quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2008 em números

758

É o número de vezes que Sir Bobby Charlton vestiu a camisa do Manchester United, entre 1954 e 1973. O lendário jogador estava nas tribunas do Old Trafford quando Ryan Giggs igualou esta marca. A cereja do bolo foi o gol marcado por Giggs, que lhe garantiu o décimo título da Premier League, e o troféu da temporada 2007/08 para os Red Devils.

130

O número de jogos de Edwin Van der Sar pela seleção holandesa. A marca foi alcançada em 10 de novembro, em partida contra a Noruega pelas Eliminatórias para a Copa de 2010. O goleiro de 38 anos tornou-se não só o jogador mais velho a defender a Laranja, mas também o terceiro goleiro que mais vezes atuou por uma seleção, empatando o número do mexicano Jorge Campos.

83

Soma total de gols marcados por Rogério Ceni, em 839 jogos pelo São Paulo, ao longo de 18 anos de carreira no Tricolor. O maior goleiro artilheiro da história foi mais uma vez peça importantíssima na conquista do hexacampeonato brasileiro.

71

É o tempo, em anos, que se passou até que Alexander Frei se tornasse o maior artilheiro da história da seleção suíça. A marca de 37 gols foi alcançada ao fazer dois no amistoso ante Liechtenstein, em maio - vitória por 3 a 0. O atacante do Borussia Dortmund bateu assim o feito de Xam Abegglen, que entre 1922 e 1937 havia anotado 34 vezes.

59

Há exatos 59 anos, o Al Ahly conquistava seu primeiro título egípcio. Agora, alcançou seu quarto triunfo em seqüência e o 33º no total. Além disso, levantaram mais uma vez a Liga Africana e já possuem três vezes mais troféus nacionais que seu maior rival, o Zamalek.

48

É o tempo que se passou desde a primeira edição da Copa Libertadores. Em 2008, pela primeira vez na história, um time equatoriano levantou a taça: a LDU surpreendeu, bateu o Fluminense nos pênaltis e se tornou apenas o terceiro time de fora de Brasil ou Argentina a ser campeão nos últimos 17 anos.

44

Quarenta e quatro anos durou o jejum de títulos da Espanha. Ao conquistar a Euro 2008 de maneira convincente e terminar o ano liderando o Ranking da Fifa com larga vantagem e incrível série invicta, a Fúria acabou com a pecha de amarelona e recebeu o status de melhor seleção do planeta no momento.

31

O número de jogos que durou a invencibilidade do Standard Liége, que com isso levantou seu primeiro título belga em 25 anos. O grito de campeão foi solto no dia 20 de abril, com uma vitória de 2 a 0 sobre o Anderlecht.

23

O número de títulos conquistados por dois gigantes: Sir Alex Ferguson, no comando do Manchester United há vinte anos, e Oliver Kahn, o melhor goleiro alemão de todos os tempos, que se aposentou do Bayern de Munique e do futebol em 17 de maio.

18

Há exatos 18 anos, o Hoffenheim era um time amador que disputava a oitava divisão alemã. Agora, são a sensação do futebol europeu e terminaram o primeiro turno da Bundesliga na ponta - a primeira vez que um time vindo da segunda divisão consegue tal feito.

14

Faltam 14 gols para que Raúl ultrapasse a lenda Alfredo Di Stefano no número de gols marcados na Liga Espanhola. Di Stefano tem 227, e o maior artilheiro de todos os tempos, Telmo Zarra, 237. Raúl já é o maior artilheiro da história da Uefa Champions League.

8

Se o Hoffenheim subiu rapidamente, o Hull City precisou de oito anos para sair da última divisão do futebol inglês até a primeira. Os tigres, que completaram 104 anos de fundação em 2008, estão fazendo uma grande temporada, aparecendo na sexta posição, logo atrás do Arsenal.

É com estes números que o blog deseja a todos um feliz 2009, cheio de gols, pontos, cestas, aces, touchdowns, home runs, pole positions e tudo de melhor que pode existir!

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Mete miedo

Do blog do Olheiros.

O sonho de todo garoto das categorias de base é fazer parte da equipe de profissionais. Mas, para ele entrar, alguém tem que sair do time. Pensando nisso, a Nike, patrocinadora do Boca Juniors, lançou uma série de comerciais na TV argentina.

Intituladas "mete miedo", as peças publicitárias mostram garotos da cantera xeneize intimidando atletas consagrados como Palacio, Battaglia, Ponzio e Hirsig. A idéia é trabalhar a ligação entre os grandes ídolos da equipe profissional e os garotos, nem sempre tão amistosa.

Os comerciais falam também do espírito de luta e da valorização das categorias de base, e funciona como um aviso às estrelas, que devem treinar e não podem se acomodar.

Confira:









Um feliz Natal a todos!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

De volta com o mata-mata!

Não, este não é um post para discutir pontos corridos versus mata-mata. É apenas uma brincadeira, que o amigo Filipe Lima iniciou no ano passado e dou continuidade agora. E se o Campeonato Brasileiro 2008 fosse decidido no mata-mata, como seria? Acompanhe a brincadeira.

A regra é simples: pega-se a classificação final do campeonato e arranja-se os oito primeiros na chave que era utilizada até 2002: 1º x 8º, 2º x 7º e assim por diante. Para sabermos os resultados, basta pegar os placares do primeiro e do segundo turno. Em caso de empate, prevalece a melhor campanha.

E aí, como seria?

Quartas-de-final

São Paulo (1º) x Goiás (8º)

Após uma arrancada espetacular, o São Paulo garantiu a primeira colocação e o direito de decidir todos os duelos em casa. No jogo de ida, polêmica pelo local do jogo, já que o Goiás havia perdido o mando de campo. Debaixo de muita chuva em Brasília, Borges apareceu, impedido, e deu a vantagem ao Tricolor. Na volta, Zé Luís abriu o placar logo a dois minutos de cabeça. Iarley empatou de pênalti aos 15 e já nos acréscimos da primeira etapa, em uma cobrança de falta na intermediária, Rodrigo chutou forte, a bola fez uma curva, foi no canto e Harlei não conseguiu alcançar. O São Paulo passou no sufoco, já que o Goiás pressionou muito durante o segundo tempo.

Goiás 0x1 São Paulo
São Paulo 2x1 Goiás

Grêmio (2º) x Botafogo (7º)

O Grêmio liderou boa parte do campeonato, mas acabou ultrapassado pelo São Paulo no fim. No primeiro jogo, no Engenhão, o Tricolor sentiu a saída repentina de Roger e foi derrotado por 2 a 0, com gols de Túlio e Zé Carlos, um em cada tempo. Na volta, o Bota abriu o placar aos 30 minutos e o garoto Douglas Costa empatou logo depois, batendo de fora da área. Aos 18 do segundo tempo, Réver aproveitou o escanteio e virou. Os donos da casa precisavam de mais um gol para se classificar, mas a partida seguiu em ritmo lento até o final.

Botafogo 2x0 Grêmio
Grêmio 2x1 Botafogo

Cruzeiro (3º) x Internacional (6º)

O Cruzeiro esteve na parte de cima da tabela o tempo todo, enquanto o Inter se dedicou também à Sul-Americana, terminando campeão. No primeiro jogo, vitória de um remendado Inter por 1 a 0, com gol de Gustavo Nery. Mas, no Mineirão, prevaleceu a qualidade do time azul e Gérson Magrão, que substituía Wagner, fez 1 a 0 logo a três minutos, passando por Clemer. Nilmar desperdiçou pênalti aos 39, para defesa de Fábio, e o gol da classificação saiu no início da segunda etapa, logo a dois minutos: Sorondo tentou cortar cruzamento de Guilherme e marcou contra.

Internacional 1x0 Cruzeiro
Cruzeiro 2x0 Internacional

Palmeiras (4º) x Flamengo (5º)

O duelo das equipes mais próximas da tabela foi o mais emocionante. Com grande atuação de Ibson e Kléberson, o Flamengo aplicou uma goleada de 5 a 2 no primeiro jogo e praticamente assegurou a passagem às semifinais, mas o Palmeiras pressionou muito no Parque Antárctica buscando três gols. Só conseguiu um, com Sandro Silva, aos 6 minutos do segundo tempo, e Luxemburgo saiu irritado de campo.

Flamengo 5x2 Palmeiras
Palmeiras 1x0 Flamengo

Semifinais

São Paulo (1º) x Flamengo (5º)

Se o Flamengo goleou nas quartas, foi goleado em pleno Maracanã na semifinal. O Flamengo pressionou desde o início, empurrado pela grande torcida, mas Borges novamente foi decisivo, marcando dois gols. Ibson também jogou bem, anotando os dois tentos Rubro-Negros, e o Fla foi para cima, mas Éder Luís fez o quarto já nos acréscimos. O jogo da volta foi tranqüilo para o SP, apesar da pressão carioca, que teve um gol bem anulado no começo. Aos 44min, Zé Luiz cruzou da direita e a bola sobrou livre para Dagoberto marcar para a equipe tricolor. O Fla se entregou e Hugo fechou o placar no segundo tempo, de cabeça.

Flamengo 2x4 São Paulo
São Paulo 2x0 Flamengo

Cruzeiro (3º) x Botafogo (7º)

O Botafogo continuou surpreendendo os favoritos e venceu apertado, na primeira perna, por 1 a 0: em um jogo fraco tecnicamente, Giuliano Bozzano marcou pênalti discutível de Thiago Heleno sobre Wellington Paulista e Lúcio Flávio converteu. Na volta, muita retranca de um Bota repleto de desfalques e o Cruzeiro fez o mínimo, vencendo por 1 a 0 também graças a um pênalti, convertido por Guilherme após falta de Leandro Guerreiro em Wagner.

