segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Copa Santander Libertadores - Vamos torcer Juntos?

Represente seu clube na maior competição de futebol do continente!

Quem tem fome de bola vai ter bons motivos para gritar em todos os jogos do seu time na Copa Libertadores da América de 2011. Internacional, Corinthians, Santos, Fluminense, Cruzeiro e Grêmio buscam a glória maior do futebol sul-americano, e você pode fazer parte desta história!

O Santander realiza até o dia 7 de fevereiro o concurso “Juntos pela Copa Santander Libertadores”. Cada clube terá seu representante e este representante pode ser você!

Participar do concurso é fácil. Os interessados devem enviar um vídeo de até um minuto (ou indicar algum outro postado na internet) através do hotsite (http://bit.ly/eEXNi4). Os autores dos vídeos mais criativos serão responsáveis por produzir conteúdo para o Twitter e Blogs, relatando o dia-a-dia deles como fanáticos pelo futebol.

Esses torcedores vão ser entrevistados por celebridades, aparecer na televisão e podem ter os seus posts publicados em uma coluna do Lance. No ano passado, os vencedores chegaram até a conhecer o Rei Pelé.

O resultado sai no dia 10 de fevereiro. Depois disso, é só encher o peito de orgulho e torcer pelo seu time do coração! Os demais leitores poderão acompanhar todas as notícias da competição, informações sobre o desempenho de seus clubes, além de poderem interagir e se informar sobre tudo o que os torcedores escolhidos forem fazer.

Participe! Quem sabe a sua força não seja o que o seu time precisa para ser campeão!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Virada do São Paulo passou pelas mudanças táticas de Carpegiani


Uma das chaves para o sucesso apontadas pelos "motivational speakers", os famosos palestrantes motivacionais norte-americanos, é a frase "know your audience": significa conhecer sua plateia antes de começar a falar. Adaptando a ideia ao futebol, é preciso "to know your players", ou conhecer seus jogadores antes de pensar na melhor forma de dispô-los em campo e aproveitar suas principais características.

Profundo estudioso do futebol e muitas vezes apelidado, injustamente, de "Professor Pardal" por seu conhecimento tático acima da média, Paulo César Carpegiani mostrou ter grande compreensão das possibilidades de cada jogador do São Paulo. Graças a isso, identificou rapidamente os problemas da equipe e corrigiu os problemas para alcançar a vitória de virada sobre o Americana, nesta quarta-feira, pela quarta rodada do Campeonato Paulista.

Ainda com muitos atletas visivelmente fora do ritmo ideal e sentindo a pesada pré-temporada, o São Paulo foi envolvido no primeiro tempo pelo rápido toque de bola do time americanense, que chegava à partida como líder da competição, ao lado do Santos, com 100% de aproveitamento. A equipe do interior iniciou a preparação antes e, com boa parte do elenco que terminou 2010 em Guaratinguetá, o entrosamento e a "perna mais solta" fizeram com que o time da casa dominasse as ações.

Repetindo o 4-3-2-1 das primeiras partidas, mas com a saída de Cléber Santana para a escalação de Jean no setor, e a entrada de Xandão, improvisado na lateral direita, o Tricolor entrou em campo quase num 4-2-2-2 torto, com Jean insistindo no posicionamento de lateral, avançando muito; Fernandinho muito aberto pela esquerda, colado em Dagoberto; e Marlos, com isso, distante dos companheiros, sem ter com quem tocar a bola.

Como Xandão não avançava, Juan tinha liberdade para apoiar, mas nem sempre voltava com rapidez. Percebendo o espaço, o Americana concentrou as ações ofensivas por aquele setor, onde Luís Felipe avançou, puxando a marcação de Miranda. O ala americanense conseguiu cruzar e Marcinho, sem marcação, já que Alex Silva dava cobertura, abriu o placar.


O 4-3-2-1 torto isolou defesa e ataque e fez o time perder o meio-campo para o Americana

Após o gol, e percebendo o defeito de sua equipe, Carpegiani imediatamente modificou o posicionamento, efetivando Jean na ala direita, formando a zaga com Xandão, Alex Silva e Miranda e liberando Juan para apoiar. Rodrigo Souto e Carlinhos Paraíba ficaram mais presos, oferecendo suporte a Marlos e Fernandinho, e o time melhorou. Não demorou até que Fernandinho, aproveitando bobeira de Jorge Luiz, ex-Vasco, invadisse a área e cruzasse para trás, encontrando o volante Gercimar para marcar, contra.


Atrás no placar, a primeira mudança: 3-4-2-1, povoando o meio-campo e dando mais opções para o ataque

Tudo corria bem até que, num cochilo da defesa, o Americana marcou o segundo gol no último lance da primeira etapa. A conversa no vestiário, acompanhada de nova mudança de Carpegiani, que não se acomodou e decidiu fazer uma substituição naquele momento, mostraria seu efeito logo nos primeiros minutos: com a entrada de Fernandão, o Tricolor passou a jogar num 4-3-3, em que o camisa 15 ficou centralizado, Marlos fazia a ligação e Dagoberto e Fernandinho tinham liberdade para se movimentar pelos lados do campo.

