segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

História das Copas - Suécia 1958 (parte II)

Quartas-de-final

Após o empate sem gols contra a Inglaterra, outro país britânico seria o adversário do Brasil, desta vez pelas quartas-de-final. O País de Gales havia eliminado a Hungria, que não era a mesma de quatro anos antes, mas ainda era uma força. O Brasil jogou sem Vavá, que havia sofrido um corte no tornozelo na partida contra a União Soviética. Em seu lugar, entrou Mazzola. O jogo foi equilibrado, apesar da grande diferença técnica entre os times. O Brasil chutava mais, obrigando o goleiro Kelsey a fazer grandes defesas, mas mesmo assim a seleção canarinho só conseguia arriscar de longe. Quando começou o segundo tempo e o jogo permanecia sem gols, os brasileiros começaram a se irritar.

Até que, aos 26 minutos, Didi lançou para Zagallo, que driblou dois marcadores e tocou para Pelé, dentro da área. Em um espaço reduzidíssimo, o número 10 chapelou Mel Charles e completou no canto direito de Kelsey, um chute indefensável. Foi o único gol do Brasil na partida, mas nem precisava mais. A platéia, sim, platéia, pois o gol fora um espetáculo, assistia admirada ao nascimento de um mito. O primeiro gol de Pelé em uma Copa é uma imagem viva na memória de todos os brasileiros, mesmo quase 50 anos depois. Ah, depois do gol o Brasil dominou a partida e administrou o placar com facilidade, mas isso é um mero detalhe.

Nas outras partidas, a Suécia jogou mal mas venceu a União Soviética de Yashin por 2 a 0, abrindo o placar logo aos 4 minutos. A atual campeã, Alemanha, venceu a Iugoslávia pelo placar mínimo, fechando-se totalmente na defesa após o gol de Rahn, logo aos 12 minutos do primeiro tempo. Ambas as seleções iriam se enfrentar na semifinal.

Já a adversária do Brasil seria a França, que goleou a Irlanda do Norte por 4 a 0, com dois gols do artilheiro Just Fontaine. Apesar de um amplo domínio territorial irlandês, os franceses eram mais habilidosos e, principalmente, mais eficientes com a bola no pé. Seria uma semifinal emocionante, entre as duas seleções com o futebol mais vistoso da Copa.

Semifinais

Após um jogo truncado, na semifinal o Brasil mostrou o melhor de seu futebol, massacrando o também ofensivo time francês. Logo aos dois minutos, Vavá abriu o placar após passe de Garrincha. Os franceses não se abateram e Fontaine empatou sete minutos depois. A partida seguiu movimentada e Didi desempatou já no final do primeiro tempo. Na volta do intervalo, Pelé ampliou e os franceses perderam o controle, abusando das faltas violentas. Aos 19 minutos, Pelé fez 4 a 1 e o time de Fontaine se entregou. Zagallo fechou o caixão francês com o quinto gol e, embora Piantoni tenha diminuido, o resultado já era conhecido: o Brasil estaria, pela segunda vez, numa final de Copa.

O adversário do Brasil seria a dona da casa, Suécia, que em uma semifinal muito nervosa derrotou a Alemanha por 3 a 1. Schäffer abriu o placar para os atuais campeões aos 24 do primeiro tempo, acabando com a monotonia do jogo. Quando se esperava um domínio alemão, o que se viu foi uma reação sueca e, aos 32 minutos, Skoglund empatou. Na segunda etapa, com a partida novamente empatada, os times se fecharam e pouco criaram. Quando tudo se encaminhava para uma prorrogação, Gren aproveitou uma bobeira da defesa e ampliou para os anfitriões, levando o estádio ao delírio, que aumentou ainda mais quando, em um contra-ataque, Hamrin selou a vitória e levou os suecos à final da Copa, para enfrentar os brasileiros. Era um sonho que se tornava realidade, tanto para os milhares de suecos como para um menino brasileiro de 17 anos.

A decisão

Em Gotemburgo, um dia antes da final, a França massacrou a Alemanha por 6 a 3, com quatro gols de Fontaine, sacramentando a artilharia com o maior número de gols em uma Copa até hoje e coroando a boa campanha francesa desde o início da competição. A Alemanha via ser enterrado de forma melancólica o sonho de conquistar o bicampeonato.

Foi na tarde de 29 de junho de 1958 que onze brasileiros subiram ao gramado do estádio Rasunda, em Estocolmo, para fazer história. O Brasil chegava à sua segunda final de Copa do Mundo, novamente com status de favorito, mas dessa vez em uma posição contrária à de 1950: agora, não era o time da casa, mas o time adversário.

Todo um trabalho psicológico foi feito para que o Maracanazzo não se repetisse. O Brasil entrou confiante mas, logo aos três minutos, Liedholm abriu o placar, para o desespero dos brasileiros. O filme de 1950 passou pela cabeça de todos, mas Vavá tratou de afastar logo a nuvem que pairava, empatando seis minutos depois. Aos 32, o atacante do Vasco ampliou, e aí o domínio do jogo já era totalmente brasileiro. A Taça Jules Rimet parecia já haver carimbado seu passaporte para o Brasil.

Ao final do primeiro tempo, a torcida sueca aplaudia o Brasil, já que haviam apoiado o escrete canarinho durante toda a competição. Na segunda etapa, logo aos 10 minutos, Pelé ampliou com um gol antológico, chapelando um zagueiro e fuzilando. Treze minutos depois, Zagallo aproveitou um rebote e fez 4 a 1. Simonsson diminuiu a dez minutos do fim, mas Pelé fechou a contagem no último minuto da partida. Após a partida, os jogadores pareciam desorientados. Mas sim, éramos campeões do mundo, e sim, nascia um mito.

VI Copa do Mundo - 1958 - Suécia

Campeão: Brasil
Vice: Suécia
3º: França
4º: Alemanha

Período: de 8 a 29 de junho de 1958
Total de jogos: 35
Gols marcados: 126
Média de gols: 3,6 por partida
Artilheiro: Just Fontaine (França) - 13 gols

Público total: 868.000 pagantes
Média de público: 24.800 pagantes

O Brasil: CAMPEÃO - 6 jogos (5V e 1E), 16GP/4GC
Jogos: Primeira fase: Brasil 3x0 Áustria (Mazola (2) e Nilton Santos)
Brasil 0x0 Inglaterra
Brasil 2x0 União Soviética (Vavá (2))
Quartas-de-final: Brasil 1x0 País de Gales (Pelé)
Semifinal: Brasil 5x2 França (Pelé (3), Vavá e Didi; Fontaine e Piantoni)
Final: Brasil 5x2 Suécia(Vavá (2), Pelé (2) e Zagallo; Liedholm e Simonsson)

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