quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Futebol americano: a corrida rumo aos playoffs na NFC

Continuamos hoje com a análise do cenário da NFL e a corrida pelos playoffs. Estamos chegando na semana 8 e as equipes já sabem o que precisam fazer ou evitar para sobreviverem à temporada regular.

No post anterior, falamos sobre o panorama da Conferência Americana. Hoje falamos sobre o cenário na NFC. Confira:

NFC

Tudo embolado. Esta é a melhor maneira de resumir a NFC, que tem nove de suas 16 equipes separadas por apenas uma vitória: enquanto os líderes New York Giants e Atlanta Falcons têm uma campanha de cinco vitórias e duas derrotas, cinco equipes (Chicago Bears, Washington Redskins, New Orleans Saints, Green Bay Packers e Philadelphia Eagles) aparecem com quatro vitórias e três derrotas.

Sim, o cenário está embolado porque ainda estamos chegando à metade da temporada, mas também porque os principais favoritos têm falhado em alcançar campanhas mais consistentes – com sete rodadas e nenhum time só com uma vitória, parte da imprensa americana tem chamado a NFC de “medíocre” em 2010.

Atual campeão, o New Orleans Saints tem estado muito aquém do ótimo jogo da temporada passada e já perdeu três, incluindo uma surpreendente derrota em casa para o Cleveland Browns (que havia vencido apenas uma em seis) por 30 a 17, graças a quatro interceptações de Drew Brees – duas delas convertidas em touchdown. Sem Reggie Bush e Pierre Thomas, machucados, o ataque terrestre é um dos piores da liga. O Sunday Night Football deste domingo promete ser imperdível, pois os Saints recebem o Pittsburgh Steelers e uma vitória é fundamental para não acender a luz vermelha na Louisiana.

O cenário é deveras preocupante para os campeões do Superbowl XLIV, já que as coisas estão emboladas na NFC South. O Atlanta Falcons (5-2) tem um dos melhores jogos terrestres da liga e, não bastasse isso, Roddy White é o líder em jardas de passe – já completou 54 recepções para 747 jardas e 5 touchdowns, numa incrível média de 13,8 jardas por recepção. Com Mat Ryan inspirado e uma tabela favorável (ainda enfrenta o Carolina Panthers duas vezes), é candidatíssimo aos playoffs. Além disso, o Tampa Bay Buccaneers (4-2), sempre baseado na defesa, corre por fora.

Dono da melhor campanha da conferência até o momento, o New York Giants (5-2) deu uma demonstração de força no último Monday Night Football ao vencer o problemático Dallas Cowboys (1-5) em um duelo da divisão leste, graças a quatro passes para TD de Eli Manning (seu recorde pessoal) e 126 jardas corridas por Ahmad Bradshaw, líder da NFL em jardas até aqui (foram 708). Mesmo com duas interceptações e um retorno de punt para touchdown no primeiro quarto, os Giants mesclaram uma forte defesa (Osi Umenyiora já tem 8 sacks) com um ataque intenso para reviver o time que surpreendeu a todos na temporada de 2007. Pior para os Cowboys, que perderam o quarterback Tony Romo com uma fratura na clavícula, e que dificilmente jogará de novo este ano.

Com isso, o caminho ficou livre para Washington Redksins e Philadelphia Eagles (ambos 4-3) sonharem com os playoffs. Os Eagles vêm crescendo a cara rodada e dão-se ao luxo de escolher qual o QB titular, já que tanto Kevin Kolb quanto Michael Vick têm jogado muito bem. A defesa continua dando sustos na torcida, mas como Jeremy Maclin já anotou seis TDs em recepções e LeSean McCoy cinco em corridas, dá para sonhar com a pós-temporada. O time descansa no final de semana e depois tem uma sequência duríssima: recebe os Colts, enfrenta os Redskins em Washington num confronto direto, e depois recebe os Giants.

O Washington, por sua vez, começou a temporada com certa expectativa por conta do trio McNabb-Portis-Moss, mas a defesa continuou sendo a mesma mãe de sempre (levou 170 jardas terrestres do Colts, o time que menos corre com a bola). Entretanto, a vitória sobre os Bears em Chicago no último domingo, graças a incríveis quatro interceptações de DeAngelo Hall (recorde da liga) e quatro sacks sobr Jay Cutler, acendeu uma luz de esperança na capital.

Na divisão norte, moram as grandes decepções desta temporada. Do Detroit Lions (1-5) nunca se espera nada, mas o Minnesota Vikings (2-4), após a grande campanha de seu ataque no ano passado, vem muito mal. Nem mesmo o retorno de Randy Moss foi suficiente para impulsionar os números da equipe, que tem sofrido com as contusões que assolam Brett Favre, interceptado e sacado constantemente - com dores no cotovelo, ele jogou no sacrifício em Green Bay e acabou machucando o tornozelo, devendo ficar fora por um ou dois jogos.

Também sofrendo com contusões, o Green Bay Packers (4-3) tem em Clay Matthews um dos melhores defensores da temporada, mas o ataque simplesmente não produz – Aaron Rodgers só conseguiu converter 31 de 80 terceiras descidas. Com uma tabela bem complicada (jogos fora contra Jets, Patriots, Falcons e Vikings), os cabeças de queijo podem acabar ralados ao final da temporada. Isso abre espaço para o Chicago Bears (4-3), mesmo com um cada vez mais atrapalhado e arrogante Jay Cutler, vislumbrar uma pós-temporada. Para isto, basta a linha ofensiva parar de conceder sacks aos adversários (Cutler já foi sacado 31 vezes), e assim o bom jogo terrestre voltará a produzir. Na defesa, o time de Brian Urlacher se garante – a tabela é razoável, já que os adversários mais fortes jogarão no Soldier Field.

Finalmente, falamos da divisão mais fraca desta conferência – a NFC West. Aliás, os times do oeste precisam se benzer, pois a AFC West também não assusta ninguém. O San Francisco 49ers (1-6) é o pior time da NFC e o segundo pior da NFL, ficando á frente apenas do Buffalo Bills. Some um ataque inoperante à uma defesa de filme de terror e você terá um time que dificilmente vencerá outra partida no ano (bom, eles ainda recebem os Rams). O St. Louis Rams (3-4), aliás, já pode dar férias aos jogadores e comemorar: com três vitórias, já tem o número de triunfos que acumulou nas últimas três temporadas. Como ainda recebem Carolina Panthers e os 49ers em casa, podem terminam o ano com honrosas cinco vitórias – agradeçam a Sam Bradford, calouro que tem mostrado potencial para levar o time mais além no futuro.

O Arizona Cardinals (3-3), por sua vez, mostra a cada ano que será difícil voltar a disputar um Superbowl como fez em 2009. O QB novato Max Hall ainda tem muito o que aprender e a defesa tem sido tétrica contra o jogo terrestre, e como um Larry Fitzgerald só não faz um verão, este não deverá ser o ano dos cardeais. Portanto, a NFC West deve sobrar, por eliminação, ao Seattle Seahawks (4-2), que vem subindo de produção a cada rodada, graças à uma fortíssima defesa contra o jogo terrestre e a bons jogos de Matt Hasselbeck. Ainda assim, muito pouco para passar da primeira rodada dos playoffs.

Cenário dos playoffs

NY Giants, Chicago, Atlanta e Seattle. Os atuais líderes de divisão devem avançar aos playoffs, e sinceramente hoje é difícil imaginar algum time, a não ser os Giants, que possa ameaçar o campeão da AFC (seja ele quem for) no Superbowl XL. New Orleans irá se recuperar e pode ser o principal candidato a este posto, ao passo que o Philadelphia é minha aposta para a sexta vaga. Green Bay, Minnesota, Arizona e Washington correm por fora. O que rolar além disso será tema para o comeback team of the year.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Paulistão 2011 - bom para os pequenos, ótimo para os grandes

Nova fórmula aumenta interesse, mas limita surpresas

Não houve clube que não comemorasse a nova fórmula de disputa do Paulistão 2011 - após um primeiro turno de todos contra todos em jogos apenas de ida, serão oito, e não mais quatro, os classificados para a segunda fase.

Afinal, em um campeonato com 19 rodadas e diferença tão grande entre os fortes e os fracos, a briga por apenas quatro vagas havia deixado o Paulistão insosso e desmotivado nos últimos anos.

