É um post enorme. Mas convido a todos a lerem até o final, e comentarem. Vamos à análise final do Campeonato Brasileiro, passando primeira por uma rápida olhada nas últimas três rodadas, para depois falarmos do campeonato todo.
Melhores: Figueirense, Cruzeiro, São Paulo
Piores: Atlético-MG, Ipatinga, Flamengo
O Figueirense foi o melhor da reta final, vencendo as três partidas, o que não foi suficiente para escapar do rebaixamento – o time caiu devido ao péssimo saldo de gols (-24), empatando em pontos e vitórias com o Náutico. O São Paulo tropeçou em casa diante do Fluminense e chegou à última rodada podendo perder o título, mas o Grêmio foi goleado para o Vitória e a diferença que era de dois pontos terminou em três. O Cruzeiro, com duas vitórias e um empate, saiu de uma ameaçada quarta colocação para o tranqüilo terceiro lugar, garantido a vaga na fase de grupo da Libertadores.
O Flamengo, por outro lado, somou apenas um ponto – perdeu fora para Cruzeiro, adversário direto, e Atlético-PR, e só empatou em casa com o Goiás após estar vencendo por 3 a 0. Com isso, pegou apenas a Sul-Americana, graças ao fator Caio Júnior. Impressionante como o técnico conseguiu vaga na Libertadores com o Paraná Clube, mas não repetiu o feito com Palmeiras e Flamengo. O Atlético-MG, apenas cumprindo tabela, também só somou um ponto, além do Ipatinga, que mesmo se tivesse vencido as três, teria caído.
Em um período de poucas mudanças, os quatro times da zona do rebaixamento na 25ª rodada acabaram caindo. Quem mais subiu foram Figueirense e Botafogo (duas posições cada), e que mais caiu foram Flamengo, Goiás, Atlético-MG e Santos (também duas). Com essa queda, o Flamengo foi o único time a alterar sua condição nas últimas três rodadas – cedeu o lugar no G-4 para o Palmeiras.
O Brasileirão 2008 em números
Melhor ataque
2007 - Cruzeiro (73 gols)
2008 - Flamengo (67)
Melhor defesa
2007 - São Paulo (19)
2008 - Grêmio (35)
Pior ataque
2007 - América-RN (24)
2008 - Ipatinga (37)
Pior defesa
2007 - América-RN (80)
2008 - Figueirense (73)
Artilheiros
2007 - Josiel (PAR): 20 gols
2008 - Kléber Pereira (SAN), Keirrison (COT) e Washington (FLU): 21 gols
O Campeonato Brasileiro de 2008 pode ser separado em três períodos distintos. O primeiro, até a 13ª rodada, quando o Flamengo despontou e liderou em dez delas; o segundo, da 14ª a 26ª rodada, quando o Grêmio assumiu a liderança, terminou o primeiro turno na frente com recordes de desempenho, chegando a abrir seis pontos para o segundo colocado; e o terceiro, da 27ª até a última rodada, quando a disputa ficou embolada entre cinco equipes e, finalmente, o São Paulo tomou a ponta graças a um segundo turno impecável.
Esta, obviamente, a análise da parte de cima da tabela. Se olharmos para baixo, percebemos a presença constante do Ipatinga na zona de rebaixamento, apesar de a equipe ter demonstrado muita garra durante todo o torneio, caindo apenas na penúltima rodada. Da mesma forma, a Portuguesa esteve acima da 10ª colocação apenas em duas oportunidades e jogou um futebol até convincente na reta final, mas as falhas defensivas falaram mais alto e o time também caiu na 37ª.
Gols
Um campeonato que prometia muito, com até seis ou sete times candidatos reais ao título, demorou para engrenar: a média de gols do primeiro turno chegou a bater em 2,2 por partida, e nunca esteve acima dos três. A disputa pela artilharia, ao menos, foi mais movimentada e teve mais protagonistas, chegando ao recorde de três chuteiras douradas ao final da competição. Mas o número de gols acabou devendo mais uma vez.
A quarta rodada foi a que teve menos gols, com apenas 16 – foram apenas dois 0 a 0, mas os dois jogos com mais gols tiveram três cada. Na 35ª, por outro lado, 41 gols foram marcados e apenas Sport e Internacional não balançaram as redes. Tivemos várias goleadas por 5 a 0, 4 a 0, mas a maior do campeonato foram os 7 a 1 do Grêmio sobre o Figueirense em pleno Orlando Scarpelli. A segunda maior, Vasco 6x1 Atlético-MG, na 16ª. Mas o jogo com mais gols foi outro: logo na primeira rodada, Portuguesa e Figueirense empataram em 5 a 5.
