sábado, 27 de fevereiro de 2010

Una buena idea


51 jovens já estrearam na Espanha na temporada 2009/10; Málaga já promoveu nove

Que o futebol espanhol é o que mais chances oferece aos garotos, dentre os principais campeonatos europeus, não é nenhum segredo. A participação de Lionel Messi, então com 19 anos, no triunfo do Barcelona na Champions League de 2005/06, e o recente surgimento de Sérgio Canales no Racing Santander são apenas dois exemplos desta realidade, que tem influência direta sobre o nível da seleção espanhola na atualidade, chegando à Copa de 2010 como uma das principais favoritas após conquistar a Euro em 2008.

Outra verdade sacramentada do futebol é que, quando não se tem dinheiro para contratações, a alternativa é voltar os olhos para as bases. E após um 2009 crítico economicamente para todos os setores, este fenômeno foi percebido também na Liga. Segundo um estudo intitulado “Football Transfer Review – Winter Market” (em tradução livre, Balanço das Transferências do Futebol – Mercado de Inverno), divulgado nas últimas semanas pelo grupo espanhol Prime Time Sport, a recessão econômica do ano passado afetou as transferências nas cinco principais ligas (Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha e França) de tal forma que, em comparação com o mercado de inverno da temporada 2008/09, as negociações caíram 66%.

“A tendência, com isso, foi de uma busca maior por vendas, para fazer caixa, e de incorporação de jovens das bases para suprimento das lacunas”, afirmam os pesquisadores. No comparativo, o campeonato espanhol foi exatamente o que apareceu como o menor gastador da janela, com queda de 85% no montante das transferências e com o número de saídas superando o de entradas. As restrições econômicas, assim, proporcionaram a estreia de 51 canteranos na Liga durante a primeira metade da temporada 2009/10, de longe o maior índice do Velho Continente.

Edu Ramos, Iván González, Javi López, Juanmi, Manu Torres, Pedrito, Oscar, Juanfri e Toribio. Estes são os nove nomes promovidos pelo Málaga desde o início do campeonato. Após um início negro na Rosaleda, com apenas uma vitória nas quatorze primeiras rodadas, os boquerones começam a se recuperar graças, principalmente, à força que veio da base. Os andaluzes foram os que mais garotos trouxeram das divisões inferiores, à frente do Espanyol, que incorporou sete. Almería, Sporting Gijón, Real Madrid, Tenefire e Xerez, por outro lado, não abriram espaço aos meninos.
Curiosamente, dada a fraca campanha inicial e os inúmeros testes, o time de Juan Ramón Muniz foi o segundo que mais utilizou jogadores diferentes até aqui: foram 28, atrás apenas do Zaragoza, que lançou mão de 31 e está na outra ponta da tabela comparativa: foi quem mais contratou na janela de inverno no país e o segundo na Europa, atrás apenas do Schalke 04.

Dos nove promovidos, quatro se firmaram a tal ponto que já foram convocados para a seleção sub-21 que disputa as rodadas finais das eliminatórias para o Europeu da categoria. Javi López, Toribio, Manu Torres e Iván González firmaram-se na equipe de Muniz e já despertam o interesse de clubes maiores, como até mesmo o Real Madrid, um dos integrantes da lista que não promoveu ninguém de sua cantera neste ano. Manu Torres e Iván González foram os que mais atuaram até agora, o primeiro assumindo a titularidade na lateral esquerda e o segundo formando a dupla de zaga com o brasileiro Weligton, cria do Paraná Clube e desconhecido por aqui. “As bases do Málaga precisavam de um técnico valente que desse oportunidade aos garotos”, avaliou firmemente Torres.

No Espanyol, segundo da pesquisa, os nomes de destaque são o zagueiro Victor Ruiz e o meiocampista Javi Márquez. À relação dos promovidos nesta temporada, somam-se os mais conhecidos De Gea, do Atlético de Madrid, Muniain, do Athletic Bilbao, e Assulin e Jonathan, do Barcelona. Ótimos nomes, que certamente farão da lista final de revelações da Liga, novamente, uma das mais interessantes do futebol europeu. Provando, afinal, que apostar na base é sempre uma boa ideia.

* Publicado originalmente no Olheiros

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A primeira vez a gente nunca esquece

No dia 25 de julho de 1993, a Bolívia infligia ao Brasil sua primeira derrota na história das Eliminatórias, fazendo dois a zero na altitude de La Paz.

Os bolivianos tentavam chegar a uma Copa do Mundo pela primeira vez desde 1950 e viviam grande fase com o meia Erwin Sanchez e o atacante Marco Etcheverry. Já o Brasil de Parreira sofria com as críticas por um futebol pragmático e ausente de Romário, envolvido num desentendimento com o treinador.

Na primeira rodada, a Bolívia havia massacrado a Venezuela por 7 a 1 em Puerto Ordaz, ao passo que o Brasil não passara de um empate sem gols com o Equador, também fora de casa. O grupo, que tinha ainda o Uruguai, classificava os dois primeiros para o Mundial dos Estados Unidos e uma vitória era essencial para a Bolívia, que sabia da importância de vencer dentro de casa, na altitude, já que seu desempenho longe de La Paz sempre fora insatisfatório.

O estádio Hernando Siles estava lotado e emitia uma vaia ensurdecedora a cada toque brasileiro na bola. O Brasil tentou pressionar logo no início, com Raí controlando os avanços, mas o meio-campo formado por Megar e Valdivieso oferecia muita resistência aos ataques. O primeiro tempo teve um jogo truncado, com poucas chances de gol e muita disputa pela bola.

Com o passar do tempo, a Bolívia impunha seu jogo e o Brasil dava sinais de cansaço. Até que Erwin Sanchez teve a oportunidade de colocar os anfitriões na frente, com um pênalti. Taffarel, contudo, defendeu a cobrança com as pernas. O jogo parecia se encaminhar para um 0 a 0.

Eis que, a dois minutos do fim, Etcheverry recebe passe no meio-campo e avança para a área, pelo lado esquerdo. Ele chuta para o meio, tentando um cruzamento para Sanchez. Taffarel tenta interceptar e desvia para dentro do gol, por debaixo das pernas.

A torcida, em êxtase, ainda comemorava quando o Brasil se lançou inteiro ao ataque, tentando o empate no final do jogo. Mas sem nenhuma organização tática e com espaços de sobra na defesa, a Bolívia retomou a bola e partiu como um foguete para o contra-ataque. Um minuto depois do primeiro gol, o reserva Álvaro Peña recebeu de Etcheverry e bateu na saída de Taffarel.

Fim de jogo. Bolívia 2x0 Brasil. Festa sem precedentes em La Paz, Sucre, Cochabamba, em todo lugar da Bolívia onde se acompanhava o futebol. Explicações – ou tentativas – inúmeras de Parreira, Taffarel, Raí...

“Aquele gol foi um dos pontos mais altos de minha carreira. Eu havia lesionado a coxa logo no início do jogo, mas não podia sair. Minha persistência acabou valendo a pena, afinal foi a partida mais espetacular de que participei”, disse “El Diablo” Etcheverry ao site da Fifa.

Eventualmente, a seleção brasileira golearia os bolivianos na volta, em Recife, teria a volta de Romário, se classificaria no sufoco e venceria a Copa de 94, contrariando todos os prognósticos. A Bolívia também disputaria o Mundial, caindo na primeira fase. Mas talvez se não houvesse aquela derrota no dia 25 de julho, a primeira do Brasil em uma eliminatória, não haveria goleada, volta de Romário e nem tetra.

Ainda bem que perdemos!

Bolivia 2-0 Brasil
25/07/1993, Estadio Hernando Siles, La Paz

Gols: Marco Etcheverry 88, and Alvaro Pena 89.

Bolivia: Trucco; Rimba, Quinteros, Sandy, Borja; Cristaldo, Melgar, Valdivieso, Sanchez; Etcheverry e Ramallo (Técnico: Xabier Azkargorta).
Brasil: Taffarel; Cafu, Valber, Marcio Santos, Leonardo; Mauro Silva, Luis Enrique, Zinho, Rai; Bebeto e Muller (Técnico: Carlos Parreira).

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Filho de peixe...

Romarinho assina primeiro contrato profissional com o Vasco

Romário de Souza Faria Junior. É este o nome do mais novo jogador profissional do Vasco da Gama. 14 anos após o pai surgir no mesmo estádio, Romarinho assinou seu primeiro contrato de atleta federado, aos 16 anos. O garoto havia deixado o clube em 2008, após a saída de Eurico Miranda da presidência e problemas com o técnico, mas foi pouco aproveitado no Fluminense e retornou a São Januário.

