números ao final do post), mas acabou o torneio com 14.

Se o Grêmio foi quem mais subiu, o Vasco foi quem mais desceu: quatro posições, do 8ºpara o 12º lugar. A invencibilidade de PC Gusmão, sem derrotas desde quando ainda estava no Ceará, passou a fazer mal para a equipe, que empatou dois jogos em casa, contra fracos Atlético-MG e Avaí, após abrir o placar e recuar em demasia. A derrota para o Inter acabou com uma série estranha, de 15 jogos sem derrota (a maior do campeonato), mas de apenas uma vitória nas últimas sete partidas - os empates fizeram do Vasco um time preso ao medo de perder.

E por falar em empates, o recorde vascaíno não é solitário: foram 11 até aqui, mais de meio turno, empatado com o...Palmeiras. Coincidência ou não, nas duas partidas entre as equipes, as redes não foram balançadas. Esta é, aliás, outra curiosidade deste campeonato: as mesmas equipes sondam a região da melhor defesa e do pior ataque. São os times do zero a zero.

Vasco, Palmeiras, Ceará e Flamengo. Dos 25 jogos que terminaram sem gols até aqui, 15 tiveram a participação de uma destas equipes: foram 5 de Palmeiras, Ceará e Vasco, e três do Flamengo, contando os jogos entre essas equipes (dois empates tenebrosos entre Vasco e Palmeiras e mais um entre Flamengo e Vasco).

O Ceará, por exemplo, tem no momento a melhor defesa (20 gols) e o pior ataque (19). O Vasco aparece em segundo: sofreu 21 e marcou 21. Curiosamente, são as duas equipes treinadas por PC Gusmão neste campeonato. Mas não é exclusividade deles, já que o Flamengo marcou os mesmos 21 gols do Vasco e sofreu 23. Não à toa, este é o Brasileirão com pior média de gols da história dos pontos corridos.

A dança dos técnicos e o destempero de Neymar

Nem bem o returno começou e outros três técnicos foram demitidos. No Ceará, Mário Sérgio foi convidado a se retirar após oito rodadas, tendo assumido o time na terceira colocação e entregando na 11ª. No Grêmio Prudente, a fase anda horrível: lanterna, três derrotas consecutivas e três partidas sem vencer. Resultado? Antônio Carlos Zago, trazido na 13ª rodada após a ida de Toninho Cecílio para o Vitória, caiu da 14ª posição para a vice-lanterna, e foi substituído por Marcelo Rospide na 20ª rodada. Finalmente, o próprio Toninho Cecílio não aguentou o tranco em Salvador, oscilando na parte de baixo da tabela e saindo também na 20ª rodada, para a entrada do interino Ricardo Silva.

Finalmente, o início do returno marcou também as confusões envolvendo Neymar, que arranjou briga na derrota do Santos para o Ceará em Fortaleza, discutiu rispidamente com os companheiros e Dorival Júnior na virada sobre o Atlético-GO em casa e, por isso, ficou de fora do empate com o Guarani em Campinas. Longe de ser produtivo como era no primeiro semestre, Neymar desfalca o Santos e faz com que o Peixe oscile, rondando o G-4 mas permanecendo na mesma posição, longe de sonhar com o título.

23ª rodada

Melhor ataque
2010: Corinthians, Fluminense (40 gols)
2009: Barueri (43)
2008: Grêmio, Palmeiras (40)
2007: Cruzeiro (54)
2006: Grêmio, São Paulo (37)

Melhor defesa
2010: Ceará (20 gols)
2009: Palmeiras (20)
2008: Grêmio (16)
2007: São Paulo (7)
2006: Santos, Internacional (22)

Pior ataque
2010: Ceará (19 gols)
2009: Fluminense (22)
2008: Ipatinga (22)
2007: América-RN (18)
2006: Flamengo (21)

Pior defesa
2010: Atlético-MG e Goiás (44 gols)
2009: Náutico (42)
2008: Portuguesa (47)
2007: América-RN (55)
2006: Ponte Preta (43)

Gols e média
2010: 568 (2,49, em 228 partidas)
2009: 656 (2,89)
2008: 617 (2,68)
2007: 649 (2,84)
2006: 605 (2,63)