Apenas como exemplo: no regulamento atual, em 2010 foram quatro times envolvidos na disputa por três vagas à semifinal na última rodada. Fosse já o novo formato, teríamos cinco equipes disputando a última vaga, envolvendo doze times na parte de cima da tabela e os oito restantes na luta contra o rebaixamento.

Com exceção dos que tiverem melhor campanha e assegurarem a classificação antecipada, o número de times que ainda buscam algo no campeonato até o fim será bem maior.

Isso incentiva os pequenos a sonharem com o título ou mesmo uma participação na decisão. Afinal, em jogos únicos a chance de uma surpresa em um dia ruim do time grande é boa.

Por outro lado, também aumenta as possibilidades dos grandes predominarem nas semifinais e final. O motivo é simples: com calendários completo, os grandes normalmente abrem mão das primeiras rodadas do estadual, que teve sua data de início adiantada nos últimos anos, em nome da pré-temporada. Isso permite recuperar, no mês de abril, quando a primeira fase chega à reta final, os pontos perdidos em janeiro e fevereiro, quando equipes menores, que iniciaram os trabalhos em dezembro, tinham vantagem.

Desta maneira, por exemplo, o Corinthians - que ficou de fora das semifinais em 2010 e 2008 - poderia ter se classificado para a segunda fase, quando a camisa pesa e o time já está mais entrosado, seja pela disputa da Libertadores ou pela sequência de partidas.

Fazendo uma rápida brincadeira, simulamos como teriam sido os últimos quatro Paulistas sob o novo formato, aplicando o resultado do confronto no primeiro turno ao duelo fictício de quartas e semis.

Neste exercício, veríamos que Santos e Santo André repetiriam a final deste ano, mas em 2009, em vez de Santos e Corinthians na decisão, teríamos Palmeiras e São Paulo. Da mesma forma, em 2008, o Corinthians seria o adversário do Palmeiras na final, e não a Ponte Preta. Em 2007, primeiro ano do retorno das semifinais, o resultado seria o mesmo: Santos campeão em cima do São Caetano.

Vale lembrar que, agora, o número mágico para a classificação é 28. Esta é a média das pontuações dos oitavos colocados nos últimos quatro anos: São Caetano (27) em 2010, Grêmio Prudente (27) em 2009, Noroeste (29) em 2008 e Ponte Preta (30) em 2007. Perceba, também, que este número vem caindo a cada ano.

Apesar de elogiada pelos clubes, a nova fórmula abre espaço às chamadas injustiças do futebol - em 2010, a Ponte Preta, oitava colocada com 30 pontos, poderia ter eliminado o Santos, primeiro lugar com 50. Mas com o Brasileirão por pontos corridos, os Estaduais perderam sua importância e devem, por isso, buscar fórmulas diferentes para estimular a competitividade e a emoção do torcedor - além de que grande parte da graça do futebol reside no fato de ele nunca ter sido justo.

E você, gostou da nova fórmula do campeonato paulista?

Confira como teriam sido os confrontos da segunda fase nos últimos anos, sob a nova regra (placares utilizados correspondem aos jogos da primeira fase, com vantagem hipotética do empate para o time de melhor campanha):

2010
Santos 3x1 São Caetano
Santo André 4x1 Botafogo
Grêmio Prudente 2x1 Portuguesa
São Paulo 3x4 Corinthians

Santos 2x1 Corinthians
Santo André 3x1 Grêmio Prudente

Santos 2x1 Santo André

2009
Palmeiras 3x0 Grêmio Prudente
São Paulo 5x0 Mirassol
Corinthians 0x0 Santo André
Santos 1x0 Portuguesa

Palmeiras 4x1 Santos
São Paulo 1x1 Corinthians

Palmeiras 0x1 São Paulo

2008
Guaratinguetá 3x1 Mirassol
Palmeiras 0x0 Santos
São Paulo 2x1 Grêmio Barueri
Ponte Preta 0x1 Corinthians

Guaratinguetá 0x2 Corinthians
Palmeiras 4x1 São Paulo

Palmeiras 1x0 Corinthians

2007
Santos 4x2 Ponte Preta
São Paulo 1x1 Noroeste
São Caetano 2x2 Paulista
Bragantino 1x1 Palmeiras

Santos 3x2 Bragantino
São Paulo 0x1 São Caetano

Santos 3x0 São Caetano

Futebol americano: a corrida pelos playoffs na AFC

A temporada regular da NFL chegará à sua metade no próximo final de semana, mas após a semana 7 já se pode ter uma ideia de quem é quem na corrida rumo ao Superbowl XLV. Enquanto o cenário na AFC parece bem delineado, com algumas equipes claramente superiores a outras, na NFC permanece tudo bastante nebuloso. O equilíbrio desta temporada já ficou nítido quando nenhuma equipe conseguiu atingir 4-0, algo que não acontecia desde 1970.

Confira hoje como está a corrida pelos playoffs na AFC, e amanhã falaremos da NFC:

A vitória do New Orleans Saints no último Superbowl não foi surpreendente apenas por ter sido conquistada em cima dos Indianapolis Colts de Peyton Manning. Na verdade, aquela foi apenas a terceira conquista de times da NFC na década, e as outras duas também foram grandes zebras: o burocrático e defensivo Tampa Bay Buccaneers bateu o Oakland Raiders de Rich Gannon e Jerry Rice em 2003 e, na maior surpresa da história recente, em 2008, o despretensioso time do New York Giants derrotou o até então invicto New England Patriots, do melhor ataque da história, composto por Tom Brady e Randy Moss.

Por tudo isso, não será surpresa se a década de ‘10 começar com outra vitória da AFC. Os melhores times da liga estão aqui: o New York Jets (5-1) começou a temporada com uma grande interrogação sobre a cabeça do ainda jovem quarterback Mark Sanchez, mas graças principalmente às muitas jardas corridas por LaDainian Tomlinson, que finalmente voltou a produzir, e por Shonn Greene, os Jets serão um nome certo nesta pós-temporada – e eles vêm fortes como nunca.

O problema dos Jets é fazer parte da mesma divisão da equipe mais vitoriosa da história recente do futebol americano. O New England Patriots (5-1) chegou à temporada em baixa, com uma defesa jovem e apostando apenas no entrosamento entre Tom Brady e Randy Moss. Quando Moss, pouco acionado nas primeiras partidas, voltou para Minnesota, a torcida dos Pats chegou a jogar a toalha. Mas a diretoria do NE, que normalmente monta seus times a partir do draft, percebeu o perigo e tirou o escorpião do bolso para trazer de volta Deion Branch. O desempenho do time melhora a cada rodada e a briga será intensa até o fim para vermos quem será o campeão da divisão.

Considerado pela maioria o time mais consistente e “copeiro” da NFL, o Pittsburgh Steelers também tem uma campanha de 5-1 como os rivais supracitados, mas é aquela coisa de sempre: não brilha, baseia-se na defesa e nos erros dos adversários. Ainda assim, ganhou dois Supebowls de 2006 pra cá, para se tornar o maior vencedor da história. Com vantagem de campo nos playoffs, é um time duríssimo.

Também na divisão norte, o Baltimore Ravens (5-2), outro time baseado na forte defesa, é nome quase certo nos playoffs. Entretanto, a linha defensiva não parece tão sólida na temporada passada (chegou a ter dez pontos de vantagem sobre os Patriots, mas deixou a vitória escapar e ainda conseguiu levar 34 pontos do Buffalo) e Joe Flacco tem tido dificuldade para completar seus passes – tanto que já correu 22 vezes com a bola em sete jogos.

Na divisão sul, a briga esquenta e deve ser definida apenas na última rodada. O Tennessee Titans (5-2) é um dos times mais quentes de outubro – Chris Jonhson já correu 662 jardas e a média de pontos é a segunda melhor da liga, com 28,4 por jogo. Isso sem poder contar com os QBs Vince Young e Kerry Collins, machucados. O Houston Texans (4-2) parece finalmente ter chegado à maturidade, estabelecendo ótimos números com o jogo corrido de Arian Foster. A prova final acontecerá nesta segunda, quando enfrentará os rivais de divisão Indianapolis Colts (4-2) no Lucas Oil Stadium. O início de temporada dos Colts, com derrota na estreia exatamente para os Texans, em Houston, e também para o Jacskonville Jaguars (ouch!), não pode ser levado em conta. Peyton Manning é Peyton Manning e, com uma lista de opções como Reggie Wayne, Austin Collie, Joseph Addai e Pierre Garcon (Dallas Clark se machucou e não joga mais esta temporada), a final de divisão é o mínimo para os Colts neste ano. Não, a VITÓRIA no Superbowl é o mínimo para este time.

