quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dez promessas botafoguenses que não vingaram

O torcedor botafoguense não se vangloria à toa de sua rica história. Afinal, ser o clube que mais cedeu jogadores para a disputa da Copa do Mundo na seleção mais vitoriosa do planeta é certeza de participação importantíssima na história do Brasil através dos Mundiais. E saber que grandes nomes do futebol, como Nilton Santos, Jairzinho, Paulo César Caju e Zagallo deram seus primeiros chutes ainda entre os amadores do seu time é motivo de baita orgulho.

Publicado no Olheiros.net


O que dizer então do nascimento de um anjo de pernas tortas, acompanhado por todos os presentes em General Severiano naquele 10 de junho de 1953, que, embasbacados, viram o atrevido moleque deitar em rolar em cima da Enciclopédia. Garrincha é talvez, até hoje, o jogador mais associado à expressão “revelado por tal clube”, pela forma como foi descoberto no Botafogo.

Contudo, este celeiro de jogadores perdeu muito de sua luz ao passar dos anos, tornando-se uma solitária estrela de brilho ínfimo. Nas décadas de 80 e 90, o Botafogo deixou de revelar atletas não só para a seleção brasileira, como também para o próprio consumo interno, perdendo espaço no cenário nacional, que antes dividia com o Santos, para equipes como Internacional, Flamengo e Atlético-MG, grandes reveladores do período. Não à toa, a média de botafoguenses convocados para as Copas caiu de quatro nomes, nas décadas de 60 e 70, para zero nos últimos três mundiais – Bebeto e Gonçalves, os últimos lembrados, em 1998, não foram revelados lá.

Mas há sim uma luz no fim do túnel. Após anos e anos sendo ofuscado pelos rivais do estado, o Botafogo reestruturou as categorias de base e começa a trazer mais jogadores para o time de cima e a participar mais ativamente das convocações das seleções sub-15, sub-17 e sub-19. Nos últimos anos, nomes interessantes surgiram e buscaram seu espaço. Infelizmente, não são todos que conseguem alcançar o sucesso nos profissionais, e são esses os que abordamos aqui. Confira então, agora, as dez principais revelações do Botafogo nos últimos anos que prometeram, mas não cumpriram.

Leandro Eugênio
Aos 19 anos, ele destruiu o São Paulo nas oitavas de final da Copa do Brasil de 1999 – e só. Leandro, lateral esquerdo que iniciou sua carreira no Matsubara, do Paraná, em 1996, viveu seus 15 minutos de fama intensa e pagou o preço depois, jamais conseguindo repetir aquela atuação. Após empate em 1 a 1 no Morumbi (em que ele foi reserva de Ronildo), Leandro foi escalado pelo técnico Gilson Nunes para a partida de volta. Incisivo e muito veloz no apoio, marcou um gol e deu assistências para Bebeto e Reidner. Tornou-se titular e disputou os dois jogos da final, perdida para o Juventude. No segundo semestre, entretanto, retornou ao time júnior e fez parte da equipe campeã da Taça Belo Horizonte. Ao final da temporada, foi negociado com o Sport e começou a rodar, passando por América do Rio e até Twente, da Holanda. O sobrenome Eugênio passou a fazer parte do dia-a-dia quando retornou ao Bota em 2000, para diferenciá-lo de Leandro Ávila. Contudo, tornou-se um carma, e após passar pelos outros três grandes do Rio sempre como reserva, e por Paysandu, Marília e Figueirense, chegou ao Ipatinga em 2007, onde passou a ser chamado de Leandro Soares.

Nome Completo: Leandro Eugênio Soares
Data de Nascimento: 06/10/1979
Posição: lateral esquerdo
Ano em que surgiu: 1999
Por que não vingou?: Criou grande expectativa após atuação de gala contra o São Paulo, mas nunca mais exibiu o mesmo futebol

Rodrigo Fernandes
O baiano Fernandes, como era conhecido na base, chegou ao Botafogo aos 13 anos de idade, vindo de Feira de Santana. Teve uma extensa carreira nas seleções amadoras, sendo campeão da Copa Amizade Brasil-Japão Sub-15 em 1998, e participando da fraca campanha no Mundial Sub-17 de 2001, em que o Brasil caiu diante da futura campeã França na segunda fase. Falhou, entretanto, ao dar sequência e não fez parte do título mundial sub-20 dois anos depois. Curiosamente, Fernandes começou como lateral esquerdo mas, ao chegar aos profissionais, passou a atuar mais pela direita. Alternando períodos de titularidade com outros na reserva, permaneceu no Botafogo até 2005, amargando o rebaixamento, participando da campanha da Série B e sendo finalmente titular absoluto no Brasileirão de 2004. Finalmente, foi negociado com o Paysandu para o Brasileirão de 2005, e aí começou sua peregrinação: defendeu Mogi Mirim, Duque de Caxias, Tigres e Boa Vista, até acertar com o Formiga para a disputa do Módulo II do Campeonato Mineiro deste ano.