Sobe e desce
Além de Flamengo, Grêmio e São Paulo, o Palmeiras liderou por duas rodadas, e o Náutico foi o primeiro na segunda rodada. Quinze equipes estiveram na zona de rebaixamento em algum momento do campeonato, ainda que algumas tenham aparecido nas primeiras rodadas, o que é natural devido à prioridade para Libertadores e Copa do Brasil: apenas Cruzeiro, Flamengo, Botafogo, Grêmio e Internacional nunca visitaram o G menos 4.
Dando uma rápida olhada na tabela no fim do primeiro turno e a classificação final do campeonato, percebemos que quem mais subiu posições foram Fluminense e Goiás: ambos galgaram cinco degraus na classificação. O Figueirense, por sua vez, despencou seis postos para chegar à zona do rebaixamento. A Portuguesa caiu cinco, mas foi quem menos pontuou no segundo turno: apenas três vitórias e 16 pontos conquistados, enquanto o São Paulo sobrou e marcou 42, com uma derrota somente no início do returno.
Destaques individuais
Marcinho era o nome do campeonato até ser negociado e o Flamengo despencar. No primeiro turno, ninguém jogou tanto quanto Marquinhos, revelação do Vitória e do torneio. Na frente, Alex Mineiro, Kleber Pereira e Guilherme disputavam a artilharia gol a gol, enquanto Victor segurava o Grêmio na liderança. Na reta final, Keirrison e Washington alcançaram e até ultrapassaram alguns de seus adversários, e Borges marcou oito gols nas últimas seis rodadas para levar o São Paulo ao hexacampeonato.
No meio-campo, quem jogou demais foi a dupla de volantes gremistas, William Magrão e Rafael Carioca – especialmente o segundo, já negociado com o futebol russo. Ramires consolidou o status de grande jogador sendo um dos principais nomes do Cruzeiro. No Palmeiras, momentos esporádicos de brilho de marcos, Leandro, Diego Souza e Kleber, e um time instável que não conseguiu se segurar na ponta.
Os goianos mantiveram a tradição de grandes campanhas no segundo turno graças principalmente à sua dupla de alas: Vitor pela direita e Júlio César pela esquerda marcavam gols com a mesma freqüência com que serviam seus companheiros. O Atlético-MG teve em Leandro Almeida e Renan Oliveira mais uma prova de que precisa apostar mais na base. Dentre os rebaixados, destaque para Madson, que quase conseguiu salvar o Vasco sozinho, Adeílson, bom atacante do Ipatinga, e Athirson, que voltou ao Brasil mostrando um futebol razoável. A Portuguesa teve ainda em Edno um nome a ser lembrado.
Tática
Este é um assunto que pretendo há tempos abordar com mais profundidade: quando o 4231 se torna o esquema da moda na Europa e o 433 volta com força, o Brasil continua refém do 352. Sem meias de qualidade, os laterais velozes e nem sempre bons no cruzamento ou na finalização deixam a função de marcar de lado e formam a base da maioria dos times do campeonato. Dos cinco primeiros, apenas o Cruzeiro não jogou com três zagueiros – o Palmeiras adotou o esquema em algumas oportunidades.
A variação do popular 3421 para um 3142, com um volante de contenção e uma linha de meio-campo com volantes que saem para o jogo ou meias de menor qualidade deram o tom – foi assim com São Paulo, adaptação perfeita de Muricy, e Flamengo. O Grêmio teve, na figura de Tcheco, um esboço de camisa 10, mas quem brilhou foi a dupla Rafa Carioca e Magrão. Dos rebaixados, apenas a Portuguesa não tinha o esquema com três zagueiros como principal, ainda que na busca pelo resultado todos os técnicos tenham alternado bastante.
Seleção
Por fim, deixo a minha seleção do campeonato. Um campeonato que provou que nem sempre é preciso ter um elenco forte – afinal, o São Paulo foi campeão sem reservas de qualidade. Que provou que ser o campeão do turno não garante nada, contrariando a história recente – o Grêmio que o diga. E mostrando que planejamento nada mais é que tomar consciência de suas possibilidades, não cometer loucuras nas contratações e treinar exaustivamente. Ainda que treino continue sendo treino, e jogo continue sendo jogo.
Victor (Grêmio)
Vitor (Goiás)
André Dias (São Paulo)
Rever (Grêmio)
Juan (Flamengo)
Rafael Carioca (Grêmio)
Ramires (Cruzeiro)
Hernanes (São Paulo) - o craque do campeonato
Alex (Internacional)
Keirrison (Coritiba)
Washington (Fluminense)
Melhores: Figueirense, Cruzeiro, São Paulo
Piores: Atlético-MG, Ipatinga, Flamengo
O Figueirense foi o melhor da reta final, vencendo as três partidas, o que não foi suficiente para escapar do rebaixamento – o time caiu devido ao péssimo saldo de gols (-24), empatando em pontos e vitórias com o Náutico. O São Paulo tropeçou em casa diante do Fluminense e chegou à última rodada podendo perder o título, mas o Grêmio foi goleado para o Vitória e a diferença que era de dois pontos terminou em três. O Cruzeiro, com duas vitórias e um empate, saiu de uma ameaçada quarta colocação para o tranqüilo terceiro lugar, garantido a vaga na fase de grupo da Libertadores.
O Flamengo, por outro lado, somou apenas um ponto – perdeu fora para Cruzeiro, adversário direto, e Atlético-PR, e só empatou em casa com o Goiás após estar vencendo por 3 a 0. Com isso, pegou apenas a Sul-Americana, graças ao fator Caio Júnior. Impressionante como o técnico conseguiu vaga na Libertadores com o Paraná Clube, mas não repetiu o feito com Palmeiras e Flamengo. O Atlético-MG, apenas cumprindo tabela, também só somou um ponto, além do Ipatinga, que mesmo se tivesse vencido as três, teria caído.
Em um período de poucas mudanças, os quatro times da zona do rebaixamento na 25ª rodada acabaram caindo. Quem mais subiu foram Figueirense e Botafogo (duas posições cada), e que mais caiu foram Flamengo, Goiás, Atlético-MG e Santos (também duas). Com essa queda, o Flamengo foi o único time a alterar sua condição nas últimas três rodadas – cedeu o lugar no G-4 para o Palmeiras.
O Brasileirão 2008 em números
Melhor ataque
2007 - Cruzeiro (73 gols)
2008 - Flamengo (67)
Melhor defesa
2007 - São Paulo (19)
2008 - Grêmio (35)
Pior ataque
2007 - América-RN (24)
2008 - Ipatinga (37)
Pior defesa
2007 - América-RN (80)
2008 - Figueirense (73)
Artilheiros
2007 - Josiel (PAR): 20 gols
2008 - Kléber Pereira (SAN), Keirrison (COT) e Washington (FLU): 21 gols
O Campeonato Brasileiro de 2008 pode ser separado em três períodos distintos. O primeiro, até a 13ª rodada, quando o Flamengo despontou e liderou em dez delas; o segundo, da 14ª a 26ª rodada, quando o Grêmio assumiu a liderança, terminou o primeiro turno na frente com recordes de desempenho, chegando a abrir seis pontos para o segundo colocado; e o terceiro, da 27ª até a última rodada, quando a disputa ficou embolada entre cinco equipes e, finalmente, o São Paulo tomou a ponta graças a um segundo turno impecável.
Esta, obviamente, a análise da parte de cima da tabela. Se olharmos para baixo, percebemos a presença constante do Ipatinga na zona de rebaixamento, apesar de a equipe ter demonstrado muita garra durante todo o torneio, caindo apenas na penúltima rodada. Da mesma forma, a Portuguesa esteve acima da 10ª colocação apenas em duas oportunidades e jogou um futebol até convincente na reta final, mas as falhas defensivas falaram mais alto e o time também caiu na 37ª.
Gols
Um campeonato que prometia muito, com até seis ou sete times candidatos reais ao título, demorou para engrenar: a média de gols do primeiro turno chegou a bater em 2,2 por partida, e nunca esteve acima dos três. A disputa pela artilharia, ao menos, foi mais movimentada e teve mais protagonistas, chegando ao recorde de três chuteiras douradas ao final da competição. Mas o número de gols acabou devendo mais uma vez.
A quarta rodada foi a que teve menos gols, com apenas 16 – foram apenas dois 0 a 0, mas os dois jogos com mais gols tiveram três cada. Na 35ª, por outro lado, 41 gols foram marcados e apenas Sport e Internacional não balançaram as redes. Tivemos várias goleadas por 5 a 0, 4 a 0, mas a maior do campeonato foram os 7 a 1 do Grêmio sobre o Figueirense em pleno Orlando Scarpelli. A segunda maior, Vasco 6x1 Atlético-MG, na 16ª. Mas o jogo com mais gols foi outro: logo na primeira rodada, Portuguesa e Figueirense empataram em 5 a 5.