Finalmente, na prima pobre da AFC, a divisão oeste, o momento parece ser mais de “quem pegar primeiro leva a vaga aos playoffs”. Considerado um dos favoritos até mesmo para o Superbowl, o San Diego Chargers (2-5) decepciona a cada rodada, mas isso é normal – todo ano eles começam devagar e acabam chegando aos playoffs. O problema é ter tido uma tabela fácil no início e mesmo assim acumulado cinco derrotas quando ainda se tem pela frente Tennessee, Denver e Indianapolis. O Denver Broncos (2-5), sempre candidato, até tinham algum respeito e expectativa, mas após levarem de 59 a 14 EM CASA do Oakland Raiders (3-4, melhor que SD e Denver!), é bom começar a pensar na próxima temporada.

Quem aproveita o vacilo dos favoritos é o Kansas City Chiefs (4-2), que teve um começo avassalador, mas perdeu duas seguidas. Matt Cassell sempre foi bom no passe, e com o melhor ataque terrestre da liga (Thomas Jones e Jamaal Charles já correram, juntos, 950 jardas), a vaga nos playoffs parece palpável. A tabela é bem favorável (os jogos mais difíceis são fora de casa contra Seattle e Denver).

Cenário dos playoffs

Só uma grande reviravolta tira NY Jets, New England, Pittsburgh e Indianapolis da pós-temporada – provavelmente, com as melhores campanhas. Como campeão de divisão o Kansas City tem tudo para ficar com uma das vagas restantes (lembrando que San Diego e Denver não estão mortos, mas dificilmente a conferência oeste classificará dois). Por fim, Baltimore e Tennessee brigam pela última vaga, com ligeira vantagem para os Ravens – os torcedores do Houston terão de esperar por mais um ano.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Brasileirão: 80%

Briga pelo título segue embolada e sete lutam pela quarta vaga na Libertadores

O campeonato brasileiro pega fogo em sua reta final. Chegamos à 31ª rodada, com 80% da competição já concluída, e três equipes permanecem emboladas na frente (veja os números ao final do post). Com sete rodadas por jogar, 21 pontos em disputa e um equilíbrio muito grande, sem ninguém em grande fase, a reta final promete ser emocionante!

Mesmo sem vencer há cinco rodadas, o Fluminense segue na liderança graças ao empate com o Atlético-PR na Arena da Baixada e a derrota do Cruzeiro no clássico mineiro. O Corinthians, que vinha em péssima fase e teve até troca de técnico, venceu o clássico contra o Palmeiras na estreia de Tite e embolou novamente a briga: Flu e Cruzeiro têm 54, o Corinthians 53. A se julgar pelo desempenho atual, poderemos ter o campeão com menor número de pontos da era dos pontos corridos.

Destaques: Recuperação de Atlético-MG, Atlético-GO e São Paulo, seis gols de Jonas em quatro rodadas

Perebas: Série de empates do Botafogo, insistência do Vasco em abrir o placar e ceder empates, más fases de Avaí e Guarani

Curiosamente, Muricy Ramalho também liderava o Brasileirão no ano passado na 31ª rodada com 54 pontos, mas na reta final o Palmeiras somou apenas oito pontos e ficou fora até mesmo da Libertadores. Dado o retrospecto recente do Flu, não será surpresa se acontecer o mesmo.

A julgar pelos confrontos, também é difícil prever quem tem mais chances de ser campeão: Corinthians e Cruzeiro se enfrentam na 35ª rodada no Pacaembu, e o Fluminense também tem tabela complicada: recebe o Grêmio na próxima rodada, tem o clássico contra o Vasco e joga fora de casa contra Inter, São Paulo e Palmeiras. O Corinthians joga com três equipes que lutam contra o rebaixamento (Avaí em casa, Vitória e Goiás fora), mas ainda visita o Flamengo e tem o clássico contra o São Paulo. Já o Cruzeiro tem três jogos em casa e quatro fora, um deles contra o Flamengo.

Mas, além do trio, será que ninguém mais pode ser campeão? Afinal, no ano passado, o Flamengo tinha 51 pontos na 31ª rodada e ocupava a quinta colocação.

Pois bem, os principais perseguidores do segundo pelotão são Santos, Internacional e Botafogo, mas além da diferença maior de pontos (são seis para o líder), pesam os seguintes fatos: o Internacional deve, nas próximas rodadas, iniciar o trabalho de preparação para o Mundial de Clubes, e pode acabar tirando o pé; da mesma forma, o Santos, já garantido na Libertadores, pode antecipar férias a seus jogadores mais utilizados, como Neymar, e abdicar do título – tudo depende se Abel Braga virá mesmo ainda este ano ou não; no caso destas duas equipes, elas se enfrentam na próxima rodada, e apenas o vencedor continuará na disputa (ou mesmo nenhum dos dois, na ocasião de um empate); e finalmente, o Botafogo, sem quatro titulares até o final do ano – Fábio Ferreira, Maicosuel, Marcelo Mattos e Herrera), não parece ter elenco para aguentar a maratona decisiva.

Sobe e desce

Marcadas pela instabilidade, as últimas quatro rodadas tiveram uma troca de posições menos intensa que no restante do campeonato: quem mais subiu foi o Atlético-GO, revigorado por Renê Simões e por vitórias antes impensáveis - contra o Corinthians no Pacaembu (responsável pela queda de Adilson Baptista), contra o Vasco em casa e contra o Guarani fora. Com isso, o Dragão finalmente deixou a zona de rebaixamento pela primeira vez no campeonato, assumindo a 14ª colocação.

Com isso, o Vitória foi empurrado para a zona da degola pela primeira vez na competição. Agora com Antônio Lopes, o rubro negro somou apenas três pontos no período e caiu outras três posições, chegando ao 17º lugar. Além do Leão, outras três equipes também caíram quatro postos nas últimas semanas: o Vasco (9º para 12º), que teve três empates e uma derrota; o Guarani (12º para 15º), o pior pontuador do período; e o Avaí (16ª para 19º), lanterna do segundo turno com apenas sete pontos conquistados em doze partidas. O time de Florianópolis teve um ótimo começo de Brasileirão, mas após a pausa da Copa do Mundo se perdeu - já foram três trocas de técnico, com Vagner Benazzi assumindo na 29ª rodada.

Com relação aos pontos conquistados, a melhor equipe das últimas quatro rodadas foi o Ceará, que após um início de returno muito ruim se recuperou nas mãos de Dimas Filgueiras, inicialmente apenas interino. A tabela favoreceu, com três partidas em casa, mas o Vozão conquistou três vitórias importantes no Castelão, contra Internacional, Guarani e São Paulo. Além disso, arrancou empates fora de casa contra Palmeiras e Corinthians e praticamente assegurou sua permanência na Série A por mais uma temporada. O time deixou de ser o detentor da marca de mais jogos sem vencer (eram seis na última análise) para ter a segunda maior série invicta (seis jogos), atrás apenas do Botafogo, que está a nove sem perder, mas que acumulou incríveis oito empates seguidos.

Também foram bem os Atléticos Mineiro e Goianiense, que somaram nove pontos e saíram da zona de rebaixamento. O São Paulo reagiu com Carpegiani e também venceu três , voltando a sonhar com a Libertadores. Por outro lado, a fase do Avaí continua péssima, e o Leão da Ilha somou apenas um ponto nas últimas quatro rodadas. E apesar de líder, o Fluminense conquistou dois de doze pontos possíveis, mesmo retrospecto do Guarani, que já se preocupa fortemente com o rebaixamento. Estas foram as piores equipes das últimas semanas.

Segundo turno: Grêmio disparado, Grêmio quase rebaixado

Com doze rodadas do segundo turno já disputadas, acompanhar o desempenho recente das equipes pode ser crucial na reta decisiva, por mais que nos momentos de definição muitas surpresas possam ocorrer, como é o caso das equipes que lutam contra o rebaixamento e tentam um último esforço.