Nome Completo: Rodrigo Vaz Fernandes
Data de Nascimento: 05/06/1984
Posição: lateral-direito
Ano em que surgiu: 2002
Por que não vingou?: Surgiu nos profissionais num ano complicado, em que a equipe acabou rebaixada. Oscilou entre titular e reserva e acabou não se destacando como nas categorias de base.

Felipe Tigrão
Campeão estadual junior em 1997, Felipe Conceição, mais conhecido como Felipe Tigrão, surgiu como grande promessa em 98, integrado ao elenco que disputava o Brasileirão por Paulo Autuori. Ofuscado pela dupla Túlio e Bebeto, teve chances apenas como substituto, mas que foram suficientes para garantir-lhe convocações para a seleção sub-20. Em 99, chegou a fazer dupla com Ronaldinho Gaúcho na equipe campeã da Copa do Rei, na Tailândia, mas acabou não sendo chamado para o Mundial da categoria. Nos anos seguintes, passou a sofrer com diversas pequenas lesões, que o impediram de obter uma sequência na equipe, e que eventualmente lhe custaram o espaço. Chegou a formar dupla com Dodô no Rio-São Paulo de 2002 antes de ser negociado com o Juventude, onde também não se firmou. Passou a atuar por equipes pequenas como Tombense, Portuguesa-RJ, Tupi-MG e chegou a ser contratado pelos portugueses do Vitória de Guimarães, mas logo foi emprestado. Em 2010, defendeu o Liaoning Whowin, da China, cujo mascote é, curiosamente, um tigre.

Nome Completo: Felipe de Oliveira Conceição
Data de Nascimento: 09/07/1979
Posição: atacante
Ano em que surgiu: 1998
Por que não vingou?: Recorrentes pequenas lesões não lhe permitiam adquirir sequência. Passou a ser emprestado a equipes pequenas do Rio, até que deixou o clube em 2002.

Magno
Natural do Espírito Santo e tido como uma das principais revelações do clube nos últimos anos, Magno chegou ao Bota em 2004 e foi despertando a atenção após ótimas apresentações nas equipes amadoras, graças principalmente à habilidade e velocidade. Sua estreia entre os profissionais aconteceu no Brasileirão de 2006, em que entrou no segundo tempo de uma vitória sobre o São Caetano por 2 a 1. Em 2007, disputou novamente o estadual junior, mas marcou apenas um gol e a equipe ficou na penúltima colocação. Com Cuca, teve algumas chances durante o ano, sempre entrando no segundo tempo. Finalmente, passou a ser emprestado para adquirir mais ritmo de jogo e experiência: em 2008 defendeu o América no Estadual e o Metropolitano, de Santa Catarina, na Série C do Brasileiro. No ano passado, foi emprestado ao Macaé para o Carioca e finalmente teve contrato encerrado com o Botafogo. De volta à sua terra natal, assinou com o Vilavelhense para a disputa do Capixaba 2010, mas acabou saindo em fevereiro para o Santa Helena, onde foi reserva na surpreendente campanha do vice-campeonato goiano. Desde maio, está sem clube.

Nome Completo: Magno Santos de Almeida
Data de Nascimento: 30/12/1987
Posição: meia
Ano em que surgiu: 2006
Por que não vingou?: Emprestado a equipes menores para ganhar ritmo de jogo, não encontrou mais espaço quando retornou e deixou o clube