Artilheiros
2010: Jonas (Grêmio) - 11 gols
2009: Jonas (Grêmio), Marcelinho Paraíba (Coritiba), Roger (Vitória) e Val Baiano (Barueri) - 11 gols
2008: Alex Mineiro (Palmeiras) e Kléber Pereira (Santos) - 15 gols
2007: Josiel (Paraná) - 15 gols
2006: Soares e Schwenck (Figueirense) e Souza (Goiás) - 10 gols

Série de vitórias atual: Atlético-PR, Corinthians, Internacional (2)
Série invicta atual: Cruzeiro (8)
Série de derrotas atual: Grêmio Prudente (3)
Série sem vencer: Grêmio Prudente (8)

sábado, 18 de setembro de 2010

Ônus e bônus

Trajetória de Neymar é a de muitos garotos: sem suporte psicológico, deverá aprender sozinho

Publicado no Olheiros

Lá se vão quase três anos desde que o Olheiros entrou no ar. No final de 2007, dávamos nossos primeiros passos ao mesmo tempo em que um nome ainda engatinhava no mundo do futebol, mas que apesar jovem já era muito comentado. Não fosse o Brasil um celeiro diário de promessas, Neymarpoderia ser considerado o Freddy Adu brasileiro, tamanha sua precocidade e expectativa que havia sobre si desde os 13 ou 14 anos.

De lá para cá, muita coisa já aconteceu na vida do garoto. Passou pelo batismo da Copa São Paulo, disputou Mundial Sub-17 – sem muito destaque, é verdade – e cresceu no time Santos junto aos companheiros Ganso e André, ganhando status de craque e celebridade, a ponto de ter até mesmo cobertura jornalística da prova final de sua carteira de motorista. Após um semestre iluminado, virou nome fácil na boca do torcedor, que ansiava por um pouco de brilho na seleção que disputou a Copa do Mundo, e depois do fiasco na África do Sul, estreou com a amarelinha marcando gol.

A história de Neymar é igual à de muitos outros garotos prodígios do futebol brasileiro: infância difícil, oportunidade ímpar através do futebol, expectativa crescente e vislumbramento pela fama conquistada. No momento em que um enorme ponto de interrogação paira sobre a cabeça do atacante – maior até que o cabelo espetado do chamativo penteado –, surgem todos os tipos de questionamentos sobre a preparação psicológica que é oferecida não só a ele, centro dos holofotes, mas a todos os jovens jogadores.

Mais que a aparente sensação de impunidade que permeia as atitudes recentes de Neymar, como se a qualidade técnica justificasse a blindagem e as passadas de mão na cabeça, o que chama a atenção é o fato de este não ser episódio único no Santos. A insatisfação de Dorival Júnior com a multa aplicada após a discussão na partida contra o Atlético-GO, pedindo gancho de 15 dias e até mesmo, segundo informações ainda desencontradas, cogitando abandonar o comando do time, só mostra que há algo de podre no reino da Vila Belmiro.

Por mais detestável que seja utilizar frases prontas, a postura de Dorival parece-se muito com um conhecido ditado da língua inglesa: “engana-me uma vez, que vergonha de você; engana-me a segunda vez, que vergonha de mim”. A polêmica dos garotos santistas na Twitcam mostra que, talvez, a rédea esteja um pouco solta demais, comparável à criança que, sem ter pais firmes, que neguem suas vontades, torna-se irrepreensível.

É exatamente o que disse recentemente, em entrevista ao amigo Lincoln Chaves, a especialista Valéria Sapienza: a falta de preparação psicológica para lidar com os desafios da fama e do sucesso aos 18 anos faz com que os meninos se percam. E para que não se percam para sempre, é preciso acabar com as regalias, exigir profissionalismo e aumentar a cobrança, transferindo responsabilidades ao garoto conforme ele cresce.

O que mais preocupa nas crises comportamentais de Neymar, neste momento, não é nem seu futuro no futebol ou uma queda de produção – bem, talvez preocupe a Wagner Ribeiro, que também aconselhou Robinho muito mal durante muito tempo. Pior é o péssimo exemplo que está dando este que é o principal ídolo da garotada de 8, 9, 10 anos, idade em que a criança se apaixona pelo futebol e guarda suas principais lembranças para a vida toda – o perigo desta influência de “bad-boy” e ar de quem faz o que quer é enorme.