No ano passado, Romarinho passou por uma cirurgia de nariz e garganta para resolver um problema que retardava seu desenvolvimento físico. Ele começou no futsal do Vasco aos sete anos de idade e estreou nas bases cruzmaltinas aos 13 anos, marcando dois gols numa goleada de 6 a 0 sobre o Flamengo. Em 2010, integrou o grupo sub-16 terceiro colocado na Copa Promissão, realizada recentemente.

A base vascaína está recheada de filhos de ex-jogadores. Além de Romarinho, Rodrigo Dinamite, filho do presidente Roberto, e Andrey, filho de Geovani, também fazem parte das categorias inferiores.

* Publicado no blog do Olheiros

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

História das Copas - Chile 1962 (parte I)


A escolha do Chile como sede da Copa de 62 pegou muitos de surpresa: a Argentina era a principal favorita. Muitos acreditavam que o país não ofereceria condições ideiais de infra-estrutura para um evento de tal magnitude, o que em certos pontos provou-se verdade.

Brasil e Chile estavam classificados automaticamente, juntando-se a eles Uruguai, Colômbia e Argentina como representantes da América do Sul. Na Europa, praticamente todos os favoritos se classificaram. Entretanto, uma das maiores surpresas foi a desclassificação da Suécia, vice-campeã da edição anterior. Na Europa, favoritos como Alemanha, Itália, Inglaterra e Espanha passaram sem dificuldades. O México foi o representante das Américas do Norte e Central, enquanto África e Ásia ficaram mais uma vez de fora, já que a Coréia do Sul foi eliminada pela Iugoslávia e o Marrocos perdeu o playoff para a Espanha.

O Brasil tinha uma mescla de experientes jogadores campeões em 58, como Vavá e Zagallo, com jovens talentos e jogadores já consagrados: era o caso de Garrincha, estrela do Botafogo, e Pelé, já Campeão do Mundo com o Santos e ainda com 21 anos. Foi realmente uma geração de ouro do Brasil, pois mesmo com Pelé machucado, outro jogador já famoso levou literamente o Brasil nas costas: o Mané de pernas tortas, Garrincha.

Já classificada para a Copa, a seleção fez apenas amistosos de preparação. O time era praticamente o mesmo de 58, então entrosamento não era problema. Na estréia, o nervosismo sim atrapalhou a seleção. Jogando contra o fraco time do México, o Brasil suou para vencer por 2 a 0, com gols de Zagallo e Pelé, ambos já no segundo tempo. O lendário goleiro Carbajal fechou o gol e evitou um placar mais elástico.

Contra a Tchecoslováquia, mais um jogo truncado. O placar não saiu do zero, mas a partida teve um gosto de derrota: aos 27 minutos do primeiro tempo, Pelé chutou de sem-pulo e, na mesma hora, sentiu a contusão que o afastaria da Copa: uma distensão na coxa privou o Brasil de sua maior estrela. A contusão abalou os companheiros, que pouco produziram em campo, transformando o placar em justo, afinal de contas.

No último jogo da primeira fase, mais drama: o Brasil precisava de um empate contra a Espanha, mas perdia o jogo até os 25 do segundo tempo. Os espanhóis tinham um dos times mais fortes de sua história, sendo até candidato ao título: o craque do Real Madrid, Di Stefano e o húngaro naturalizado Puskas - já em fim de carreira - eram parte do elenco. Adelardo abriu o placar aos 35 do primeiro tempo e o Brasil só não foi eliminado por uma traquinagem de Nílton Santos. O lateral brasileiro cometeu pênalti em um atacante espanhol mas, marotamente, deu dois passos para fora da área, na tentativa de enganar o juiz, que caiu em sua tramóia e marcou apenas falta.

Se a Espanha abrisse 2 a 0 ali, o Brasil provavelmente não conseguiria reagir e estaria fora da Copa. Na segunda etapa, quando os ânimos já estavam mais acirrados, Amarildo, o substituto de Pelé, tratou de empatar o jogo, dando mais tranqüilidade aos brasileiros. A Espanha se lançou desesperadamente ao ataque, permitindo que o reserva de Pelé marcasse novamente, dando a vitória ao escrete canarinho, que se classificava então às quartas-de-final.

Ainda pela primeira fase, a Itália deu vexame ao tentar repetir a estratégia vencedora de 1934: naturalizou jogadores de outros países, na tentativa fracassada de montar um time forte. O brasileiro Mazzola, com o nome de Altafini, foi um desses `novos italianos`. A Azzurra decepcionou, empatando em 0 a 0 com a Alemanha e perdeu por 2 a 0 para os anfitriões chilenos em um jogo muito duro, apelidado de "A batalha de Santiago". Apesar de vencer os suíços por 3 a 0, a Itália voltaria mais cedo pra casa.

Vexame igual deram os argentinos: Estrearam vencendo a Bulgária, mas perderam para a Inglaterra e empataram sem gols com a Hungria, voltando para casa mais cedo. Enquanto isso, no grupo 1 Iugoslávia e União Soviética se classificavam, e no Grupo 3, o do Brasil, o México vencia sua primeira partida em Copas: 3 a 1 sobre os tchecos, que se chegariam até à final da Copa.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Craques das Copas - Bobby Charlton


Sobrevivente do desastre aéreo de Munique e campeão da Copa de 66 mas, acima de tudo, um grande jogador. Robert Charlton, ou "Sir Bobby", como é conhecido, construiu em campo a fama de jogador firme, mas leal. Sua maior característica era a versatilidade: apesar de possuir um físico forte, distribuía bolas como poucos, colocando sempre os adversários na cara do gol. Além disso, seu potente chute rendeu-lhe 49 gols em 106 jogos pelo English Team: o recorde de tentos pela seleção é ainda mais espantoso se considerado que ele era um meio-campo defensivo.

Começou a jogar bola no time de sua escola, o East Northumberland, até que, aos 15 anos, foi visto por Matt Busby, dirigente do Manchester United. Galgou seu espaço nas categorias de base do clube e estreou na equipe principal três anos depois, marcando dois gols na vitória de 4 a 2 sobre o Charlton Athletic. Naquele ano, o Manchester foi campeão inglês e Bobby marcou 10 gols em 14 partidas, uma média excelente. Uma temporada vencedora mas que sofreria um grave golpe: em fevereiro daquele mesmo ano de 1958, o avião que levava o time para o jogo contra o Bayern de Munique, válido pela Copa Européia, sofreu um acidente que matou oito jogadores. Bobby escapou sem nenhum arranhão, embora o sofrimento pela perda dos colegas tenha sido maior que qualquer coisa.

A seleção inglesa sofreu um duro baque para a disputa da Copa de 58 e o Manchester só se reergueria cinco anos depois, vencendo a Copa da Inglaterra e conquistando o troféu da Liga em 65 e 67. Bobby foi crucial para a união do time, tendo sido um dos que mais sofreram com o acidente - e um dos poucos que teve condições de continuar jogando após a tragédia. Até que, dez anos depois, Bobby marcou dois gols na vitória de 4 a 1 sobre o Benfica em Wembley, que valeu ao Manchester o título da Copa Européia de Clubes, a atual Liga dos Campeões. Foi a primeira conquista de um clube inglês na competição e uma vitória pessoal para Bobby, que àquela altura era o único jogador do time remanescente do desastre.

Um ano antes, Bobby havia ajudado a seleção inglesa a conquistar a Copa do Mundo organizada em seu país. Titular absoluto da seleção desde a Copa anterior, Bobby e seu irmão Jack, zagueiro, alcançaram a maior glória do English Team em todos os tempos. Os inventores do futebol haviam vencido sua primeira - e até hoje, única - Copa.

Bobby marcou um gol na vitória de 2 a 0 sobre o México na primeira fase e, ainda mais importante, os dois gols da vitória sobre a excelente seleção de Portugal que tinha Eusébio, o craque da Copa. Após a vitória na final, ninguém mais do que ele era um verdadeiro vencedor ao erguer a Taça Jules Rimet. Após a derrota para a Alemanha nas quartas-de-final da Copa de 70, Bobby despediu-se da seleção, aos 32 anos. Ningupem censurou-o, afinal ele havia feito muito mais do que qualquer outro pelo English Team.

Após 20 anos no Manchester, Bobby encerrou sua carreira jogando duas temporadas num time muito mais modesto, o Preston North End, onde além de jogador, era técnico do time. Após pendurar as chuteiras, abriu várias escolinhas de futebol e, em 1984, virou dirigente do Manchester United e foi nomeado para o Comitê de Futebol da FIFA. Recebeu da Rainha Elizabeth a honra máxima que um cidadão britânico pode obter, o título de Cavaleiro Real Britânico, que faz com que todos o chamem de Sir Robert Charlton. Ou Sir Bobby, que também funciona muito bem.