Wellington Junior
Após passagens pelas divisões de base de Fluminense e CFZ, Wellington Junior chegou ao elenco de juniores do Botafogo em 2007. Titular da equipe semifinalista da Taça OPG, foi puxado por Cuca ao elenco profissional no ano seguinte. Sua estreia foi na Taça Guanabara, em partida que o Bota, já classificado para as semifinais, entrou com time misto. Resultado: derrota para o Madureira e Wellington acabou substituído. Um mês depois, daria a volta por cima na vitória sobre o Volta Redonda, quando marcou seu único gol com a camisa alvinegra. Duas semanas depois, no clássico contra o Flamengo, ele faria sua última partida no ano. A saída de Cuca minou suas chances, e ele voltou à equipe sub-20. Em 2009, com Ney Franco, jogou apenas três vezes, e após a expulsão no jogo contra o Resende pelo Estadual não apareceu mais em campo. Ainda assim, começou a ser convocado para a seleção sub-19 e, chamado para compor elenco no Mundial Sub-20 do Egito, acabou sendo titular da lateral-direita na semifinal, já que Douglas estava suspenso. De início promissor, acabou negociado com o desconhecido Spartak Trnava, da Eslováquia.

Nome Completo: Wellington Cândido da Silva Junior
Data de Nascimento: 20/06/1989
Posição: volante
Ano em que surgiu: 2007
Por que não vingou?: Promovido por Cuca, perdeu espaço com a saída do treinador. Chegou à seleção sub-20, mas sem chances em uma temporada turbulenta, foi negociado com o primeiro clube interessado.

Simões
Considerado uma grande promessa para o setor defensivo do Botafogo, Simões despontou nas categorias de base por seu porte físico, alto e mais forte que os garotos da mesma idade. Logo se destacou e ganhou até convocação para a seleção brasileira sub-17. Após ser relacionado para algumas partidas no Estadual e início do Brasileirão de 2006, seu empresário, Reinaldo Pitta, insatisfeito com a demora para a formulação de um contrato profissional, entrou na justiça para tentar tirar o garoto do clube. Após a briga, o Bota ficou com apenas 30% dos direitos federativos de Simões, que acertou com o Cruzeiro. Lá, foi reserva na campanha da conquista da Copa São Paulo de 2007, e ganhou uma chance no time profissional durante o campeonato mineiro. Entretanto, uma atuação horrível na primeira partida da final selou seu destino: entrou ainda no primeiro tempo, substituindo o lesionado Fellype Gabriel. Na segunda etapa, o Atlético-MG fez quatro gols, mas Simões só acompanhou dois deles dentro do gramado: fez falta dura em Danilinho e levou o segundo amarelo em cerca de 45 minutos, sendo expulso. Com dois homens a menos, Cruzeiro perdeu por 4 a 0, Paulo Autuori pediu demissão e Simões nunca mais teve chance – segue empréstimo atrás de empréstimo, tendo passado por Itaúna, Cabofiense, Ituiutaba, Guarani e finalmente o Nacional, onde disputa o Módulo III do Campeonato Mineiro.

Nome Completo: Bruno Simões Teixeira
Data de Nascimento: 04/07/1988
Posição: zagueiro
Ano em que surgiu: 2006
Por que não vingou?: Forçou a saída do clube e foi campeão da Copa São Paulo com o Cruzeiro, mas atuação tétrica na final do Mineiro selou seu destino

Gláucio
Artilheiro alvinegro em todas as categorias do clube, onde chegou aos 11 anos, Gláucio tinha personalidade forte e era capitão desde os tempos de infantil. Estreou no time principal no Estadual de 2002, sob o comando de Abel Braga. Tratado como jóia rara, era constantemente relacionado para partidas do profissional, atuando aos 19 anos em partidas também da Copa do Brasil e do Brasileiro. Em 2004, ficou marcado pelo gol que fez contra o São Paulo, em Caio Martins, aos 46 do segundo tempo, que livrou o Bota do rebaixamento. A falta de humildade, entretanto, acabou falando mais alto. “O Flamengo foi o time que eu marquei mais gols na base, acho que fiz uns dez”, disse certa vez antes de um clássico. Entretanto, a pouca disposição nos treinos e a irritação com a falta de oportunidades fizeram com que o atacante deixasse o time em 2005, sem nunca ter se firmado. Passou então por Volta Redonda, Americano, Mineiros-GO e Jataiense-GO. Em 2010, disputou a Segundona carioca pela Portuguesa.

