Muito se fala em épocas de Copa São Paulo que a competição, outrora charmosa, hoje perdeu muito do seu brilho pela suposta invasão de times de aluguel, bem como uma verdadeira avalanche de empresários e observadores. De fato, um torneio que começou apenas com clubes da capital e que atualmente conta com 88 equipes – e que já teve até convidados internacionais – dificilmente mantém o nível.
Entretanto, é exagerado – e preguiçoso, no mínimo – desvalorizar a Copinha pela presença de times desconhecidos como fazem alguns e como fez, ridiculamente, o técnico Vizolli, do São Paulo, dizendo que ele forma jogadores para o São Paulo e “não para um Piauí", após o empate de quarta-feira contra o time nordestino.
Mas não é tal arrogância o tema desta coluna. Tentando aprofundar a questão, perguntei-me do porquê certas equipes viajam, às vezes, três, quatro dias em ônibus para sequer marcarem um gol. Porque existem brigas enormes nas federações pela vaga do estado? O que ganham equipes como os Ypirangas do Amapá e de Pernambuco, que sofreram mais de dez gols em apenas um jogo? Que jogadores são revelados nestas condições? Com que auto-estima o garoto vai voltar para casa e continuar tentando a sorte no futebol?
A resposta pode parecer simples e até burra, mas não se ganha nada. Dificilmente se revela alguém. E é exatamente aí que reside a mágica do futebol: mesmo sem condições, muitas vezes passando fome, o garoto sonha e sabe que, provavelmente, só correndo atrás de uma bola ele poderá, no mínimo, sobreviver para continuar, que seja, correndo. Tirar dele a esperança, enquanto ele viaja naquele ônibus incômodo, de que ele poderá brilhar, é mais cruel que qualquer dificuldade que a vida lhe impõe.
Quem nunca quis ser jogador de futebol um dia? O Olheiros é composto por ex-futuros craques, assim como a maioria da imprensa esportiva brasileira. Até por isso, os sonhos desses meninos deveriam ser mais respeitados. É certo que nem todos têm muito futuro – a maioria, na verdade – e acabarão se perdendo pelos campos do Brasil. Mas como jovens que são, ao menos ainda têm direito de sonhar. E isso, ninguém tira deles.
Entretanto, é exagerado – e preguiçoso, no mínimo – desvalorizar a Copinha pela presença de times desconhecidos como fazem alguns e como fez, ridiculamente, o técnico Vizolli, do São Paulo, dizendo que ele forma jogadores para o São Paulo e “não para um Piauí", após o empate de quarta-feira contra o time nordestino.
Mas não é tal arrogância o tema desta coluna. Tentando aprofundar a questão, perguntei-me do porquê certas equipes viajam, às vezes, três, quatro dias em ônibus para sequer marcarem um gol. Porque existem brigas enormes nas federações pela vaga do estado? O que ganham equipes como os Ypirangas do Amapá e de Pernambuco, que sofreram mais de dez gols em apenas um jogo? Que jogadores são revelados nestas condições? Com que auto-estima o garoto vai voltar para casa e continuar tentando a sorte no futebol?
A resposta pode parecer simples e até burra, mas não se ganha nada. Dificilmente se revela alguém. E é exatamente aí que reside a mágica do futebol: mesmo sem condições, muitas vezes passando fome, o garoto sonha e sabe que, provavelmente, só correndo atrás de uma bola ele poderá, no mínimo, sobreviver para continuar, que seja, correndo. Tirar dele a esperança, enquanto ele viaja naquele ônibus incômodo, de que ele poderá brilhar, é mais cruel que qualquer dificuldade que a vida lhe impõe.
Quem nunca quis ser jogador de futebol um dia? O Olheiros é composto por ex-futuros craques, assim como a maioria da imprensa esportiva brasileira. Até por isso, os sonhos desses meninos deveriam ser mais respeitados. É certo que nem todos têm muito futuro – a maioria, na verdade – e acabarão se perdendo pelos campos do Brasil. Mas como jovens que são, ao menos ainda têm direito de sonhar. E isso, ninguém tira deles.
* Coluna publicada originalmente no Olheiros.
Um comentário:
Irretocável.
Parabéns.
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