Nome : Robert Charlton
Data de nascimento: 11/10/1937
Local: Ashington, Inglaterra

Carreira:

Em clubes:
245 gols em 751 partidas
1953 a 1972: Manchester United
1973 a 1974: Preston North End (jogador e técnico)

Na seleção:
49 gols em 106 jogos (maior artilheiro da história da seleção inglesa

Títulos:
1966: Campeão da Copa do Mundo
1957, 1965 e 1967: Campeão inglês
1968: Campeão da Copa Européia de Clubes (atual Liga dos Campeões)
1963: Campeão da Copa da Inglaterra

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O importante também é ganhar


Ranking Olheiros mostra que conquistar torneios e revelar jogadores andam juntos na base

A cada nova atualização do Ranking Olheiros das categorias de base, somos bombardeados com inúmeras perguntas e críticas sobre “como é possível que o meu time A, que revelou vários jogadores para o time profissional, esteja X posições atrás do meu rival, o time B, que não consegue emplacar ninguém na equipe de cima”, ou ainda ouvimos o argumento de que “ganhar competições amadoras não importa nada, o que vale é formar atletas que serão craques no futuro”.

Pois bem. Não tiramos a razão de nenhum de nossos leitores – pelo contrário, os encorajamos e buscamos sempre a interação e a opinião de todos, para aprimorarmos o Ranking e todo o site, deixando ambos mais completos. Mas, será que, de fato, revelar é tão mais importante que ganhar? Ou ainda, ser campeão nas bases não vale efetivamente de nada, e estamos fazendo um levantamento estatístico completamente descabido e sem valor real?

É algo difícil de acreditar, na verdade. Utilizando um raciocínio bastante simples, significaria a mesma coisa que dizer que qualquer campeão brasileiro, da Liga dos Campeões ou de uma Copa do Mundo não tenha, naquele momento, os melhores jogadores à disposição. E aí, o argumento se volta a favor da base: ao passo que, nos profissionais, esse pensamento às vezes acaba se tornando verdade (dada a aleatoriedade de um campeonato decidido em jogo único, por exemplo), nos campeonatos amadores a separação por faixas etárias praticamente garante que, naquele instante, todos os times enfrentem adversários com condições semelhantes – não há o fator idade influenciando os duelos individuais, cabendo apenas à habilidade e à qualidade técnica a definição dos vencedores.

Desenvolvendo a ideia: se determinada equipe vence uma competição sub-15, por exemplo, em que as características físicas e de desenvolvimento de cada jogador são, ao menos na média teórica, bastante parecidas, é de se imaginar que este clube ofereça aos seus atletas aquilo que o diferenciará dos demais: infraestrutura adequada, alimentação, treinamento, acompanhamento profissional, para citar alguns. Sendo assim, acaba por ter, afinal, melhores categorias de base que seus adversários, correto? E conquistar campeonatos, chegar a decisões, também é conferir experiência valiosa aos garotos.

Até porque, analisando os números do Ranking, e vendo as equipes que venceram mais torneios nos últimos quatro anos, alguém discorda, por exemplo, de algum dos integrantes do Top 10? Há como duvidar que o Internacional, que nos últimos anos revelou nomes como Nilmar, Alexandre Pato, Daniel Carvalho e Rafael Sobis, tenha de fato a base mais estruturada do país? Ou que Grêmio, São Paulo, Cruzeiro, Fluminense e Atlético-MG também não mereçam suas posições?

Apenas para ficar em dois exemplos, Flu e Galo têm hoje, cada um, em seus elencos profissionais, mais de dez jogadores oriundos de suas divisões inferiores. E até mesmo os casos dos três grandes com as piores colocações nas atualizações anteriores mostram o quanto o Ranking tem sido preciso em traçar o panorama da base brasileira: após alguns anos de verdadeiro ostracismo das bases, Palmeiras, Botafogo e Vasco têm alcançado ótimos resultados e lançado, efetivamente, jogadores de qualidade no time principal – coisa que não vinham fazendo, e da qual Gabriel Silva, Philippe Coutinho e Luís Guilherme são exemplos claros.

Com tudo isso, fica clara a validade do Ranking em sua função de escalonar os diferentes níveis de categorias de base no futebol brasileiro. Obviamente, a diferença é bem mais tênue na parte intermediária da tabela: os trabalhos de uma equipe que aparece na 52ª posição, com 20 pontos, podem não ser tão diferentes quanto se sugere a pontuação da 94ª colocada, com 13,5, por exemplo. Neste contexto, entra a subjetividade do levantamento estatístico, que deve ser observado mais no todo que em partes. Afinal, se revelar é importante, conquistar também.

Publicado originalmente no Olheiros.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Põe na conta do Abreu


Ainda em formação, Botafogo encontra no uruguaio a referência para chegar à final da Taça Guanabara

A torcida botafoguense elegeu o jovem atacante Caio como talismã - em três partidas que saiu do banco, marcou gols decisivos como o da virada sobre o Flamengo na semifinal. Mas a classificação para a decisão da Taça Guanabara tem nome, sobrenome e apelido: Sebástian "El Loco" Abreu. Ainda que apareça menos que Dodô, Fred, Vágner Love e Adriano, ele foi o jogador mais importante para seu clube dentre os quatro grandes.

Em sete jogos como titular (trabalhando a parte física, estreou na terceira rodada), marcou cinco gols e deu uma assistência. Destes gols, foram quatro de cabeça e um de direita, três da grande área e um da pequena. A assistência foi exatamente de cabeça, um toque para o gol de Herrera na vitória sobre o Tigres por 2 a 1.

A importância de qualquer jogador é relativizada pelo esquema tático, e aí entra a prancheta de Joel. Assistindo à goleada sofrida para o Vasco e acompanhando o interino Jair Ventura contra o Tigres, Joel definiu o esquema de três zagueiros que fez sucesso com o Flamengo como o ideal, fazendo de Abreu a referência para a qual o time joga. A bola aérea é a principal jogada, e os treinos secretos na véspera da semifinal provaram-se valiosos. Desde então, a recuperação botafoguense é clara.

Abreu deu assistência na vitória sobre o Tigres; marcou seu primeiro gol - de cabeça - na goleada sobre o Madureira; fez três - o único até agora com o pé - na outra goleada, sobre o Resende; e veio a semifinal contra o Flamengo.

Abreu não marcou e não concedeu assistência, mas mostrou sua importância para o time: foi dele o toque de cabeça para Herrera chutar, Bruno rebater e Marcelo Cordeiro rematar, empatando o jogo.


No gol da virada, ele atraiu a marcação de Álvaro, mais alto da zaga flamenguista (1,82m contra 1,77m de Ronaldo Angelim); não encosta na bola, mas Angelim, preocupado com a bola aérea, dá espaço para Herrera tocar para o gol de Caio.


Por tudo isso, se alguém é responsável pela chegada do Botafogo, mesmo ainda em construção, à final da Taça Guanabara, este é Loco Abreu. Pode por na conta dele.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Ranking Olheiros das categorias de base - Fevereiro/2010


A dupla Gre-Nal dominou as principais competições de base em 2009, mas o São Paulo está se aproximando. Esta é apenas uma das muitas constatações da nova edição do Ranking Olheiros das categorias de base, a primeira atualização de 2010 – contendo todos os resultados do ano que passou e alguns já concluídos deste que está apenas iniciando. Foram 27 campeonatos estaduais sub-20, sub-19, sub-18 ou até mesmo sub-17, além de competições importantes como o Brasileiro Sub-20, as Copas Promissão e Santiago, o Efipan e a grande vedete, a Copa São Paulo 2010 – além de duas novidades: a Copa Brasil Sub-17, realizada no Espírito Santo, e o Efipan, importante torneio sub-14 realizado no Sul.

Centenas de pontos em disputa e a atualização com mais mudanças até aqui: dos 116 times presentes na última edição, apenas seis não trocaram de posição. Isso sem contar os 21 novatos, número recorde, vindos em sua maioria de boas campanhas nos estaduais e levando o Ranking ao também número recorde de 137 equipes. Pela primeira vez estão presentes, por exemplo, clubes tradicionais como Guarani e Portuguesa, ausentes das melhores posições nos campeonatos de base nos últimos tempos. Vale lembrar também que, como o período analisado é de três anos, as competições já finalizadas em 2010 tiveram os resultados de 2007 retirados da conta.

Antes dos números, entretanto, cabe novamente a ressalva: trata-se de um levantamento estatístico realizado para analisar tão-somente o desempenho recente dos clubes nas principais competições amadoras do país, sem a pretensão de avaliar qual tem de fato a melhor infraestrutura ou capacidade de revelar talentos em sua base. Ainda assim, acreditamos que o Ranking fornece um panorama bastante preciso da realidade sub-15 a sub-20 no Brasil.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

História das Copas - Suécia 1958 (parte II)

Quartas-de-final

Após o empate sem gols contra a Inglaterra, outro país britânico seria o adversário do Brasil, desta vez pelas quartas-de-final. O País de Gales havia eliminado a Hungria, que não era a mesma de quatro anos antes, mas ainda era uma força. O Brasil jogou sem Vavá, que havia sofrido um corte no tornozelo na partida contra a União Soviética. Em seu lugar, entrou Mazzola. O jogo foi equilibrado, apesar da grande diferença técnica entre os times. O Brasil chutava mais, obrigando o goleiro Kelsey a fazer grandes defesas, mas mesmo assim a seleção canarinho só conseguia arriscar de longe. Quando começou o segundo tempo e o jogo permanecia sem gols, os brasileiros começaram a se irritar.