Nome Completo: Gláucio Rodrigues dos Santos Bastos
Data de Nascimento: 25/07/1984
Posição: atacante
Ano em que surgiu: 2002
Por que não vingou?: Considerado grande promessa, era super protegido e passou a criar caso quando não tinha oportunidades

Leozinho
Se para um garoto da base do Flamengo a pressão já é grande quando começa a ser comparado com Zico, quando o menino é do time rival então, nem se fala. Leozinho, afinal, reunia todas as características do camisa dez clássico: ótima visão de jogo, toque de bola refinado, habilidade e perfil de liderança com os companheiros. Foi dessa forma que ele liderou o Botafogo na conquista do bicampeonato de juniores, em 1998, da Taça BH no ano seguinte. Não à toa, gerou grande expectativa quando foi promovido aos profissionais por Valdir Espinosa. Voltou aos juniores para, novamente, ser campeão estadual sub-20 em 2000, mas quando finalmente chegou sua vez, não mostrou a mesma qualidade dos tempos da base. Dispensado em 2002, foi para o Bangu, onde se vingou do Bota no Carioca de 2003, ao marcar o gol da vitória logo na primeira rodada. Em 2005, jogou por América, Volta Redonda e Cabofriense, para finalmente se reencontrar no Resende. Lá desde 2007, é o dono da camisa dez e teve boas atuações, como na semifinal da Taça Guanabara de 2009, quando a equipe eliminou o Flamengo em pleno Maracanã, mas jamais foi o mesmo.

Nome Completo: Leonardo Ramalho Rodrigues
Data de Nascimento: 03/07/1980
Posição: meia
Ano em que surgiu: 1999
Por que não vingou?: Gerou grandes expectativas quando surgiu, não correspondeu e acabou esquecido

Índio
Um dos primeiros frutos da nova categoria de base do clube, reformulada por Bebeto de Freitas após a queda para a Série B, Índio despontou na Taça OPG de 2007 e subiu ao time profissional junto com o goleiro Renan, no início de 2008, promovido pelo técnico Cuca. Sua estreia foi logo na Copa Peregrino, torneio amistoso disputado na pré-temporada contra equipes da Noruega e vencida pelo Fogão. Veloz e bom no apoio, substituiu o titular Alessandro quando este se lesionou durante o Estadual e fez parte do elenco campeão da Taça Rio. Entretanto, justamente quando vinha se firmando, sofreu uma grave lesão nos ligamentos cruzados do joelho esquerdo e teve de ser operado, perdendo o resto da temporada. “Foi em uma jogada do treino. Sozinho. Meu pé ficou travado na grama e o joelho rodou”, contou à época. Recuperado, foi emprestado ao Anápolis, time de sua cidade natal, mas voltou a sofrer a mesma lesão, precisando de uma nova cirurgia e perdendo novamente o ano todo.

Nome Completo: Tázio da Silva Henrique
Data de Nascimento: 31/07/1988
Posição: lateral direito
Ano em que surgiu: 2008
Por que não vingou?: Duas graves lesões seguidas atrapalharam seu desenvolvimento

Thiago Xavier
Apesar de carreira sólida na base, Thiago Xavier apareceu tarde nos profissionais do Botafogo: sua estreia, contra o Paraná Clube, foi somente no Brasileiro de 2004, quando já tinha 21 anos. Apesar disso, foi muito bem. Sendo utilizado sempre como opção, perdeu quase todo o ano de 2005 devido a uma lesão, mas como a impressão inicial tinha sido boa, a torcida aguardava seu retorno. E ele só ocorreu em 2006, com a saída de Jonílson, titular incontestável da posição. Ganhando a confiança de Carlos Roberto, Thiago ganhou a titularidade no Carioca e foi campeão estadual. Mas veio o Brasileirão, o time não ia bem e Carlos Roberto foi substituído por Cuca, que barrou o volante, que já começava a ser perseguido pela torcida e não teve mais espaço. Em 2007, foi emprestado à Cabofriense para a disputa do Estadual e depois, negociado com o Châteauroux, da segunda divisão francesa. Foi titular na primeira temporada, mas desde então continua no clube, atuando apenas esporadicamente.

Nome Completo: Thiago Xavier Rodrigues Corrêa
Data de Nascimento: 27/12/1983
Posição: volante
Ano em que surgiu: 2004
Por que não vingou?: Com a saída de Carlos Roberto, técnico que o deu oportunidade nos profissionais, perdeu espaço e acabou negociado

2 comentários:

Alvinegro disse...

não conhecia seu blog, e essa foi a primeira materia que li. muito bom o conteúdo, e foi bom saber do destino de varias "jóias" alvinegras. parabéns parceiro.

Anônimo disse...

TX era foda, só que batia demais, era um jogo em campo e dois suspenso.

faltou o geraldo na história