Há tempos quero discorrer acerca de um esquema tático que considero deveras interessante: o 3-4-3. Após alguns estudos e conversas com colegas (valeu, Dassler!), pude verificar uma ou duas alternativas para a aplicação desta formatação de jogo um tanto incomum atualmente.
Antes de qualquer coisa, é preciso salientar que, por ser um esquema altamente complexo, o 3-4-3 só pode ser utilizado em equipes que possuem jogadores com características muito específicas – e que se encaixem perfeitamente nas funções determinadas pelo esquema. Independentemente da proposta apresentada, pode-se verificar a necessidade de um líbero, dois pontas velozes e habilidosos e volantes que possam oferecer cobertura à defesa. Vamos então às duas formações:
A primeira, minha favorita, é basicamente uma remontagem do famoso WM de Herbert Chapman, que revolucionou o futebol inglês na década de 20, modificando o 2-3-5, predominante na época, por considerá-lo ofensivo demais. Eventualmente, Chapman chegou ao comando da seleção inglesa e, em 1953, viu sua criação ser aposentada após uma derrota de 6 a 3 para a incrível Hungria de Puskas em pelo estádio de Wembley.
Nesta formação, o time atua com uma sobra (ao contrário do líbero de Chapman) e dois zagueiros; dois volantes (para usar a terminologia atual), dois meias, dois pontas e um centro-avante. As considerações que faço são as seguintes: se por um lado permite ataques pelos flancos com os pontas e triangulações envolvendo o atacante fixo e os dois meias, deixa muito espaço nas laterais do campo para o avanço do adversário. A sugestão é abrir mais os dois zagueiros, deixando o central fixo e ajudado pelos volantes, que não sobem.
Variante do "WM": jogadores formam um "X" e fazem um funil no meio-campo
Em alguns momentos da campanha vitoriosa do Brasileiro de 2006, o São Paulo de Muricy Ramalho chegou a jogar nesse formato, quando Aloísio era o único homem de área, Souza e Júnior avançavam como pontas e Leandro recuava para compor o meio com Danilo. Tenho muita vontade de ver o Manchester United de Alex Ferguson jogando nesta formação, com a seguinte escalação: Van der Sar; Heinze, Ferdinand e Brown; O’Shea, Carrick, Scholes e Giggs; Saha, C. Ronaldo e Rooney.
Por outro lado, existe o 3-4-3 com um losango no meio campo, onde um volante fica fixo dando proteção aos meias abertos, que se revezam nas subidas ao ataque, e existe a figura do número 1, como na ilustração abaixo. Muito popular na Holanda (o Az Alkmaar de Louis van Gaal joga assim), esse esquema possui um eco no Brasil: o Botafogo de Cuca. Luciano reveza de função com Leandro Guerreiro e Túlio dá proteção à zaga, enquanto Lúcio Flávio chega de trás para jogar com Jorge Henrique e Zé Roberto, pelas pontas, e Dodô, enfiado. É um estilo de jogo assaz ofensivo para os padrões atuais, mas que tem dado certo no Estadual e credencia o Fogão ao título.

Três losangos, com o primeiro e o último homem do meio assumindo funções duplas
Resumindo, hoje o 3-4-3 funciona assim: os três defensores ficam atrás, um lateral avança e outro fecha o meio-campo. Um meia avança e outro fica de sobra caso venha rebote, os três atacantes avançam e dois deles (quando seu time não está no ataque) voltam ao meio-campo, para ajudar na marcação, deixando um na frente. Mas, em alguns casos, nenhum atacante volta, pois o técnico decide deixá-lo descansando para não se cansar quando seu time ataca.
E você, o que acha desse esquema? Acredita que pode dar certo no futebol brasileiro?