Até que, aos 26 minutos, Didi lançou para Zagallo, que driblou dois marcadores e tocou para Pelé, dentro da área. Em um espaço reduzidíssimo, o número 10 chapelou Mel Charles e completou no canto direito de Kelsey, um chute indefensável. Foi o único gol do Brasil na partida, mas nem precisava mais. A platéia, sim, platéia, pois o gol fora um espetáculo, assistia admirada ao nascimento de um mito. O primeiro gol de Pelé em uma Copa é uma imagem viva na memória de todos os brasileiros, mesmo quase 50 anos depois. Ah, depois do gol o Brasil dominou a partida e administrou o placar com facilidade, mas isso é um mero detalhe.

Nas outras partidas, a Suécia jogou mal mas venceu a União Soviética de Yashin por 2 a 0, abrindo o placar logo aos 4 minutos. A atual campeã, Alemanha, venceu a Iugoslávia pelo placar mínimo, fechando-se totalmente na defesa após o gol de Rahn, logo aos 12 minutos do primeiro tempo. Ambas as seleções iriam se enfrentar na semifinal.

Já a adversária do Brasil seria a França, que goleou a Irlanda do Norte por 4 a 0, com dois gols do artilheiro Just Fontaine. Apesar de um amplo domínio territorial irlandês, os franceses eram mais habilidosos e, principalmente, mais eficientes com a bola no pé. Seria uma semifinal emocionante, entre as duas seleções com o futebol mais vistoso da Copa.

Semifinais

Após um jogo truncado, na semifinal o Brasil mostrou o melhor de seu futebol, massacrando o também ofensivo time francês. Logo aos dois minutos, Vavá abriu o placar após passe de Garrincha. Os franceses não se abateram e Fontaine empatou sete minutos depois. A partida seguiu movimentada e Didi desempatou já no final do primeiro tempo. Na volta do intervalo, Pelé ampliou e os franceses perderam o controle, abusando das faltas violentas. Aos 19 minutos, Pelé fez 4 a 1 e o time de Fontaine se entregou. Zagallo fechou o caixão francês com o quinto gol e, embora Piantoni tenha diminuido, o resultado já era conhecido: o Brasil estaria, pela segunda vez, numa final de Copa.

O adversário do Brasil seria a dona da casa, Suécia, que em uma semifinal muito nervosa derrotou a Alemanha por 3 a 1. Schäffer abriu o placar para os atuais campeões aos 24 do primeiro tempo, acabando com a monotonia do jogo. Quando se esperava um domínio alemão, o que se viu foi uma reação sueca e, aos 32 minutos, Skoglund empatou. Na segunda etapa, com a partida novamente empatada, os times se fecharam e pouco criaram. Quando tudo se encaminhava para uma prorrogação, Gren aproveitou uma bobeira da defesa e ampliou para os anfitriões, levando o estádio ao delírio, que aumentou ainda mais quando, em um contra-ataque, Hamrin selou a vitória e levou os suecos à final da Copa, para enfrentar os brasileiros. Era um sonho que se tornava realidade, tanto para os milhares de suecos como para um menino brasileiro de 17 anos.

A decisão

Em Gotemburgo, um dia antes da final, a França massacrou a Alemanha por 6 a 3, com quatro gols de Fontaine, sacramentando a artilharia com o maior número de gols em uma Copa até hoje e coroando a boa campanha francesa desde o início da competição. A Alemanha via ser enterrado de forma melancólica o sonho de conquistar o bicampeonato.

Foi na tarde de 29 de junho de 1958 que onze brasileiros subiram ao gramado do estádio Rasunda, em Estocolmo, para fazer história. O Brasil chegava à sua segunda final de Copa do Mundo, novamente com status de favorito, mas dessa vez em uma posição contrária à de 1950: agora, não era o time da casa, mas o time adversário.

Todo um trabalho psicológico foi feito para que o Maracanazzo não se repetisse. O Brasil entrou confiante mas, logo aos três minutos, Liedholm abriu o placar, para o desespero dos brasileiros. O filme de 1950 passou pela cabeça de todos, mas Vavá tratou de afastar logo a nuvem que pairava, empatando seis minutos depois. Aos 32, o atacante do Vasco ampliou, e aí o domínio do jogo já era totalmente brasileiro. A Taça Jules Rimet parecia já haver carimbado seu passaporte para o Brasil.

Ao final do primeiro tempo, a torcida sueca aplaudia o Brasil, já que haviam apoiado o escrete canarinho durante toda a competição. Na segunda etapa, logo aos 10 minutos, Pelé ampliou com um gol antológico, chapelando um zagueiro e fuzilando. Treze minutos depois, Zagallo aproveitou um rebote e fez 4 a 1. Simonsson diminuiu a dez minutos do fim, mas Pelé fechou a contagem no último minuto da partida. Após a partida, os jogadores pareciam desorientados. Mas sim, éramos campeões do mundo, e sim, nascia um mito.

VI Copa do Mundo - 1958 - Suécia

Campeão: Brasil
Vice: Suécia
3º: França
4º: Alemanha

Período: de 8 a 29 de junho de 1958
Total de jogos: 35
Gols marcados: 126
Média de gols: 3,6 por partida
Artilheiro: Just Fontaine (França) - 13 gols

Público total: 868.000 pagantes
Média de público: 24.800 pagantes

O Brasil: CAMPEÃO - 6 jogos (5V e 1E), 16GP/4GC
Jogos: Primeira fase: Brasil 3x0 Áustria (Mazola (2) e Nilton Santos)
Brasil 0x0 Inglaterra
Brasil 2x0 União Soviética (Vavá (2))
Quartas-de-final: Brasil 1x0 País de Gales (Pelé)
Semifinal: Brasil 5x2 França (Pelé (3), Vavá e Didi; Fontaine e Piantoni)
Final: Brasil 5x2 Suécia(Vavá (2), Pelé (2) e Zagallo; Liedholm e Simonsson)

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Craques das Copas - Eusébio


"Pantera Negra" ou "Pérola Negra". São esses os apelidos mais comuns de Eusébio, o maior jogador português de todos os tempos, que demoliu as defesas adversárias na Copa de 66. Nascido em Moçambique, colônia portuguesa hoje independente, começou aos 16 anos no clube local, o Sporting Club Lourenço Marques. Apesar de não possuir um físico muito avantajado, sua habilidade prevalecia sobre os demais e logo os dois grandes clubes rivais de Lisboa, Sporting e Benfica, brigavam pelo atacante. Após meses de disputas nos bastidores, ele assinou com o Benfica.

Em sua primeira partida no novo clube, o artilheiro nato marcou um gol na vitória sobre o Santos de Pelé, em um amistoso. No campeonato português, alcançou a incrível marca de 317 gols em 301 jogos. Além dos chutes precisos, possuía uma velocidade impressionante. Em 1962, foi a principal estrela da campanha vitoriosa de sua equipe na Copa dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões), derrotando o poderoso
Real Madrid de Di Stéfano.

Neste mesmo ano, fez sua primeira partida pela seleção portuguesa, após ter se naturalizado. Foi fundamental nas eliminatórias, classificando os portugueses para a Copa pela primeira vez na história. Na primeira fase, marcou um gol contra a Bulgária e dois contra o Brasil. Com a vitória também sobre a já desfigurada Hungria, Portugal avançou em primeiro no grupo e a essa altura já era candidato ao título.

Nas quartas-de-final, seus quatro gols foram fundamentais para a virada histórica contra os surpreendentes norte-coreanos. Entretanto, na semifinal, embora tenha marcado um de pênalti, Eusébio não pôde evitar a derrota para os donos da casa. O terceiro lugar conquistado sobre a União Soviética (com mais um gol do atacante) teve um sabor não muito agradável. Ficou de consolo a artilharia da competição, com nove gols marcados.

Pelo fato de ter jogado a maior parte de sua carreira em Portugal, onde os clubes não eram exatamente do primeiro escalão europeu, a Copa de 66 foi uma das únicas vezes em que todo o mundo pôde ver a genialidade de Eusébio. Os jogadores portugueses ainda estavam muito aquém do nível do "pérola negra" e a seleção não se classificou para as Copas de 70 e 74. No ano da Copa da Alemanha, foi jogar na América do Norte, defendendo clubes dos Estados Unidos e Canadá, voltando a Portugal para disputar mais uma temporada, desta vez no modesto Beira Mar, onde sofreu uma grave contusão no joelho. Voltou, surpreendendo a todos, encerrando sua carreira em 78 no Monterrey, do México.

