terça-feira, 12 de junho de 2007

SeleNão


Sinceramente não lembro quem inventou este termo, mas o onze nacional deixou de ser a seleção brasileira para ser uma "seleção de brasileiros". Isso porque quando os técnicos podem contar com força máxima, dificilmente aparece alguém de um clube brasileiro nas convocações.

As causas são conhecidas: o êxodo cada vez maior de jogadores, gerado pela mercantilização do futebol e uma cultura de desvalorização do nacional, ou seja, um complexo de vira-lata requentado. É lugar comum, mas o futebol deixou de ser futebol há tempos e virou negócio. A gente vibra, torce, mas nossa reação é a mesma de quem trabalha na bolsa de valores: agonia e êxtase que rendem apenas aos cabeças, que não aparecem.

O problema é que agora esse fenômeno já atinge as categorias de base: dos 25 convocados para o Mundial Sub-20 do Canadá, cinco já jogam fora. Número que parece pequeno, mas que antes sequer era estatística. A precocidade dessa saída em busca do El Dorado poderá ser mais bem sentida ao final do campeonato, quando certamente mais alguns desses jovens talentos serão negociados.

Entretanto, nem entrei ainda no assunto que motivou estas linhas. A seleção brasileira deixou de ser prêmio e passou a ser punição. Quem é convocado, faz de tudo para não jogar. Acontece que a seleção parece ser hoje um trampolim para atravessar o Atlântico: a garotada toda quer ser convocada. Com isso, arregala os olhos dos europeus, que vêm com seus dólares e os levam para seus clubes. A partir daí, o discurso muda: "é o clube que paga meu salário, devo satisfações a eles e acho melhor ficar de fora".

Tudo bem, a Copa do Mundo ainda é uma exceção, porque todo mundo AINDA quer jogar. Mas corre-se o risco de, em breve, os atletas também desdenharem dela. Culpa dos inúmeros amistosos agendados pela CBF: em 2006, nenhuma seleção jogou tanto quanto o Brasil. Culpa da mercantilização do futebol, que fez a convocação deixar de ser comemorada para ser lamentada. Virou obrigação, mais ou menos como visitar a sogra: ninguém gosta, mas tem que fazer.

5 comentários:

Anônimo disse...

Bela colocação, e ainda escuto por ai que no Brasil não tem craques, e ate concordo em termos pois o Brasil passa a ter provaveis craques que infelizmente vão embora mais jovem e acabam se tornando realmente craque éla fora!O Mercado do futebol esta saindo emblematico e se tornando realidade!Abraço

sonacanela.blogspot.com disse...

Será que acabou o amor pela amarelinha?
tá adicionado. abrcs.

Gerson Sicca disse...

Cara, parece que combinamos. Hoje tb escrevi sobre a seleção e seus problemas. Dá uma olhadinha lá. Fiocu legal teu texto!
Abraço

Arthur Virgílio disse...

A Copa do Mundo ainda é "querida" por todos os atletas, pois é o torneio mais visto no mundo e quando é realizada todos os campeonatos nacionais param. Quero ver se um dia fizerem uma Copa na mesma data que um campeonato espanhol. Vai ter neguinho prefirindo atuar no país da paella.

Anônimo disse...

Mauricio gostaria de convida-lo a participar da Bola de Cristal em meu blog, é um tipo de bolão do Campeonato Brasileiro!Te aguardolá o post explica todas as regras!Grande Abraço