E chegamos ao final do primeiro turno. Hora de mais uma análise do campeonato, desta vez mais aprofundada. Um super post! Amanhã, uma análise completa do público da primeira fase.
A lamentar, apenas, a diferença de jogos de algumas equipes, que não nos permitem analisar melhor os resultados. Afinal, todos têm jogos suficientes para podermos analisar o que cada um apresentou até aqui. E pelo que pôde ser visto, também há de se lamentar a queda anual do nível do campeonato, inversamente proporcional à saída de jogadores, que só aumenta. Fica até um desafio: quem foi o melhor jogador do primeiro turno? Difícil dizer.
Foram marcados 520 gols em 185 jogos, uma média de 2,81 gols por jogo. No ano passado, tínhamos 502 em 190: 2,64. A rodada com mais gols foi justamente a primeira: 39. A com menos, a décima: 22. A duas maiores goleadas foram os 5 a 1 do Inter em cima do Sport e do Náutico sobre o América. Detalhe: os dois vencedores eram visitantes.
O São Paulo começou cambaleante após a perda de alguns jogadores e a queda atingiu níveis críticos nas semifinais do paulista e nas oitavas da Libertadores. O time demorou para se acertar, mas finalmente adquiriu sua hoje principal característica: a regularidade. A defesa é impressionante e a equipe assumiu a liderança na 17ª rodada. Agora, já tem 7 pontos de vantagem. O binômio 'defesa + contra-ataque' garante ao tricolor o posto de melhor visitante, com apenas uma derrota em dez jogos fora de casa. É o principal, senão o único, candidato ao título.
O Botafogo foi o time do primeiro turno. Goleou, encantou, abriu cinco pontos de vantagem mas, após a saída de Dodô, pego no antidoping, não foi mais o mesmo. Alguns problemas internos, como o de Zé Roberto, somados a uma natural queda de produção fazem o time levantar dúvidas sobre até onde deve agüentar. Mas, ao não ser que Cuca perca o comando, deve brigar até o final por uma vaga na Libertadores - e deve conseguir. Quanto ao título, creio não haver mais fôlego.
Assim como o São Paulo, o Cruzeiro encontrou-se já com o campeonato em andamento. A defesa dá sinais de melhora e o ataque é o melhor do primeiro turno, com 40 gols marcados. Dorival Júnior ainda tem problemas, a equipe têm momentos de paralisia, mas para o nível atual deve ficar entre os seis melhores.
O Vasco é, sem dúvida, a maior surpresa do campeonato. O time foi muito mal no campeonato carioca e a chegada de Celso Roth deixou até os mais otimistas com vários pingos de desconfiança. O time ainda não é confiável, mas chegou a liderar e esteve quase o tempo todo entre os cinco primeiros. O clube, inclusive, foi um dos que contratou melhor na janela do meio do ano. Wágner Diniz finalmente encaixou no 3-5-2 de Roth que tem sido imbatível em São Januário (é o melhor mandante e o único a ainda não perder em casa). Mas o desempenho longe do Rio ainda deixa muito a desejar e pode ser o fiel da balança.
Palmeiras, Goiás, Grêmio, Santos, Inter e Sport têm muito em comum: são equipes extremamente irregulares. Até por isso, aparecem grudadas na tabela: a diferença entre palmeirenses (5º) e rubro-negros (10º) é de apenas três pontos. O Palmeiras não consegue emplacar resultados em casa; o Grêmio alterna vitória maiúsculas e derrotas bobas; Goiás, Santos, Inter e, principalmente, Sport, vão bem em casa mas dificilmente marcam pontos fora. São equipes que devem ficar neste bolo da Sul-Americana, com algumas alternâncias, até o final. Apenas Santos, Grêmio e Palmeiras que parecem ter um pouco mais de bala na agulha.
Fluminense, Paraná, Atlético-MG e Figueirense também seguem numa mesma toada. Os paranistas começaram bem e lideraram, mas agora empacaram na zona da pasmaceira, que nem classifica nem rebaixa. Dificilmente sairão daí. O Fluminense tem potencial, mas não desenvolve: quando parece que "agora vai", o time empaca. O Galo, muito irregular, já esteve na zona da libertadores e na do rebaixamento. E o Figueirense faz o que sabe: revela este ou aquele jogador, tira pontos dos grandes, mas pouco incomoda o pelotão superior.