Nome: Eusébio da Silva Ferreira
Data de nascimento: 25/01/1942
Local de nascimento: Lourenço Marques, Moçambique

Carreira:

Em clubes:
1958 a 1960: Sporting Club Lourenço Marques (Moçambique)
1960 a 1974: Benfica (Portugal) - onde marcou 317 gols em 301 jogos
1974 e 1975: Boston Minutemen (EUA)
1976: Toronto Metros (Canadá)
1976 e 1977: Beira Mar (Portugal)
1977 e 1978: Monterrey (México)

Na seleção:
41 gols em 64 jogos (9 na Copa de 66, onde foi artilheiro isolado)

Títulos:
1962: Campeão Europeu
1961, 1963 a 1965, 1967 a 1969 e 1971 a 1974: Campeão Português
1962, 1964, 1969, 1970 e 1972: Campeão da Copa Portuguesa
7 vezes artilheiro do campeonato português

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Como assim, seu Blatter?


Para presidente da FIFA, caso de adultério de John Terry seria aplaudido em países latinos

Joseph Blatter é famoso por suas declarações sempre amigáveis aos países que visita - se dependesse dele, cada Copa do Mundo aconteceria em cinco lugares diferentes, a julgar pelas declarações que dá durante sua turnê mundial anual.

O presidente da FIFA também é conhecido por voltar atrás muitas vezes no que fala, adequando os critérios ao interesse do momento, como por exemplo o rodízio de continentes, encerrado de uma hora pra outra, e a declaração recente de que uma Copa de 2018 na Europa seria "muito interessante" para a entidade máxima do futebol - isso com o processo de escolha em pleno vapor e países de quatro continentes diferentes gastando dinheiro na disputa.

Mas o suíço de bochechas rosadas, cara amigável e semblante misto de Papai Noel com Papa na maioria das vezes fala demais. E desta vez extrapolou.

Questionado sobre o caso de John Terry, zagueiro inglês que se envolveu em escândalo sexual com a ex-mulher de Wayne Bridge, lateral e seu companheiro de seleção, Blatter afirmou que "o escândalo trata-se de algo típico de países anglo-saxões". E falou mais: "se isso tivesse acontecido, digamos, em países latinos, ele seria aplaudido".

COMO ASSIM, SEU BLATTER?

Então nos países latinos a infidelidade conjugal é aplaudida, incentivada e digna de orgulho? Provavelmente Terry também seria aplaudido por seus outros escândalos, como reconhecidos problemas com bebida e ter recebido dinheiro de jornalsitas disfarçados de torcedores para "conduzi-los" a um tour pelas dependências do Chelsea.

Causa muita estranheza o silêncio da imprensa brasileira sobre o fato. Afinal, será que o Brasil aceita a velha imagem de país do samba, sexo e carnaval? Onde tudo pode?

Quem sabe na próxima eleição da Fifa, quando Blatter deve tentar eleger Platini seu sucessor, os países latinos não se lembrem desta afirmação e sejam infiéis com o presidente, votando em outro candidato. Afinal, se ele esquece facilmente as coisas, nós "latinos" não - e por isso sim devemso ser aplaudidos.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

OFICIAL: Camisas do Brasil para a Copa de 2010 vazam na internet

Agora é oficial: imagens em alta resolução das camisas do Brasil para a Copa de 2010 "vazaram" na internet. O curioso é que a própria Nike foi "responsável" pelo vazamento, uma vez que registrou os modelos - sem o logo e sem o brasão no registro de patentes europeu, acessível a qualquer pessoa que procurar.

Veja as fotos disponíveis no site (clique para vê-las em alta resolução):




História das Copas - Suécia 1958 (parte I)

A escolha da sede da Copa de 1958 recebeu a mesma justificativa de quatro anos antes: por ter ficado neutra na Segunda Grande Guerra, a Suécia não sofreu muitos danos estruturais e poderia receber a competição com condições excelentes. A cada Copa, o número de seleções inscritas para participar aumentava e dessa vez não foi diferente. 53 países demonstraram à FIFA o interesse de disputar a primeira Copa sem seu idealizador, Jules Rimet, que havia morrido dois anos antes. Como de costume, o país sede e o atual campeão classificaram-se diretamente. O Brasil enfrentou dificuldades pela primeira vez, mas venceu o Peru e carimbou o passaporte rumo à Suécia, junto com Paraguai e Argentina, que voltava finalmente a disputar uma Copa depois de 24 anos.

Na Europa, a Hungria tinha um time desfigurado após a formação da União Soviética e, embora tenha conseguido se classificar, não passou da primeira fase. Talvez a ausência mais sentida foi a da seleção espanhola, com jogadores como Di Stefano, Kubala e Suárez, craques do Real Madrid que venceu três vezes a Copa dos Campeões da Europa na década de 50. Além dos espanhóis, a Itália ficou de fora da Copa pela primeira vez, ao ser eliminada pela Irlanda do Norte, e a Inglaterra não conseguiu se classificar desfalcada que estava de oito jogadores do Manchester United que morreram em um acidente de avião em fevereiro do mesmo ano.

Primeira fase

O regulamento da Copa do Mundo se estabilizou em 58, mudando apenas em 74. Os 16 times eram divididos em quatro grupos de quatro, passando os dois melhores para as quarta-de-final, indo no mata-mata até a decisão. O Brasil, apontado pelos jornalistas suecos como favorito à conquista do título junto com a União Soviética e a Argentina, não teve dificuldades em sua estréia, vencendo a Áustria por 3 a 0, ainda que não tenha produzido tanto quanto se esperava. O segundo jogo, contra a Inglaterra, era muito esperado por todos, prometendo um belo espetáculo. O jogo, entretanto, foi tenso até o apito final, que ao soar registrou o primeiro 0 a 0 da história das Copas. A partida contra a União Soviética tornara-se crucial: se perdesse, o Brasil estaria eliminado.

Antes da partida, diz a lenda que alguns jogadores se reuniram com o técnico Vicente Feola e pediram mudanças no time. Garrincha, Pelé e Zito entraram, então, nos lugares de Joel, Dida e Dino Sani. Seria a primeira participação em Copas de um menino de apenas 17 anos, o mais jovem até então a disputar uma Copa. O time soviético era muito forte, mas o Brasil pressionou no início e marcou 1 a 0 com Vavá. O jogo foi se equilibrando, mas Garrincha, um mané botafoguense de pernas tortas, complicou a vida dos adversários e ajudou a construir a fama do goleiro Lev Yashin, obrigando-o a desempenhar grandes defesas. No segundo tempo, Vavá ampliou para a festa dos brasileiros, especialmente de um garoto que começaria a brilhar a partir dali.

A União Soviética venceu a partida-desempate contra a Inglaterra e também se classificou no Grupo 4. No Grupo 1, zebra atrás de zebra. A Irlanda do Norte derrotou a Tchecoslováquia, que aplicou uma goleada de 6 a 1 nos argentinos. Eliminados no saldo de gols, os argentinos que eram favoritos voltaram para casa mais cedo e viram a Irlanda do Norte vencer os tchecos novamente para garantir o segundo lugar do grupo, atrás da Alemanha, que venceu os argentinos e empatou os dois jogos restantes.

No Grupo 2, a França apresentava ao mundo seu atacante, Just Fontaine, que marcou 3 na goleada de 7 a 3 sobre o Paraguai. França e Iugoslávia classificaram-se às quartas-de-final, ao passo que Paraguai e Escócia voltaram para casa com um ponto cada. Finalmente, no grupo 3, a Hungria, enfraquecida pelo bloqueio comunista, não foi nem sombra do time de quatro anos antes, sendo eliminada pelo País de Gales no jogo-desempate. A Suécia, anfitriã, desempenhou bem o seu papel a vencer dois jogos e empatar um.

Estavam definidas as quartas-de-final: Alemanha x Iugoslávia, França x Irlanda do Norte, Suécia x União Soviética e Brasil x País de Gales.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Dunga deixa Ronaldinho Gaúcho de fora do amistoso contra a Irlanda

Dunga surpreendeu mais do que tem feito nas últimas convocações ao chamar, nesta terça-feira, os 22 jogadores para o amistoso contra a Irlanda, em 03 de março, em Londres.

O treinador deixou Ronaldinho Gaúcho, principal expectativa, de fora da lista. E chamou algumas novidades: Gilberto, do Cruzeiro, foi convocado para a lateral esquerda apesar de jogar no meio, com a camisa 10, no time mineiro. E Michel Bastos, que joga no lado direito do meio campo do Lyon, também foi chamado para a lateral esquerda. Como é pouco provável que Dunga tenha desistido de Kléber e André Santos - este último, aliás, deve ser o titular -, o que se imagina é que o treinador tenha chamado os dois, na ausência de Filipe Silva, lesionado, para tentar encontrar o reserva. Fábio Aurélio, do Liverpool, também parece fora da briga.

