Há exatos dois meses, abordei neste espaço a grave crise financeira do Rio Branco, de Americana. Rebaixado à segunda divisão do campeonato paulista após 17 anos na elite, o Tigre se via na iminente obrigação de, sem dinheiro, usar os garotos da base para disputar o estadual.
De lá para cá, uma empresa apareceu para administrar o futebol, uma parceria foi feita e hoje o time briga por vaga na segunda fase. Neste ínterim, os meninos realizaram a melhor campanha da história do clube na Copa São Paulo, chegando à final graças a ótimos valores como Felipe, Denis e Danilo, todos destacados pelo Olheiros em sua extensiva cobertura da Copinha.
Pois bem. Para um clube pequeno como o Rio Branco, chegar à final da Copa São Paulo, principal competição de base no país, é motivo de comemoração. Não só isso, é hora de buscar investidores, ampliar a infra-estrutura e trabalhar para repetir o feito. É hora, também, de “fazer caixa” com a venda de alguns desses valores, afinal a realidade da maioria dos clubes é a mesma.
Tanto é verdade que, em muitas agremiações do interior paulista, a saída não só para o futebol profissional, como também para as categorias de base, tem sido a mão – nem sempre tão amiga – de empresas e parcerias. Passado um mês da final da Copinha, o Rio Branco não negociou nenhum dos destaques da campanha do vice-campeonato. Pode, agora, ter que abrir mão desses garotos para não encerrar as atividades de uma das categorias de base mais frutíferas do futebol paulista – quiçá brasileiro.
A justificativa é a mesma: não existe dinheiro para gerir as bases do clube, que custam em torno de R$60 mil mensais. A esperança era conseguir vender algum dos comandados de Marquinhos Sartore, mas até agora não surgiram nada além de especulações, como a ida de Felipe para o Palmeiras ou a contratação de Danilo pelo Sporting Lisboa.
Assim, criou-se um impasse: a cada dia, a chance de uma negociação diminui. E ao mesmo tempo em que não há dinheiro para mantê-los na base, aproveitá-los no profissional significaria perder uma porcentagem dos direitos federativos para a empresa gestora, como consta no contrato da parceria.
A solução encontrada pelos dirigentes do clube foi terceirizar a base. Oferecer à parceira a administração também dos meninos, arcando com todos os custos. Em troca, a empresa leva uma porcentagem na venda, como acontece no profissional. A estratégia é diferente de outras equipes, que apenas “emprestam” as cores para empresários utilizarem seus jogadores. Uma saída muito arriscada para resolver os problemas, pois pode diminuir a já única e mirrada fonte de renda do clube.
Boca limpa
Federações regionais de Portugal tentam implementar o cartão azul nas categorias de base do país. A advertência seria aplicada quando os garotos utilizassem palavrões durante as partidas e a cada dois azuis, o jogador receberia um cartão amarelo. Boa idéia, mas prato cheio para os anciãos da International Board vetarem.
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*coluna publicada originalmente no Olheiros
De lá para cá, uma empresa apareceu para administrar o futebol, uma parceria foi feita e hoje o time briga por vaga na segunda fase. Neste ínterim, os meninos realizaram a melhor campanha da história do clube na Copa São Paulo, chegando à final graças a ótimos valores como Felipe, Denis e Danilo, todos destacados pelo Olheiros em sua extensiva cobertura da Copinha.
Pois bem. Para um clube pequeno como o Rio Branco, chegar à final da Copa São Paulo, principal competição de base no país, é motivo de comemoração. Não só isso, é hora de buscar investidores, ampliar a infra-estrutura e trabalhar para repetir o feito. É hora, também, de “fazer caixa” com a venda de alguns desses valores, afinal a realidade da maioria dos clubes é a mesma.
Tanto é verdade que, em muitas agremiações do interior paulista, a saída não só para o futebol profissional, como também para as categorias de base, tem sido a mão – nem sempre tão amiga – de empresas e parcerias. Passado um mês da final da Copinha, o Rio Branco não negociou nenhum dos destaques da campanha do vice-campeonato. Pode, agora, ter que abrir mão desses garotos para não encerrar as atividades de uma das categorias de base mais frutíferas do futebol paulista – quiçá brasileiro.
A justificativa é a mesma: não existe dinheiro para gerir as bases do clube, que custam em torno de R$60 mil mensais. A esperança era conseguir vender algum dos comandados de Marquinhos Sartore, mas até agora não surgiram nada além de especulações, como a ida de Felipe para o Palmeiras ou a contratação de Danilo pelo Sporting Lisboa.
Assim, criou-se um impasse: a cada dia, a chance de uma negociação diminui. E ao mesmo tempo em que não há dinheiro para mantê-los na base, aproveitá-los no profissional significaria perder uma porcentagem dos direitos federativos para a empresa gestora, como consta no contrato da parceria.
A solução encontrada pelos dirigentes do clube foi terceirizar a base. Oferecer à parceira a administração também dos meninos, arcando com todos os custos. Em troca, a empresa leva uma porcentagem na venda, como acontece no profissional. A estratégia é diferente de outras equipes, que apenas “emprestam” as cores para empresários utilizarem seus jogadores. Uma saída muito arriscada para resolver os problemas, pois pode diminuir a já única e mirrada fonte de renda do clube.
Boca limpa
Federações regionais de Portugal tentam implementar o cartão azul nas categorias de base do país. A advertência seria aplicada quando os garotos utilizassem palavrões durante as partidas e a cada dois azuis, o jogador receberia um cartão amarelo. Boa idéia, mas prato cheio para os anciãos da International Board vetarem.
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*coluna publicada originalmente no Olheiros