Publicado originalmente no Olheiros.
Imagine a seguinte cena: ao olhar para uma arquibancada cheia de ansiosos garotos esperando pelo início da “peneira”, o observador, em vez de dividi-los em times e mandar todos para o gramado, pergunta quem tem em mãos um currículo, portfólio ou ainda carta de apresentação. Parece estranho, mas é uma das propostas do professor Alcides Scaglia, mestre em pedagogia do esporte, coordenador pedagógico do Paulínia Futebol Clube, clube emergente do interior de São Paulo, e pró-reitor acadêmico da Universidade do Futebol.
Co-autor do livro “Educação como prática corporal”, Scaglia defende o fim das peneiras como as conhecemos, substituindo os simples “todos contra todos” de quinze minutos por processos mais contínuos de avaliação, buscando detectar atletas potencialmente inteligentes e não apenas garotos extremamente habilidosos. Dessa forma seria possível, afirma, acabar finalmente com a tese de que jogador bom já nasce com o dom para o futebol, o popular talento nato.
A ideia por trás da proposta é oferecer mais oportunidades para que o menino, às vezes nervoso naquele momento, mostre seu potencial. Como exemplo famoso de vítima das peneiras temos Kaká, mais de uma vez criticado na base por seu porte físico franzino. Nesse verdadeiro processo seletivo, são avaliados outros critérios além da pura habilidade com a bola no pé: a capacidade de organizar o jogo, de adaptar-se a mudanças rápidas (tomada de decisão e reações imediatas), a concentração, atenção, controle emocional e até mesmo comunicação não verbal, o chamado entrosamento.
À primeira vista, podem parecer exigências demais para meninos de quinze, doze, às vezes até dez anos. Afinal, se alguns garotos não possuem porte físico ou habilidade destacada tão jovens, também podem não possuir aspectos tão cognitivos do jogo desenvolvidos em tão pouca idade. Mas Scaglia lembra que cada faixa etária possui seu nível de exigência. “É preciso ter por referências a idade dos jogadores, pois é dela que dependerá a seleção dos jogos e os objetivos mais específicos exigidos em cada uma das etapas do processo de especialização”, afirma.
Segundo ele, o maior empecilho para a aplicação deste novo sistema não é, como se poderia pensar, a infraestrutura precária de clubes menores ou das peneiras realizadas no interior dos estados – mais ou menos a mesma justificativa que a FIFA usa para vetar as novidades tecnológicas no esporte. “Este método pode ser aplicado em qualquer lugar, pois depende mais do conhecimento pedagógico do que da estrutura em si”, explica.
O problema, diz Scaglia, é a grande presença de ex-jogadores de futebol, sem formação técnica ou acadêmica alguma, nas divisões de base dos clubes. “Vejo isto com muitos problemas. Entendo que um ex-jogador até poderia estar no profissional ou mesmo nos juniores, causando menos estragos, pois os jogadores já estão "formados", mas não abaixo disso. Muito menos nas escolinhas de iniciação, onde o estrago seria muito maior, e em muitos casos irreparável”, diz.
Para selecionar e formar, então, é preciso primeiro estar formado, informado e atualizado. Colocar em prática um método como este é um desafio quase intangível, grande parte pela insistência dos clubes em manter o sistema considerado eficiente, mas também devido à escassez de profissionais realmente preparados para trabalhar com a base da maneira que os garotos merecem e precisam.
Mas se a cobrança por resultados e a exigência pela perfeição dos jogadores aumentam a cada dia, por que não subir a barra também na fonte, garantindo menos foguetes molhados no futuro? Questão de custo-benefício, inteligência e atualização.
Para ler o artigo completo de Alcides Scaglia, clique aqui
Imagine a seguinte cena: ao olhar para uma arquibancada cheia de ansiosos garotos esperando pelo início da “peneira”, o observador, em vez de dividi-los em times e mandar todos para o gramado, pergunta quem tem em mãos um currículo, portfólio ou ainda carta de apresentação. Parece estranho, mas é uma das propostas do professor Alcides Scaglia, mestre em pedagogia do esporte, coordenador pedagógico do Paulínia Futebol Clube, clube emergente do interior de São Paulo, e pró-reitor acadêmico da Universidade do Futebol.
Co-autor do livro “Educação como prática corporal”, Scaglia defende o fim das peneiras como as conhecemos, substituindo os simples “todos contra todos” de quinze minutos por processos mais contínuos de avaliação, buscando detectar atletas potencialmente inteligentes e não apenas garotos extremamente habilidosos. Dessa forma seria possível, afirma, acabar finalmente com a tese de que jogador bom já nasce com o dom para o futebol, o popular talento nato.
A ideia por trás da proposta é oferecer mais oportunidades para que o menino, às vezes nervoso naquele momento, mostre seu potencial. Como exemplo famoso de vítima das peneiras temos Kaká, mais de uma vez criticado na base por seu porte físico franzino. Nesse verdadeiro processo seletivo, são avaliados outros critérios além da pura habilidade com a bola no pé: a capacidade de organizar o jogo, de adaptar-se a mudanças rápidas (tomada de decisão e reações imediatas), a concentração, atenção, controle emocional e até mesmo comunicação não verbal, o chamado entrosamento.
À primeira vista, podem parecer exigências demais para meninos de quinze, doze, às vezes até dez anos. Afinal, se alguns garotos não possuem porte físico ou habilidade destacada tão jovens, também podem não possuir aspectos tão cognitivos do jogo desenvolvidos em tão pouca idade. Mas Scaglia lembra que cada faixa etária possui seu nível de exigência. “É preciso ter por referências a idade dos jogadores, pois é dela que dependerá a seleção dos jogos e os objetivos mais específicos exigidos em cada uma das etapas do processo de especialização”, afirma.
Segundo ele, o maior empecilho para a aplicação deste novo sistema não é, como se poderia pensar, a infraestrutura precária de clubes menores ou das peneiras realizadas no interior dos estados – mais ou menos a mesma justificativa que a FIFA usa para vetar as novidades tecnológicas no esporte. “Este método pode ser aplicado em qualquer lugar, pois depende mais do conhecimento pedagógico do que da estrutura em si”, explica.
O problema, diz Scaglia, é a grande presença de ex-jogadores de futebol, sem formação técnica ou acadêmica alguma, nas divisões de base dos clubes. “Vejo isto com muitos problemas. Entendo que um ex-jogador até poderia estar no profissional ou mesmo nos juniores, causando menos estragos, pois os jogadores já estão "formados", mas não abaixo disso. Muito menos nas escolinhas de iniciação, onde o estrago seria muito maior, e em muitos casos irreparável”, diz.
Para selecionar e formar, então, é preciso primeiro estar formado, informado e atualizado. Colocar em prática um método como este é um desafio quase intangível, grande parte pela insistência dos clubes em manter o sistema considerado eficiente, mas também devido à escassez de profissionais realmente preparados para trabalhar com a base da maneira que os garotos merecem e precisam.
Mas se a cobrança por resultados e a exigência pela perfeição dos jogadores aumentam a cada dia, por que não subir a barra também na fonte, garantindo menos foguetes molhados no futuro? Questão de custo-benefício, inteligência e atualização.
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Um comentário:
eu sou edson moro em são francisco do maranhão-ma... sou goleiro, tenho 16 anos e quero t uma oportunidade em um time!
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