Ainda disparado com a melhor campanha do returno, o Grêmio de Renato Gaúcho somou 27 pontos em 36 possíveis, num aproveitamento incrível de 75% dos pontos. Se mantiver o ritmo e ainda cair ligeiramente de produção, acumulando 66% dos pontos a serem disputados nas sete rodadas restantes, o tricolor chegaria aos 61 pontos, número certamente suficiente para se classificar à Libertadores, levando em consideração que Santos e Internacional também devam ocupar as primeiras posições.

Dono da segunda melhor campanha do returno, com 23 pontos, o Cruzeiro perdeu as duas últimas partidas, em que teria chance de se distanciar na liderança, mas acabou ultrapassado novamente pelo Fluminense, apesar da fraca campanha do tricolor, apenas o 15º do returno, com 16 pontos. O Corinthians também somou apenas 16 no período, e por essas características é que o campeonato segue embolado. A cinco pontos dos líderes, Santos, Internacional e Botafogo parecem ainda distantes da briga pelo título, mas se os ponteiros continuarem tropeçando (a última vez que os três venceram foi na 24ª rodada), a disputa poderá ficar ainda mais aberta.

Na outra ponta da tabela, após várias rodadas sem mudanças na zona de rebaixamento, os Atléticos respiraram e jogaram para o Z-4 Avaí e Vitória. O time catarinense, como já comentamos, tem a pior campanha do returno, com apenas uma vitória e sete pontos. Vice-lanterna, com oito pontos, o Grêmio Prudente fincou com gosto as garras na última posição geral da tabela e, com 24 pontos, precisa de um milagre similar ao do Fluminense em 2009 para escapar. Se ganhar os sete jogos, chegará aos 45 pontos, considerado número mágico pelos estatísticos. Com uma sequência complicada, em que enfrentará Cruzeiro, Vasco, Atlético-PR, Botafogo e Internacional, é difícil imaginar que, em duas rodadas, a queda já não esteja concretizada.

Brasileirão 2010 - 31ªrodada

Melhor ataque
2010 – Corinthians, Santos (53)
2009 – Grêmio (55)
2008 - Flamengo e São Paulo (51)
2007 - Cruzeiro (65)

Melhor defesa
2010 – Ceará (30)
2009 – São Paulo (34)
2008 - Grêmio (25)
2007 - São Paulo (12)

Pior ataque
2010 – Ceará (27)
2009 – Santo André (31)
2008 - Atlético-PR e Ipatinga (30)
2007 - América-RN (23)

Pior defesa
2010 – Atlético-MG (54)
2009 – Náutico (54)
2008 - Vasco (62)
2007 - América-RN (64)

Artilheiros
2010 – Jonas (GRE): 20 gols
2009 - Adriano (FLA), Diego Tardelli (ATM) : 16 gols
2008 - Kléber Pereira (SAN): 20 gols
2007 - Josiel (PAR): 18 gols

Séries
Série de vitórias atual: Grêmio (3)
Série invicta atual: Botafogo (9)
Série de derrotas atual: Avaí, Corinthians, Santos (2)
Série sem vencer: Avaí, Guarani (6)

sábado, 23 de outubro de 2010

Fim de feira

Ostracismo de Wellington Silva no Flu reforça desprezo de Muricy Ramalho pela base

Publicado no Olheiros

Maracanã, 25 de maio de 2010. O Fluminense vencia o Atlético Goianiense por 1 a 0, gol de Marquinho, pela segunda rodada do campeonato brasileiro. O torcedor tricolor pode não se lembrar de um detalhe desta data, mas foi a última vez que Wellington Silva entrou em campo – e foi apenas aos 42 minutos do segundo tempo, substituindo o estreante Rodriguinho. Lá se vão cinco meses sem que a principal revelação recente do clube dispute uma partida oficial. O motivo? Opção técnica do treinador da equipe, Muricy Ramalho.

Era a quarta partida de Muricy à frente do Flu, e a primeira vitória. Antes, foram três derrotas – duas para o Grêmio, pelas quartas de final da Copa do Brasil, e uma para o Ceará, na estreia do Brasileirão. Quando o técnico chegou às Laranjeiras, Wellington Silva era reserva atuante de Fred e Alan, dupla de ataque principal com Cuca, que contava com participações de Maicon e André Lima. De lá para cá, os jovens revelados em Xerém tiveram pouca chance de mostrar seu valor – atitude comum de Muricy nos clubes por onde passou.

Ao pegar o boné, o treinador não pôde contar com Fred e Alan, lesionados, para os confrontos contra o Grêmio. Apostou em Wellington Silva e André Lima, e perdeu por 3 a 2 no Maracanã (gols de André Lima e Equi González) e 2 a 0 no Olímpico. Na estreia do nacional contra o Ceará, Wellington Silva já havia virado reserva e André Lima era o único atacante. A equipe foi dominada por um organizado time cearense e, para a segunda rodada, contra o Atlético-GO, a linha de três zagueiros foi esquecida definitivamente – assim como os garotos vindos da base.

Alan, fundamental na incrível recuperação que livrou o time do rebaixamento (foram cinco gols na reta final, entre eles os que definiram as vitórias sobre Avaí e Santo André), foi titular em apenas mais uma partida até ser negociado em agosto. Mesmo saindo do banco, marcou quatro gols (um deles, o da vitória sobre o Santos na Vila Belmiro), ao passo que o titular Rodriguinho marcou apenas um durante todo o primeiro turno.

Mesmo jogando o garoto para escanteio, Muricy criticou a negociação com o Red Bull Salzburg, da Áustria. “É um jogador que ainda deveria ficar mais um tempo para ser melhor formado”, disse à época. O treinador só esqueceu-se de mencionar o fato de que, aos 21 anos, Alan não precisava mais ser formado: era um jogador pronto para colaborar, e muito, com a equipe.

Com as seguidas lesões de Fred, Muricy tinha o momento ideal para colocar Wellington Silva de novo no time. Mas após o período de um mês que o garoto ficou na Inglaterra, treinando com os futuros companheiros do Arsenal, muita coisa mudou nas Laranjeiras: Emerson e Washington foram contratados e aparentemente resolveram os problemas ofensivos do Flu. O xeque marcou sete gols em nove rodadas, e o Coração Valente anotou oito em período semelhante. O tricolor chegou a abrir cinco pontos de vantagem na liderança do Brasileirão e o trabalho de Muricy era cantado em versa e prosa pelos comentaristas e torcedores.

Entretanto, veio o segundo turno. Emerson se contundiu, Washington deixou de ser o atacante do Fluminense para voltar a ser o do São Paulo e o ataque emperrou, marcando apenas dois gols nas últimas cinco rodadas. Enquanto Muricy insistia em Rodriguinho e Washington, Wellington Silva permanecia esquecido no banco de reservas ou em casa, sem sequer ser relacionado para as partidas. Finalmente, foi afastado do elenco profissional, treinando sozinho em Xerém enquanto aguarda nova viagem a Londres, para o terceiro período de adaptação. Não à toa, escancarou publicamente o descaso do treinador, que declarou não aproveitar o garoto por considerar que ele não estaria com a cabeça focada no clube. “O Muricy nem conversa, só fala o básico, o ‘bom dia’, ‘boa tarde’”, revelou.

Por outro lado, as infelizes declarações de Alcides Antunes, vice-presidente de futebol do Fluminense, demonstram o amadorismo que toma conta dos dirigentes brasileiros. Ao afirmar que Wellington Silva não demonstrou vontade de jogar e que ninguém iria “dar mamadeira” para o menino, o cartola assume exatamente a postura que quer condenar: enquanto o garoto é do clube, relevam-se os erros e exaltam-se os feitos em busca de uma negociação; depois que os dólares ou euros já estão na conta, pouco importa.

Muricy, por sua vez, declarou que o jogador já estava vendido e com a cabeça na Inglaterra. Nesta sexta, jogou tudo no ventilador ao criticar publicamente Wellington Silva, dizendo que "precisa ser jogador, porque ainda não é". Difícil saber se o fato de Wellington Silva não ter sido aproveitado tem a ver com alguma influência de dirigentes como Antunes. Entretanto, ao notar que garotos como Ryan, Neves e Dielton, lançados por Cuca, também não tiveram chances com o técnico, a resposta óbvia é que foi mesmo o treinador que não quis dar espaço a eles, repetindo o que fez no São Paulo ou no Palmeiras.

