segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Parceria de ouro


Escolinha de Campinas protagonizou campanha do Barbarense no Paulista Sub-13


Publicado no Olheiros

Não há como contestar a hegemonia do Santos no sub-13 paulista. Nas três edições da competição realizadas pela FPF, os peixinhos conquistaram todas. A última, de maneira invicta, ao derrotar no último domingo o União Barbarense, em Santa Bárbara d’Oeste, por 1 a 0. A vitória, porém, foi difícil, conquistada apenas num lance de bola parada nos minutos finais. O adversário até então também estava invicto, e chegava à decisão até com campanha superior, precisando apenas de um empate. Sinal de ameaça ao predomínio santista? Sim, se lembrarmos que foi o mesmo da final de 2009. Mas não falamos do União Barbarense, e sim de seu parceiro na disputa do Paulista Sub-13.

Pelo segundo ano consecutivo, os meninos da Chuteira de Ouro enfrentaram o Santos na final do campeonato, deixando para trás equipes tradicionais como Corinthians, Palmeiras, Portuguesa e Ponte Preta. A escolinha de futebol localizada em Campinas, de propriedade do ex-zagueiro da seleção brasileira André Cruz, disputou em 2010 o Paulista Sub-13 pelo segundo ano consecutivo: em 2009, parceria com o Primavera de Indaiatuba levou a equipe também à decisão contra o mesmo Santos, com resultados semelhantes – empate no primeiro jogo, derrota no segundo.

A escolinha foi fundada no início dos anos 90, quando André Cruz ainda atuava na Europa (passou por Standard Liège, Napoli e finalmente Milan, onde ganhou convocação para a disputa da Copa de 98). Ele recebeu um convite de Lígio de Carvalho, que fora seu treinador nas categorias de base da Ponte Preta e com passagens pela base do Guarani e pela antiga seleção paulista de juniores.

Desde sua fundação, a Chuteira de Ouro participa de campeonatos amadores nacionais e internacionais, nas categorias dente de leite, pré-mirim e mirim. A criação do Paulista Sub-13 em 2008 despertou o interesse de André e Lígio, que decidiram então buscar parcerias com equipes do interior do estado para a disputa da competição. “A parceria é simples: o clube, que é profissional e afiliado à federação paulista, se inscreve e pleiteia a vaga. Nós cedemos os jogadores, arcamos os custos de transporte, alimentação e até mesmo de uniformes. O clube não ganha nada financeiramente, apenas em exposição”, conta André.

Como trabalha apenas com categorias totalmente amadoras, em que não é possível nem mesmo o vínculo de atleta em formação (permitido a partir dos 14 anos), a Chuteira de Ouro busca trabalhar em conjunto com clubes grandes do futebol nacional, recebendo indicações para formação de suas equipes e indicando os destaques para seus parceiros.

“Somos uma escola, não temos condição de segurar nenhum atleta. O que fazemos é utilizar nossa rede de contatos, ouvimos um colega dizer que tem um garoto bom aqui ou ali, então entramos em contato com os pais e observamos. Se considerarmos que se encaixa no nosso perfil, convidamos para treinar na escolinha”, acrescenta o ex-jogador, que também atua como empresário e possui atletas em categorias de base de clubes como Internacional, Cruzeiro e São Paulo, os principais parceiros.

“Alguns meninos, temos contatos mais próximos com os pais e responsáveis, e indicamos para fazerem avaliações em alguns clubes que a gente conhece. Outros acabam indo por conta própria e não dá pra ficar com todos eles. Como os garotos, nessa idade do mirim, já buscam ser jogadores profissionais, muitos pais também buscam a escolinha querendo se inscrever”, relata André.

Como não há vínculo formal, a escolinha afirma trabalhar na relação de confiança e no reconhecimento do incentivo quando da assinatura do primeiro contrato profissional ou de eventuais transações. Entretanto, como também é empresário, André Cruz acaba tornando-se o representante de alguns meninos que se destacam.

Não foi assim com Oscar, por exemplo, levado por ele ao São Paulo. Segundo o ex-zagueiro, muita ajuda foi dada à família durante os tempos de treinamento no CT de Cotia, mas após o litígio e a ida para o Internacional, não houve retorno do investimento. “Não ouvimos sequer um muito obrigado pelo suporte. Mas infelizmente é assim, estamos sujeitos a isso”, reflete.

Da equipe que atuou com a camisa do União Barbarense em 2010, o principal destaque foi João Vitor, artilheiro com 14 gols. Natural de Piracicaba, o atacante foi indicado pela rede de colaboradores da escolinha e já foi sondado por clubes maiores. “Ele é cuidado por um de nossos amigos, e deverá estar no sub-15 de um time importante no ano que vem”, revela André. Seu companheiro de ataque, Felipe, marcou dez gols e também chamou a atenção. Nem todos, entretanto, acabam seguindo em busca da carreira profissional.

Dadas as condições de trabalho – “não treinamos, só nos reunimos na hora do jogo, ao passo que o Santos treina, viaja junto, concentra” –, os resultados têm sido mais do que satisfatórios. E a participação em 2011 já é certa: a equipe formada por garotos nascidos em 1998 já disputa amistosos e torneios na região. Só falta saber qual camisa a Chuteira de Ouro vestirá desta vez

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