Caro leitor, pense na pergunta que está no título desta coluna: o que faz um craque? O que diferencia este daquele jogador? Habilidade? Força? Rapidez de raciocínio? Velocidade? Dentre os profissionais, estas são algumas das características que tornam um atleta mais completo que o outro. Mas e entre os garotos? Como comparar indivíduos ainda em formação?
Acompanhando a evolução do futebol, percebemos mudanças profundas nas características do padrão de jogo, (2-3-5, WM, 4-2-4, 4-3-3, 4-4-2, 3-5-2), no papel desempenhado pelos atletas (ponta, lateral, líbero, cabeça-de-área, meia-armador) e na forma como eles disputam o jogo – enquanto hoje um jogador percorre em média onze quilômetros por partida, na década de 70 ele percorria sete.
Porém, um fator mudou pouco ao longo do tempo: a necessidade de uma preparação física adequada. Desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, ou das primeiras partidas de futebol disputadas na Grã-Bretanha, o condicionamento físico é requisito primordial para o atleta ser de fato atleta e diferenciar-se das pessoas comuns.
Até por isso, as características físicas como estrutura óssea, composição muscular,
resistência e explosão são as mais utilizadas na avaliação de jovens que chegam aos testes das categorias de base – as famosas peneiras. Goleiros têm que ser altos, assim como zagueiros precisam ser fortes, volantes necessitam de vigor acima da média e atacantes têm que correr sem se cansar. Contudo, esse pode não ser o melhor caminho.
É preciso considerar as diferenças de crescimento de um garoto para outro. Enquanto um atinge seu auge aos 16, outro pode se desenvolver até os 22. Assim, o menino que hoje é magro e tem pouca massa muscular pode render em breve, se bem trabalhado, muito mais que seu companheiro que se desenvolveu precocemente. Por isso, é fundamental que o profissional que avalia esses meninos tenha conhecimento suficiente para saber quem pode se desenvolver e quem tem tudo para ser um “foguete molhado”.
Vejamos um exemplo das diferenças que meninos de mesma idade podem apresentar: no Mundial Sub-20 realizado este ano no Canadá, a República Tcheca tinha uma média de altura de 1,83 m, enquanto os franzinos garotos de Zâmbia apresentaram a média de 1,57m. Uma diferença absurda, que obviamente existe por fatores genéticos e nutricionais, entre outros. Detalhe: enquanto os tchecos foram derrotados apenas na final, pela Argentina, os zambianos pararam nas oitavas.
Mas o que isto significa? Que somente jogadores altos e fortes têm espaço no futebol atual? Um certo baixinho que marcou mil gols desmente. Como em tudo na vida, também no futebol generalizações são perigosas. Que os olheiros realmente abram os olhos, e que o talento nunca seja preterido. Pelo bem do futebol de hoje e de amanhã.
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* Coluna publicada originalmente no Olheiros.
Acompanhando a evolução do futebol, percebemos mudanças profundas nas características do padrão de jogo, (2-3-5, WM, 4-2-4, 4-3-3, 4-4-2, 3-5-2), no papel desempenhado pelos atletas (ponta, lateral, líbero, cabeça-de-área, meia-armador) e na forma como eles disputam o jogo – enquanto hoje um jogador percorre em média onze quilômetros por partida, na década de 70 ele percorria sete.
Porém, um fator mudou pouco ao longo do tempo: a necessidade de uma preparação física adequada. Desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, ou das primeiras partidas de futebol disputadas na Grã-Bretanha, o condicionamento físico é requisito primordial para o atleta ser de fato atleta e diferenciar-se das pessoas comuns.
Até por isso, as características físicas como estrutura óssea, composição muscular,
resistência e explosão são as mais utilizadas na avaliação de jovens que chegam aos testes das categorias de base – as famosas peneiras. Goleiros têm que ser altos, assim como zagueiros precisam ser fortes, volantes necessitam de vigor acima da média e atacantes têm que correr sem se cansar. Contudo, esse pode não ser o melhor caminho.
É preciso considerar as diferenças de crescimento de um garoto para outro. Enquanto um atinge seu auge aos 16, outro pode se desenvolver até os 22. Assim, o menino que hoje é magro e tem pouca massa muscular pode render em breve, se bem trabalhado, muito mais que seu companheiro que se desenvolveu precocemente. Por isso, é fundamental que o profissional que avalia esses meninos tenha conhecimento suficiente para saber quem pode se desenvolver e quem tem tudo para ser um “foguete molhado”.
Vejamos um exemplo das diferenças que meninos de mesma idade podem apresentar: no Mundial Sub-20 realizado este ano no Canadá, a República Tcheca tinha uma média de altura de 1,83 m, enquanto os franzinos garotos de Zâmbia apresentaram a média de 1,57m. Uma diferença absurda, que obviamente existe por fatores genéticos e nutricionais, entre outros. Detalhe: enquanto os tchecos foram derrotados apenas na final, pela Argentina, os zambianos pararam nas oitavas.
Mas o que isto significa? Que somente jogadores altos e fortes têm espaço no futebol atual? Um certo baixinho que marcou mil gols desmente. Como em tudo na vida, também no futebol generalizações são perigosas. Que os olheiros realmente abram os olhos, e que o talento nunca seja preterido. Pelo bem do futebol de hoje e de amanhã.
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* Coluna publicada originalmente no Olheiros.
4 comentários:
Texto irretocável, cara. Não há determinante exato que diga que uma criança será mais jogadora que a outra.
Abraços!
O que faz o craque é a vocação, tem uns que nascem Zico e outros Dil!Simples!Abração
Grande texto. Realmente, há uma grande dificuldade de apontar-se o desenvolvimento de cada um. às vezes equívocos na avaliação de um jogador podem custar sua carreira. Guto Ferreira, das categorias de base do INter, certa vez disse q o fracasso de Diego, grande promessa do clube, talvez tenha sido o momento errado em q foi p/ o profissional, pis ainda lhe faltava aprimorar alguns fundamentos.
Ótimo texto, realmente uma abordagem interessante de tudo que envolve a "construção de um craque".
Sds. Celestes
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