Observando outro exemplo clássico de conduta de ojeriza à base e comparando com o processo de renovação que Mano Menezes aplica, talvez o “não” do Fluminense já tenha se provado ser a melhor coisa que poderia ter acontecido para a seleção brasileira e, consequentemente, para o futuro do futebol do país.

A palavra para se defender, Muricy já teve e não convenceu. Agora, resta-lhe o resultado de suas ações para comprovar se estava mesmo certo ou não. Novamente, o tempo irá mostrar quem tinha razão.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Federação Paulista muda regulamento e Série A-2 de 2011 será regionalizada

A Federação Paulista de Futebol anunciou nesta quinta-feira (21), durante o Conselho Técnico realizado com os presidentes dos 20 clubes que disputarão a Série A-2 de 2011, que a segunda divisão paulista do ano que vem terá seu regulamento alterado.

Ao contrário do turno único envolvendo os vinte clubes, como vinha acontecendo nos últimos anos, a Série A-2 será regionalizada: serão dois grupos de dez equipes, que se enfrentarão em turno e returno, divididas pelo critério geográfico.

Na primeira fase, os dois piores times de cada chave serão rebaixados à Série A-3, e os quatro primeiros classificam-se para a segunda etapa, que terá dois grupos de quatro times para novo duelo em turno e returno, que definirá os promovidos à Série A-1 de 2012. Os melhores de cada grupo fazem a final para decidir o campeão.

O início do campeonato será no dia 15 de janeiro e o encerramento, em 15 de maio.

Confira a divisão dos grupos da Série A-2 de 2011:

Grupo 01
América
Comercial
Ferroviária
Grêmio Catanduvense
Marília
Monte Azul
Rio Claro
Rio Preto
Sertãozinho
União São João

Grupo 02
Atlético Sorocaba
Guarani
Pão de Açúcar
Palmeiras B
Red Bull
Rio Branco
São Bento
São José
União Barbarense
XV de Piracicaba

Entrevista com Edinho, novo técnico do Guaratinguetá / Americana Futebol


Durante o anúncio oficial da mudança do Guaratinguetá para Americana, com a criação do Americana Futebol Ltda., a diretoria do clube apresentou também Edinho Nazareth, ex-zagueiro do Fluminense e da seleção brasileira, como novo técnico da equipe. Ele substitui Roberto Fonseca, demitido após a derrota para a Portuguesa por 3 a 0 no final de semana.

Contratado até o final do ano, Edinho confirmou que a intenção do clube é permanecer na Série B, e que todo o planejamento depende da manutenção da equipe, que atualmente ocupa a 12ª colocação, com 38 pontos.

Ainda sem saber onde o Guaratinguetá irá mandar seus jogos até o final do ano, o treinador, que comandou o Joinville de maio a agosto na Série C do campeonato brasileiro, falou sobre o momento instável que o time vive na competição e concordou que a mudança de sede atrapalhou o desempenho da equipe.

Como é para você chegar a um clube que está vivendo uma transformação como essa? O que você pensa para este final de ano e para o planejamento do ano que vem?
É sempre um pouco desgastante e gera uma certa confusão, para nós profissionais traz um certo transtorno porque dá uma certa insegurança. Mas nós somos profissionais, é isso mesmo, temos que saber conviver com isso e será bom para nós profissionais também. Só que no meio de uma competição, pode gerar uma certa queda de desempenho e uma certa insegurança também. Agora, cabe a nós profissionais, com conhecimento, com calma, com tranquilidade, com equilíbrio, tentar passar por essa situação que todas as equipes passam, mas que estamos passando agora, nesse momento de transição de Guaratinguetá para Americana.

Já foi passado pra você alguma coisa sobre onde serão mandados os jogos até o final do ano? A diretoria já avisou se haverá muitas mudanças no elenco ou comissão técnica para o próximo ano?
Não, próximo ano ainda é tudo para se planejar. Em termos de jogos, ainda está tudo para se decidir. Eu acho que tem que se viver a cada dia, porque ainda depende muito do que vai acontecer lá em Guaratinguetá. É uma situação com a qual eu ainda não estou muito a par porque cheguei agora, e eles que estão negociando é que tem que saber melhor.

O que você sabe do time? Chegou a ver, pensou em fazer alguma modificação?
Tenho acompanhado, como não poderia ser diferente. Nós que estamos envolvidos com o futebol temos que acompanhar todas as equipes. O Guaratinguetá, a gente conhece a equipe, mas claro que comandando é uma outra situação. Em termos de mudança, a princípio não terá grandes mudanças, mas claro que conhecendo mais o elenco, as mudanças são inevitáveis.

A equipe está em uma zona intermediária na tabela. A intenção é mesmo se manter na Série B ou ainda há como sonhar com o acesso?
A ideia é essa. A equipe entrou em uma zona de conforto e isso não é bom, temos que sair rapidamente disso e conseguir os pontos para assegurarmos a permanência na Série B. Claro que estamos um pouco longe da zona da briga contra o rebaixamento, mas temos que estar atentos, concentrados para não perdermos o objetivo de vista.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Coordenador técnico Ricardo Navajas critica prefeitura de Guaratinguetá e cita força política na escolha por Americana

O coordenador técnico de futebol do Guaratinguetá, Ricardo Navajas, culpou a prefeitura da cidade pela mudança de sede da equipe, que a partir de 2011 irá se chamar Americana Futebol e ficará baseada na cidade de mesmo nome, a 120km de São Paulo.

Para ele, a cidade de Guaratinguetá não acompanhou o crescimento do time, fundado em 1998 e que conquistou acessos seguidos nos campeonatos paulista e nacional. Sem falar em números, Navajas desmentiu as declarações de que a diretoria do clube havia pedido investimentos de aproximadamente R$ 600 mil mensais aos empresários de Guaratinguetá para permanecer na cidade, e citou o "acesso facilitado" aos governos estadual e federal como um dos fatores que pesaram na escolha por Americana.

Confira a íntegra da entrevista concedida nesta segunda-feira, durante o evento de lançamento oficial do Americana Futebol Ltda.

Qual o motivo de o Guaratinguetá ter escolhido Americana para sua nova sede?

O grande trunfo pelo qual nós mudamos de sede é exatamente economizarmos na estrutura para investirmos na equipe profissional. Queremos ter um elenco de 20 a 25 jogadores e completar com o trabalho de base, porque hoje é muito caro manter um elenco de 30 a 45 jogadores no profissional.

Como está o processo de transferência na federação? Já foi paga a taxa exigida?

Na federação está tudo resolvido. O problema maior pra nós é que a partir de hoje nós não vamos saber como vai ser a reação de Guaratinguetá. O fato de ter mudado, hoje é oficial, então pode haver problemas. A idéia é podermos terminar o campeonato da Série B em Guará mesmo e terminada a competição, transferir toda a estrutura para Americana.

O técnico Roberto Fonseca, após sua saída neste final de semana, disse que o processo de mudança de cidade atrapalhou o desempenho do time dentro de campo. Você concorda?

Concordo. Atrapalhou, vem atrapalhando, mas teria que ser feito agora, não havia outra solução. Agora, se você tem como treinar, se você tem alimentação em ordem, se já foi apresentado o novo técnico, não muda nada. O que muda é que mês passado você morava em Guará e agora vai morar em Americana. Se for se importar em ter 400, 500 pessoas torcendo contra você, então não temos realmente condição de pensar em jogar Série A, porque Série A você joga com 25, 30 mil contra. Se hoje nós temos 400 pessoas torcendo contra, vamos parar? Qual o problema de jogar em Americana? Quem tem contrato vai ser cumprido. Então, o jogador não pode se apegar nisso pra dizer que está atrapalhando. Afeta, não é saudável, mas o atleta tem que ser inteligente pra saber que ele está indo para uma situação melhor e não pode agir com a emoção nessa hora. O atleta é peça fundamental do processo. Se ele agir só com a emoção, estamos perdido. O torcedor é pura emoção, mas nós temos que agir com a razão. Ele tem que pensar no futuro promissor, esta é a região que nos deu a melhor condição, há a possibilidade de crescer, então estamos trazendo a empresa para uma situação melhor.

Falou-se em R$ 600 mil por mês para investir na infra-estrutura. Você confirma esse valor? O que ele representa de aporte financeiro e de melhorias para o clube dentro da situação atual?