Atlético-PR e Corinthians rondaram a zona de rebaixamento quase todo o primeiro turno. O Furacão ainda começou bem, mas caiu de produção e Antônio Lopes não deve durar até o final do campeonato. Assim como Carpegiani, que se não tem uma constelação nas mãos, tem material para fazer um pouco melhor do que vem fazendo. Ainda que os que estão embaixo não ameacem, é bom ambos ficarem de olho.
Na zona do rebaixamento, o Náutico é o único que tem demonstrado possuir forçar para escapar. Entretanto, o Timbu é bem melhor fora do que dentro de casa. Roberto Fernandes tem feito o que pode com o elenco que tem, mas não acredito que a equipe escape.
Já o Flamengo deve escapar. Primeiro porque tem jogos a menos, depois porque trouxe alguns reforços que devem dar para o gasto e, finalmente, porque sinceramente não acredito que Corinthians e Flamengo venham a cair um dia.
Por fim, este deve finalmente ser o ano do Juventude. Algumas derrotas em casa, exatamente como o São Caetano no ano passado, vão custar muito caro ao final do campeonato. E o América de Natal já caiu. Um time que marcou dez pontos em 19 jogos, conquistou apenas uma vitória em casa, sofreu 42 gols, marcou 16, está a doze pontos de sair da zona de rebaixamento e tem quatro vezes menos pontos que o líder não pode escapar. Então restam duas vagas!
2006 vs. 2007
Vale a pena também comparar com o campeonato do ano passado, para termos uma idéia melhor do que acontece. Em 2006, o São Paulo também liderava e possuía uma campanha muito parecida: eram 11 vitórias, 4 empates e 3 derrotas, uma vitória a menos do que hoje por ter um jogo a menos na ocasião. A vantagem sobre o Santos era de cinco pontos, contra sete atualmente. Nos gols, a principal diferença: o ataque são-paulino era mais eficiente (32 gols - o segundo melhor então - contra 24), e a defesa bem mais vazada (havia sofrido 21 contra os 7 de hoje).
Outros números interessantes para comparação: o melhor ataque era do Paraná, com 33 gols. O pior, do Flamengo, com 17. A melhor defesa era do Santos, com 17 sofridos e a pior, da Ponte, com 39. Estariam classificados à Libertadores Santos, Paraná e grêmio, exatamente os mesmos que acabaram se classificando no final do campeonato. E estariam rebaixados Botafogo, Corinthians, Fortaleza e Santa Cruz. Os dois primeiros escaparam. Os últimos, não.
A diferença de pontos do Santa Cruz, lanterna, para o Goiás, primeiro fora da zona de rebaixamento, era de três pontos. E a pontuação do lanterna era a metade do líder. Dodô era o artilheiro, com nove gols, e Souza, que acabou ficando na liderança da tábua de artilharia, tinha oito. Ou seja: na metade do campeonato de 2006, havia mais equilíbrio. Agora, o cenário já parece bem mais definido.
A lamentar, apenas, a diferença de jogos de algumas equipes, que não nos permitem analisar melhor os resultados. Afinal, todos têm jogos suficientes para podermos analisar o que cada um apresentou até aqui. E pelo que pôde ser visto, também há de se lamentar a queda anual do nível do campeonato, inversamente proporcional à saída de jogadores, que só aumenta. Fica até um desafio: quem foi o melhor jogador do primeiro turno? Difícil dizer.
Foram marcados 520 gols em 185 jogos, uma média de 2,81 gols por jogo. No ano passado, tínhamos 502 em 190: 2,64. A rodada com mais gols foi justamente a primeira: 39. A com menos, a décima: 22. A duas maiores goleadas foram os 5 a 1 do Inter em cima do Sport e do Náutico sobre o América. Detalhe: os dois vencedores eram visitantes.