Botafogo 1x0 Cruzeiro
Cruzeiro 1x0 Botafogo

Final

São Paulo (1º) x Cruzeiro (3º)

O São Paulo chegou à final como grande favorito, após a melhor campanha e quatro vitórias em quatro jogos no mata-mata. No Mineirão, o Cruzeiro começou pressionando, mas logo o São Paulo tratou de equilibrar o jogo. Aos 32, Jonathan recebe na área, em velocidade, e cruza para trás. Guilherme domina e bate de perna esquerda, a bola desvia e engana Rogério Ceni antes de entrar. O São Paulo voltou com duas mudanças para o segundo tempo. Richarlyson e Éder Luís entraram nos lugares de Zé Luís e Aloísio, que estavam com cartão amarelo. A mudança surtiu efeito. Com 36 segundos, Richarlyson achou Borges na área. O atacante driblou Leo Fortunato e tocou na saída de Fábio. A partir daí, o jogo ficou equilibrado e as duas equipes tiveram oportunidades para marcar mais gols.

Na volta, antes mesmo do jogo, o técnico Muricy Ramalho teve uma complicação de última hora para escalar o time. Ele não pôde contar com o goleiro Rogério Ceni que sofreu uma lesão muscular no treino do último sábado e teve de ser substituído por Bosco. Os são-paulinos se mostravam apreensivos, mas os 15 primeiros minutos de jogo foram completamente tricolores. Se o 0 a 0 no intervalo era preocupante, o início do segundo tempo foi desesperador, já que o Cruzeiro pressionava. Após muita tensão, a torcida pôde finalmente explodir: com 35min, após cobrança de escanteio de Jorge Wagner, o zagueiro André Dias subiu mais que a defesa do Cruzeiro para cabecear e marcar o gol que abriu a vitória. Já nos acréscimos, em cobrança de falta, Jancarlos deu números finais ao placar e a festa do hexa foi completa.

Cruzeiro 1x1 São Paulo
São Paulo 2x0 Cruzeiro

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Um ano depois da final*

*Especial publicado no Olheiros, em conjunto com Dassler Marques.

Rio Branco e Figueirense, no dia 25 de janeiro no Nicolau Alayon, foi uma final surpreendente para a Copa São Paulo de 2008. Ao contrário do que se pode imaginar, entretanto, as duas equipes tiveram um desempenho destacado ao longo do certame, desmistificando a idéia de zebras comuns a torneios de mata-mata.

O ano todo se passou, porém, e praticamente nenhum menino vingou ao longo da temporada. É verdade que, para um torneio sub-18, seria realmente cedo para imaginar vôos longos e duradouros, mas poucos deram sinal de vida. As realidades envolvendo Figueirense e Rio Branco, contudo, foram distintas. O campeão catarinense ainda não lançou sua geração e atribui a isso uma das causas para a queda na Série A. O Tigre de Americana, por sua vez, protagonizou um verdadeiro desmanche de sua talentosa equipe.

Atento, o Olheiros mostra, nas linhas abaixo, os diferentes rumos que levaram os jogadores finalistas da Copinha de 2008. (Dassler Marques)

Figueirense: meninos no forno

O ano que começou feliz para a torcida do Figueirense acabou negro. Rebaixado para a Série B onde não atua desde 2001, o clube ainda viu o maior rival, Avaí, chegar à elite. Diferentemente de muitos que acabam sendo degolados, o Figueira não expôs sua garotada de ouro, e a maioria segue no Orlando Scarpelli e é considerada a salvação para a temporada de 2009.

Ao contrário do que se pode imaginar, o não aproveitamento de Talhetti e companhia no elenco profissional não foi algo programado. Pelo contrário. Dentro do Figueirense, é consenso a idéia de que faltou utilizar os meninos para tentar salvar a equipe na Série A, mas a passagem de vários treinadores ao longo do Campeonato Brasileiro (Gallo, Guilherme Macuglia, PC Gusmão, Mário Sérgio e Pintado) não ofereceu um terreno seguro para que fosse feita uma transição.

O Campeonato Brasileiro Sub-20 que ainda é disputado no Rio Grande do Sul foi um aquecimento para Marquinhos Júnior, Marcelo (foto acima), Talhetti, Gustavo, Luís Eduardo e Edson Galvão, alguns dos que devem integrar o elenco profissional na Série B de 2009. Ainda que tenham ficado na primeira fase – avançaram Ipatinga e Palmeiras -, os meninos do Figueira saíram invictos: uma vitória e três empates.

As grandes baixas em relação ao time campeão da Copa São Paulo de 2008, no momento, defendem as cores do Porto, em Portugal. O habilidoso lateral-esquerdo William Massari e o zagueiro Rafhael Oliveira estão emprestados aos Dragões até o fim da temporada européia, e atualmente jogam nas categorias de base. Massari vem tendo seu desempenho bastante comentado e é, da dupla, quem pinta melhor na Terrinha até aqui.

Em entrevistas recentes, o treinador Pintado, confirmado para 2009, ressaltou a idéia de aproveitar muitos meninos da geração campeã no seu elenco para a Série B. Além de todos os nomes que foram com Rogério Micalle para o Brasileiro Sub-20, o lateral-direito Luan, o atacante Franklin e mais um ou outro nome devem ser pinçados. O ano que vem será hora, definitivamente, da meninada alvinegra sair do forno. (Dassler Marques)

Rio Branco: desmanche total

A Copa São Paulo deste ano foi a última competição disputada pelo Rio Branco com o clube no comando do departamento de futebol, que agora é terceirizado e totalmente gerido por uma empresa de gerenciamento de atletas. Antes mesmo de a bola rolar, o destino de alguns dos principais jogadores de uma das maiores geração da história do Tigre já estava selado: cinco garotos haviam sido negociados com o empresário Delcir Sonda e, dependendo do desempenho da equipe na Copinha, seriam colocados neste ou naquele clube. Veio o vice-campeonato e, com isso, o desmanche da equipe.

O volante Lucas Vieira, que começou o torneio como titular e candidato a craque, foi negociado com a base santista, junto com os atacantes Índio, reserva e mais jovem do grupo, e Izac, titular na final. Enquanto os dois primeiros continuam na Baixada, mas não participaram da campanha do título do Paulista Sub-20, Izac foi dispensado pelo técnico Narciso. Já Denis, lateral-esquerdo e um dos principais nomes do time, foi para o Atlético Paranaense e fez parte do grupo campeão da 49ª Copa Tribuna de Futebol Júnior.

Felipe, grande destaque da Copinha e vice-artilheiro com sete gols, permaneceu no clube e disputou algumas partidas da Série A-2. Negociado com o Palmeiras, foi muito bem na 1ª Porto Seguro Cup mas não apareceu tanto no Paulista Sub-20, marcando apenas dois gols. Ficou de fora do grupo que disputa o Brasileiro Sub-20, ao contrário de Danilo, apelidado em Americana de “Peito de Aço”. O meio-campista, também negociado com o Palmeiras, marcou três vezes no estadual e foi titular no nacional da categoria, disputado no Rio Grande do Sul, marcando o gol da vitória sobre o Fluminense na primeira fase.

Negociados também foram o atacante Thauan, titular das primeiras partidas, que também está no Palmeiras, mas com menos oportunidades, e o goleiro Alisson, bastante criticado na cidade. Clube e empresário não chegaram a um acordo e o catarinense de 1,98m foi para o Grêmio, onde é reserva de Fernando Júnior e Matheus.

Dos titulares daquela campanha, permanecem no Décio Vitta o lateral-direito Bruno, o meia Tiago Silva e o atacante Hélerson. Os dois últimos sofreram com contusões e disputaram algumas partidas tanto da Série A-2 quanto da Copa Paulista. O primeiro foi capitão do Tigre no Paulista Sub-20, mas a equipe foi eliminada logo na primeira fase. Tiago Silva, inclusive, é nome certo para brigar por posição na Série A-2 que começa em janeiro. Jean e Iago, atacantes que também fizeram parte do grupo, também continuam treinando em Americana. (Maurício Vargas)

Ficha técnica: Rio Branco-SP 0 x 2 Figueirense

Local: Nicolau Alayon, em São Paulo (SP).
Data: 25/01/2008 (sexta-feira).
Arbitragem: Welton Orlando Wohnrath, auxiliado por Cláudio Roberto da Costa e Reinaldo Rodrigues dos Santos.
Cartões amarelos:Talhetti (Figueirense); Rafael Santos, Alisson (Rio Branco).
Gols: Marcelo, aos 36’/1° tempo, Marquinhos, aos 23’/2° tempo (Figueirense).

Rio Branco
Alisson; Bruno, Rafael Santos, Vander e Denis; Thiago Melo (Joãozinho), Felipe, Danilo e Thiago Silva (Índio); Isaac (Thauam) e Hélerson.
Técnico: Marcos Sartore.

Figueirense
Gustavo; Rafael, Luis Eduardo e William; Júlio, Ricardo, Edson Galvão, Talhetti (Franklin) e Massari; Marcelo (Roberto) e Marquinhos (Jeferson).
Técnico: Rogério Micalle

domingo, 14 de dezembro de 2008

Crise de identidade*


*Publicado originalmente no Olheiros

Qual a posição mais carente do futebol brasileiro atualmente? Pode-se dizer com certa razão que são os centroavantes, ou ainda os meias de mais toque de bola e menos firula ou correria. Mas a maior carência, hoje, é sentida até – e principalmente – na seleção brasileira. Deparei-me com ela quando preparava o especial dos nomes para o Sul-Americano Sub-20: a posição mais ausente de nomes, no Brasil é a lateral. Mas... De quem é a culpa?

Poderia ser uma entressafra ou uma crise técnica dos principais nomes, mas é difícil acreditar que Maicon, por exemplo, possa jogar muito mais do que tem feito. E nenhuma entressafra dura mais de dez anos. Afinal, Cafu e Roberto Carlos, mesmo sempre questionados, perduraram intocáveis no onze inicial brasileiro por três Copas do Mundo. A verdade é uma só: o Brasil não tem laterais decentes e a culpa é do trabalho de base mal feito.

