quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Virada do São Paulo passou pelas mudanças táticas de Carpegiani


Uma das chaves para o sucesso apontadas pelos "motivational speakers", os famosos palestrantes motivacionais norte-americanos, é a frase "know your audience": significa conhecer sua plateia antes de começar a falar. Adaptando a ideia ao futebol, é preciso "to know your players", ou conhecer seus jogadores antes de pensar na melhor forma de dispô-los em campo e aproveitar suas principais características.

Profundo estudioso do futebol e muitas vezes apelidado, injustamente, de "Professor Pardal" por seu conhecimento tático acima da média, Paulo César Carpegiani mostrou ter grande compreensão das possibilidades de cada jogador do São Paulo. Graças a isso, identificou rapidamente os problemas da equipe e corrigiu os problemas para alcançar a vitória de virada sobre o Americana, nesta quarta-feira, pela quarta rodada do Campeonato Paulista.

Ainda com muitos atletas visivelmente fora do ritmo ideal e sentindo a pesada pré-temporada, o São Paulo foi envolvido no primeiro tempo pelo rápido toque de bola do time americanense, que chegava à partida como líder da competição, ao lado do Santos, com 100% de aproveitamento. A equipe do interior iniciou a preparação antes e, com boa parte do elenco que terminou 2010 em Guaratinguetá, o entrosamento e a "perna mais solta" fizeram com que o time da casa dominasse as ações.

Repetindo o 4-3-2-1 das primeiras partidas, mas com a saída de Cléber Santana para a escalação de Jean no setor, e a entrada de Xandão, improvisado na lateral direita, o Tricolor entrou em campo quase num 4-2-2-2 torto, com Jean insistindo no posicionamento de lateral, avançando muito; Fernandinho muito aberto pela esquerda, colado em Dagoberto; e Marlos, com isso, distante dos companheiros, sem ter com quem tocar a bola.

Como Xandão não avançava, Juan tinha liberdade para apoiar, mas nem sempre voltava com rapidez. Percebendo o espaço, o Americana concentrou as ações ofensivas por aquele setor, onde Luís Felipe avançou, puxando a marcação de Miranda. O ala americanense conseguiu cruzar e Marcinho, sem marcação, já que Alex Silva dava cobertura, abriu o placar.


O 4-3-2-1 torto isolou defesa e ataque e fez o time perder o meio-campo para o Americana

Após o gol, e percebendo o defeito de sua equipe, Carpegiani imediatamente modificou o posicionamento, efetivando Jean na ala direita, formando a zaga com Xandão, Alex Silva e Miranda e liberando Juan para apoiar. Rodrigo Souto e Carlinhos Paraíba ficaram mais presos, oferecendo suporte a Marlos e Fernandinho, e o time melhorou. Não demorou até que Fernandinho, aproveitando bobeira de Jorge Luiz, ex-Vasco, invadisse a área e cruzasse para trás, encontrando o volante Gercimar para marcar, contra.


Atrás no placar, a primeira mudança: 3-4-2-1, povoando o meio-campo e dando mais opções para o ataque

Tudo corria bem até que, num cochilo da defesa, o Americana marcou o segundo gol no último lance da primeira etapa. A conversa no vestiário, acompanhada de nova mudança de Carpegiani, que não se acomodou e decidiu fazer uma substituição naquele momento, mostraria seu efeito logo nos primeiros minutos: com a entrada de Fernandão, o Tricolor passou a jogar num 4-3-3, em que o camisa 15 ficou centralizado, Marlos fazia a ligação e Dagoberto e Fernandinho tinham liberdade para se movimentar pelos lados do campo.

Agora livre para percorrer os dois lados, Dagoberto apareceu pela esquerda pressionando Jorge Luiz, que novamente falhou ao recuar mal a bola, dando a oportunidade ao camisa 25 de empatar o placar e minar o efeito do gol sofrido antes do intervalo, dando um banho de água fria na torcida e na própria equipe adversária.


No 4-3-3, Carpegiani espalhou o São Paulo em campo, dificultando a marcação adversária e abrindo espaços

Desta forma, o volume de jogo são-paulino cresceu e o Americana não conseguia respirar. Pouco tempo depois, jogada pela direita, cruzamento na área e Dagoberto apareceu para virar o placar. Era o sinal claro de que, jogando fixo, o atacante não rende tanto quanto vindo de trás.

Absoluto em campo, o São Paulo ampliou com um golaço de Jean, que contou com a sorte ao ter o belo chute desviado pelo goleiro. Com o placar praticamente garantido, Carpegiani voltou à formação inicial com a entrada de Zé Vitor, compondo o meio, e fechando de vez as portas para os ataques do Americana, que finalmente se entregou.


Com o jogo ganho, Carpegiani voltou ao 4-3-2-1 , mais definido, para assegurar o placar

Vitória merecida de um time cujo técnico teve a capacidade e a inteligência de idenfiticar rapidamente os problemas e corrigi-los a tempo. O São Paulo ainda tem muito a melhorar e corrigir, mas mostra com esta vitória que pode sim bater de frente com equipes como o Santos, principal favorito deste início de temporada.

Nenhum comentário: