sábado, 16 de abril de 2011

Duelo de supernovas

Real Madrid e Barcelona iniciam série histórica enquanto brigam também pela melhor cantera


Tem início neste sábado, no Santiago Bernabeu, um fenômeno tão raro quanto a recente super lua cheia, mas que irá atrair ainda mais a atenção de todos para as estrelas que estarão visíveis a olho nu: uma série de quatro jogos entre Real Madrid e Barcelona que prometem mudar o eixo da Terra, valendo dois títulos e uma vaga na decisão da Liga dos Campeões da Europa.

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Chamada por muitos de “clássicos do século”, a sequência de partidas em pouco mais de duas semanas coloca frente a frente os astros Messi e Cristiano Ronaldo e, principalmente, reúne os grandes rivais num momento em que as duas equipes estão no auge, sendo consideradas por muitos as melhores do planeta. O momento é oportuno, portanto, para voltarmos os olhos ao que está além deste verdadeiro duelo de titãs, procurando identificar as estrelas ascendentes destas duas verdadeiras fábricas de astros.

Como as competições de base na Espanha são regionalizadas, há poucos confrontos entre Barça e Real nas divisões inferiores, a não ser em torneios como a “Copa dos Campeões da Liga Juvenil”, que reúne os vencedores das sete regiões do Juvenil A, a última categoria antes do profissionalismo. Campeões dos grupos 3 e 5, Barça e Real estão escalados para o torneio que acontece em maio, e uma decisão entre os gigantes é algo raro – de fato, só ocorreu na temporada 1999/2000, com o Real, maior vencedor do torneio com oito títulos, sagrando-se campeão.

Com campanhas avassaladoras em suas chaves, os rivais têm jogadores que já chamam muito a atenção, como Rafael Alcântara, irmão de Thiago e filho de Mazinho, e Gerard Deuloufeu, já alçado ao Barcelona B e com grande atuação pela seleção nas eliminatórias do Europeu Sub-17, considerado a maior promessa atual pelos lados do Camp Nou.

Já no Bernabeu, a próxima grande aposta é Pablo Sarabia, já da geração /92 com grande histórico pelas seleções de base. Integrante do Castilla, o Real B, é figurinha carimbada na Espanha sub-19 e deverá estar em campo no Mundial Sub-20, em julho, na Colômbia. Isso sem falar de Enzo, o filho de Zidane que já recebe enormes holofotes mesmo estando ainda no Cadete A, equivalente ao primeiro ano do sub-17.

Falando em seleções de base, é possível traçar um panorama do trabalho das bases da dupla também pelo que cada um produz para o país. No time sub-20 que deverá ir ao Mundial, a presença é maior de azul-grenás: o goleiro Álex Sanchez, os defensores Martín Montoya, Carles Planas, Marc Bartra e Jorge Pulido, o volante Oriol Romeu e o meia Thiago Alcântara (TODOS titulares no Europeu Sub-19, que assegurou a classificação). Além deles, há as caras novas, os meias Sergi e Cristian Tello e o atacante Rúben Rochina. Do lado do Real vêm Sérgio Canales (na verdade, revelado pelo Racing Santander) e, provavelmente, Sarabia.

Contudo, na atual safra da sub-19 a divisão é mais igual. O técnico Julen Lopetegui convocou a equipe para o Torneio Internacional da Cidade do Porto e o placar é de cinco a quatro para os merengues: Daniel Carvajal, Alex Fernandez, Pablo Sarabia, Álvaro Morata e Fernando Pacheco foram os madridistas convocados, enquanto Sergi, Marc Muniesa, Rafael Alcântara e Deuloufeu foram os lembrados pelos lados do Camp Nou. Perceba que há muitos jogadores atuando pela sub-19 agora, mas que no Mundial farão parte da sub-20, já que a “troca” de categoria normalmente se dá ao final da temporada europeia.

E não é só para saber quem revela o próximo craque espanhol que Real e Barça degladiam. A briga é grande também para seduzir promessas de outras canteiras. A última queda de braço se deu pelo meia Denís Suárez, do Celta de Vigo. O garoto já atua no time B, entre os profissionais, faz parte da seleção sub-17 e, após duas temporadas sofrendo forte assédio do Real, parece estar próximo de ser contratado pelo Barcelona para a disputa da segunda divisão espanhola com o Barça B.

E não para por aí. Como nas grandes rivalidades daqui, tudo o que envolve Barcelona e Real Madrid ganha proporções muito maiores do que o necessário. O grande burburinho dos bastidores é a possibilidade de José Ramón Alexanko, ex-jogador do Barcelona, assumir a direção das categorias de base merengues. Alexanko era o mandachuva das canteras catalãs desde 2005, mas deixou o clube no ano passado com o término do mandato de Laporta. Elogiado por sua postura firme e olhar clínico, o ex-zagueiro está muito próximo de fechar com o Real, em uma clara tentativa de repetir o sucesso recente de La Masia.

Uma história de rivalidade centenária que vive agora um de seus momentos mais especiais. Acompanhando de perto o desenvolvimento das principais promessas, basta aguardar pelos próximos capítulos deste clássico tão apaixonante quanto imprevisível.

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