Explico. Falei em minha coluna inicial aqui no Olheiros do mal que faziam os técnicos que prendiam garotos a esquemas táticos pré-definidos e limitavam as oportunidades de evolução em uma fase da vida onde a posição em campo pode não ser a definitiva – vide os tantos casos de jogadores que começaram como atacantes e terminaram como volantes, por exemplo. Da mesma forma, o caminho inverso acontece: o problema está na seleção dos meninos e na maneira como se treina.

Historicamente, o futebol brasileiro se caracterizou pela obediência quase ignorante a fórmulas que dão certo. É por isso que o 4-2-2-2 de décadas atrás continua sendo tão utilizado por aqui. Igualmente, o 3-5-2 que garantiu o quinto título mundial tem milhares de adeptos no mundo inteiro, mas quase todos seus seguidores vivem e trabalham no maior país da América do Sul. Basta ver que, dos cinco primeiros colocados do Brasileirão, apenas o Cruzeiro teve quatro zagueiros durante toda sua campanha.

A partir daí, a fórmula de sucesso do São Paulo vai sendo copiada e admirada. Mas a questão é que o futebol brasileiro é muito refém de suas engessadas formações táticas, e não evolui como o sistema de jogo mundial. Não cansa insistir: os laterais brasileiros são os únicos no mundo que não possuem uma identidade em campo. Não sabem qual sua função principal: atacar ou defender? E fazer ambos com 100% de eficiência é impossível.

Por isso, a idéia de laterais ofensivos é embutida na cabeça do olheiro e do treinador da base. Garotos com essas características é que são selecionados, e se destacam nas categorias inferiores por sua “velocidade, habilidade e chegada ao ataque”. É claro. São meias, pontas, atacantes. Não laterais. E aí, a imagem do “ala” surge com força. Basta ver a qualidade de todos os laterais premiados no final do campeonato brasileiro: todos “alas” de suas equipes que jogam com três zagueiros.

Mas jogam com três zagueiros por quê? Para cobrir a subida dos alas, que não marcam. Ou seja: o futebol brasileiro está preso a uma posição que não possui jogadores bons. Ou pior ainda: uma posição que não existe. Porque se os laterais que surgem da base tivessem características defensivas, ou ainda mais equilibradas, bons no apoio mas também na marcação, poder-se-ia criar linhas eficientes de quatro defensores que, com organização tática, poderiam surpreender. Mas a maioria não sabe sequer cruzar...

Basta ver o caso dos irmãos Da Silva: enquanto Fábio, lateral-esquerdo, se destacou na seleção sub-17 pela força ofensiva, agora é Rafael, que sempre foi menos atrevido, que recebe elogios da imprensa inglesa. É fato que Fábio passou por uma cirurgia e não teve as mesmas oportunidades, mas este é o caso típico: os laterais brasileiros que se destacam vão para a Europa e viram, grande parte das vezes, meias esternos, como foi com Mancini. Difícil entender a razão?

Uma alternativa seria escalar esses jogadores no meio-campo, exatamente como esternos. Mas não é da cultura do futebol tupiniquim jogar com duas linhas de quatro e, pelo jeito, nunca será. E o meio perderia meias de verdade, diriam os puristas. Enquanto isso, treinadores montam equipes de base no 3-5-2 para “aproveitar o poder ofensivo dos laterais”.

E assim são criados jogadores medianos, que possuem velocidade, um pouco de habilidade e nada mais. Surgem coringas, como tem sido mais e mais comum, de laterais que também são volantes ou até quebram um galho de zagueiros. Ao mesmo tempo, Fábio Aurélio tem feito partidas excepcionais pelo Liverpool atuando exatamente da maneira que se espera de um lateral. Mas ele é tímio no apoio, não deverá ser notado.

Enquanto isso, permanece a idéia de que Roberto Carlos e Cafu tiveram grandes reservas de luxo, como Felipe, Athirson, Cicinho, Gilberto, Juan Maldonado ou Leonardo Moura, quando foram eles, na verdade, duas exceções em uma regra cada vez mais sacramentada: o Brasil não consegue produzir bons laterais, e a culpa é exatamente de quem deveria solucionar o problema: as categorias de base.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Brasileirão - 100%


É um post enorme. Mas convido a todos a lerem até o final, e comentarem. Vamos à análise final do Campeonato Brasileiro, passando primeira por uma rápida olhada nas últimas três rodadas, para depois falarmos do campeonato todo.

Melhores: Figueirense, Cruzeiro, São Paulo
Piores: Atlético-MG, Ipatinga, Flamengo

O Figueirense foi o melhor da reta final, vencendo as três partidas, o que não foi suficiente para escapar do rebaixamento – o time caiu devido ao péssimo saldo de gols (-24), empatando em pontos e vitórias com o Náutico. O São Paulo tropeçou em casa diante do Fluminense e chegou à última rodada podendo perder o título, mas o Grêmio foi goleado para o Vitória e a diferença que era de dois pontos terminou em três. O Cruzeiro, com duas vitórias e um empate, saiu de uma ameaçada quarta colocação para o tranqüilo terceiro lugar, garantido a vaga na fase de grupo da Libertadores.

O Flamengo, por outro lado, somou apenas um ponto – perdeu fora para Cruzeiro, adversário direto, e Atlético-PR, e só empatou em casa com o Goiás após estar vencendo por 3 a 0. Com isso, pegou apenas a Sul-Americana, graças ao fator Caio Júnior. Impressionante como o técnico conseguiu vaga na Libertadores com o Paraná Clube, mas não repetiu o feito com Palmeiras e Flamengo. O Atlético-MG, apenas cumprindo tabela, também só somou um ponto, além do Ipatinga, que mesmo se tivesse vencido as três, teria caído.

Em um período de poucas mudanças, os quatro times da zona do rebaixamento na 25ª rodada acabaram caindo. Quem mais subiu foram Figueirense e Botafogo (duas posições cada), e que mais caiu foram Flamengo, Goiás, Atlético-MG e Santos (também duas). Com essa queda, o Flamengo foi o único time a alterar sua condição nas últimas três rodadas – cedeu o lugar no G-4 para o Palmeiras.

O Brasileirão 2008 em números

Melhor ataque
2007 - Cruzeiro (73 gols)
2008 - Flamengo (67)

Melhor defesa
2007 - São Paulo (19)
2008 - Grêmio (35)

Pior ataque
2007 - América-RN (24)
2008 - Ipatinga (37)

Pior defesa
2007 - América-RN (80)
2008 - Figueirense (73)

Artilheiros
2007 - Josiel (PAR): 20 gols
2008 - Kléber Pereira (SAN), Keirrison (COT) e Washington (FLU): 21 gols

O Campeonato Brasileiro de 2008 pode ser separado em três períodos distintos. O primeiro, até a 13ª rodada, quando o Flamengo despontou e liderou em dez delas; o segundo, da 14ª a 26ª rodada, quando o Grêmio assumiu a liderança, terminou o primeiro turno na frente com recordes de desempenho, chegando a abrir seis pontos para o segundo colocado; e o terceiro, da 27ª até a última rodada, quando a disputa ficou embolada entre cinco equipes e, finalmente, o São Paulo tomou a ponta graças a um segundo turno impecável.

Esta, obviamente, a análise da parte de cima da tabela. Se olharmos para baixo, percebemos a presença constante do Ipatinga na zona de rebaixamento, apesar de a equipe ter demonstrado muita garra durante todo o torneio, caindo apenas na penúltima rodada. Da mesma forma, a Portuguesa esteve acima da 10ª colocação apenas em duas oportunidades e jogou um futebol até convincente na reta final, mas as falhas defensivas falaram mais alto e o time também caiu na 37ª.

Gols

Um campeonato que prometia muito, com até seis ou sete times candidatos reais ao título, demorou para engrenar: a média de gols do primeiro turno chegou a bater em 2,2 por partida, e nunca esteve acima dos três. A disputa pela artilharia, ao menos, foi mais movimentada e teve mais protagonistas, chegando ao recorde de três chuteiras douradas ao final da competição. Mas o número de gols acabou devendo mais uma vez.

A quarta rodada foi a que teve menos gols, com apenas 16 – foram apenas dois 0 a 0, mas os dois jogos com mais gols tiveram três cada. Na 35ª, por outro lado, 41 gols foram marcados e apenas Sport e Internacional não balançaram as redes. Tivemos várias goleadas por 5 a 0, 4 a 0, mas a maior do campeonato foram os 7 a 1 do Grêmio sobre o Figueirense em pleno Orlando Scarpelli. A segunda maior, Vasco 6x1 Atlético-MG, na 16ª. Mas o jogo com mais gols foi outro: logo na primeira rodada, Portuguesa e Figueirense empataram em 5 a 5.

Sobe e desce

Além de Flamengo, Grêmio e São Paulo, o Palmeiras liderou por duas rodadas, e o Náutico foi o primeiro na segunda rodada. Quinze equipes estiveram na zona de rebaixamento em algum momento do campeonato, ainda que algumas tenham aparecido nas primeiras rodadas, o que é natural devido à prioridade para Libertadores e Copa do Brasil: apenas Cruzeiro, Flamengo, Botafogo, Grêmio e Internacional nunca visitaram o G menos 4.

Dando uma rápida olhada na tabela no fim do primeiro turno e a classificação final do campeonato, percebemos que quem mais subiu posições foram Fluminense e Goiás: ambos galgaram cinco degraus na classificação. O Figueirense, por sua vez, despencou seis postos para chegar à zona do rebaixamento. A Portuguesa caiu cinco, mas foi quem menos pontuou no segundo turno: apenas três vitórias e 16 pontos conquistados, enquanto o São Paulo sobrou e marcou 42, com uma derrota somente no início do returno.

Destaques individuais

Marcinho era o nome do campeonato até ser negociado e o Flamengo despencar. No primeiro turno, ninguém jogou tanto quanto Marquinhos, revelação do Vitória e do torneio. Na frente, Alex Mineiro, Kleber Pereira e Guilherme disputavam a artilharia gol a gol, enquanto Victor segurava o Grêmio na liderança. Na reta final, Keirrison e Washington alcançaram e até ultrapassaram alguns de seus adversários, e Borges marcou oito gols nas últimas seis rodadas para levar o São Paulo ao hexacampeonato.