No final das contas, talvez seja exatamente por isto que a cabeça de Neymar venha entrando em parafuso: quando devia ouvir e aprender, já é cobrado a falar e ensinar; quando devia seguir, está sendo seguido; e quando devia se espelhar nos exemplos dos mais velhos, já é tido como exemplo para os (poucos) mais novos que ele.

Ônus e bônus de ser quem é, cercado de opiniões distintas do que deve ou não fazer. Por não ter sido orientado corretamente antes, ele deverá agora, provavelmente sozinho, descobrir o que quer. E se trilhar o caminho certo, terá tudo para entrar para a história, porque habilidade o garoto tem como poucos até hoje.

sábado, 11 de setembro de 2010

Rumo ao futebol de bebês?

Criação de categorias como o sub-11 deve ser trabalhada com cuidado

Publicado no Olheiros

É uma brincadeira comum no meio do futebol: a busca por promessas antes que ninguém mais as descubra ainda vai levar clubes e empresários a maternidades. Por mais engraçado e utópico que a piada possa parecer, a realidade não deixa de estar se aproximando um pouco disso. Algo impensado há duas décadas, a realização de campeonatos em categorias como o sub-13 ou o sub-11 tem se tornado comum, especialmente nos maiores centros.

Atualmente, quatro das principais federações do país já possuem ao menos o estadual da categoria mirim, que envolve garotos de 11 e 12 anos. No Rio de Janeiro, o Pré-Mirim tem “atletas” de 10 e 11 anos e o Mirim, 11 e 12; em Minas Gerais, as mesmas categorias englobam, respectivamente, a idade de 9/10 e 11/12; no Paraná, o Pré-Infantil é disputado por meninos de 12 e 13, enquanto o Mirim tem jogadores de 9 a 11 anos; e em São Paulo, desde 2008 existem os Paulistas Sub-13 (de 11 a 13 anos) e Sub-11 (de 9 a 11).

Campeonato federado de futebol entre crianças de nove anos parece um exagero – e é. Os principais especialistas e teóricos no tema defendem a iniciação específica do futebol a partir dos 12 ou 13 anos, mas não é o que vem acontecendo na prática. Pior do que disputas valendo título entre garotos de menos de dez anos, é a constatação que os clubes dão início ao treinamento ainda antes de introduzirem os meninos em competições oficiais, ou seja, aos 7 ou 8 anos de idade, no início da vida escolar.

Neste momento do desenvolvimento infantil, o mais adequado é uma formação poliesportiva, que trabalhe com o objetivo de desenvolver as habilidades motoras mais básicas, em conjunto com a descoberta dos limites do próprio corpo. Nada de esporte para rendimento, cobrança de fundamentos, qualidade técnica ou compreensão tática.

A utilização de crianças desta faixa etária em competições regulares de modalidades específicas é prejudicial à evolução tanto física quanto até mesmo psicológica, que não pode se prender a rotinas e cumprimento de objetivos, algo comum à vida adulta – ou ao menos compreensível de se exigir somente em um contexto mais avançado.

Ao contrário do que é preconizado, estas competições de faixas etárias precoces visam somente o resultado imediato da conquista, atendendo apenas ao interesse de clubes, técnicos e empresários que pensam curto prazo, sem se preocupar com o garoto, que ainda passará por profundas transformações em seu corpo e sua mente, e que nem mesmo poderá vir a ter um físico adequado à pratica do futebol. Lidar com frustrações aos 14, 15, 16 anos, após grande expectativa gerada num momento em que a criança tende a descobrir o mundo à sua volta e idealizá-lo, pode trazer prejuízos irreparáveis ao menino.

Mas o que fazer? Estabelecer o início da prática esportiva de rendimento em uma idade específica? Uma ideia interessante é a defendida pelo autor Fabrício Moreira, que cita a realização de festivais de futebol ou ligas, ambos de duração mais curta que os campeonatos, com número maior de participantes e de caráter mais lúdico para os participantes, promovendo em breve uma renovação e também uma ampliação do alcance do futebol. cabe às federações e clubes adotarem (ou ao menos testarem) a medida, muito comum em países da Europa. Com a palavra, os principais interessados: clubes, técnicos, empresários e pais.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Brasileirão 2010: 50%

Parece que não, mas já chegamos ao final do primeiro turno do Brasileirão 2010. O campeonato em ano de Copa e com pausa no meio do trajeto parece que ainda não "pegou", mas como os anos anteriores têm mostrado, a emoção começa de fato agora no returno, com os elencos fechados, cada equipe sabendo o que busca de fato e confrontos diretos em cada rodada.