Agora livre para percorrer os dois lados, Dagoberto apareceu pela esquerda pressionando Jorge Luiz, que novamente falhou ao recuar mal a bola, dando a oportunidade ao camisa 25 de empatar o placar e minar o efeito do gol sofrido antes do intervalo, dando um banho de água fria na torcida e na própria equipe adversária.


No 4-3-3, Carpegiani espalhou o São Paulo em campo, dificultando a marcação adversária e abrindo espaços

Desta forma, o volume de jogo são-paulino cresceu e o Americana não conseguia respirar. Pouco tempo depois, jogada pela direita, cruzamento na área e Dagoberto apareceu para virar o placar. Era o sinal claro de que, jogando fixo, o atacante não rende tanto quanto vindo de trás.

Absoluto em campo, o São Paulo ampliou com um golaço de Jean, que contou com a sorte ao ter o belo chute desviado pelo goleiro. Com o placar praticamente garantido, Carpegiani voltou à formação inicial com a entrada de Zé Vitor, compondo o meio, e fechando de vez as portas para os ataques do Americana, que finalmente se entregou.


Com o jogo ganho, Carpegiani voltou ao 4-3-2-1 , mais definido, para assegurar o placar

Vitória merecida de um time cujo técnico teve a capacidade e a inteligência de idenfiticar rapidamente os problemas e corrigi-los a tempo. O São Paulo ainda tem muito a melhorar e corrigir, mas mostra com esta vitória que pode sim bater de frente com equipes como o Santos, principal favorito deste início de temporada.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Mama África

Burkina Faso conquista Africano Sub-17, mas precisa conviver com suspeitas de gatos

Publicado no Olheiros

Enquanto as atenções permanecem voltadas para a reta final da Copa São Paulo e a boa campanha brasileira no Sul-Americano Sub-20, o continente africano mobilizou-se na disputa do continental sub-17, em Ruanda. Classificatório para o mundial da categoria, o campeonato foi recheado de surpresas, como é comum nesta faixa etária. Em uma atuação heróica, Burkina Faso, treinada pelo português Rui Vieira, derrotou na decisão deste sábado os donos da casa por 2 a 1, mesmo com um homem a menos.

O estádio nacional de Amahoro estava lotado para a partida, e após um primeiro tempo parelho, com chances criadas para ambos os lados, Zaniou Sana aproveitou um descuido da defesa, interceptando um passe fraco, e abriu o placar aos onze da segunda etapa. Dez minutos depois, Charles Tibingana recebeu um passe fora da área e empatou com um belo chute, indefensável, levando a torcida à loucura.

O jogo seguia tenso, e a arbitragem em nada ajudava: foram seis cartões amarelos, todos para os atletas de Burkina Faso, um vermelho para Basiru, já no segundo tempo, em uma falta que gerou discussão dentro de campo. Ainda assim, a equipe visitante conseguiu voltar à liderança no placar com Kabore Abdoul Aziz, a nove minutos do fim. É o primeiro título do país na competição, após derrotas nas decisões de 1999 e 2001.

A final foi uma revanche da partida de abertura, em que os anfitriões saíram vitoriosos também por 2 a 1. Escolas de futebol mais tradicionais no continente, Egito e Senegal ficaram para trás na mesma chave, enquanto Costa do Marfim e Congo, que haviam eliminado Gâmbia e Mali, equipes de bom retrospecto na base, acabaram caindo nas semifinais. Camarões, Tunísia, África do Sul, Gana, Nigéria, Argélia e Marrocos sequem passaram da fase eliminatória.

Olhando para a história recente da categoria, tem sido comum notar a presença de seleções de segundo ou terceiro escalão nos Mundiais Sub-17 – Malaui, Serra Leoa, Gâmbia e a própria Burkina Faso são alguns destes exemplos. Os jovens garanhões, como a equipe é conhecida, têm alcançado resultados surpreendentes na última década, como o terceiro lugar em 2001, que revelou nomes como Sanou, Ouedraogo e Coulibaby. além disso, participaram também do último mundial, conseguindo passar à segunda fase e caindo diante da Espanha.

Dentre os atletas burquinenses, os principais holofotes voltaram-se, desde o início da competição, a Bertrand Traore, jovem meia de apenas 15 anos, titular entre diversos jogadores de 16 e 17. Autor de dois gols na goleada por 4 a 0 sobre o Egito e do gol do empate contra Congo nas semifinais, que garantiu a disputa de pênaltis, o garoto era o mais novo relacionado no Mundial Sub-17 de 2009, na Nigéria – e ainda foi titular, até mesmo deixando o seu na goleada por 4 a 1 sobre a Costa Rica, na primeira fase. Um golaço, em que conduziu, enganou três zagueiros e chutou no canto do goleiro.

