domingo, 7 de fevereiro de 2010

História das Copas - Suíça 1954 (parte II)

A Copa de 54 foi disparada a com maior média de gols por jogo, com 140 gols marcados em 26 jogos, dando espantosos 5,38 por partida. As goleadas da Hungria colaboraram em parte para isso, mas foi uma das partidas das quartas-de-final que detém até hoje o recorde de mais gols em um jogo de Copa do Mundo: a Áustria venceu os anfitriões suíços em uma partida recheada de gols (foram 12 no total) e muita emoção: 7 a 5, com direito a duas viradas no placar para cada time. Em outro jogo movimentado, os uruguaios, atuais campeões, eliminaram a Inglaterra com uma vitória por 4 a 2. A Alemanha derrotou a Iugoslávia por 2 a 0 e a Hungria eliminou o Brasil no jogo que foi conhecido como "A Batalha de Berna".

Os húngaros menosprezaram os brasileiros, e pareciam ter feito a coisa certa quando abriram 2 a 0 no placar com apenas sete minutos de jogo. Djalma Santos diminui dez minutos depois através de um pênalti, acalmando os nervos do Brasil. A confusão começou no terceiro gol húngaro: Pinheiro e Czibor trombaram na área e o juiz inglês marcou pênalti, convertido por Lantos. Na saída de bola, Julinho diminui para 3 a 2. Boszik e Nilton Santos se desentenderam e foram expulsos. O futebol saiu de campo e foi substituído pela selvageria. Carrinhos e pontapés eram dados a todo momento, e o Brasil teve mais um jgoador expulso. Ao final da partida, jogadores dos dois times se envolveram em uma briga que foi até os vestiários. Foi o fim da participação brasileira na Copa, a primeira com a camisa amarela, já que a camisa branca foi abandonada pela CBD após a derrota para o Uruguai em 1950. Mas aquela camisa amarela, naquele momento vermelha de sangue, ainda daria muitas alegrias a todos os brasileiros.

Semifinais

Após a batalha de Berna, a Hungria teria outro duro jogo pela frente: os uruguaios, atuais campeões. Se a Celeste vencesse a Copa, ficaria definitivamente com a posse da Taça Jules Rimet. Era então um incentivo a mais.

A partida, difícil, terminou empatada em 2 a 2 no tempo normal, mas na prorrogação o time de Puskas e Kocsis tratou de despachar os sulamericanos com mais dois gols. Na outra semifinal, a Alemanha massacrou a Áustria por 6 a 1, garantindo a vaga na final. Na decisão do terceiro lugar, os austríacos conseguiram a sua melhor colocação em uma Copa, premiando a melhor geração de jogadores do país, ao derrotarem os uruguaios por 3 a 1.

A final

Era uma questão de tempo para a Hungria se sagrar campeã do mundo, considerada por todos a favorita principal ao título e, no jogo contra a Alemanha, não poderia ser diferente. Os alemães queriam provar que também tinham valor e vingar a humilhante derrota por 8 a 3 para os húngaros na primeira fase. Se antes do início do jogo todos consideravam a seleção húngara campeã mundial, após os primeiros minutos a certeza ficou maior ainda, pois com 8 da primeira etapa a Hungria já abrira 2 a 0 no placar, com Puskas e Czibor.

A Alemanha, entretanto, controlou o nervosismo, equilibrou o jogo e conseguiu o empate dez minutos depois, com Morlock e Rahn. A partir daí, o baque foi tão grande para os magiares que eles não conseguiram produzir mais nada: Puskas estava irreconhecível e toda a equipe jogava de forma desorganizada, desesperados para marcar mais um gol. Foi nessa hora que a frieza alemã entrou em campo e, a seis minutos do final, Rahn aproveitou um rebote e emendou um petardo que foi parar no fundo das redes do goleiro Grosics.

O mundo estava chocado. Pela segunda vez consecutiva, o grande favorito à conquista da Copa era batido por um time que muitos consideravam uma zebra. Essa foi a única derrota da Hungria em 49 partidas, de 1950 a 1956, uma das maiores séries invictas de uma seleção na história. A Hungria perdia assim a sua segunda final, nunca mais repetindo o desempenho nas Copas seguintes.

Para a Alemanha, foi uma vitória da superação, pois todo o mundo ainda via o país com desconfiança e desprezo após a Grande Guerra. Recentemente, foi lançado um filme chamado "O milagre de Berna", que conta a história dessa tão importante conquista para o povo alemão, sem auto-estima, marginalizado e excluído na época.

V Copa do Mundo - 1954 - Suíça

Campeão: Alemanha
Vice: Hungria
3º lugar: Áustria
4º lugar: Uruguai

Total de jogos: 26
Gols marcados: 140
Média de gols: 5,38 por partida (maior média da história)
Artilheiro: Kocsis (Hungria) - 11 gols

O Brasil: 6º lugar - 3 jogos (1V, 1E e 1D), 8GP/5GC
Jogos: Primeira fase: Brasil 5x0 México (Pinga (2), Didi, Julinho e Baltazar)
Brasil 1 x 1 Iugoslávia (Didi / Zebec)
Quartas-de-final: Brasil 2 x 4 Hungria (Djalma Santos e Julinho / Kocsis (2), Hidegkuti e Lantos)

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