No meio-campo, quem jogou demais foi a dupla de volantes gremistas, William Magrão e Rafael Carioca – especialmente o segundo, já negociado com o futebol russo. Ramires consolidou o status de grande jogador sendo um dos principais nomes do Cruzeiro. No Palmeiras, momentos esporádicos de brilho de marcos, Leandro, Diego Souza e Kleber, e um time instável que não conseguiu se segurar na ponta.

Os goianos mantiveram a tradição de grandes campanhas no segundo turno graças principalmente à sua dupla de alas: Vitor pela direita e Júlio César pela esquerda marcavam gols com a mesma freqüência com que serviam seus companheiros. O Atlético-MG teve em Leandro Almeida e Renan Oliveira mais uma prova de que precisa apostar mais na base. Dentre os rebaixados, destaque para Madson, que quase conseguiu salvar o Vasco sozinho, Adeílson, bom atacante do Ipatinga, e Athirson, que voltou ao Brasil mostrando um futebol razoável. A Portuguesa teve ainda em Edno um nome a ser lembrado.

Tática

Este é um assunto que pretendo há tempos abordar com mais profundidade: quando o 4231 se torna o esquema da moda na Europa e o 433 volta com força, o Brasil continua refém do 352. Sem meias de qualidade, os laterais velozes e nem sempre bons no cruzamento ou na finalização deixam a função de marcar de lado e formam a base da maioria dos times do campeonato. Dos cinco primeiros, apenas o Cruzeiro não jogou com três zagueiros – o Palmeiras adotou o esquema em algumas oportunidades.

A variação do popular 3421 para um 3142, com um volante de contenção e uma linha de meio-campo com volantes que saem para o jogo ou meias de menor qualidade deram o tom – foi assim com São Paulo, adaptação perfeita de Muricy, e Flamengo. O Grêmio teve, na figura de Tcheco, um esboço de camisa 10, mas quem brilhou foi a dupla Rafa Carioca e Magrão. Dos rebaixados, apenas a Portuguesa não tinha o esquema com três zagueiros como principal, ainda que na busca pelo resultado todos os técnicos tenham alternado bastante.

Seleção

Por fim, deixo a minha seleção do campeonato. Um campeonato que provou que nem sempre é preciso ter um elenco forte – afinal, o São Paulo foi campeão sem reservas de qualidade. Que provou que ser o campeão do turno não garante nada, contrariando a história recente – o Grêmio que o diga. E mostrando que planejamento nada mais é que tomar consciência de suas possibilidades, não cometer loucuras nas contratações e treinar exaustivamente. Ainda que treino continue sendo treino, e jogo continue sendo jogo.

Victor (Grêmio)

Vitor (Goiás)
André Dias (São Paulo)
Rever (Grêmio)
Juan (Flamengo)

Rafael Carioca (Grêmio)
Ramires (Cruzeiro)
Hernanes (São Paulo) - o craque do campeonato
Alex (Internacional)

Keirrison (Coritiba)
Washington (Fluminense)


Técnico: Muricy Ramalho (São Paulo)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Seleção da 38ª rodada

Trazemos hoje a seleção da 38ª rodada. Ainda esta semana, a análise final do Brasileirão e a seleção de todo o campeonato.

Renan (BOT): Várias defesas cara a cara, fez milagres o jogo todo.

Felipe Mattioni (GRE): Iluminado, sofreu o pênalti logo após entrar em campo. Jogou bem.
André Dias (SAP): Outra partida de muita aplicação, garra e marcação perfeita.
Welton Felipe (ATM): Apesar da derrota, ganhou a maioria das divididas e deu trabalho aos atacantes gremistas.
Fernandinho (CRU): Se não foi grande coisa no jogo, ao menos converteu dois gols de pênalti.

Richarlyson (SAP): Surpreendeu pela disposição, marcando Paulo Baier muito bem em uma função à qual não estava mais tão acostumado.
Ramires (CRU): Buscou o jogo o tempo todo e chegou com velocidade ao ataque, levando perigo.
Lúcio Flávio (BOT): Duas bolas na trave, participação no gol e comando da equipe o tempo inteiro.
Tcheco (GRE): Ditou o ritmo gremista, deu belos passes e fez um gol importante.

Borges (SAP): Chato, brigador e a cara dos atacantes são-paulinos: bem no pivô, melhor ainda nas finalizações.
Wilson (SPO): Oportunista, mostrou faro de gol e bom posicionamento para marcar três vezes.

Técnico: Geninho (ATP): A missão nem era tão difícil, mas o Atlético entrou bem postado, com vontade e goleou o Flamengo, escapando do descenso e se classificando para a Sul-Americana.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Colunas da semana

Confira as colunas desta semana:

Na Trivela, o Grasshopper tem o melhor início de campanha em anos, mas a crise financeira mundial pode trapalhar a seqüência. (
Confira na coluna Futebol Alpino)

No Olheiros, a eleição de Maurício Assumpção é a promessa de que o Botafogo voltará a ser um clube revelador de talentos. (
Confira na coluna Ponto Futuro)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Seleção da 37ª rodada

Marcos (PAL): Principal responsável pelo time não ter sido derrotado em Salvador.

Bustos (INT): Antes de se machucar, foi muito perigoso no ataque. Fez o cruzamento para o gol de Gustavo Nery.
Thiago Silva (FLU): Absoluto na zaga, só bobeou no lance do gol.
André Dias (SAP): Mais uma aula de cobertura, posicionamento e marcação.
Tiago Feltri (FIG): Muito veloz pela esquerda, aproveitou os buracos e marcou o gol de empate.

Rafael Carioca (GRE): Soberbo na marcação e na saída de bola, é o pulmão e o cérebro do time gremista.
Arouca (FLU): Correu sem parar e criou as principais oportunidades do Fluminense no primeiro tempo.
Marquinho (FIG): Cruzamento para o primeiro gol, infernizou a defesa do Botafogo.
Paulo Baier (GOI): Jogou muito no segundo tempo. Comandou o time e guardou o seu de pênalti.

Leandro Amaral (VAS): Acordou do sono em que estava nas últimas partidas, brigou e fez dois importantes gols.
Marcel (GRE): Principal responsável pela virada gremista com seu oportunismo e faro de gol.

Técnico: René Simões (FLU): Sua chegada modificou profundamente o estilo de jogo do Flu. Jogou bola para ganhar do São Paulo.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Justiça!




E não foi pênalti.

Poucas vezes vi polêmica tão grande em torno de algo nada polêmico. Vi o lance ao vivo e em nenhum momento me pareceu pênalti - sob nenhum ângulo. Léo Fortunato SEQUER toca em Tardelli.

A resposta que me chega é que a maior parte da imprensa esportiva, na necessidade de atrair a atenção, veste a camisa dos times mais populares como o Flamengo, cujos dirigentes (leia-se Kléber Leite e Márcio Braga) tendem a inventar polêmicas para mascarar seus erros.

Infelizmente, mais uma vez a maioria da imprensa embarcou. O inacreditável é que a CBF até puniu Simon - e ele estava certo desde o começo! E pra completar, Fábio Luciano e Diego Tardelli não foram punidos. Impressionante!

Às vezes, chego a achar que as leis da Física mudaram. Na maioria dos lances polêmicos onde o pênalti não é marcado, tendo a concordar com o árbitro. Porque não são pênaltis. Porque a regra é a regra. E porque poucos a conhecem.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Seleção da 36ª rodada


O São Paulo praticamente garantiu o título, mas a briga pelas vagas remanescentes na Libertadores e a fuga do descenso continuam emocionantes! Confira a seleção da 36ª rodada do Brasileirão 2008:

Fábio (CRU): Seguro quando exigido, não teve culpa nos gols e fez duas grandes defesas.

Fabinho Capixaba (PAL): Esteve bem no apoio, discreto na marcação.
André Dias (SAP): Apesar da tarde são-paulina abaixo da média, demonstrou com eficiência como se cobre os espaços e marca à distância.
Thiago Silva (FLU): O melhor em campo na vitória tricolor. Absoluto na marcação, ganhou todas.
Jorge Wagner (SAP): Um gol de falta e uma assistência. Discreto, a cara do estilo de jogo do São Paulo.

Pierre (PAL): Tem sido o melhor do time nas ausências seguidas de Kleber. Muita garra e um gol.
Ramires (CRU): O de sempre: disposição, marcação, qualidade no passe e habilidade na frente. Fez um gol de matador.
Madson (VAS): Em um elenco tão fraco, se sobressai. Ainda assim, corre muito, luta o tempo todo e tem alguma qualidade.
Marlos (COT): 

Keirrison (COT): Melhor atuação individual do campeonato. Quatro gols em um jogo pela primeira vez no Brasileirão 2008.
Kléber (PAL): Com ele em campo, a garra do time é outra. Luta, briga e invariavelmente guarda o seu.

Técnico: Muricy Ramalho (SAP): Agüentou a pressão, teve tranqüilidade e, mesmo jogando mal, conseguiu sair com a vitória.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Brasileirão - 90%


Faltando três rodadas para o final do campeonato, os candidatos ao título e ao rebaixamento diminuíram desde nossa última análise - mas nem por isso a disputa está menos emocionante. Enquanto São Paulo e Grêmio polarizam a briga pelo caneco, sete equipes ainda lutam contra o descenso. Vamos a última análise antes do final do campeonato.

Melhores: São Paulo, Atlético-PR e Atlético-MG
Piores: Botafogo, Figueirense e Vitória

Altos...

O São Paulo mostrou o que é ser chamado de "time de chegada" e venceu as últimas cinco partidas - a última vez que perdeu pontos foi no clássico com o Palmeiras, quando estava a dois pontos do Alviverde. Hoje, a diferença é de sete a favor do Tricolor.

Desde o início das análises, o São Paulo foi o único a vencer as quatro partidas de um mesmo período. Melhor que isso, apenas o Botafogo da virada de turno, que venceu seis jogos seguidos. Além do entrosamento que veio pela definição de uma equipe titular em um sistema coeso, o nome da arrancada é Borges: o atacante fez seis gols nas últimas três partidas.

