segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O despertar do Tigre


De volta à Série B, Criciúma fecha ano perfeito e fatura estaduais juvenil e junior

Publicado no Olheiros

Na última década, o futebol catarinense foi representado nacionalmente por Figueirense e Avaí. Mas nos anos 90, quem levava o nome do estado até mesmo além das fronteiras era o Criciúma, campeão da Copa do Brasil em 91 com Felipão no comando. Contudo, após o rebaixamento na Série A de 2004, o clube parecia fadado ao fim, rebaixado para a Série C e à beira da falência.

2010, porém, tem tudo para ficar marcado na memória do torcedor como o ano do despertar do Tigre. O início claudicante no estadual, com goleadas nas duas primeiras partidas, causou a renúncia do presidente Edson Búrigo e o poço parecia sem fundo. Mas as mudanças administrativas surtiram efeito e o time se recuperou – terminou em sétimo no catarinense e sofreu grande reformulação para a disputa da Série C, em que conquistou o retorno para a Série B em 2011. Além disso, obteve um feito raro nas divisões de base de todo o país: sagrou-se campeão estadual junior e juvenil, as duas principais categorias, e tudo na mesma semana.

Um dos reforços trazidos pela nova diretoria foi o goleiro Agenor, emprestado pelo Internacional. Após conquistar a Copa FGF em 2009 como capitão do Inter B, o jovem de 20 anos atuou pela Copa Santa Catarina antes do início da Série C para não perder ritmo de jogo. Em forma no nacional, foi considerado pela torcida um dos grandes responsáveis pelo acesso, fazendo grandes defesas e tendo atuações de destaque fora de casa.

Durante a campanha, o técnico Argel Fucks também utilizou alguns jogadores oriundos das próprias categorias de base do Tigre, como o zagueiro Rodrigo (19 anos), o volante Henik (20), e o atacantel Marcel, mais jovem do elenco, com 18 anos.

Dentre os garotos que já despontam entre os profissionais, um deles chama a atenção: é George Minatto Paulino, o Georginho. Camisa 10 da equipe campeã estadual junior, o menino de 19 anos foi co-artilheiro do Tigrinho com oito gols, e chamou a atenção do técnico do rival Avaí, Luiz Verdini, quando este acumulava a função de técnico da seleção brasileira sub-19. Resultado: Georginho foi convocado para o Torneio Internacional Sub-20, disputado em agosto, e foi sondado pelo Vasco.

Apesar do desempenho aquém do esperado da seleção no Paraguai, Georginho seguiu liderando o time de Luiz Milioli rumo ao título estadual incontestável: 13 vitórias, 3 empates e 4 derrotas, e o melhor ataque, com 45 gols marcados em 20 jogos. Na decisão, 4 a 1 sobre o Figueirense na primeira partida, no Heriberto Hulse, com dois gols de Lucca, um de Maicon e outro de Diego Oliveira. No jogo de volta, no campo do adversário, o empate sem gols garantiu a conquista.

Companheiro de Georginho a criação das jogadas, o meia direita Roni também marcou oito gols no estadual junior, e na campanha da Série C foi ainda mais decisivo: foi dele, aos 37 minutos do segundo tempo, o gol que selou a vitória por 2 a 0 sobre o Macaé, nas quartas de final, revertendo a vantagem do adversário e recolocando o Tigre na segunda divisão. Mesmo tendo sido expulso no final do jogo, Roni mostrou que tem qualidades para se firmar no elenco profissional em 2011, ou mesmo rumar para centros maiores.

Três dias depois da conquista no junior, os torcedores gritaram “é campeão” novamente: o sub-17 derrotou o Joinville em casa por 2 a 0 e ergueu o caneco, após empate sem gols no jogo de ida. Os autores do gol do título só poderiam ter sido os artilheiros da equipe na competição: Baiano, segundo maior goleador do campeonato com 13 gols (e que só não marcou em cinco das quinze partidas que disputou), e Jean Moser, que no total anotou 9.

Quem também se destacou foi o goleiro Fernando, goleiro menos vazado do estadual. Assumindo a titularidade na reta final do segundo turno, sofreu apenas dois gols em sete jogos e foi fundamental na conquista do título, deixando Elder e Simão, mais velhos que ele, no banco de reservas.

Após as conquistas, os garotos receberam dez dias de folga e já retornaram aos trabalhos nesta semana, como preparação para a SC Cup Sub-16, em dezembro, e para a Copa São Paulo, em janeiro. Fora da Copinha nos últimos dois anos, a última boa campanha do Tigre no torneio foi em 2005, quanto caiu nas oitavas de final e teve em Éder, com seis gols, um dos artilheiros. Após se destacar no Empoli na Série B italiana da última temporada, hoje o atacante é titular do Brescia na primeira divisão.

Participar da Copa São Paulo será essencial para o desenvolvimento desta safra, que já mostrou ter seu valor ao bater os fortes adversários do estado – vale lembrar que o Figueirense foi campeão da Copinha em 2008 e o Avaí, semifinalista em 2009. Será, mais do que endividamento duvidoso com a contratação de medalhões (fórmula que resultou no rebaixamento para a Série C), a solução para o Tigre despertar e tentar voltar a ser o mais forte de Santa Catarina.

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