segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Mundial Sub-17: análise final

Assim como no Mundial Sub-20, é hora de fazermos uma análise do Sub-17 após o final da competição. Se compararmos o nível técnico dos dois torneios, este foi aparentemente superior àquele. A principal justificativa que se vem à mente é a de que, nesta idade, as preocupações táticas não são tão rígidas como no sub-20, onde muitos atletas são titulares - quando não estrelas - de seus times.

Foram marcados 165 gols em 52 partidas, com uma boa média de 3,17 por jogo - não foi a melhor da categoria, que costuma ter muitas goleadas. As principais goleadas, aliás, tiveram como protagonistas Nova Zelândia e Trinidad e Tobago - mas não como vencedores. O melhor ataque foi o da Alemanha, com 20 gols, e a defesa do Peru levou três gols em cinco jogos. Na média, entretanto, a Nigéria foi melhor por ter sofrido quatro em sete.

A Nigéria sagrou-se campeã nos pênaltis com um futebol mais eficiente do que costuma ser o africano nesta faixa etária, e por conseqüência um pouco menos vistoso. A ausência das Super Águias da Copa de 2006 modificou o trabalho em toda a estrutura da Federação Nigeriana e uma forte aplicação tática fez da Nigéria o mais europeu dos africanos. O artilheiro do campeonato, Macauley Chrisantus, pode não ser um primor de técnica, mas não lhe falta faro de gol (veja mais sobre ele no blog do amigo Dassler Marques).

O sentimento de que o título foi merecido, mas que poderia ter ficado em mãos melhores, se deu graças às exibições de Espanha e Alemanha ao longo do torneio. Embaladas por Bojan Krkic e Tony Kroos (dois melhores jogadores do Mundial, com uma preferência deste que vos escreve pelo segundo), espanhóis e alemães tinham tudo para fazer uma final espetacular, não fosse a discutida expulsão de Bojan na semifinal e o apagão alemão nos primeiros vinte minutos da semifinal.

Para o futuro, fica a dúvida de até onde este grupo espanhol pode evoluir - ao contrário de Krkic, que parece um jogador praticamente pronto. E quanto à Alemanha, a expectativa do surgimento de uma nova geração vencedora, embalada pelo 'meister' Kroos, que pinta com grande força (credenciado pelas atuações) para ser o futuro camisa 10 alemão.

Fechando os semifinalistas, Gana eliminou o Brasil mas nunca empolgou, mesmo na primeira fase. Saída do mesmo grupo da Alemanha, perdeu também na primeira fase para tais adversários. Ao menos fica o consolo de que Ransford Osei e Sadick Adams podem render muitos frutos num futuro cada vez mais próximo.

A França apresentou Le Tallec, habilidoso atacante que marcou belos e decisivos gols. A Inglaterra já não teve tanto brilho, apesar da vitória sobre o Brasil. E a Argentina, sempre aquém nos sub-17 do seu desempenho nos sub-20, manteve a escrita e passou quase que desapercebida.

E o Brasil, mais uma vez decepcionou, certo? Discurso fácil, mas fato é que a partida contra Gana não deveria ter acontecido tão cedo e foi fatal. Assim como certos erros bobos de jogadores considerados experientes dentro do grupo, apesar da idade (e se é que isso é possível). Duas goleadas maísculas credenciaram o time ao tetra, mas a derrota para a Inglaterra em um jogo que parecia tranquilo complicou demais os planos da equipe.

Lulinha mostrou que é preciso cuidado ainda maior ao se endeusar um garoto. A expectativa em cima do garoto sempre superou o que ele realmente mostrou até hoje, e jogadores menos badalados como Fábio e Alex foram mais decisivos. Alex que, inclusive, foi o mais lúcido brasileiro enquanto o Brasil ainda foi lúcido.

A decepção maior (se não a única) ficou mesmo a cargo do Brasil, assim como no Sub-20. Coincidência ou não, só saberemos mais à frente. O problema, entretanto, é que é preciso ser feito algo agora, realizar um diagnóstico que dificilmente será preciso.

6 comentários:

Lucas Meneses disse...

Depois dos bons textos de intodução à Copa do Mundo Feminina, o blog volta ao masculino com sub-17, e eu volto a comentar...
:D
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Muito pelas atuações do craque Toni Kroos, fico com a mesma sensação de que a Alemanha no final contra a Espanha seria uma idéia mais agradável...

De qualquer forma, ao serem campeões, os jogadores nigerianos provaram que tratando de competições de "jovens", eles sempre estarão entre os favoritos ao título.

Como eu comentei no blog no Dassler, fica o destaque para a grande base de Arsenal e Barcelona, que contam com Bojan, Lansbury e Mérida, por exemplo.

E o que falar do Brasil? Antes do mundial começar, acreditava que nossa seleção era a grande favorita ao título. E assim veio a decepção.
Destaque para o Alex Teixeira, com 2 gols e 3 assistências em 4 jogos, além do bom futebol apresentado. E ainda é vascaíno!
:D
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Abraços!

Anônimo disse...

cara parabens pelo balanço do mundial sub 17...eu não acompanhei mais adorei o seu balanço.
VALEU

Dassler Marques disse...

é poio, de fato, foi bem mais legal que o sub-20. pena que de madrugada :S

parabéns pelo resumão, coisa que eu, aliás, não fiz.

me prendi aos jogadores.

abraço!

Ergos [Gustavo Vargas] disse...

E aí primo, beleza tchê?

Foi bem melhor que o Sub-20, FATO!

Kroos e Bojan caíram nas minhas graças (a expulsão do espanhol foi um crime). Jogadoraços! Também gostei muito dos africanos.

Na França, destaco mais o Saivet que o Le Tallec. O segundo deixou boa impressão, mas o ponteiro girondino tem mais futuro... =)

Abraço!

Gerson Sicca disse...

Legal a análise. Qto ao futuro da Espanha, vou me apegar à tradição. A garotada vestirá a camiseta da seleção principal um dia e vai amarelar.

Anônimo disse...

Excelente post! Vou com o Sicca o futuro é amarelão! Cara parabens pelos textos postados pelo Mauro Beting!Abração