Quem também subiu bastante foi o Atlético-PR, impulsionado principalmente por Alan Bahia, o líder da equipe, e Rafael Moura, que finalmente parece ter aprendido a fazer gols. O time que sofria pela falta de pontaria começou a marcar e foi quem mais subiu nas últimas rodadas: quatro posições, da 18ª para a 14ª. Já o Galo, impulsionado pela liderança de Leandro Almeida e a habilidade de Renan Oliveira (dois meninos), venceu três seguidas e chegou a uma digna 10ª colocação.

O Palmeiras arrancou uma suada vitória sobre o Santos na Vila, mas a derrota em casa no confronto direto para o Grêmio, seguida da goleada no Maracanã, resultaram em reclamações da torcida e ataques a Luxemburgo e à diretoria. Dentro de campo, um time mal escalado e jogadores completamente perdidos, especialmente na defesa.

Com isso, Grêmio e Flamengo se aproveitaram e, enquanto o tricolor gaúcho segue firme na briga pelo título, o Rubro-Negro se vê com boas chances de garantir uma vaga na Libertadores. O Cruzeiro, por sua vez, permanece oscilando e sendo goleado com a mesma facilidade que goleia. Na próxima rodada, confronto direto com o Fla no Mineirão pode definir a sorte de todos os cinco primeiros.

...e baixos

Chama a atenção a disparidade de desempenho das equipes que ainda buscam algo no campeonato, daquelas que apenas cumprem tabela. O Botafogo perdeu as quatro últimas partidas, enquanto o Vitória fez apenas um ponto. Inter, Santos, Sport e Coritiba tiveram performances irregulares, somando quatro pontos cada.

Por outro lado, o Figueirense somou apenas um ponto nas últimas quatro rodadas - justamente no jogo mais difícil, diante do Grêmio no Olímpico - e está em situação desesperadora. Mesmo que vença o Náutico num jogo de seis pontos, chegará à penúltima rodada na zona de rebaixamento. E mesmo o Ipatinga, que conseguiu duas vitórias sobre os desinteressados Sport e Coritiba, precisa de um milagre: pega o Palmeiras no Palestra e, se perder, estará rebaixado.

Com oito pontos, o Náutico deu uma boa subida e respira, mas ainda corre riscos . se vencer o Figueirense fora, afunda o rival e se livra. As contas mostram que, com 44 pontos, é muito provável que qualquer time escape. Até por isso, o Vasco, que somou sete, precisa desesperadamente vencer as duas que faltam em casa, diante de São Paulo e Vitória. A torcida espera reviver 2004, quando o time venceu o Atlético-PR, escapou da degola e tirou o título do Furacão. Por fim, o Flu voltou a vencer e tem boas chances de escapar. A Lusa tem dois jogos fáceis em casa e, pelo futebol que tem demonstrado, deve escapar.

Abaixo, as estatísticas do período e a seleção da 35ª rodada.

Melhor ataque
2007 - Cruzeiro (71 gols)
2008 - Flamengo e São Paulo (62)

Melhor defesa
2007 - São Paulo (15)
2008 - Grêmio (30)

Pior ataque
2007 - América-RN (24)
2008 - Ipatinga (35)

Pior defesa
2007 - América-RN (71)
2008 - Figueirense e Vasco (68)

Artilheiros
2007 - Josiel (PAR) e Acosta (NAU): 19 gols
2008 - Kléber Pereira (SAN): 21 gols

Seleção da 35ª rodada

Fernando (IPA): Fez grandes defesas no segundo tempo, garantindo a vitória.

Joílson (SAP): Aproveitou a marcação fraca e foi bastante ao ataque. Deu o passe para o gol de Hugo.
Fábio Luciano (FLA): Seguro na defesa, participou decisivamente em dois gols.
Leandro Almeida (ATM): Um líder dentro de campo, apesar da pouca idade. Grudou em Leandro Amaral e fez dois de pênalti.
Jorge Wagner (SAP): Marcou bem e deu mais um de seus cruzamentos açucarados para Borges abrir o placar.

Aírton (FLA): Deu estabilidade ao meio-campo e cobertura à defesa.
Kléberson (FLA): Assistências em três lances e o quarto gol. Sua melhor atuação desde 2002.
Ibson (FLA): Fez gol de rebote, de letra e de primeira. Ainda participou do gol de Kléberson. Tarde de craque.
Paulo Baier (GOI): Fez os três da vitória sobre o Botafogo – um deles um golaço de prima.

Gilmar (NAU): Dois gols na inesperada goleada do Timbu sobre o Cruzeiro. Deu muito trabalho à defesa.
Borges (SAP): Cresceu na reta decisiva, simbolizando a arrancada final do Tricolor.

T.: Caio Júnior (FLA): Plantou Aírton à frente da zaga e montou uma linha de quatro no meio – esquema parecido com o do São Paulo. Foi muito feliz nas apostas.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O artilheiro da Europa



Cristiano Ronaldo? Messi? Ibrahimovic? Fernando Torres? Anelka? Não, nenhum destes.

O artilheiro da Europa neste início de temporada é Marc Janko, austríaco de 25 anos que defende desde 2005 o Red Bull Salzburg. O desconhecido atacante alcançou neste meio de semana a incrível marca de 22 gols em 17 rodadas da Bundesliga (foram doze nos últimos quatro jogos). A média é de 1,29 gols por jogo, já que Janko na verdade disputou 16 partidas - ficou de fora apenas da vitória sobre o Altach, time de Zé Elias, na terceira rodada. Detalhe: apenas dois gols foi de pênalti.

Os números deste vienense impressionam. Nos 16 jogos em que atuou, marcou quatro gols em duas oportunidades e três em outras três. Quando entrou em campo, Janko só não balançou as redes seis vezes. E apesar de seus 1,95m, não foram apenas gols de cabeça. Arrancadas, chutes de longa distância, voleios, rebotes. Janko marca de qualquer jeito. E já fez quatro a mais que se companheiro de equipe, o veterano Alexander Zickler, marcou em 2007/08, quando terminou na artilharia com 16.

Seus 22 gols respondem por 48% dos 45 tentos marcados pelo Red Bull, líder do campeonato, até aqui.

Somadas três partidas pela seleção austríaca nas Eliminatórias para a Copa de 2010, mais dois gols entram na conta - um deles na surpreendente vitória por 3 a 1 sobre a França, na estréia. Com mais uma partida contra o Sevilla pela Copa da Uefa, o total de Janko na temporada até aqui são 24 gols em 20 jogos - média de 1,2. Perto dele, o bósnio Vedad Ibisevic tem 13 gols marcados em 12 rodadas da Bundesliga alemã. Os números são melhores até do que no Campeonato Russo, onde Vágner Love marcou 17 em 28 rodadas.

Não à toa, clubes de centros europeus maiores já o assediam. Até o momento, já ligaram para Salzburg querendo saber o preço do jogador Tottenham, Sunderland, Hull City, Middlesbrough, Roma, Everton, La Corunã, Racing Santander, Celtic e Hertha Berlim. A resposta foi animadora: Janko tem contrato até 2011 e a multa está estipulada em 2,5 milhões de euros, mas como ele já cumpriu três anos de contrato, pode sair por um valor bem menor, equivalente aos salários que teria de receber até o fim do vínculo.

Com clubes grandes como Chelsea, Barcelona e Real Madrid precisando de centro-avantes para compor o elenco, não será difícil vê-lo mudando de ares já no meio do ano. Pode ser que, inicialmente, para equipes de menor expressão, afinal o campeonato austríaco não é lá dos mais fortes. Mas números como estes não podem ser desprezados.

Confira os gols de Janko jogo-a-jogo pela Bundesliga austríaca:

Red Bull Salzburg 6x0 Mattersburg (3)
Rapid Vienna 2x2 Red Bull Salzburg (2)
Red Bull Salzburg 1x0 LASK Linz (1)
Austria Vienna 3x2 Red Bull Salzburg (1)
Sturm Graz 2x2 Red Bull Salzburg (1)
Red Bull Salzburg 3x1 Sturm Graz (2)
SCR Altach 3x4 Red Bull Salzburg (4)
Red Bull Salzburg 7x3 SV Kapfenberg (4)
Red Bull Salzburg 5x1 Austria Vienna (3)
SV Ried 2x2 Red Bull Salzburg (2)

Saiba mais sobre o futebol austríaco na coluna Futebol Alpino da Trivela.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Avalanche tricolor

Foi tricolor o final de semana do Campeonato Brasileiro. Enquanto o São Paulo mostrou novamente a força do conjunto ao sair de uma situação complicada - por mais que, ironicamente, Borges tenha brilhado em um time sem destaques solo -, o Grêmio superou os desfalques e um Palmeiras carente de inteligência, criatividade e comando.

Por mais que se dê repercussão exagerada ao caso Marcos-Luxemburgo (que, para quem foi ao estádio, percebeu que nada aconteceu, afinal a torcida em nenhum momento ficou contra o técnico, como se quer fazer crer), o que decidiu o jogo foi mesmo a ausência de Kléber, em maior porcentagem, e de Diego Souza. Não ter alguém capaz de carregar a bola e enfrentar a forte e dura defesa gremista foi um preço muito caro a se pagar - e que custa a briga pelo título.

Ao que parece, teremos agora a repetição de 2007, com o São Paulo administrando a vantagem (coisa que sabe fazer muito bem) e os outros brigando pelo vice-campeonato.

Abaixo, a seleção da 34ª rodada:

Bruno (FLA): Fez no mínimo quatro defesas difíceis

Wagner Diniz (VAS): De volta à boa forma, levou perigo constante nas costas de Kleber, jogando ao lado de Madson.
Héverton (GRE): O menos comentado, mas o melhor do trio de zaga gremista. Ofereceu cobertura e fechou os espaços.
Léo Fortunato (CRU): Bem nas antecipações, grudou em Washington o jogo todo.
Netinho (ATP): Bem no apoio, cobrou a falta que originou o segundo gol do Atlético.