Sobe e desce
Além de Flamengo, Grêmio e São Paulo, o Palmeiras liderou por duas rodadas, e o Náutico foi o primeiro na segunda rodada. Quinze equipes estiveram na zona de rebaixamento em algum momento do campeonato, ainda que algumas tenham aparecido nas primeiras rodadas, o que é natural devido à prioridade para Libertadores e Copa do Brasil: apenas Cruzeiro, Flamengo, Botafogo, Grêmio e Internacional nunca visitaram o G menos 4.
Dando uma rápida olhada na tabela no fim do primeiro turno e a classificação final do campeonato, percebemos que quem mais subiu posições foram Fluminense e Goiás: ambos galgaram cinco degraus na classificação. O Figueirense, por sua vez, despencou seis postos para chegar à zona do rebaixamento. A Portuguesa caiu cinco, mas foi quem menos pontuou no segundo turno: apenas três vitórias e 16 pontos conquistados, enquanto o São Paulo sobrou e marcou 42, com uma derrota somente no início do returno.
Destaques individuais
Marcinho era o nome do campeonato até ser negociado e o Flamengo despencar. No primeiro turno, ninguém jogou tanto quanto Marquinhos, revelação do Vitória e do torneio. Na frente, Alex Mineiro, Kleber Pereira e Guilherme disputavam a artilharia gol a gol, enquanto Victor segurava o Grêmio na liderança. Na reta final, Keirrison e Washington alcançaram e até ultrapassaram alguns de seus adversários, e Borges marcou oito gols nas últimas seis rodadas para levar o São Paulo ao hexacampeonato.
No meio-campo, quem jogou demais foi a dupla de volantes gremistas, William Magrão e Rafael Carioca – especialmente o segundo, já negociado com o futebol russo. Ramires consolidou o status de grande jogador sendo um dos principais nomes do Cruzeiro. No Palmeiras, momentos esporádicos de brilho de marcos, Leandro, Diego Souza e Kleber, e um time instável que não conseguiu se segurar na ponta.
Os goianos mantiveram a tradição de grandes campanhas no segundo turno graças principalmente à sua dupla de alas: Vitor pela direita e Júlio César pela esquerda marcavam gols com a mesma freqüência com que serviam seus companheiros. O Atlético-MG teve em Leandro Almeida e Renan Oliveira mais uma prova de que precisa apostar mais na base. Dentre os rebaixados, destaque para Madson, que quase conseguiu salvar o Vasco sozinho, Adeílson, bom atacante do Ipatinga, e Athirson, que voltou ao Brasil mostrando um futebol razoável. A Portuguesa teve ainda em Edno um nome a ser lembrado.
Tática
Este é um assunto que pretendo há tempos abordar com mais profundidade: quando o 4231 se torna o esquema da moda na Europa e o 433 volta com força, o Brasil continua refém do 352. Sem meias de qualidade, os laterais velozes e nem sempre bons no cruzamento ou na finalização deixam a função de marcar de lado e formam a base da maioria dos times do campeonato. Dos cinco primeiros, apenas o Cruzeiro não jogou com três zagueiros – o Palmeiras adotou o esquema em algumas oportunidades.
A variação do popular 3421 para um 3142, com um volante de contenção e uma linha de meio-campo com volantes que saem para o jogo ou meias de menor qualidade deram o tom – foi assim com São Paulo, adaptação perfeita de Muricy, e Flamengo. O Grêmio teve, na figura de Tcheco, um esboço de camisa 10, mas quem brilhou foi a dupla Rafa Carioca e Magrão. Dos rebaixados, apenas a Portuguesa não tinha o esquema com três zagueiros como principal, ainda que na busca pelo resultado todos os técnicos tenham alternado bastante.
Seleção
Por fim, deixo a minha seleção do campeonato. Um campeonato que provou que nem sempre é preciso ter um elenco forte – afinal, o São Paulo foi campeão sem reservas de qualidade. Que provou que ser o campeão do turno não garante nada, contrariando a história recente – o Grêmio que o diga. E mostrando que planejamento nada mais é que tomar consciência de suas possibilidades, não cometer loucuras nas contratações e treinar exaustivamente. Ainda que treino continue sendo treino, e jogo continue sendo jogo.
Victor (Grêmio)
Vitor (Goiás)
André Dias (São Paulo)
Rever (Grêmio)
Juan (Flamengo)
Rafael Carioca (Grêmio)
Ramires (Cruzeiro)
Hernanes (São Paulo) - o craque do campeonato
Alex (Internacional)
Keirrison (Coritiba)
Washington (Fluminense)
Técnico: Muricy Ramalho (São Paulo)
3 comentários:
afim de fazer parceria?
eu boto o link do eu blog e vc colcoa o link do meu blog.
blz?
Esse meio-campo seria escalado num losango?
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