Vamos, então, a uma análise das últimas três rodadas, passando por todo o primeiro turno e tentando vislumbrar o que pode acontecer - por mais imprevisível que este campeonato seja - no segundo.

Destaques (rodadas 17 a 19): Grande fase de Elias, do Atlético-GO, recuperação do Atlético-PR e série invicta do Vasco

Perebas: Falhas de Fernando Henrique e defesa do Goiás, que sofreu 10 gols em três jogos

A principal constatação desta reta final de primeiro turno é que o Fluminense não é tão imbatível quanto se pensava. Com apenas uma vitória em seis jogos e a primeira derrota desde a terceira rodada, o time de Muricy Ramalho ainda está na ponta, mas pode perdê-la, bem como o título simbólico de campeão do turno, porque o Corinthians tem um jogo a menos em virtude de seu centenário e, se vencer, ficará dois pontos a frente.

Centenário que pareceu fazer bem ao Timão: após altos e baixos nas últimas semanas, duas vitórias em casa, uma delas num convincente 5 a 1 sobre o Goiás, que fizeram deste Corinthians o melhor mandante da história dos pontos corridos até aqui - foram dez vitórias em dez jogos. A única ameaça continua sendo mesmo o fraco desempenho fora de casa.


Talvez uma das histórias mais curiosas deste Brasileirão seja a de Internacional e Santos, que ao contrário de campeões passados de Copa do Brasil e Libertadores, não abriram mão do segundo semestre e parecem firmes na briga pelo título. Sem Ganso, o Peixe parece mais suscetível a turbulências que o Inter de Celso Roth, mas a incógnita que paira sobre o Colorado é se haverá saídas e se Roth continuará sendo Roth, e cairá de produção no segundo semestre - isso sem contar uma possível pressão da diretoria por priorizar a preparação para o Mundial, promovendo rodízios no elenco.

Elevador do Brasileirão

Se tem gente que sobe, obviamente tem gente que desce. O Botafogo é a grande surpresa positiva deste campeonato, porque Joel mostrou que o time não era somente Loco Abreu e suas bolas aéreas, graças à velocidade que Jobson e Maicosuel trouxeram à equipe, que tem sido imbatível no Engenhão. Quem também vem bem é o Cruzeiro de Cuca, que encontrou em Montillo o camisa 10 que procurava há tempos e, com uma formação sólida e finalmente resolvendo os problemas da defesa, parece crescer no momento certo, similar ao que ocorreu com o Flamengo em 2009.

Também em ascendência está o Atlético-PR, que somou treze de quinze pontos nas últimas rodadas e, de preocupado com o rebaixamento, sonha com mais. Contudo, o Furacão ainda não parece estável assim como seu vizinho de tabela, o Vasco, que tem a maior série invicta do campeonato após a derrota do Fluminense, mas ainda empata demais, recua em demasia quando tem a vantagem e depende demais das boas atuações de Fernando Prass, o melhor goleiro do campeonato. O Guarani, que chegou à turma da Libertadores nas primeiras rodadas e há pouco tempo rondou a zona de rebaixamento, conseguiu duas viradas em casa sobre Fla e Flu e se estabilizou no meio da tabela.

Por outro lado, o Ceará começou a cair, e de invicto em casa e melhor defesa, sofreu a primeira derrota no Castelão e não vence há quatro jogos, caindo para o 11º lugar. Também em queda livre vem o Avaí, que depois de uma boa sequência com Antônio Lopes, somou apenas um ponto em cinco jogos e preocupa seu torcedor.

Dupla instabilidade e turma do fundão

Não adianta: acabou um turno inteiro e São Paulo e Palmeiras não se emendam. A dupla vizinha de treinamento não consegue engatar uma série de bons resultados e permanece nas posições intermediárias. O Verdão parecia que ia engrenar com vitória sobre o Galo no Mineirão e empate com o Flu no Maracanã, mas a derrota no Pacaembu de virada para o Cruzeiro fez Felipão fechar a cara e o time estacionar na 12ª colocação. O Tricolor, por sua vez, vai adquirindo um pouco mais a cara de Baresi, e já não perde há quatro jogos, mas tamanha era a má fase que apesar disso, está apenas na décima posição.