Normalmente não se fala em valores, não falarei neste momento. Não existe um valor fixo, ninguém falou em valor fixo, não sei de onde tiraram esses números, acredito que seja o fato de estar perdendo a equipe, então estipulou-se um valor por mês que não seria possível segurar a equipe por lá. Ninguém falou esses números, quem estipulou esses números foi o prefeito de Guará e isso está totalmente fora da realidade de qualquer prefeitura do Brasil, ninguém jamais teria como investir esse valor em qualquer modalidade que seja, ainda mais numa empresa de futebol limitada. Isso não existe e é uma coisa fora da realidade. Se trouxer o Corinthians pra cá, ninguém vai colocar 600 mil por mês.

Quais são as garantias então que a cidade ofereceu?

É um acesso melhor ao poder público, ao governo do estado, ao governo federal, isso facilita...a região, o aeroporto a 25 km daqui, há empresas de porte grande, há o acesso a São Paulo, a transmissão da TV facilitada... Tudo é mais fácil, tudo é melhor quando você está próximo a um aeroporto, à capital. Pessoas influentes que tenham acesso ao governo do estado e ao governo federal facilitam. [nota: o prefeito de Americana, Diego de Nadai, é do PSDB, mesmo partido do governador do estado, Geraldo Alckmin. Já o prefeito de Guaratinguetá, Antônio Gilberto Filippo Fernandes Júnior, é filiado ao DEM. Além disso, Americana elegeu três deputados estaduais nas eleições de 3 de outubro]

Mas de que forma o acesso ao governo estadual irá beneficiar o clube? Qual a ligação?

Boa vontade, disposição, interesse em querer que a cidade cresça. Você não acha que, tendo uma equipe na primeira divisão, na série A do campeonato paulista e na Série B do Brasileiro, Qual é o prefeito que não gostaria de ter em sua cidade uma equipe na primeira divisão do campeonato paulista e na Série B do Brasileiro? Que não gostaria de ter sua cidade comentada no Brasil todo?

Se daqui a um ou dois anos não houver mais essas condições favoráveis, pode haver uma nova mudança de sede?

Não, o contrato é de dez anos. Primeiramente é preciso dizer que o Guaratinguetá Ftebol cresceu, mas a cidade de Guaratinguetá não acompanhou esse crescimento. Consequentemente, a empresa para poder realizar suas atividades precisa de garantias financeiras e estruturais. Posto isso, Americana nos ofereceu condições de desenvolvermos nosso trabaho que Guará não nos oferece hoje. Aqui, teremos mais condição de nos preocuparmos com o time e não nos preocuparmos tanto com questões estruturais e administrativas.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Inspirada em símbolos norte-americanos, diretoria do Guaratinguetá apresenta Americana Futebol Ltda.

Invocando símbolos norte-americanos, citando a proximidade com o poder público e criticando a prefeitura de Guaratinguetá, a diretoria do Americana Futebol Ltda. apresentou oficialmente na noite desta segunda-feira (18) o novo clube, que terá como sede a cidade de Americana, a 120km de São Paulo. Segundo o contrato firmado pelo empresário Sony Douer, dono do clube-empresa, a equipe permanecerá no município por pelo menos dez anos.

O evento contou também com a apresentação do novo técnico do Guaratinguetá para a Série B do campeonato brasileiro. Edinho ex-zagueiro do Fluminense e da seleção brasileira, assinou contrato até o final do ano com o objetivo de manter a equipe na segunda divisão nacional. "Esperamos terminar o ano de forma tranquila, já projetando a temporada de 2011 em Americana", afirmou o novo treinador.

De acordo com o diretor executivo Cândido Neto, que intermediou as negociações, as conversas com o proprietário do clube começaram há sete meses e várias cidades demonstraram interesse, mas Americana apresentou a melhor proposta. As vantagens oferecidas por Americana em relação a Guaratinguetá foram apontadas como principais motivos para a mudança.

“O grande trunfo pelo qual nós mudamos de sede é exatamente economizarmos na estrutura para investirmos na equipe profissional. O Guaratinguetá Futebol cresceu, mas a cidade de não acompanhou esse crescimento. Americana nos ofereceu condições de desenvolvermos nosso trabalho que Guará não nos oferece hoje, e por isso estamos aqui”, disse o coordenador técnico de futebol, Ricardo Navajas.

Questionado sobre quais seriam tais vantagens, Navajas citou a proximidade do poder público como fator fundamental na escolha da nova sede. “Pessoas influentes que tenham acesso ao governo do estado e ao governo federal facilitam. Qual é o prefeito que não gostaria de ter em sua cidade uma equipe na primeira divisão do campeonato paulista e na Série B do Brasileiro?”, afirmou, citando o prefeito de Americana, Diego de Nadai, filiado ao mesmo partido do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

De Nadai, por sua vez, afirmou que a contrapartida da cidade será apenas apoiando a equipe, sem aplicação de valores. “Sabemos que não se pode investir nenhum dinheiro público nessa área, então a prefeitura irá auxiliar politicamente, buscando patrocinadores e parceiros para investirem no clube”, emendou.

Durante seu pronunciamento, o presidente José Eduardo Ferreira errou por duas vezes o nome da equipe, chamando o Americana de Guaratinguetá. Agradecendo o apoio da cidade, disse que o objetivo do novo time é disputar títulos. “Queremos alçar vôos mais altos, revelar grandes jogadores e incomodar os grandes”, disse.

A mudança será realizada somente ao final do campeonato brasileiro da Série B, disputado pelo Guaratinguetá. Segundo Navajas, existe a possibilidade de os jogos restantes do time como mandante serem disputados em outro local. “Se hoje nós temos 400 pessoas torcendo contra em Guará, vamos parar? Claro que não. Qual o problema de jogar em Americana?”, disse, sem confirmar ou desmentir a possibilidade de o Guaratinguetá mandar jogos na Arena Barueri até o final do ano, conforme comentado durante o evento.

Distintivo e uniforme: inspiração nos Estados Unidos

Durante a apresentação da nova equipe, foram divulgados o distintivo, o uniforme e o mascote do Americana Futebol, que terá as cores da bandeira do município (azul, branco e vermelho), fundado por imigrantes norte-americanos.

A ligação com a história da cidade, entretanto, para por aí: o escudo tem fortes inspirações nos Estados Unidos. As cinco estrelas remetem às 50 estrelas da bandeira norte-americana, representando os estados daquele país. As listras verticais em branco e vermelho são 13, mesmo número presente na bandeira estadunidense, e que representam as treze colônias que lutaram pela independência do país.

A águia, mascote do clube e também presente no distintivo, foi escolhida por ser o animal símbolo norte-americano. Segundo o diretor executivo Cândido Neto, o nome da mascote, “Zé Merica”, é uma homenagem aos dois países. “Fazemos uma alusão à união entre o futebol brasileiro, representado pelo ‘Zé’, nome mais comum por aqui, e o ‘Merica’, que lembra o nome ‘América’, pelo qual os Estados Unidos são conhecidos”, explicou.


O uniforme, por sua vez, não possui a cor vermelha presente no escudo: é predominantemente branco, com faixa em azul nos ombros e detalhes em amarelo, com calções azuis e meiões brancos. Já a camisa reserva é invertida, com predominância do azul, faixa branca e detalhes em amarelo, calções brancos e meiões azuis. Curiosamente, lembra também as cores do uniforme da seleção de futebol dos Estados Unidos.

sábado, 16 de outubro de 2010

Erros juvenis

Contratação pelo Chelsea de Gyasi, de 11 anos, é exemplo dos equívocos do trabalho de captação

Publicado no Olheiros

Uma das notícias mais comentadas da semana no futebol internacional foi a contratação do atacante Michael Gyasi pelo Chelsea. Se o leitor não lembra do nome, não se culpe. Gyasi é um alemãozinho de onze anos de idade que até outro dia dividia suas tarefas escolares com a equipe sub-10 (!) do modestíssimo Northampton Town, da quarta e última divisão do futebol profissional inglês.

Curiosamente, nenhuma palavra oficial do Chelsea foi ouvida sobe a negociação. A divulgação foi do jornal britânico The Guardian, que afirmou, dentre outras coisas, que Gyasi chegou à academia dos Cobblers há cerca de três anos, pouco depois de mudar-se com seus pais ganeses para a Inglaterra e entrar na escola. Ainda segundo a matéria, ele teria chamado a atenção do clube de Stamford Bridge em um amistoso entre as duas equipes, cujo placar final foi 6 a 2 e ele, o autor dos dois gols do Northampton.