Ramires (CRU): Mais uma vez perfeito nos desarmes e decisivo no ataque.
Rafael Carioca (GRE): Eficiente no primeiro combate, levou a equipe à frente com os espaços no meio.
Tcheco (GRE): Foi o cérebro da equipe gremista, controlando a bola e marcando o gol da vitória.
Taison (INT): Rápido, deu velocidade ao time e marcou um belo gol no contra-ataque.

Jonas (POR): Levou muito perigo e conseguiu marcar duas vezes na forte defesa são-paulina.
Borges (SAP): Fez dois gols e foi presenteado pelo juiz com um terceiro, apesar do toque ter sido de Zé Luís.

T.: Celso Roth (GRE): Conseguiu armar uma equipe forte na defesa apesar dos desfalques.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

LÍDER!


Faltam cinco rodadas e o campeonato continua aberto. Graças aos confrontos diretos, até mesmo o Flamengo, cinco pontos atrás do São Paulo, ainda tem chances. Mas por que, agora, a sensação é de que o líder é mais líder do que antes?

O São Paulo, três pontos à frente do Grêmio, já esteve a onze, mas é sem dúvidas o líder que desperta mais confiança desde o início do campeonato. Obviamente também porque faltam menos rodadas, mas principalmente porque o time tem jogado melhor a cada rodada - e a atuação diante do Inter foi a melhor no ano, em qualquer campeonato.

O São Paulo é mais líder que os demais porque soma os melhores números do campeonato - melhor ataque, segunda melhor defesa e menor número de derrotas - e porque tem, na teoria, a tabela menos complicada. Mas também deveria ter sido fácil o jogo do Grêmio contra o Figueirense, e nem tão difícil o do Cruzeiro diante do Goiás.

Como já dito há duas rodadas, na oitava análise do Brasileirão, o Tricolor segue firme rumo ao hexa.

Abaixo, a seleção da 33ª rodada. Publicaremos a da 32ª após o jogo Figueirense x Fluminense.

Rafael (VAS): Com grandes defesas, foi responsável direto pela vitória.

Wagner Diniz (VAS): Finalmente voltou a ser titular e a jogar bem. Premiado com o gol.
Leandro Almeida (ATM): O líder da equipe dentro de campo. Dois gols no mesmo jogo para um zagueiro não é sempre que acontece.
Henrique (GOI): Bem na marcação, dificultou a chegada dos atacantes e ainda marcou o seu.
Athirson (POR): Brigou, lutou, correu e foi recompensado com um importante gol.

Rodrigo Souto (SAN): Apesar do time ter saído derrotado, fez novamente grande partida, combatendo e distribuindo o jogo.
Hernanes (SAP): Comandou o show são-paulino e por pouco não guarda o dele.
Preto (POR): Insistiu o tempo todo, comandou o meio com velocidade e foi o motorzinho da virada da Lusa.
Paulo Baier (GOI): Aproveitou a liberdade no meio-de-campo e fez a festa, com dois gols.

Dagoberto (SAP): O chato de sempre no ataque, desta vez foi objetivo e fez um lindo gol.
Ferreira (IPA): Esperto no primeiro gol e oportunista no segundo. Ligado o tempo todo no jogo.

T.: Hélio dos Anjos (GOI): Não modificou a equipe para enfrentar um dos melhores times do campeonato, mas exigiu determinação e marcação forte.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Calvário


Um empate bom para o Atlético por ter jogado fora e ruim para o Vasco por ter jogado em casa. Mas um empate ruim para o Atlético por ter sofrido o gol aos 43 minutos e bom para o Vasco por ter conseguido reagir mesmo sem qualidade alguma – um alento para as últimas rodadas.

Para o jogo, Renato Gaúcho sacou Eduardo Luiz do time titular e lançou Leandro Bonfim, saindo do esquema com três zagueiros e plantando Jonílson em frente à dupla de zaga, apostando na velocidade da saída de bola com Madson. Já Geninho manteve o trio de zaga que deu certo contra o Cruzeiro, fixou Pedro Oldoni no ataque e abriu Julio dos Santos e Ferreira para puxarem contra-ataques nas costas dos avançados laterais vascaínos.

Com a força da torcida, o Vasco foi para cima como esperado nos primeiros minutos, mas o ataque esbarrava na bem postada defesa atleticana. Aos poucos, o time paranaense passou a controlar a posse de bola e assustou em chutes de fora da área e bolas aéreas para Pedro Oldoni, único atacante do time.

Com Alex Teixeira e Edmundo insistindo em tabelas pelo meio e Leandro Bonfim totalmente fora de sintonia, o Atlético chegava com facilidade através de Júlio dos Santos e Ferreira, levando muito perigo e deixando a torcida impaciente já na metade da primeira etapa.

As melhores chances vascaínas haviam sido pela direita, com Madson e Baiano. E foi exatamente por lá, em uma saída rápida, que Mateus encontrou Valmir livre na grande área para tocar de leve e quase dar chance a recuperação para Galatto. A torcida voltou a incentivar, o Atlético se retraiu e o Vasco controlou o ritmo do jogo até o intervalo. Ainda assim, numa falha grotesca de Jorge Luiz, o visitante encontrou um escanteio e, no bate-rebate, Julio dos Santos empatou.

A saída de Edmundo, lesionado, não deixou o Vasco só sem a qualidade de seus passes e uma referência na área que Alan Kardec não conseguiu ser – deixou o time sem uma liderança dentro de campo. A equipe passou a pressionar mais na vontade do que na qualidade e pagou pelos erros no contra-ataque bem puxado e concluído por Pedro Oldoni.

E se o Vasco já parecia sem forçar para desempatar sem Edmundo, não demonstrou reação alguma após o gol. Renato ainda errou ao sacar o voluntarioso Mateus e deixar Leandro Bonfim em campo e o Atlético quase ampliou em mais duas lambanças da zaga cruzmaltina. O gol de Madson saiu da única maneira que poderia ter saído: um chute de longe, tamanha a falta de qualidade para jogadas trabalhadas.

Cruz pesada demais para ser carregada apenas por Edmundo e Leandro Amaral. E que apesar da força que todos os torcedores vascaínos têm dado, não resistirá ao seu próprio peso e parece fadada à queda.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

“Quero ser campeão antes de sair"


Conversei, para o Olheiros, com Ramires, destaque do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro. Ele fala sobre sua carreira, expectativas para o futuro, passagem pela seleção olímpica e outros assuntos.

Imperdível, assim como o futebol do volante.

Confira!

http://www.olheiros.net

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Brasileirão - 80%

A oito rodadas do fim, o Campeonato Brasileiro nunca esteve tão indefinido na era dos pontos corridos. Cinco equipes ainda brigam pelo título e sete lutam para não cair - e tanto em cima quanto embaixo na tabela, todos os envolvidos têm chance. Vejamos mais uma análise, das rodadas 28 a 31.

Melhores: São Paulo, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio e Santos
Piores: Ipatinga, Náutico, Goiás e Atlético-PR

É impressionante o equilíbrio nas duas pontas da tabela. Apesar de o Grêmio ter se favorecido com os resultados da rodada e aberto três pontos, esta é uma vantagem ilusória: São Paulo, com 56, e Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras, todos com 55, estão firmes no páreo. Entretanto, enquanto o tricolor paulista, a raposa e o rubro-negro estão em fase de ascensão, o Grêmio continua oscilando e o Palmeiras teve um péssimo desempenho: duas derrotas e dois empates, sendo o time que mais caiu posições - quatro, da liderança para o quinto lugar.

Vale lembrar que nesta reta final acontecem ainda quatro confrontos diretos: Cruzeiro x Grêmio, Palmeiras x Grêmio, Flamengo x Palmeiras e Cruzeiro x Flamengo. Perceba-se, também, que dos quatro, o São Paulo é o único sem confrontos diretos e com a tabela mais fácil. O time de Muricy surge, portanto, como equipe com mais chances no momento. Sem contar o fato de ser o time que menos perdeu, ter o melhor ataque e a segunda melhor defesa. O São Paulo é, hoje, a equipe mais regular do campeonato.

Já na ponta de baixo, o Fluminense readquiriu a confiança e o bom jogo com Renê Simões. Com duas vitórias e dois empates, foi quem mais subiu no período, saindo da 19ª para a 14ª rodada. Saiu da zona de rebaixamento para não mais voltar. Por outro lado, o Ipatinga só somou um ponto e voltou à lanterna, ultrapassado pelo Vasco, que também foi muito mal e ficou dez rodadas, ou dois meses, sem vencer. O inesperado triunfo sobre o Goiás no Serra Dourada - Goiás que não é mais o melhor time do segundo turno - fez o time voltar a sonhar.

Se existem confrontos diretos pelo título, também há jogos decisivos na rabeira: Figueirense x Fluminense, Portuguesa x Ipatinga, Fluminense x Vasco, Vasco x Atlético-PR, Figueirense x Atlético-PR, Figueirense x Náutico, Náutico x Atlético-PR e Fluminense x Ipatinga. Emoção não vai faltar nesta reta final.

Meus palpites, considerados os resultados atuais:

Campeão: São Paulo / Vice: Flamengo / 3º: Cruzeiro / 4º: Grêmio / Palmeiras
Rebaixados: Ipatinga, Vasco, Atlético-PR e Portuguesa

Abaixo, estatísticas do período e, depois, a seleção da 31ª rodada.

Melhor ataque
2007 - Cruzeiro (65 gols)
2008 - Flamengo e São Paulo (51)

Melhor defesa
2007 - São Paulo (12)
2008 - Grêmio (25)

Pior ataque
2007 - América-RN (23)
2008 - Atlético-PR e Ipatinga (30)

Pior defesa
2007 - América-RN (64)
2008 - Vasco (62)

Artilheiros
2007 - Josiel (PAR): 18 gols
2008 - Kléber Pereira (SAN): 20 gols

Seleção da 31ª rodada

Renan (BOT): Apesar da vitória aparentemente fácil, foi bastante exigido e fez grandes defesas, além de sair bem do gol na bola aérea.