Kleberson, do Flamengo, também é outra novidade: ele vinha sendo convocado frequentemente até se machucar exatamente num amistoso da seleção brasileira. Seu retorno, desta forma, é até certo ponto normal. Outro retorno é o de Thiago Silva - o zagueiro do Milan tinha ficado de fora de algumas convocações, mas agora aparece como forte candidato à quarta vaga da zaga. Miranda, suspenso por dois jogos e que só estaria disponível a partir da terceira partida da Copa, fica de fora.

Na frente, nenhuma mudança e Luís Fabiano, Nilmar, Robinho e Adriano parecem cada vez mais perto do Mundial. No meio, Ronaldinho fica de fora apesar da recuperação, mas é fato que ainda tem vivido altos e baixos. Ao que parece, a expectativa e a pressão pela sua convocação serão parecidas com o que aconteceu com Felipão e Romário pré-2002. Júlio Baptista, um dos nomes mais questionados, segue.

Daniel Alves, que se machucou no último final de semana, está garantido - deve se recuperar até lá. Quanto aos volantes, Josué é uma convocação questionável, e reparando bem, foram cinco volantes e três meias convocados - Kaká, Elano e Júlio Baptista.

Pelo que parece, Dunga ainda tem as seguintes dúvidas: o terceiro goleiro, o lateral esquerdo reserva e um volante reserva. O resto parece decidido.

E você, o que você achou da convocação?



Os 22 de Dunga para o amistoso contra a Irlanda

Goleiros
Júlio César (Internazionale)
Doni (Roma)

Laterais
Maicon (Internazionale)
Daniel Alves (Barcelona)
Gilberto (Cruzeiro)
Michel Bastos (Lyon)

Zagueiros
Lúcio (Internazionale)
Juan (Roma)
Luisão (Benfica)
Thiago Silva (Milan)

Volantes
Gilberto Silva (Panathinaikos)
Felipe Melo (Juventus)
Ramires (Benfica)
Josué (Wlofsburg)
Kléberson (Flamengo)

Meias
Kaká (Real Madrid)
Elano (Galatasaray)
Julio Baptista (Roma)

Atacantes
Luís Fabiano (Sevilla)
Nilmar (Villareal)
Robinho (Santos)
Adriano (Flamengo)

Depois da amarelinha, suposta camisa azul do Brasil para a Copa também vaza na internet

Veja fotos da suposta camisa azul do Brasil para a Copa de 2010:


Demorou apenas um dia. Depois de imagens da provável camisa amarela do Brasil para a Copa de 2010 vazarem na internet, nesta terça-feira foi a vez de imagens de uma camisa azul aparecerem na grande rede. As fotos parecem ser de uma loja de materiais esportivos, então ainda há dúvidas se não se trata de uma imitação.

A camisa segue o padrão da anterior, com detalhes em amarelo em um tom de azul mais escuro. A gola é amarela e a mesma faixa sobre os ombros que aparece na camisa número 1 também está presente aqui.

A grande novidade são as inúmeras bolinhas amarelas, que começam mais próximas na altura do peito e vão aumentando de distância ao longo da camisa, dando um interessante efeito de profundidade. É um design inovador, diferente do modelo simples da amarela, divulgado ontem.

A expectativa cresce à medida que se aproxima a data de lançamento oficial - a Nike irá apresentar a camisa azul num evento nesta segunda-feira de carnaval, aparentemente em vários pontos do país simultaneamente, ao passo que a camisa amarela será apresentada no dia 25, num evento global em Londres com todas as outras camisas das seleções que estarão na Copa - Portugal, Holanda, Estados Unidos, Coreia do Sul, Austrália, Sérvia e Nova Zelândia.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Fotos de suposta camisa do Brasil para a Copa vazam na internet

EXCLUSIVO! Veja fotos da suposta camisa do Brasil para a Copa de 2010:



Essas são fotos publicadas na internet do que muito provavelmente será a camisa do Brasil para a Copa de 2010. A camisa tem um design simples e poucos detalhes: a gola é verde com um recorte na parte da frente, e há uma faixa também verde em cada manga, com o detalhe das cinco estrelas amarelas sobre esta faixa.

A camisa lembra bastante a utilizada durante as eliminatórias para a Copa de 2002, que era toda amarela e tinha apenas a gola verde. A comparação imediata que se faz é com a camisa da Copa de 70.

O lançamento oficial do uniforme deve acontecer após o carnaval, e antes do amistoso com a Irlanda, programado para 03 de março.

OPINIÃO: Camisa simples, como tende a ser a brasileira: bem mais conservadora que a de outras seleções. Bonita, mas a atual parece mais bonita que essa. Resta esperar para confirmar a veracidade das fotos.


domingo, 7 de fevereiro de 2010

História das Copas - Suíça 1954 (parte II)

A Copa de 54 foi disparada a com maior média de gols por jogo, com 140 gols marcados em 26 jogos, dando espantosos 5,38 por partida. As goleadas da Hungria colaboraram em parte para isso, mas foi uma das partidas das quartas-de-final que detém até hoje o recorde de mais gols em um jogo de Copa do Mundo: a Áustria venceu os anfitriões suíços em uma partida recheada de gols (foram 12 no total) e muita emoção: 7 a 5, com direito a duas viradas no placar para cada time. Em outro jogo movimentado, os uruguaios, atuais campeões, eliminaram a Inglaterra com uma vitória por 4 a 2. A Alemanha derrotou a Iugoslávia por 2 a 0 e a Hungria eliminou o Brasil no jogo que foi conhecido como "A Batalha de Berna".

Os húngaros menosprezaram os brasileiros, e pareciam ter feito a coisa certa quando abriram 2 a 0 no placar com apenas sete minutos de jogo. Djalma Santos diminui dez minutos depois através de um pênalti, acalmando os nervos do Brasil. A confusão começou no terceiro gol húngaro: Pinheiro e Czibor trombaram na área e o juiz inglês marcou pênalti, convertido por Lantos. Na saída de bola, Julinho diminui para 3 a 2. Boszik e Nilton Santos se desentenderam e foram expulsos. O futebol saiu de campo e foi substituído pela selvageria. Carrinhos e pontapés eram dados a todo momento, e o Brasil teve mais um jgoador expulso. Ao final da partida, jogadores dos dois times se envolveram em uma briga que foi até os vestiários. Foi o fim da participação brasileira na Copa, a primeira com a camisa amarela, já que a camisa branca foi abandonada pela CBD após a derrota para o Uruguai em 1950. Mas aquela camisa amarela, naquele momento vermelha de sangue, ainda daria muitas alegrias a todos os brasileiros.

Semifinais

Após a batalha de Berna, a Hungria teria outro duro jogo pela frente: os uruguaios, atuais campeões. Se a Celeste vencesse a Copa, ficaria definitivamente com a posse da Taça Jules Rimet. Era então um incentivo a mais.

A partida, difícil, terminou empatada em 2 a 2 no tempo normal, mas na prorrogação o time de Puskas e Kocsis tratou de despachar os sulamericanos com mais dois gols. Na outra semifinal, a Alemanha massacrou a Áustria por 6 a 1, garantindo a vaga na final. Na decisão do terceiro lugar, os austríacos conseguiram a sua melhor colocação em uma Copa, premiando a melhor geração de jogadores do país, ao derrotarem os uruguaios por 3 a 1.

A final

Era uma questão de tempo para a Hungria se sagrar campeã do mundo, considerada por todos a favorita principal ao título e, no jogo contra a Alemanha, não poderia ser diferente. Os alemães queriam provar que também tinham valor e vingar a humilhante derrota por 8 a 3 para os húngaros na primeira fase. Se antes do início do jogo todos consideravam a seleção húngara campeã mundial, após os primeiros minutos a certeza ficou maior ainda, pois com 8 da primeira etapa a Hungria já abrira 2 a 0 no placar, com Puskas e Czibor.

A Alemanha, entretanto, controlou o nervosismo, equilibrou o jogo e conseguiu o empate dez minutos depois, com Morlock e Rahn. A partir daí, o baque foi tão grande para os magiares que eles não conseguiram produzir mais nada: Puskas estava irreconhecível e toda a equipe jogava de forma desorganizada, desesperados para marcar mais um gol. Foi nessa hora que a frieza alemã entrou em campo e, a seis minutos do final, Rahn aproveitou um rebote e emendou um petardo que foi parar no fundo das redes do goleiro Grosics.

O mundo estava chocado. Pela segunda vez consecutiva, o grande favorito à conquista da Copa era batido por um time que muitos consideravam uma zebra. Essa foi a única derrota da Hungria em 49 partidas, de 1950 a 1956, uma das maiores séries invictas de uma seleção na história. A Hungria perdia assim a sua segunda final, nunca mais repetindo o desempenho nas Copas seguintes.