De acordo com o reportado, o Chelsea pagaria uma compensação financeira de dez mil libras (equivalente a cerca de R$ 26 mil) pelos investimentos do clube na formação do garoto até ali, além de outros valores maiores conforme ele progrida nas divisões de base e torne-se um profissional – nesta idade, Gyasi não pode assinar contrato e ser transferido como garotos de 17 anos ou mais.

Além da notória precocidade, chama a atenção neste caso a curiosidade que tal transferência desperta, tendo sido noticiada no mundo todo. Movimentações de garotos entre as escolinhas e divisões de base nos primeiros anos de academia são normais, mais comuns até do que a grande imprensa pensa ou tem capacidade de rastrear, mas talvez as peculiaridades de Gyasi, alemão filho de ganeses na Inglaterra, seja o que tenha chamado a atenção.

Puxando pela memória, podemos lembrar de vários garotos de idade parecida pinçados por grandes clubes. Tentando repetir o efeito Messi, o Barcelona por pouco não levou Erik Lamela do River Plate aos 12 anos, em 2004. Recentemente, teve melhor sorte ao contratar Guido Vadala, também de 12, junto ao Provincial. E não para por aí.

O Manchester United buscou Rhain Davis na Austrália aos nove anos, graças a vídeos do garoto no Youtube; no ano passado, o Al Gharafa, do Catar, passou a contar com Leozinho, filho de SETE anos de Leonardo Vitorino, técnico dos juniores da equipe, em sua escolinha oficial. E em um dos casos mais famosos, a Roma selecionou em 2008 o carioca Caio Werneck, de nove anos, em uma clínica em Petrópolis.

Como dito e mostrado em exemplos, o caso de Gyasi não é inédito. O que mudou nos últimos anos, como dizemos constantemente aqui no Olheiros, é que a super exposição destes garotos ainda tão cedo os coloca sob uma carga de pressão fora do comum e prejudicial para a idade. Afinal, aos onze anos, quem garante que Gyasi irá querer mesmo ser jogador de futebol no futuro? Além disso, a pergunta que parece até macabra, mas precisa ser feita, é: será que os clubes deveriam mesmo oferecer dinheiro em troca de crianças?

A verdade é que é difícil imaginar qual o ganho que um clube pode ter ao pinçar um menino de tão pouca idade em um clube pequeno, levá-lo para seu centro de treinamentos e investir nele por quase dez anos. Na maioria das vezes, o retorno futebolisticamente falando é muito pequeno, e financeiramente é muito raro. Talvez exatamente por isso os clubes insistam tanto e ampliem sua rede de observadores: na base de tentativa e erro, tentam aumentar a chance de sucesso ampliando o número de jogadores com que trabalham.

Essa transformação das categorias de base em linha de produção, deixando de lado a preocupação com a formação do jovem como pessoa e cidadão, sempre foi criticada por este colunista. O futebol deve ser praticado sim pelos melhores, mas primeiramente pelos que gostam. Que Gyasi deseje se tornar um futebolista e que tenha sucesso. Mas que não se force a barra de um menino que acabou de entrar na escola para que ele se torne um craque. Afinal, isso seria tentar mudar a ordem natural das coisas em nome somente do retorno futuro.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Guaratinguetá confirma mudança para Americana e já tem até novo distintivo

A diretoria do Guaratinguetá Futebol Ltda. já acertou a mudança do clube para a cidade de Americana em 2011. O anúncio foi feito nesta sexta-feira pela assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de Americana, que realizou todas as negociações para que a equipe se mudasse para a cidade. Os detalhes da mudança serão informados nesta segunda-feira, em evento oficial de apresentação da nova equipe, que já tem até distintivo pronto. As cores permaneceram as mesmas, já que o azul, o vermelho e o branco são também as cores da bandeira de Americana. O mascote, presente no distintivo, foi alterado de garça para águia.

Após o rompimento definitivo com a prefeitura de Guaratinguetá, os empresários receberam ofertas de diversas cidades para se instalarem, mas as conversas com Americana, que se arrastaram durante todo o ano, foram concluídas com sucesso. O Americana Futebol Ltda. mandará suas partidas da série A-1 do Campeonato Paulista e também do Campeonato Brasileiro no estádio Décio Vitta, de propriedade do Rio Branco Esporte Clube, mas que em 2010 foi municipalizado e teve sua administração transferida à prefeitura.

O Rio Branco, que em setembro completou 97 anos de fundação, foi rebaixado para a Série A-2 do Paulista no início do ano, está afundado em dívidas e depende da concretização de uma parceria para não fechar seu departamento de futebol.

A Federação Paulista de Futebol ainda não confirmou a transferência, mas recentemente o presidente Marco Polo del Nero declarou-se contrário às mudanças de cidade. Na ocasião, ele afirmou estudar até mesmo um aumento na taxa de transferência de R$ 800 mil para barrar novos casos como o do Grêmio Barueri, que mudou-se para Presidente Prudente no início de 2010.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Brasileirão: 70%

Grêmio e Palmeiras sobem, enquanto Fla e Galo se desesperam


O Brasileirão anda a passos largos rumo à sua conclusão com rodadas seguidas no finais e meios de semana. Por isso, já chegamos aos 70% do campeonato, nos aproximando do último quarto, onde tudo se define. Vejamos a quantas anda o desempenho das equipes para tentarmos identificar o que pode acontecer nas próximas rodadas.

Destaques: recuperação palmeirense, campanha gremista e Jonas, que disparou na artilharia

Perebas: Defesas de Ceará e Guarani, campanha do Atlético-MG

A incrível ascensão gremista do segundo turno continuou nas últimas quatro rodadas, e o time de Renato Gaúcho foi novamente quem mais pontuou - foram três vitórias e um empate. O Grêmio, que aparecia na 16ª colocação ao final do primeiro turno, é agora o oitavo colocado, tendo somado 19 pontos de 24 possíveis nas oito rodadas deste segundo turno.

Quem também pontuou bem no período foi o Fluminense, que voltou a jogar bem e encontrar os resultados, somando os mesmos dez pontos e retomando a liderança do Corinthians, que empatou em casa com o Botafogo. O Flu poderia ter aberto vantagem ainda maior se não tivesse deixado a vitória sobre o lanterna Grêmio Prudente escapar no final de semana.

Mas o dono desta segunda parte do returno é o Palmeiras: o time de Felipão finalmente engrenou, também somou dez pontos graças a vitórias convincentes sobre Flamengo e Internacional e foi quem mais subiu posições no período, indo de 13º para 9ºlugar. Os gols de falta de Marcos Assunção e as boas atuações de Kleber foram fundamentais na recuperação alviverde, que ainda sonha com Libertadores, mas é algo difícil.

G-4 ou G-3?

Nas últimas semanas, talvez a maior polêmica do Brasileirão tenha sido a mudança anunciada pela Conmebol na classificação à Libertadores, em que o país campeão NÃO tem uma vaga extra, e sim o campeão assume uma das vagas já existentes. Com isso, o G-4 virou G-3. Os clubes protestaram, a CBF enviou ofício formal pedindo reconsideração e a entidade máxima do futebol sul-americano irá debater o assunto, mas a reversão parece pouco provável, já que a vaga teria de ser retirada de outro país (por que não os mexicanos?).

Por isso, a briga pela Libertadores parece, neste momento, polarizada entre Fluminense, Corinthians e Cruzeiro, que se encontram com boa vantagem sobre os principais concorrentes (Atlético-PR e Botafogo). Como a maioria duvida que o título deixe de ficar com uma dessas três equipes, a tendência natural é que as três vagas restantes para o continental de 2011 fiquem, de fato, com cariocas, paulistas e mineiros.

O Cruzeiro, aliás, é outro que vem bem no período e somou sete pontos, sendo o vice-líder do segundo turno com 17 pontos conquistados. A grande fase de Montillo coloca em xeque a função desempenhada pelos meio-campistas brasileiros, já que o chileno é, ao lado do argentino Conca, do Fluminense, o melhor jogador do campeonato.

Entretanto, a briga por estas vagas ainda não está definida, já que o Atlético-PR também vem muito bem. O Furacão tem a terceira melhor campanha do returno com 15 pontos e somou oito nas últimas quatro rodadas, fazendo o manual de pontos corridos: vitória em casa, empate fora. Contudo, a (até certo ponto surpreendente) saída de Carpegiani para o São Paulo pode minar a arrancada paranaense, que contará agora com Sérgio Soares.

