A África, como conhecemos hoje, teve sua divisão geopolítica definida, em grande parte, por acordos estabelecidos entre os países europeus que colonizaram o continente, como Inglaterra, França e Portugal. Muito em razão disso, estouram intermináveis conflitos uma vez que, em um mesmo país, habitam diferentes grupos étnicos e, não obstante, uma mesma etnia encontra-se dispersa entre dois ou mais territórios.
Em meio a um clima político sempre agitado, começa neste domingo a 26ª edição da Copa Africana de Nações, sediada pela quarta vez em Gana. Décadas após a conquista da independência, o continente vê uma nova – e desta vez diferente – invasão européia. Trata-se dos jogadores nascidos no Velho Continente que, por possuírem raízes africanas, escolheram defender as cores das nações de seus antepassados.
Tradicional destino de jogadores africanos – e, dos antigos colonizadores, o que possui laços mais fortes com o continente –, a França aproveitou-se, durante muitos anos, da qualidade oferecida pelo toque de habilidade de estrelas como George Weah, Abedi Pelé e Didier Drogba. Agora, vê o caminho inverso sendo percorrido.
É o caso de Emerse Fae, campeão mundial sub-17 com a França em 2001. Nascido em Nantes, o meio-campista do Reading preferiu defender a Costa do Marfim. Fae enfrentará François Jodar, técnico do Mali, que comandou os Bleus na campanha vitoriosa em Trinidad & Tobago. Caso os marfinenses enfrentem a Tunísia, ele terá pela frente outro ex-companheiro: Chaouki Ben Saada, atacante do Bastia, escolheu por honrar as cores das Águias de Cartago.
Até mesmo Dede Ayew, filho de Abedi Pelé, que aos 18 anos disputa sua primeira competição oficial por Gana, chegou a jogar nas seleções de base da França. Ele nasceu em Lille, quando seu pai atuava por lá. Há também franceses de nascimento nas seleções de Benin, Gana, Guiné, Mali, Marrocos e Senegal.
Outros exemplos são o jovem Karamoro Cisse, nascido na Itália, que faz na CAN sua estréia pela equipe de Guiné; Stephan Loboue, goleiro reserva da Costa do Marfim que enfileirou na equipe sub-18 da Alemanha por ter nascido em Pforzheim; e Quincy Owusu Abeyie, que acaba de ser liberado pela FIFA para defender Gana após jogar o Mundial Sub-20 de 2005 pela Holanda.
Nesse vai-e-vem, dentre os jogadores mais conhecidos, Frederic Kanouté e Mohamed Sissoko optaram por defender Mali. Outros, como Karim Benzema, decidiram tentar a sorte na Europa (Benzema foi inclusive destaque da França em 2007).
Queda de braço
Mais que escolhas profissionais e demonstrações de amor à pátria (independente de qual seja), tais situações têm criado disputas acirradas pelos jovens talentos africanos/europeus. A FIFA permite que o jogador decida, até completar 21 anos, por qual seleção quer atuar, desde que não tenha disputado partidas pelas seleções principais. Com isso, o assédio tem sido enorme e muitos garotos recebem “incentivos” para defenderem este ou aquele país.
O número de filhos de argelinos que são disputados todos os anos com a França, por exemplo, impressiona (talvez na tentativa de descobrir um novo Zidane). Ibrahim Affelay, holandês com raízes marroquinas, quase provocou uma crise diplomática entre os dois países em 2006 antes de optar pelo lado europeu – surgiram acusações de ambas as federações sobre um possível aliciamento. Prova de que não é apenas nas categorias de base dos clubes que tal prática existe – um verdadeiro “comércio” de pessoas entre Europa e África volta a acontecer depois de muito tempo de liberdade.
Em meio a um clima político sempre agitado, começa neste domingo a 26ª edição da Copa Africana de Nações, sediada pela quarta vez em Gana. Décadas após a conquista da independência, o continente vê uma nova – e desta vez diferente – invasão européia. Trata-se dos jogadores nascidos no Velho Continente que, por possuírem raízes africanas, escolheram defender as cores das nações de seus antepassados.