Para a Alemanha, foi uma vitória da superação, pois todo o mundo ainda via o país com desconfiança e desprezo após a Grande Guerra. Recentemente, foi lançado um filme chamado "O milagre de Berna", que conta a história dessa tão importante conquista para o povo alemão, sem auto-estima, marginalizado e excluído na época.

V Copa do Mundo - 1954 - Suíça

Campeão: Alemanha
Vice: Hungria
3º lugar: Áustria
4º lugar: Uruguai

Total de jogos: 26
Gols marcados: 140
Média de gols: 5,38 por partida (maior média da história)
Artilheiro: Kocsis (Hungria) - 11 gols

O Brasil: 6º lugar - 3 jogos (1V, 1E e 1D), 8GP/5GC
Jogos: Primeira fase: Brasil 5x0 México (Pinga (2), Didi, Julinho e Baltazar)
Brasil 1 x 1 Iugoslávia (Didi / Zebec)
Quartas-de-final: Brasil 2 x 4 Hungria (Djalma Santos e Julinho / Kocsis (2), Hidegkuti e Lantos)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Santo de casa faz milagre sim

Desesperados por contratações de impacto, clubes ingleses esquecem das próprias bases

Qual a semelhança entre Adam Johnson e Victor Moses, além de serem jogadores que despontam neste momento no futebol inglês? Os dois jovens – o primeiro de 22 anos, e o segundo de 19 – estiveram envolvidos em um sem-número de boatos e rumores sobre transferências nesta janela do mercado de inverno europeu, a ponto de muitos torcedores deste ou daquele clube grande ficar de orelha em pé e perguntar “por que o Arsenal não quer aquele garoto, se o Manchester United pode acabar pagando dez milhões de libras por ele?”.

Passado todo o frisson do fechamento do mercado, Victor Moses, ótimo winger nigeriano que chamava a atenção no Crystal Palace já na temporada passada, não foi fisgado pelos Red Devils por cifra tão astronômica, mas acabou assinando com o bem mais modesto Wigan por um quarto deste valor.

Da mesma forma, Adam Johnson, também bom winger, fruto da elogiada categoria de base do Middlesbrough, finalmente deixou o Riverside Stadium após muita especulação, dirigindo-se ao gastador Manchester City por sete milhões de libras – a transação mais cara da Premier League neste meio de temporada. Tudo isto por um jogador talentoso, sim, mas que já foi emprestado a Leeds United e Watford e que terá em um ambiente conturbado e cheio de concorrência sua última chance de acabar com o rótulo de promessa que o acompanha desde que deixou a seleção sub-21 inglesa e não mais foi cogitado entre os melhores do país.

Tamanhas cifras gastas com nomes proeminentes, mas fora do primeiro escalão de prospectos – e por clubes de médio para pequeno porte, especialmente – fazem insurgir uma discussão que há algum tempo permeia os observadores do futebol inglês: por que os clubes da Premier League buscam tantos jogadores jovens em outras bandas e não olham para suas próprias academias? O “estilo Wenger” de ser vai agregando adeptos e suscita, já há uma década, inúmeras discussões sobre como garantir mais espaço aos ingleses entre os times titulares e também a garotos vindos da base nos elencos profissionais.

Louise Taylor, em coluna recente no The Guardian, ataca o problema sob outro prisma: ignorantes em relação ao trabalho das divisões inferiores de seus próprios clubes, os treinadores preferem evitar o risco de subir um jogador desconhecido e acabam por acionar a rede de observadores espalhados ao redor do globo.

Isso teria a ver também com o aumento do número de técnicos estrangeiros na Premier League (hoje, são seis), o que aumenta o efeito globalizante das buscas por jovens e também outro fenômeno comum dos comandantes: levar aos clubes nomes com quem já trabalhou anteriormente, diminuindo o espaço dos garotos que tentam romper a barreira do profissionalismo.

Neste contexto, a probabilidade de um menino que não seja um fora de série acabar despontando cai vertiginosamente, e os jovens acabam emprestados para clubes menores e, mesmo com potencial, acabam atravessando a carreira em equipes menores da segunda ou terceira divisão. “Na verdade, muitos jogadores das duas divisões principais da Inglaterra possuem um nível de qualidade parecido, no mesmo padrão, o que me leva a crer que a diferença entre aqueles que batalham semanalmente na Championship e aqueles que ganham trinta mil libras por semana na Premier League seja a pura sorte – o famoso “estar no lugar certo na hora certa”, afirma Louise. Não deixa de ser um raciocínio interessante.

Finalmente, parece claro que muitos dos que conseguem romper a barreira e emplacar camisas pesadas graças ao puro marketing de seus agentes ou dos técnicos, cujos elogios mais simples podem transformar qualquer jogador em próxima contratação obrigatória para todos os rivais, num típico pensamento “se eles querem, eu também devo querer”.

De fato, muito se fala até hoje das qualidades pinçadoras de dinossauros como Wenger e Ferguson, mas não são raros os depoimentos de que até eles costumam contratar jovens mais pelo nome e pelo burburinho do que por terem realmente visto suas qualidades e considerado-as benéficas para seus times. Enquanto isso, inúmeros talentos que, se lapidados, poderiam se tornar grandes jogadores no futuro, acabam fadados ao anonimato. Tudo porque a exigência é maior com quem é próximo. Pode não parecer, mas santo de casa faz, sim, milagre.

* Publicado no Olheiros.net

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Título da Copa da África coloca o Egito no Top 10 do Ranking da Fifa


O Egito está entre as dez melhores seleções do mundo. É ao menos o que aponta a segunda edição de 2010 do Ranking da Fifa, divulgada nesta quarta-feira pela entidade. Com poucos jogos acontecendo no mês de janeiro, a Copa Africana de Nações foi o grande destaque e culminou as maiores mudanças do mês.

Tricampeão consecutivo e agora isolado como maior vencedor do continente, o Egito alcançou a glória ao bater Gana por 1 a 0 em Luanda - e alcançou mais: seu mais alto posto na história do ranking, o décimo lugar. Foram 237 pontos somados no total da campanha vitoriosa em Angola, que renderam 14 lugares escalados e a segunda melhor colocação de um africano na história - apenas a Nigéria, quinta colocada em abril de 1994, foi melhor.

Os egípcios tomaram o lugar dos croatas, que caíram uma posição - e assim como os russos, que também estão fora da Copa, tendem a cair muito depois da atualização do ranking pós-Mundia, sempre a que mexe mais com o equilíbrio das seleções. Nas outras nove posições do Top 10, não houve mudança.

Os africanos dominaram as melhores evoluções do mês, com a Nigéria e Gana subindo sete posições (15º e 27º lugares, respectivamente), Zâmbia subindo 11 postos (73º) e Malaui subindo 17 (82º). Camarões, por outro lado, caiu nove posições e aparece em 20º, já que na última edição chegou à final.

Confira as dez primeiras posições do Ranking


Clique aqui para ver o ranking completo (site da FIFA)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Craques das Copas - Fritz Walter

A história de Kaiserslautern confunde-se com a de Fritz Walter, nascido nesta pequena cidade às margens do Rio Reno em 1920. De infância sofrida, viu o terror da Primeira Guerra Mundial de perto. Começou a jogar no clube que leva o nome da cidade aos oito anos e, como reconhecimento de seu talento, estreou no time principal aos 17.

Com 19, foi convocado pela primeira vez pelo técnico da seleção alemã e, em seu primeiro jogo, marcou três gols na vitória de 9 a 3 sobre a Romênia. Entretanto, como a maioria dos jogadores de sua época, Fritz Walter perdeu seus melhores anos para a guerra, época em que todas as competições esportivas internacionais foram paralisadas. Prisioneiro dos russos em 1942, teve sorte de voltar ileso para casa - e para o futebol - em 45.

Sem perder a velha forma, Fritz Walter levou o Kaiserslautern a vencer o campeonato alemão em 51 e em 53, com o time sendo conhecido por "os 11 de Walter", tamanha era sua representatividade. Na Copa de 54, ele era o capitão alemão e teria que cumprir a difícil tarefa de derrotar os até então invencíveis húngaros. Os alemães tiveram sua auto-estima destruída pela derrota na Segunda Guerra e o esporte era a única válvula de escape da população, muito pobre pelos estragos da guerra.

Apesar da vitória contra a Turquia na partida de estréia, a Alemanha foi humilhada pela Hungria por 8 a 3. Fritz não fez nenhum gol neste jogo, cabendo ao seu irmão, Ottmar Walter, o papel de artilheiro da seleção alemã naquela Copa. Os germânicos se classificaram após outro jogo contra a Turquia, e dessa vez Fritz Walter marcou.