Leonardo Moura (FLA): Completando 30 anos, mostrou a mesma disposição de sempre, correndo e atacando. Fez o seu de pênalti, no rebote.
Thiago Silva (FLU): Ganhou todas as divididas e marcou bem, tanto Alex Mineiro quanto Kleber.
Luiz Alberto (FLU): Antecipou-se bem, ganhou a maioria na bola aérea e anulou o ataque verde.
Júnior César (FLU): Preso na defesa no início, aos poucos foi mais à frente e fez belo gol.

Rodrigo Souto (SAN): Marcou, tocou, rodou a bola e ainda fez um belo gol.
Diguinho (BOT): Lutou como sempre, marcou e foi premiado com um gol chorado.
Molina (SAN): Distribuiu bem o jogo e facilitou as coisas com o primeiro gol.
Alex Teixeira (VAS): Correu, driblou e levou perigo constante à defesa do Goiás. Chuta bem de qualquer lugar do campo.

Edmundo (VAS): Voltou com disposição após quatro jogos parado e foi decisivo, marcando dois gols.
Obina (FLA): A noite foi sua. Marcou um gol, deu assistência, sofreu pênalti, fez de tudo no Maracanã.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Seleção da 30ª rodada

Rogério Ceni (SAP): Apesar dos dois gols no final, fez um primeiro tempo perfeito, com no mínimo três defesas dificílimas.

Jonathan (CRU): Eficiente no ataque, marcou primeiro gol e ainda anulou Marques.
Durval (SPO): Mais uma vez mostrou sua eficiência subindo ao ataque e marcando um gol, além de atuar firme na defesa.
Ediglê (POR): Excelente partida na retaguarda, grudou em Pereira e ainda abriu o placar de cabeça.
Leandro (PAL): Mais uma vez decisivo, fez seu segundo gol de falta no ano.

Marquinhos Paraná (CRU): Firme no desarme e na cobertura. Parou muitos ataques atleticanos.
Ramires (CRU): Abriu mão dos avanços para marcar, e além de defender bem ainda quase marcou o seu.
Alex (INT): Belo passe para o gol de Nilmar, perigoso durante todo o jogo, marcou o seu.
Molina (SAN): Um golaço de falta, suficiente para vencer um jogo no qual os goleiros se destacavam.

Kleber (PAL): Brigou, lutou e sempre levou perigo. Premiado com um gol cheio de raça.
Nilmar (INT): Um tormento para Galatto e a defesa atleticana, guardou mais um.

Técnico: Adílson Baptista (CRU): Anulou os ataques do Atlético e venceu com tranqüilidade.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O artilheiro triste


Com os dois gols que marcou contra o Sport, Leandro Amaral chegou a nove e enconstou em Edmundo na artilharia vascaína no Campeonato Brasileiro: foram 10 do Animal e 9 do camisa 11. No ano, Edmundo tem 21 em 36 jogos e Leandro 12 em 28 (16 nos mesmos 36, se somados os quatro que fez pelo Fluminense em oito jogos).

Nos números, este é o pior ano do atacante desde que ele chegou ao Vasco, em 2006, quando marcou sete vezes em doze jogos. Em 2007, fez 30. Em 2008, machucado seis partidas, poupado outras três, ficou sem jogar de 20 de fevereiro a 07 de maio, por conta da briga judicial em que foi envolvido.

Mas nas últimas semanas, Leandro Amaral transformou-se na única e última gota de esperança do já exasperado e fatigado torcedor vascaíno. Na seqüência negativa que o time entrou desde a vitória sobre a Portuguesa, esteve presente em seis destas oito partidas. Dos nove gols marcados nestes jogos, Leandro fez quatro - quatro dos últimos seis.

Não é só isso: com suas declarações quentes, mostra toda a indignação pela situação da equipe. Indignação que mostra dentro de campo, correndo, brigando e disputando bolas até quando a equipe está sendo goleada, como foi diante do Figueirense - mesmo com 0 a 4, brigou para marcar um gol de cabeça e correu para cobrar um escanteio em que Edmundo fez 2 a 4.

Quando chegou ao Vasco em 2006, Leandro Amaral estava esquecido e foi recuperado. O travessão na última rodada, em Florianópolis, negou a ele e ao clube a disputa da Libertadores de 2007. Por tudo que o clube fez, o atacante tinha uma dívida de gratidão. E por isso, agiu errado, mal orientado, quando foi para o Fluminense.

Aceitou a derrota na justiça, voltou e se empenhou como antes. Tem até proposta do Sport para jogar a Libertadores do ano que vem.

Agora, pode ir tranqüilo. Mesmo que seja rebaixado, o Vasco é quem deve a ele, por toda a entrega. Até agora, marcou 49 vezes com a camisa cruzmaltina. O artilheiro dos gols de honra. O homem que quando marca, não comemora: apenas pega a bola na rede e coloca na marca central.

Leandro ainda tem bola para gastar. E merece ser feliz em outra casa.


Abaixo, a seleção da 29ª rodada

Fábio (CRU): Seguro nas saídas do gol, salvou o time com duas defesas difíceis.

Felipe Mattioni (GRE): Apoiou com eficiência, deu bons passes e cruzamentos e ainda driblou bem.
Titi (NAU): Perfeito nas antecipações e desarmes pela direita.
André Luís (BOT): Sem culpa no gol do Vitória, foi bem na defesa e ainda marcou o seu.
Ricardinho (COT): Apoiou o tempo todo e foi a principal arma do Coritiba, especialmente no segundo tempo.

Serginho (ATM): Muito bem na marcação, deu bela arrancada e ótimo passe para o gol de Renan Oliveira.
Ramires (CRU): Fez o gol da difícil vitória cruzeirense sobre o Ipatinga.
Darío Conca (FLU): Habilidoso, comanda as ações ofensivas do time. Belo cruzamento para o terceiro gol.
Douglas Costa (GRE): Outra ótima partida do garoto. Correu, driblou, criou jogadas e merecia um gol.

Leandro Amaral (VAS): Grande talento e garra perdido em um time medíocre. Teve grande atuação no primeiro tempo e fez dois belos gols.
Washington (FLU): Três gols, ainda que dois tenham sido de pênalti, são certeza de grande atuação.

Técnico: Marcelo Oliveira (ATM): Anulou os pontos fortes do Flamengo e conquistou uma vitória imprevisível.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Zebra


Renato Gaúcho comemorou, Leandro Amaral elogiou a atitude da equipe, mas um resultado que em qualquer outra ocasião seria comemorado, deve ser lamentado – não só pelas circunstâncias como ele aconteceu, mas pelo momento que o time vive.

O Vasco jogou acertadamente como time pequeno, confessando sua inferioridade, fechando-se na defesa e esperando qualquer oportunidade. Renato Gaúcho corrigiu a escalação absurda do sábado, fechando o meio-campo com a volta de Jonílson, colocando Mateus para a saída de bola ao lado de Alex Teixeira e posicionando Leandro Amaral não à frente, isolado, onde pouco renderia, mas à direita, puxando os contra-ataques.

O Sport, com Júnior Maranhão e sem Andrade, tinha Kássio e Carlinhos Bala tentando as jogadas pelos lados, explorando a deficiente cobertura de Baiano e Valmir. Baiano que acertou o travessão com um minuto de jogo, em perigosa cobrança de falta, foi às redes aos 37. Escanteio pela direita, Valmir não acompanhou Kássio e o jovem meia chutou forte, de fora da área. A bola bateu em Baiano e enganou o bom Rafael, substituto de Roberto que se recuperava de uma gripe. O terceiro goleiro teve uma atuação de primeira, evitando mais uma goleada. Mas quando os ventos sopram contra, até desvios como o do lateral viram gol.

Já parecia o fim para o Vasco, apesar de todo o segundo tempo pela frente. Leandro Amaral, entretanto, mostrou sua garra de sempre – que tem faltado ao restante da equipe – e empatou dois minutos depois, após saída errada de Moacir, substituto de Andrade. No fim, com o Sport relaxado, outro contra-ataque e Baiano encontrou o camisa 11 vascaíno que, apesar de não ser Romário, fez um golaço de fora da área.

Para a segunda etapa, Nelsinho Baptista sacou Carlinhos Bala e lançou Sidny, para jogar mais incisivamente em cima de Valmir, e Fumagalli para melhorar a saída de bola. Não adiantou, e apesar da imensa superioridade na posse de bola, o Rubro-Negro não conseguia furar a impressionantemente bem postada defesa cruzmaltina. A entrada de Sandro Gaúcho mudou o esquema para um 4-2-2-2 e o ex-gremista ficou responsável pela saída de bola. A pressão aumentou e, mesmo com Ciro machucado, em campo apenas para fazer número, o Sport empatou com um gol também nos acréscimos.

Resultado merecido pelo volume de jogo, mas lamentável pela visível demonstração de garra e superação de um time que precisou de Odvan para se segurar. Em seu retorno, poderia ter cometido um pênalti se Seneme tivesse interpretado corretamente um jogo de corpo que, em seu caso, ganha proporções bem maiores.

Assim como maior é o desespero do torcedor a cada rodada. Com um clássico pela frente, a esperança é mais por um milagre do que por uma melhora. Difícil acreditar quando um resultado como o de ontem, para um clube como o Vasco, passa a ser zebra.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Brasileirão - 70%


Peço desculpa aos amigos, pois por puro erro de conta acabei deixando passar a sétima análise do Brasileirão na 27ª, achando que seria agora. Apesar de já termos passado a 28ª, vamos com a análise decorridos 70% do BR, para termos uma seqüência correta dos desempenhos.

Melhores: Goiás, Internacional, Palmeiras e São Paulo
Piores: Vasco, Grêmio, Botafogo, Figueirense e Fluminense

O Palmeiras assumiu a liderança do Brasileirão pela primeira vez, tirando o Grêmio da ponta após uma seqüência de 13 rodadas. Apesar da derrota em casa para o Sport, a primeira do campeonato, vitórias fora de casa como a sobre o Cruzeiro, adversário direto, garantiram ao Verde a primeira colocação, graças também ao pífio desempenho gremista: um empate e três derrotas.