Tradicional destino de jogadores africanos – e, dos antigos colonizadores, o que possui laços mais fortes com o continente –, a França aproveitou-se, durante muitos anos, da qualidade oferecida pelo toque de habilidade de estrelas como George Weah, Abedi Pelé e Didier Drogba. Agora, vê o caminho inverso sendo percorrido.
É o caso de Emerse Fae, campeão mundial sub-17 com a França em 2001. Nascido em Nantes, o meio-campista do Reading preferiu defender a Costa do Marfim. Fae enfrentará François Jodar, técnico do Mali, que comandou os Bleus na campanha vitoriosa em Trinidad & Tobago. Caso os marfinenses enfrentem a Tunísia, ele terá pela frente outro ex-companheiro: Chaouki Ben Saada, atacante do Bastia, escolheu por honrar as cores das Águias de Cartago.
Até mesmo Dede Ayew, filho de Abedi Pelé, que aos 18 anos disputa sua primeira competição oficial por Gana, chegou a jogar nas seleções de base da França. Ele nasceu em Lille, quando seu pai atuava por lá. Há também franceses de nascimento nas seleções de Benin, Gana, Guiné, Mali, Marrocos e Senegal.
Outros exemplos são o jovem Karamoro Cisse, nascido na Itália, que faz na CAN sua estréia pela equipe de Guiné; Stephan Loboue, goleiro reserva da Costa do Marfim que enfileirou na equipe sub-18 da Alemanha por ter nascido em Pforzheim; e Quincy Owusu Abeyie, que acaba de ser liberado pela FIFA para defender Gana após jogar o Mundial Sub-20 de 2005 pela Holanda.
Nesse vai-e-vem, dentre os jogadores mais conhecidos, Frederic Kanouté e Mohamed Sissoko optaram por defender Mali. Outros, como Karim Benzema, decidiram tentar a sorte na Europa (Benzema foi inclusive destaque da França em 2007).
Queda de braço
Mais que escolhas profissionais e demonstrações de amor à pátria (independente de qual seja), tais situações têm criado disputas acirradas pelos jovens talentos africanos/europeus. A FIFA permite que o jogador decida, até completar 21 anos, por qual seleção quer atuar, desde que não tenha disputado partidas pelas seleções principais. Com isso, o assédio tem sido enorme e muitos garotos recebem “incentivos” para defenderem este ou aquele país.
O número de filhos de argelinos que são disputados todos os anos com a França, por exemplo, impressiona (talvez na tentativa de descobrir um novo Zidane). Ibrahim Affelay, holandês com raízes marroquinas, quase provocou uma crise diplomática entre os dois países em 2006 antes de optar pelo lado europeu – surgiram acusações de ambas as federações sobre um possível aliciamento. Prova de que não é apenas nas categorias de base dos clubes que tal prática existe – um verdadeiro “comércio” de pessoas entre Europa e África volta a acontecer depois de muito tempo de liberdade.
*Coluna publicada originalmente no Olheiros.
2 comentários:
Sei lá mas sou saudosista nesse quesito. Acho que a continuar essa importação de naturalizados vamos perder a graça da disputa da Copa do Mundo, afinal as seleções não serão mais de jogadores nascidos naquele país.
Eu particularmente perco o interesse se isso se perpetuar.
Esperamos a sua visita e de seus leitores Maurício.
Saudações Celestes
SITE/BLOG.....CRUZEIRO: O MAIOR DE MINAS
Sou Cruzeirense-Site
Sou Cruzeirense-Blog
ENTREM E SINTAM-SE A VONTADE
Concordo com o Carlão, pois ai será uma copa de mistões, e o maior prejudicado pode ser o Brasil, que mais exporta jogadores!Abração
Postar um comentário