Após vitórias sobre Iugoslávia - nas quartas - e Áustria - um massacre nas semifinais -, os alemães enfrentariam novamente a Hungria, favoritíssima ao título, na final. E na mesma Berna onde acontecera o jogo conhecido como "a batalha", houve também "o milagre". Os húngaros abriram 2 a 0, mas os alemães, liderados por Fritz Walter, viraram para 3 a 2 e conquistaram seu primeiro título mundial. O capitão da seleção alemã, aquele menino pobre de Kaiserslautern, levantava o troféu num momento em que toda a nação alemã se sentia viva novamente.

Na seleção, ainda disputou a Copa de 58 na Suécia, contundindo-se na semifinal. Os alemães ficaram em quarto lugar no torneio e Fritz Walter despediu-se do time nacional. Encerrou sua carreira no Kaiserslautern, único clube que defendeu a vida toda, em 1959, após marcar 306 gols em 359 jogos - uma marca notável para um meio-campo.

Em 1985, o estádio Betzenberg foi renomeado para Fritz Walter Stadium, uma homenagem pequena se considerado tudo aquilo que ele fez pela cidade. Morreu em 2002, aos 81 anos.

Nome: Fritz Walter
Data de nascimento: 31/10/1920
Date de morte: 17/06/2002
Local de nascimento: Kaiserslautern, Alemanha

Carreira:

Em clubes:
1928 a 1959: Kaiserslautern (306 gols em 279 partidas)

Na seleção:
33 gols em 61 jogos (3 gols na Copa de 54)

Títulos:
1951 e 1953: Campeão alemão
1953: Artilheiro do campeonato alemão
1954: Campeão da Copa de 54
1970: Grande Cruz da Ordem do Mérito da Alemanha Ocidental

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Álbum da Copa 2010 deve sair na primeira quinzena de abril

A informação é de Márcio Borges, diretor comercial e de marketing da Panini Brasil

Aficionados por figurinhas, a hora está chegando. O álbum oficial da Copa 2010 está previsto para ser lançado na primeira quinzena de abril, informou o diretor comercial e de marketing da Panini Brasil, Márcio Borges. A editora italiana que detém os direitos do álbum já renovou o contrato com a Fifa para a Copa de 2014 e promete novidades: além de um álbum mais recheado de informações e dos cards, lançados pela primera vez no Brasil durante a Copa de 2006, outros produtos oficiais licenciados farão sua estreia no mercado brasileiro.

"Está tudo programado para a primeira quinzena de abril. Além do álbum tradicional com mais informações, a novidade este ano serão alguns outros produtos oficiais da WC2010. Em breve anunciaremos ao mercado", afirmou Borges via e-mail.

Colecionar figurinhas de futebol já deixou de ser um hobby de crianças para ser não só, mas principalmente de adultos. Enquanto a nova geração prefere ficar ligada nos videogames e outras novidades tecnológicas, a mania que foi adquirida por centenas de milhares de meninos loucos por futebol nas décadas de 80 e 90 está mais na moda do que nunca: em 2006, o álbum da Copa da Alemanha quebrou todos os recordes de vendagem mundial.

A explicação do sucesso é simples: aqueles meninos cresceram mas não se esqueceram da paixão pelo álbum de figurinhas, que marcou época por ser, então, a única fonte de informação sobre os campeonatos para muitas crianças que tinham, ali, seu primeiro contato com o mundo do futebol.

Até meados da década de 90, o álbum do campeonato brasileiro também era muito cobiçado, mas deixou de ser atraente por não constarem todas as equipes (divergências na negociação dos direitos autorais tiraram vários times de algumas edições) e pelo excesso de invenções, como pouco atrativas figurinhas da Série B, que só aumentavam o álbum, tornando-o mais difícil e caro de completar.

Mas o álbum da Copa é único por trazer as fotos dos jogadores que disputam a maior celebração do futebol mundial. É um evento único, ansiosamente esperado durante quatro anos por inúmeros fãs.

Quem não se lembra das figurinhas de Higuita e Valderrama na Copa de 90? Ou ainda o búlgaro Trifon Ivanov, famoso por sua barba e cabeleira horripilantes, e o camaronês Cyril Makanaky, cujos cabelos dreadlock foram a figurinha mais tirada por muitos garotos na Copa de 94, mesmo ele não tendo sido convocado? As novidades foram aumentando com o tempo, como as figurinhas cromadas nos escudos das seleções, além de fotos das cidades-sede, dos estádios e até mesmo dos técnicos, como ocorreu na década de 1970.

Houve também muitos erros na história da evolução dos álbuns das Copas, como o aumento do número de jogadores não convocados, em virtude do lançamento prematuro. Ou ainda as figurinhas de Inglaterra, Irlanda e Espanha nas edições de 2002 e 2006, em que os jogadores não apareciam com os uniformes das seleções, mas com uma camisa toda branca ou ainda com os uniformes de seus clubes (caso da Espanha), além de aparecer uma bandeira do país no lugar do escudo da federação.

De qualquer forma, o álbum da Copa de 2010, assim como a África, está logo ali. Hora de esperar com ansiedade e torcer para tirar logo um craque no primeiro pacotinho - e se sobrarem repetidas, este que vos bloga estará certamente ávido por trocá-las

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

História das Copas - Suíça 1954 (parte I)

Após 16 anos, a Copa do Mundo voltava à Europa. A II Guerra Mundial paralisou o mundo por uma década, e a primeira Copa após esse período foi realizada no Brasil por falta de infra-estrutura no Velho Continente. A Suíça, entretanto, havia tomado uma posição neutra na guerra e não sofreu muito com a destruição. Além disso, sua localização - no centro da Europa - possibiltava viagens a baixo custo para os países vizinhos.

Pela primeira vez o Brasil se viu obrigado a disputar as eliminatórias, não encontrando, porém, muita dificuldade: venceu Chile e Paraguai e se classificou. A Argentina mais uma vez não quis participar e o Uruguai, atual campeão, qualificou-se diretamente, assim como a Suíça, país-sede. A Hungria, campeã olímpica de 1952, era a principal favorita ao título, embora os bicampeões uruguaios demandassem respeito.

A Espanha, outra seleção forte da época, ficou de fora da Copa de uma maneira inusitada: no confronto com a Turquia, venceu em casa e perdeu fora. No jogo-desempate, em campo neutro, os times empataram e, como naquela época não havia disputa de pênaltis, a Turquia classificou-se através de um sorteio. Na CONCACAF, o México venceu os Estados Unidos e o Haiti e, pela primeira vez, a Copa teve um representante asiático: a Coréia do Sul, que eliminara o Japão. Entretanto, a seleção ainda beirava o amadorismo e sofreu duas goleadas, sem marcar um gol sequer.

A fórmula de disputa mudou mais uma vez. Agora, os 16 times foram dividos em quatro grupos de quatro. Até aí tudo bem, mas em cada grupo havia dois cabeças-de-chave, que não se enfrentavam. Os dois primeiros se classificavam para as quartas-de-final, e a partir daí o torneio seguiria no mata-mata.

Primeira fase

A seleção brasileira chegou muito festejada à Suíça, celebrada por seu futebol envolvente, embora os favoritos ao título fossem os húngaros, campeões olímpicos dois anos antes. O time tinha alguns remanescentes do Maracanazzo de 50, e já contava com jogadores que se tornariam campeões do mundo em 1958, na Suécia.

A estréia foi um passeio de 5 a 0 sobre o México. No segundo jogo, uma cena digna de comédia pastelão. Um empate bastava para classificar brasileiros e iugoslavos, mas a delegação tupiniquim não sabia disso. O Brasil saiu perdendo e, quando Didi empatou aos 24 minutos, o time foi ao ataque desesperadamente, tentando evitar a eliminação. Os iugoslavos tentavam dizer aos brasileiros em campo que o resultado classificava as duas equipes, mas nada adiantou. A partida terminou empatada e os jogadores saíram chorando de campo. Só depois foram avisados de que estavam classificados.

No Grupo 2, a Hungria deu mostras de seu poder ofensivo ao massacrar por 9 a 0 a Coréia do Sul (que foi goleada também pela Turquia, por 7 a 0). Ainda, o time de Puskas e Kocsis envergonhou os alemães com uma vitória de 8 a 3. Pelo Grupo 3, uruguaios e austríacos, que possuiam um time considerado forte, eliminaram sem dificuldades a fragilizada Tchecoslováquia e a Escócia com vitórias fáceis, sem tomarem nenhum gol sequer. Finalmente, no grupo 4, a anfitriã suíça classificou-se no sufoco: venceu a Itália e perdeu para a Inglaterra, que classificou-se em primeiro. Suíços e italianos disputaram então um jogo-desempate, com o país-sede vencendo de virada por 4 a 1.

Estavam definidos, então, os confrontos das quartas-de-final:
Alemanha x Iugoslávia, Uruguai x Inglaterra, Áustria x Suíça e Brasil x Hungria.