Finalmente, a turma do fundão permanece a mesma: Vitória, Flamengo e Grêmio brigam para ver quem entra na zona de rebaixamento no lugar de Atlético-MG, Atlético-GO, Goiás e Grêmio Prudente. O Fla que acaba de estrear sua dupla de ataque "importada", tem uma peculiaridade: é o time do jogo sem graça, já que possui a melhor defesa, mas o pior ataque. Já foram três 0 a 0 e oito 1 a 0, a favor ou contra. De toda a turma, quem parece melhor no momento é o Grêmio, que começa a reagir com Renato Gaúcho, e o Atlético-GO, que graças a Juninho e Elias deixou a lanterna e está a três pontos de sair do G menos 4 pela primeira vez desde a terceira rodada.

Libertadores e rebaixamento

Na briga pela Libertadores, o desempenho do primeiro turno é imprescindível: em 2009, dos quatro que estavam na zona da Libertadores, apenas dois se classificaram ao final do campeonato - Inter e São Paulo confirmaram a campanha, mas Palmeiras e Goiás caíram de produção. Em 2008, foram os quatro - Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e São Paulo.

Neste ano, a briga é maior, uma vez que Santos e Internacional, já garantidos, estão nas primeiras posições, "abrindo" vagas para equipes com pontuações mais baixas. Por isso, no momento, Botafogo e Cruzeiro, com 31 pontos, estariam classificados.

Já na parte de baixo da tabela, é bom Atlético-MG, Atlético-GO, Grêmio Prudente e principalmente Goiás ficarem de olho. No ano passado, dos quatro que estavam no G menos 4 ao final do primeiro turno, apenas o Fluminense escapou da degola, e graças a uma reação inédita. Em 2008, dois que estavam na zona de rebaixamento caíram (Vasco - 17º, 19 pontos - e Ipatinga - 20º, 16).

Além disso, outra estatística que preocupa o esmeraldino goiano: nos últimos quatro anos, quem tinha a pior defesa ao final do primeiro turno não escapou da queda - basta conferir os números abaixo.

19ª rodada

Melhor ataque
2010: Corinthians (34)
2009: Barueri (38)
2008: São Paulo (33)
2007: Cruzeiro (40)
2006: Paraná (33)

Melhor defesa
2010: Ceará, Flamengo (15)
2009: Palmeiras (17)
2008: Grêmio (12)
2007: São Paulo (7)
2006: Santos (17)

Pior ataque
2010: Flamengo (14)
2009: Cruzeiro (18)
2008: Atlético-PR (17)
2007: América-RN (16)
2006: Flamengo (16)

Pior defesa
2010: Goiás (37)
2009: Náutico e Sport (37)
2008: Portuguesa e Vasco (39)
2007: América-RN (42)
2006: Ponte Preta (39)

Gols e média
2010: 464 (2,46 em 188)
2009: 545 (2,91 em 187)
2008: 519 (2,73)
2007: 520 (2,81)
2006: 502 (2,64)

Artilheiros
2010: Elias (Atllético-GO) e Bruno César (Corinthians) - 9 gols
2009: Adriano (Flamengo) - 10 gols
2008: Alex Mineiro (Palmeiras) e Kléber Pereira (Santos) - 11 gols
2007: Josiel (Paraná) - 12 gols
2006: Dodô (Botafogo) - 9 gols

Série de vitórias atual: Atlético-PR, Corinthians, Cruzeiro, São Paulo (2)
Série invicta atual: Vasco (11)
Série de derrotas atual: Goiás (6)
Série sem vencer: Goiás (12)

sábado, 4 de setembro de 2010

Literamente, um zagueiro artilheiro

Desconhecido no Brasil, Nathan Júnior abandona defesa e vira artilheiro na LetôniaPublicado no Olheiros

Por mais que a balança comercial de pé-de-obra brasileira tenha adotado uma tendência inversa em 2010, repatriando mais que exportando, ainda é incrível o numero de jogadores que atuam foram do país. A maioria, até, completos desconhecidos, tentando a sorte em ligas menores e bem longe dos holofotes de um Camp Nou ou um San Siro. Um deles é Nathan Júnior Soares de Carvalho, jovem carioca que foi ainda cedo para o Velho Continente e atualmente é a coqueluche da modesta Virsliga, a primeira divisão da Letônia, graças a uma história bastante peculiar.