Um ano e meio depois, o menino já foi seguido de perto por muitos clubes, como Manchester United e Olympique Marseille, mas escolheu o Chelsea para dar o grande passo rumo à Europa. “Gosto do Chelsea porque eles têm africanos lá, como Drogba, Essien e Obi”, diz um ingênuo Traore. Mas como há restrições aos clubes europeus na contratação de jovens desta idade, ele ainda espera o contato oficial.

Entretanto, a evolução do futebol de base do país vive sob a sombra da adulteração de idade de suas estrelas ascendentes. Após a classificação para o Mundial Sub-17 de 2009, inúmeros casos de “gatos” dentro da equipe foram descobertos (oito dos 30 jogadores que faziam excursão pela Europa não passaram no teste de ressonância magnética óssea) e o time perdeu seus principais destaques. Ainda assim, fez boa campanha.

Até o momento não há suspeitas de que Traore, ou algum outro jogador do elenco campeão sub-17, tenha a idade adulterada. Mas como todo garoto que se destaca nesta faixa etária, especialmente em um país com condições sociais tão graves como é Burkina Faso, haverá sempre uma pequena pulga atrás da orelha. Daqui ao Mundial, serão alguns meses para novos testes e comentários. É esperar para aguardar o desfecho.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Onde os fracos não têm vez

Copinha 2011 escancara abismo entre grandes pequenos na base


Publicado no Olheiros.net

Foi um número que chamou muito a atenção ao final da primeira fase da Copa São Paulo: dos 32 classificados ao mata-mata, 22 também havia ultrapassado a etapa de grupos em 2010. O baixo índice de renovação de um ano para o outro (31%) é ainda menor que o de 2009 para 2010, quando 19 clubes repetiram a dose. Equipes do interior paulista como Rio Preto, Barueri (ex-Campinas), Desportivo Brasil e Primeira Camisa, que inicialmente podem parecer zebras, mostraram que já conhecem o caminho das pedras na Copinha.

Por mais paradoxal que possa parecer, a experiência fala mesmo mais alto na competição sub-18 mais importante do país – no caso, experiência dos clubes, adquirida após seguidas participações. Com isso, o número de surpresas tem caído ao longo do tempo, e finais como a entre América-SP e Comercial-SP, em 2006, parecem cada vez mais improváveis.

Desde a mudança no regulamento, de sub-20 para sub-18, a Copa São Paulo teve uma queda considerável do número de grandes clubes eliminados logo na primeira fase. No ano passado, tivemos a dupla Gren-Nal e o Atlético-MG; neste ano, somente o Botafogo, e por aí vai.

É certo que o inchaço da competição, tão criticado pela maioria, contribuiu para a participação de equipes mais fracas, e a consequente transformação da primeira fase, muitas vezes, em uma etapa puramente pró-forma, com dificuldade bastante reduzida. O aumento da média de gols, fruto da maior frequência de goleadas, é um dado inegável. Mas quando resultados como o empate do Botafogo com o Paulínia, ou do Internacional com o Primeira Camisa acontecem, é preciso lembrar que há sim qualidade entre os menos tradicionais.

Contudo, esta qualidade não é suficiente para suplantar todas as desvantagens em relação aos grandes, seja em estrutura, preparação, apoio ou mesmo captação de talentos. Por mais que os torneios de tiro curto, com partidas eliminatórias, ofereçam maior margem para o surgimento de zebras do que campeonatos de pontos corridos, uma breve análise do histórico recente demonstra que tal acontecimento é uma exceção na Copinha.

Basta lembrar os inúmeros casos de cãibras e fadigas musculares, pouco comuns a garotos, normalmente relacionados a longas viagens de ônibus, noites mal dormidas e alimentação deficitária. O abismo social existente no futebol cresce na base e se agiganta na Copa São Paulo, momento único em que mais rico e mais pobre encontram-se frente a frente. Equipes modestas, mas tradicionais em suas regiões de origem buscam competir fora de seus estados, trocar experiências, ganhar projeção nacional enquanto instituição e, também, promover seus jogadores para os grandes clubes. Por sua vez, os grandes, que já pularam essas etapas, concentram-se na formação do atleta completo e na conquista de títulos.

Finalmente, este abismo fica claro quando observado que são raras as participações na segunda fase por equipes pequenas fora do eixo Sul-Sudeste – nos últimos três anos, apenas o Confiança-SE conseguiu tal feito, caindo logo na primeira partida eliminatória. As constantes classificações de clubes do interior paulista podem ser vista como demonstração de força do estado, mas devem ser relevadas pelo fator campo, já que a maioria não chega longe.

Por tudo isso, a Copa São Paulo tem se transformado em um torneio que, além de revelar jogadores e movimentar o início de ano, escancara o abismo entre grandes e pequenos na base - abismo este que só tende a aumentar.