Quem também teve bem desempenho foi o São Paulo, com três vitórias e um empate. Mas a manutenção dos pontos por Cruzeiro e Flamengo não permitiu que o Tricolor voltasse à zona da Libertadores, onde ficou apenas três vezes até aqui. A última rodada, aliás, devolvou são-paulinos, cruzeirenses e flamenguistas à briga pelo título, já que agora estão a apenas quatro pontos dos líderes.

Goiás e Internacional tiveram os melhores desempenhos, anotando nove pontos e subindo quatro posições cada. Hélio dos Anjos assumiu a equipe esmeraldina e reformulou o estilo de jogo, baseado principalmente nos laterais Vítor e Júlio César, em grande fase. Já o Inter colhe os frutos da subida de produção de D'Alessandro, que parece ter encaixado muito bem com Nilmar e Alex.

Por outro lado, a briga contra o rebaixamento fica mais agonizante. Os cariocas Vasco e Fluminense estão entre os piores das últimas quatro rodadas: os cruzmaltinos perderam todos os jogos e Tita foi embora, dando lugar a Renato Gaúcho. O time caiu cinco postos, de 14º para 19º. Já o Flu não conseguiu se arrumar com Cuca e continua sem vencer, amargando apenas um empate e aparecendo na lanterna. O Figueirense também vai mal e começa a ficar ameaçado.

Curiosamente, percebem-se três blocos distintos: do 1º ao 5º, diferença de quatro pontos e briga por título e Libertadores. No bloco intermediário, outros quatro pontos separam o Botafogo, 6º, de Sport, 11º. E na briga contra o rebaixamento, o Náutico, 13º, está a apenas quatro pontos do lanterna Flu. No meio desta confusão toda, o Atlético-MG aparece isolado com 34 pontos, mas ainda assim não muito tranqüilo.

Abaixo, estatísticas do período e, depois, a seleção da 28ª rodada.

Melhor ataque
2007 - Cruzeiro (63 gols)
2008 - Flamengo, São Paulo e Palmeiras (43)

Melhor defesa
2007 - São Paulo (8)
2008 - Grêmio (22)

Pior ataque
2007 - América-RN (20)
2008 - Atlético-PR (27)

Pior defesa
2007 - América-RN (54)
2008 - Figueirense (55)

Artilheiros
2007 - Josiel (PAR): 17 gols
2008 - Kléber Pereira (SAN): 19 gols

Seleção da 28ª rodada

Bruno (FLA): Ótimas defesas, especialmente no segundo tempo, quando foi muito exigido.

Leonardo Moura (FLA): opção de ataque durante todo o jogo, marcou um golaço para aliviar a pressão do Timbu.
Rodrigo (SAP): Firme na marcação, fez um importante gol de falta em momento complicado do jogo.
Fabiano Eller (SAN): Ganhou todas as divididas e ainda marcou seu gol.
Leandro (PAL): Efetivo como sempre no ataque, foi recompensado com um belo gol.

Zé Luís (SAP): Alternando no papel de zagueiro, marcou bem tanto atrás quanto no meio.
Rafael Carioca (GRE): Fez bem novamente o seu papel, de dar cobertura aos avanços dos alas e de oferecer saída de bola rápida da defesa.
Douglas Costa (GRE): Estreou com toda a ousadia que era esperada. Bela partida, belo gol.
Marquinhos (FIG): Fez dois na goleada em cima da frágil equipe vascaína.

Denílson (PAL): Em sua melhor atuação pelo Verde, entortou Aguiar no segundo gol e fez o terceiro.
Keirrison (COT): Dois gols na vitória sobre o Inter: um, o da virada; outro, o da garantia da vitória.

Técnico: Vanderlei Luxemburgo (PAL): Mostrou estrela ao colocar Denílson em campo e mudar a história do jogo.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O mapa da mina (da Copa)


Publicado originalmente no
Febre Mundialista.

Terminou nesta terça, no Rio de Janeiro, o seminário das cidades candidatas a sedes da Copa de 2014. Dezoito postulantes apresentaram os detalhes de infra-estrutura e estádios ao Comitê Organizador e aos representantes da Fifa. Responderam ainda a questionamentos do caderno de encargos da entidade.

Na teoria, tudo muito bonito, ético e transparente. Na prática, palestras inúteis. Afinal, o que decidirá as sedes é a força política e o lobby com Ricardo Teixeira, presidente do Comitê Organizador e da CBF - pela primeira vez na história, a mesma pessoa ocupa as duas funções.

A principal dúvida é o número de cidades. A Fifa recomenda e quer dez, mas a CBF pede doze ou até quatorze. A decisão, que deveria acontecer em novembro, foi adiada para março a pedido de Ricardo Teixeira, que disse querer evitar um tom político na escolha, que aconteceria um mês depois das eleições municipais.

A partir daí, começa a briga. Cinco cidades já foram confirmadas por Teixeira, por mais que ele diga que é a Fifa quem escolhe: Rio de Janeiro, Porto Alegre, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília. As últimas três, inclusive, disputam o direito de sediar a abertura, já que a final deve ser no Maracanã.

No Nordeste, Salvador e Recife já estariam garantidos. Restariam três cidades se fossem dez sedes. Cuiabá, graças a proximidade do governador Blairo Maggi com Teixeira, seria a sede pantaneira. Manaus e Belém brigam pela sede amazônica, com vantagem para a capital paraense. E Fortaleza e Natal disputam a terceira sede nordestina, com vantagem para os cearenses.

As outras candidatas, e que deverão ficar de fora, são Florianópolis, Campo Grande, Rio Branco, Maceió e Goiânia. Curitiba, talvez a cidade com melhor infra-estrutura dentre todas as dezoito, está praticamente descartada. E não é por já haver quatro sedes no Sul/Sudeste. O comentário que se ouviu foi de que a capital paranaense é uma cidade praticamente pronta, e teria muito pouco a se fazer. Por isso, ficaria de fora.

O raciocínio é simples - para eles. De todas as cidades-sede, apenas Porto Alegre e São Paulo terão estádios que receberão investimento da iniciativa privada. Todos os outros serão construídos ou reformados com dinheiro público. Toda a infra-estrutura das cidades também será assim. Será uma Copa bancada pelo contribuinte. E para quê fazer a Copa em Curitiba se não haverá a necessidade de obras?

Mais obras, mais licitações, mais dinheiro.

Tudo isso poucos dias depois da divulgação dos primeiros números do Pan pelo Tribunal de Contas da União - e o rombo foi enorme. Tudo isso com Salvador anunciando que a Fonte Nova será reformada, e dirigida pelo mesmo Bobô que dizia que o estádio estava em boas condições antes da tragédia do ano passado.

Realmente, a Copa 2014 será uma festa.

Abaixo, o provável mapa das sedes brasileiras.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Clássicos brasileiros


Um domingo à tarde com dois clássicos e vários outros jogos importantes pelo Campeonato Brasileiro. O dérbi de Milão quase no mesmo horário, a alguns canais de distância.

Brasileiros lá e aqui.

Um abismo de diferença.

Sete brasileiros em campo no San Siro/Giuseppe Meazza. Pouco mais de 200 em dez estádios.

Muitas diferenças.

Por mais brigado e truncado que seja, assistir a um clássico Milan-Inter e depois zapear para um Náutico-Palmeiras é qualquer coisa como dirigir um carro importado e depois andar de charrete. Sem medo de errar.

O dérbi mais brasileiro dos últimos anos (se não tiver sido o MAIS brasileiro até hoje) teve belas jogadas, tensão, emoção e muita disputa. Óbvio que o nível é diferente. Claro que aqui também há as mesmas características. Mas em proporções muito distintas.

Irrita profundamente o que só pode ser chamado de mania do brasileiro, jogador e torcedor, de reclamar de qualquer encontrão. Até por isso, Leandro Vuaden tornou-se o inimigo número 1 de treinadores, atletas e até comentaristas de TV.

Assista a uma disputa de bola entre Gattuso e Zanetti. Veja como Seedorf dá o bote. Perceba se existe falta.

Não há.

Pois isto é futebol.

Ao mesmo tempo, jogadores quase se esbofeteam num Gre-Nal. Excesso de vontade ou falta de qualidade? São dois dos melhores times do país.

Hora de repensar os clássicos brasileiros. Que neste domingo, estiveram mais bem representados na Itália do que aqui.

Abaixo, o que pôde ser extraído da rodada do final de semana.

André Luís (POR): Sem culpa no gol, foi bem em todos os momentos que foi exigido, especialmente contra Kleber Pereira.

Carlinhos Bala (SPO): Jogou improvisado na ala e participou muito no ataque, inclusive no gol do Sport.
André Dias (SAP): Jogou muito na defesa e mostrou a eficiência na bola aérea, abrindo o placar.
Adriano (NAU): Salvou um gol em cima da linha e mostrou disposição o jogo todo.
Júlio César (GOI): Dois gols e uma assistência para Paulo Baier. Grande partida.

Guiñazu (INT): Batalhou demais na marcação e roubou muitas bolas.
Leandro Salino (IPA): Brigou o jogo todo, defendendo e atacando com a mesma qualidade e intensidade.
Marcelinho Paraíba (FLA): Mais afastado da área, rendeu menos na frente mas rodou mais a bola. Lindo cruzamento para o gol de Vandinho.
D’Alessandro (INT): Comandou a avalanche colorada no primeiro tempo e marcou um golaço de longe, contabilizando ainda duas assistências.

Kleber Pereira (SAN): Novamente, uma ilha de talento num mar de mediocridade.
Vandinho (FLA): Entrou e mudou o jogo: uma assistência e o gol da virada.

Técnico: Tite (INT): Aproveitou o recuo do time gremista e colocou o Inter no ataque. Foi recompensado.