De mal a pior

Se há gente que vai bem, obrigatoriamente alguém vai mal. E a turma de baixo da tabela não se emenda: Atlético-GO, Atlético-MG, Goiás e Grêmio Prudente não largam da zona de rebaixamento há dez rodadas. A dupla goiana até que vem fazendo um returno razoável, mas o déficit de pontos da primeira metade do campeonato ainda não os permite respirar aliviados. O Atlético-GO é quem vive melhor momento, tendo conquistado duas vitórias recentes e aparecendo a três pontos do Avaí.

O Leão da Ilha é um caso à parte: após ótima campanha no início, o time só fez cair de produção e é o vice-lanterna do segundo turno, tendo somado míseros seis pontos em 24 disputados - foram três empates, uma vitória e quatro derrotas. Curiosamente, a vitória foi a segunda maior goleada do campeonato até aqui, nos 5 a 0 sobre o Ceará. A maior tinha sido também avaiana, nos 6 a 1 sobre o Prudente.

Ceará que precisa se cuidar, pois teve o pior desempenho do período: apenas dois pontos, nove gols sofridos e queda de quatro posições, chegando ao 13ºlugar. Curiosamente, a melhor partida do time foi justamente contra o Corinthians, melhor mandante, no Pacaembu. Mas, após abrir 2 a 0, o time cearense permitiu o empate e escancarou as deficiências da outrora melhor defesa.

Destaques também para a má fase do Vitória, que acumula três derrotas seguidas, e do Flamengo, que teve a saída de Zico, a demissão de Silas e o retorno de Luxemburgo, para colocar mais fogo na panela de pressão que se transformou o clube. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

27ª rodada

Melhor ataque
2010: Corinthians (49 gols)
2009: Grêmio (52)
2008: Flamengo, Palmeiras, São Paulo (43)
2007: Cruzeiro (63)
2006: Grêmio (47)

Melhor defesa
2010: Cruzeiro, Internacional (26)
2009: Palmeiras, São Paulo (26)
2008: Grêmio (22)
2007: São Paulo (8)
2006: Santos(24)

Pior ataque
2010: Ceará (21)
2009: Fluminense (26)
2008: Atlético-PR (27)
2007: América-RN (20)
2006: Corinthians (25)

Pior defesa
2010: Atlético-MG (49)
2009: Sport (49)
2008: Figueirense (55)
2007: América-RN (54)
2006: Ponte Preta (50)

Gols e média
2010: 744 (2,77 em 268 jogos)
2009: 769 (2,84)
2008: 721 (2,67)
2007: 759 (2,82)
2006: 712 (2,63)

Artilheiros
2010: Jonas (Grêmio) - 14 gols
2009: Adriano (Flamengo) - 15 gols
2008: Kléber Pereira (Santos) - 19 gols
2007: Josiel (Paraná) - 17 gols
2006: Souza (Goiás) - 14 gols

Série de vitórias atual: Grêmio (3)
Série invicta atual: Atlético-PR (6)
Série de derrotas atual: Vitória (3)
Série sem vencer: Ceará (6)

sábado, 2 de outubro de 2010

Quanto vale um time B?

Com modelos distintos de equipes reservas, Inter e Palmeiras obtêm resultados opostos

Publicado no Olheiros

Se você tem mais de 20 anos, certamente irá se lembrar, mas se tiver menos, pergunte ao seu pai, tio ou avô o motivo de, antigamente, eles irem ao estádio cerca de duas, até três horas antes do jogo. As preliminares em que os times de aspirantes se enfrentavam eram uma atração à parte e serviam como apresentação inicial à torcida de craques do futuro – grande parte da mística do Maracanã vem daquela época, em que gente como Bellini, Vavá e Garrincha era ainda desconhecida.

>>> Saiba tudo sobre a primeira Copa Sub-23

De lá para cá, muita coisa mudou, e talvez o principal motivo do fim dessas equipes seja o assédio de observadores de outros clubes e empresários, que teriam trabalho facilitado com a realização de tais competições – atualmente, os campeonatos de base acontecem em horários alternativos e o controle no acesso a esses jogos é bastante restrito em muitos lugares.

Desde o expressinho tricolor de Muricy Ramalho, campeão da Copa Conmebol em 1994, os times B foram sendo desativados até praticamente desaparecerem. Um dos motivos, talvez o principal, é até compreensível: a incorporação cada vez mais cedo dos jovens ao time profissional fez um garoto de 19 anos, quase sempre, já ser um profissional, e não mais trabalhado pelas categorias de base do clube.

Atualmente, duas equipes da primeira divisão mantêm ininterruptamente um time B: Internacional e Palmeiras. A forma como cada um encara esta equipe dentro da equipe, entretanto, tem sido bastante diferente. Primeiro, na forma como trabalha: o Colorado tem utilizado os “aspirantes” no início do ano, para as rodadas iniciais do Gauchão enquanto oferece uma pré-temporada mais completa. Desta forma, redescobriu Leandro Damião, que viria a ser autor de um dos gols do título da Libertadores.

Já o Verdão tem um time completamente separado, como as equipes B de clubes europeus, disputando até mesmo um campeonato paralelo – em 2010, o Palmeiras B conquistou o acesso no Paulista da Série A-3, com destaque para o atacante Patrik, que depois acabou promovido aos profissionais.

A proposta é sempre parecida: dar rodagem a jogadores que estouraram a idade do júnior e a outros que se destacaram nas categorias inferiores, bem como manter em atividade atletas não aproveitados no profissional – e quem se destacar pode ser chamado a qualquer momento pelo treinador.

Contudo, a segunda e principal diferença entre gaúchos e paulistas está no planejamento para este time B: enquanto o Inter já anunciou que irá utilizar uma equipe sub-23 no primeiro turno do estadual de 2011, o presidente em exercício do Palmeiras, Salvador Hugo Palaia, disse que pretende acabar com o time B. Com dívidas aumentando, gastos acima da receita no departamento de futebol e elenco inchado, o Palmeiras B pode estar com os dias contados. Vale lembrar que, ao mesmo tempo que prega economia, a diretoria alviverde paga alguns dos maiores salários do futebol brasileiro a Felipão e Kleber.

Diferente do exemplo europeu, o Palmeiras B – fundado em 2000 por Mustafá Contursi – jamais rendeu algo ao clube. Não há promessas reveladas pelo time reserva, que só disputa competições estaduais inferiores por não poder atuar na mesma divisão da equipe “oficial”, perdendo assim a experiência mais importante e qualificada que ganham, por exemplo, os aspirantes colorados.

Neste ponto, é de fundamental importância o lançamento da Copa Sub-23. Além de movimentar os jogadores e utilizar um regulamento interessante, igual ao do futebol olímpico, a competição atrai novamente os torcedores por ser realizada antes das partidas do Brasileirão. Pode não atrair por si só, como provou o incrível Vasco x Santos para dois pagantes, mas se mantido nos próximos anos recriará a cultura do jogo preliminar.

No pouco tempo de vida, a Copa Sub-23 já é responsável por recuperar Renan Ribeiro, alçado à titularidade no gol atleticano por Dorival Junior, e por dar visibilidade a nomes pouco conhecidos pelo público geral, mas já bastante seguidos por quem acompanha o dia-a-dia da base, como Eduardo Sasha (justamente do Inter) e Lipe (Vasco).

Sem fim definido para seu time B, o Palmeiras poderia aproveitar a Copa Sub-23 para modificar a forma como administra seus reservas. Faltam, entretanto, mais competições para movimentar a categoria, já que na maioria dos estados já nem existe mais o estadual sub-20, mas somente o sub-18.

Há quem prefira, como o São Paulo, nem mesmo participar da Copa Sub-23 e focar totalmente o Paulista Sub-20. Mas as seguidas recusas em disputar campeonatos como o Brasileiro Sub-20 cobram seu preço agora, quando Sérgio Baresi aposta no trabalho da base para reformular a equipe. No momento em que a faixa etária das competições vai ficando mais precoce, reativar os times sub-23 pode ser uma alternativa bastante viável para os clubes brasileiros. Afinal, mais vale um time B na mão do que vários jovens jogadores voando, sem adquirir experiência alguma.