segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Por que não Bojan?*


* Publicado originalmente no Olheiros.

Clique aqui e confira a tabela completa do Mundial Sub-20. E não perca o segundo jogo do Brasil nesta quarta-feira, às 13h45, contra a República Tcheca. O Olheiros faz transmissão em tempo real: www.olheiros.net/artigo.aspx?id=1507

As ausências nesta edição do Mundial Sub-20 são muitas – o Olheiros já falou sobre isso e apresentou as principais. Se contarmos então a ausência da Argentina, podemos até afirmar que este é, talvez, o campeonato que mais se ressente da falta das estrelas de sua geração. A dispensa de uma delas, aliás, tem gerado discussão acima da média, pelo menos para o nível de importância com o qual estamos acostumados no Brasil.

Bojan Krkic foi dispensado da seleção espanhola devido a uma lesão. Entretanto, deverá ter condições de jogo, se não já neste final de semana, no máximo na terça-feira, quando o Barcelona recebe o Dínamo de Kiev pela segunda rodada da Liga dos Campeões. Tempo suficiente, portanto, para se recuperar e atuar nas duas partidas restantes desta fase de grupos do Mundial do Egito. Sendo assim, sua liberação foi contestada por muitos.

A questão é: como comparar a importância de cada jogador para seu clube? Quanto Bojan é mais fundamental para o Barcelona que o goleiro Asenjo e o lateral-esquerdo Dominguez, por exemplo, são para o Atlético de Madri? Os três são titulares em suas equipes, e mesmo assim os dois colchoneros estavam em campo nesta sexta -feirano Cairo. A queixa da imprensa espanhola é justamente essa: dois pesos e duas medidas prejudicam as chances da seleção no torneio.

Não há como negar que Bojan não fez falta na goleada por 8 a 0 sobre o fraquíssimo Tahiti na estreia. Nsue, Niguez, Kike e Mérida deram conta do recado muito bem e, a não ser que venham derrotas para Nigéria e Venezuela, a Espanha chegará tranquilamente ao menos às oitavas-de-final. Se parar antes da semifinal, será pouco para uma das categorias de base mais fortes da Europa nos últimos anos, e para uma geração que foi vice-campeã mundial sub-17 há dois anos, na Coreia do Sul.

É verdade que a raiz do problema foi mesmo a mudança do calendário pela Fifa, tirando o Mundial da costumeira data de julho por causa da concorrência com a Copa das Confederações e o forte calor que faz no Egito no meio do ano. Como essas competições de base não aparecem no calendário oficial da entidade, não há obrigação dos clubes em liberar os atletas. A briga acaba sendo maior no sub-20 que no sub-17 por se tratarem estes garotos, hoje, na maioria titulares em seus clubes.

É por isso que a Inglaterra terá apenas jogadores dos times B e não dos elencos principais, que o Brasil não tem nomes que atuam na Europa ou que a Alemanha entra em campo com um time mais para C do que para B. Mas na maioria dos casos, concessões poderiam ter sido feitas, afinal, o Mundial Sub-20 ainda é uma Copa do Mundo de jovens, repleto de jogos emocionantes (vide 2007) e grandes revelações como Figo, Maradona, Prosinecki e Messi.

A repercussão da ausência de Bojan será tão grande quanto o desempenho espanhol em gramados egípcios. Se o time for campeão, poderá se dizer que esta é uma geração excepcional, que sequer sentiu falta de seu principal nome. Qualquer outro resultado e a opinião será de que, na hora decisiva, faltou o toque especial da estrela da companhia. Difícil imaginar que, se tivesse ido, o meia-atacante teria feito tanta falta assim ao Barcelona. Que tivesse, então, desfilado sua habilidade mais uma vez pelos mundiais.

Primeiras impressões

Os dois primeiros dias de Mundial Sub-20 tiveram um pouco de tudo: goleadas, zebras, expulsões, jogos ótimos e outros fracos. O anfitrião Egito mostrou sua força e a fraqueza de Trinidad & Tobago, vencendo por 4 a 1, para alegria dos mais de 80 mil torcedores que lotaram o Estádio do Exército, em Alexandria. O destaque foi Hussam Arafat, com dois gols.

Na outra partida da chave, o Paraguai bateu muito, criou mais mas não saiu do zero com uma Itália enfraquecida pelos desfalques. Com um quarto integrante tão fraco como os trinitários, a tendência é que ambos juntem-se ao Egito e se classifiquem para a próxima fase.

Já pelo Grupo B a emoção foi maior. Nigéria e Venezuela fizeram um ótimo jogo e cheio de alternativas no Estádio Al Salam, no Cairo. Somente nos quinze minutos iniciais, foram duas excelentes chances para cada lado. Os venezuelanos surpreenderam e, num lance de bola parada, Yonathan Del Valle completou cruzamento de Peña para marcar o gol da vitória. Foi a estreia vinotinto em Mundiais, ao passo que a Nigéria, campeã sub-17 há dois anos, decepciona de novo – Lukman Haruna foi expulso no lance que originou o gol e, apesar das vinte finalizações, a equipe de Samson Siasia não conseguiu bater o excelente goleiro Rafael Romo.

E a primeira goleada de fato veio com a Espanha: 8 a 0 sobre o Tahiti, candidatíssimo a bater todos os recordes negativos dos Mundiais Sub-20. Foram dois gols de Aaron Niguez e dois de Emilio Nsue no primeiro tempo, e mais quatro no segundo, com Fran Mérida, Ander Herrera e Kike (duas vezes). Com os resultados, a Venezuela praticamente garante a classificação – é difícil imaginar que vá perder para o Tahiti – e coloca a pressão sobre os nigerianos, que fazem um jogo de vida ou morte contra a Espanha na segunda-feira.

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