domingo, 15 de junho de 2008

O fim de um ciclo


Costumo observar, nos jogos em que comento na Azul Celeste, a vontade de cada equipe dentro da partida. Em tempos de qualidade técnica rarefeita, disposição, garra e fibra podem transformar uma equipe limitada em um time campeão. Mais uma vez, o que se viu foi um Brasil apático, carrancudo, que adquiriu a fisionomia de seu selecionador (porque Dunga não é técnico).

O Paraguai brigou, lutou e se entregou porque aquele era de fato um jogo importante para eles. Obviamente, toda a análise que faço leva em consideração apenas o que aconteceu até o segundo gol. A partir daí, o pouco de tática que já existia deu lugar a uma desenfreada e desmiolada pressão.

- Sempre disse e continuo afirmando que a conquista da Copa América deu a Dunga uma falsa impressão não só de que ele tinha um time em mãos, mas também de que, ainda em 2007, ele já tinha o time para 2010. Pior ainda, o fez acreditar que uma equipe sem Kaká e Ronaldinho é não só normal como preferível - daí, problemas físicos à parte, a irritante insistência de Dunga em menosprezar a ausência dos dois.

- Todos criticamos ferozmente Galvão Bueno, mas concordo com quase tudo que ele disse neste domingo. Não se pode aceitar uma seleção brasileira que jogue defensivamente, ou ainda, que seja exageradamente defensiva como foi no primeiro tempo. Quiçá o Brasil pudesse unir sua qualidade ofensiva com uma consistência defensiva. Mas sem extremos. Se antes a defesa era o ponto forte, nem mesmo a química entre Juan e Lúcio restou.

- O semblante de Dunga, antes e depois do jogo, permaneceu inalterado. Do que só se pode concluir que ou ele não tem de fato idéia do cargo que ocupa, ou simplesmente não tem capacidade para sequer fingir que o ocupa. A imagem de Jorginho, sempre ao lado dele, mostrou para quem ainda tinha dúvidas quem é a verdadeira cabeça pensante da seleção - ou pelo menos a que pensa mais.

- Anderson foi novamente um monstro de garra e determinação. Ele tem técnica, personalidade e consciência tática impressionante. Quem dera o Manchester levasse todos os nossos meninos. Sua titularidade é imprescindível e mais - a cada dia ganha força a opinião de que ele tem qualidades para ser um jogador muito mais completo e importante que Pato.

- O que são Gilberto e Maicon?

Por isso e por muito mais, creio que estejamos à frente do fim de um ciclo. Mesmo que Dunga não seja demitido após a partida de quarta-feira, vejo que qualquer que seja a colaboração que ele possa dar à seleção, já o fez (ou não). Qualquer insistência nele será por pura ignorância ou falta de opção melhor. Zico? Não seria o melhor momento para ele, em razão dos que lá estão.

O que leva o Brasil a ser mais ameaçado do que foi em 90, ou em 94. É hora dos jogadores, dentro de campo, chamarem a responsabilidade e decidirem. Porque fora dele, parece não haver ninguém.

Como parecia ser em 94, com parreira. Que ao menos o final seja parecido.

2 comentários:

Rodrigo Paradella disse...

Essa seleção com o Dunga não vai pra frente de jeito nenhum. Se para ele já seria difícil comandar uma geração talentosa de verdade, imaginem com essa geração em que Maicon e Gilberto são titulares, pouco ameaçados, de uma seleção brasileira. E o pior, onde não temos 2 laterais que sejam MUITO melhores que esses dois, que são medíocres pro nível de uma seleção brasileira.

Zêro Blue disse...

E ontem mais uma vez o Brasil, embora não tenha jogado tão mal não conseguiu a vitória.

Faltou eficiencia, e constatei que: o Robinho desaprendeu a jogar
o futebolzinho do Diego e altamente improdutivo
Gilberto (lateral) não merece ser convocado
Nosso meio campo não tem ninguem que crie jogadas

Assim fica dificil demais.


Saudações Celestes
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ENTREM E SINTAM-SE A VONTADE