Nascido em 10 de março de 1989, Nathan Júnior, como é conhecido, iniciou sua carreira nas bases do CFZ de Zico em 2004, já aos quinze anos. Lá, ficou até 2006, quando chamou a atenção do então ainda incógnito Anorthosis Famagusta, do Chipre – o clube só ficaria conhecido no Brasil em 2008, quando foi o primeiro de seu país a atingir a fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa.

Na pequena ilha do Mediterrâneo, Nathan ficou menos de uma temporada, e aos 19 anos desembarcou finalmente na fria e distante Letônia para colocar seu 1,84m e 79kg à disposição do FK Skonto Riga, maior campeão do país, mas que desde 2004 não levantava a taça. Forte e de bom porte físico, chegava bem credenciado como zagueiro ou volante, posições em que atuou durante o empréstimo ao Olimps, da capital Riga, e na volta em definitivo ao Skonto.

Até então, o garoto ainda brigava por um espaço na equipe, já que Fertovs e Smirnovs, a dupla titular, é presença constante nas convocações de Aleksandrs Starkovs, técnico da seleção desde 2007. Entretanto, foi na metade da temporada passada, quando outra dupla – a de ataque – foi desfeita, Nathan finalmente teve uma grande chance.

A venda de Vladimir Dvalishvili e Ivans Lukjanovs colocou um enorme ponto de interrogação na cabeça de Paul Ashworth, que estava sem opções para o deficitário setor ofensivo do time, um dos piores do campeonato. Foi então que o treinador decidiu inovar e apostou em Nathan, graças ao porte físico. Em sua primeira partida na posição inédita, o brasileiro marcou dois gols na vitória sobre o FK Jurmala e, desde então, é o centroavante titular da equipe.

A mudança só fez bem ao garoto, que encerrou o campeonato de 2009 (na Letônia, o calendário é similar ao brasileiro devido ao rigoroso inverno) com cinco gols em sua conta. No momento em que a atual temporada chega à metade, o Skonto finalmente voltou a liderar a tabela, com 44 pontos contra os 41 do rival Ventspils, e muito graças aos gols de Nathan: em 17 jogos, já marcou incríveis 14 gols, demonstrando uma habilidade rara no país. Não à toa, o time vermelho da capital tem o melhor ataque com 57 gols, treze a mais que o segundo colocado.

O porte físico, sua principal característica, realmente lhe confere condições de atuar como finalizador mesmo tendo saído da zaga, mas Nathan não é apenas um botinudo que desvia a bola para o gol. Ao longo do ano, tem demonstrado capacidade de criar chances e ótimo senso de posicionamento, além de não ser nada egoísta e oferecer oportunidades aos companheiros – abre muitos espaços e sabe carregar o marcador.

Talvez ainda graças ao instinto de zagueiro, arrisca muitos chutes (é o líder do quesito na liga) até mesmo com o pé esquerdo, que não é tão bom, mas compensa a falta de potência com um remate consideravelmente preciso. Pela observação dos vídeos que chegam até aqui, atua especialmente como pivô, e relatos da imprensa local dão conta de uma clara evolução na posição a cada partida – afinal, trata-se de um garoto que está aprendendo uma nova forma de jogar.

Apesar disso, Nathan não conseguiu ajudar sua equipe a ir além do primeiro qualifying da Liga Europa, após derrota em casa para o modestíssimo Portadown, da Irlanda do Norte. Com o único grande momento do futebol letão sendo uma participação da seleção na Eurocopa de 2004, o país pode não ser o terreno ideal para o desenvolvimento de um talento que acabou de descobrir sua verdadeira vocação. Ainda que não tenha perfil para se tornar um world class, Nathan tem sim condições de receber propostas de ligas maiores ao final da temporada e, ao menos, se tornar um brasileiro a mais na lista dos jogadores que atuam na Europa – mas não mais um desconhecido.