O São Paulo começou cambaleante após a perda de alguns jogadores e a queda atingiu níveis críticos nas semifinais do paulista e nas oitavas da Libertadores. O time demorou para se acertar, mas finalmente adquiriu sua hoje principal característica: a regularidade. A defesa é impressionante e a equipe assumiu a liderança na 17ª rodada. Agora, já tem 7 pontos de vantagem. O binômio 'defesa + contra-ataque' garante ao tricolor o posto de melhor visitante, com apenas uma derrota em dez jogos fora de casa. É o principal, senão o único, candidato ao título.
O Botafogo foi o time do primeiro turno. Goleou, encantou, abriu cinco pontos de vantagem mas, após a saída de Dodô, pego no antidoping, não foi mais o mesmo. Alguns problemas internos, como o de Zé Roberto, somados a uma natural queda de produção fazem o time levantar dúvidas sobre até onde deve agüentar. Mas, ao não ser que Cuca perca o comando, deve brigar até o final por uma vaga na Libertadores - e deve conseguir. Quanto ao título, creio não haver mais fôlego.
Assim como o São Paulo, o Cruzeiro encontrou-se já com o campeonato em andamento. A defesa dá sinais de melhora e o ataque é o melhor do primeiro turno, com 40 gols marcados. Dorival Júnior ainda tem problemas, a equipe têm momentos de paralisia, mas para o nível atual deve ficar entre os seis melhores.
O Vasco é, sem dúvida, a maior surpresa do campeonato. O time foi muito mal no campeonato carioca e a chegada de Celso Roth deixou até os mais otimistas com vários pingos de desconfiança. O time ainda não é confiável, mas chegou a liderar e esteve quase o tempo todo entre os cinco primeiros. O clube, inclusive, foi um dos que contratou melhor na janela do meio do ano. Wágner Diniz finalmente encaixou no 3-5-2 de Roth que tem sido imbatível em São Januário (é o melhor mandante e o único a ainda não perder em casa). Mas o desempenho longe do Rio ainda deixa muito a desejar e pode ser o fiel da balança.
Palmeiras, Goiás, Grêmio, Santos, Inter e Sport têm muito em comum: são equipes extremamente irregulares. Até por isso, aparecem grudadas na tabela: a diferença entre palmeirenses (5º) e rubro-negros (10º) é de apenas três pontos. O Palmeiras não consegue emplacar resultados em casa; o Grêmio alterna vitória maiúsculas e derrotas bobas; Goiás, Santos, Inter e, principalmente, Sport, vão bem em casa mas dificilmente marcam pontos fora. São equipes que devem ficar neste bolo da Sul-Americana, com algumas alternâncias, até o final. Apenas Santos, Grêmio e Palmeiras que parecem ter um pouco mais de bala na agulha.
Fluminense, Paraná, Atlético-MG e Figueirense também seguem numa mesma toada. Os paranistas começaram bem e lideraram, mas agora empacaram na zona da pasmaceira, que nem classifica nem rebaixa. Dificilmente sairão daí. O Fluminense tem potencial, mas não desenvolve: quando parece que "agora vai", o time empaca. O Galo, muito irregular, já esteve na zona da libertadores e na do rebaixamento. E o Figueirense faz o que sabe: revela este ou aquele jogador, tira pontos dos grandes, mas pouco incomoda o pelotão superior.
Atlético-PR e Corinthians rondaram a zona de rebaixamento quase todo o primeiro turno. O Furacão ainda começou bem, mas caiu de produção e Antônio Lopes não deve durar até o final do campeonato. Assim como Carpegiani, que se não tem uma constelação nas mãos, tem material para fazer um pouco melhor do que vem fazendo. Ainda que os que estão embaixo não ameacem, é bom ambos ficarem de olho.
Na zona do rebaixamento, o Náutico é o único que tem demonstrado possuir forçar para escapar. Entretanto, o Timbu é bem melhor fora do que dentro de casa. Roberto Fernandes tem feito o que pode com o elenco que tem, mas não acredito que a equipe escape.
Já o Flamengo deve escapar. Primeiro porque tem jogos a menos, depois porque trouxe alguns reforços que devem dar para o gasto e, finalmente, porque sinceramente não acredito que Corinthians e Flamengo venham a cair um dia.
Por fim, este deve finalmente ser o ano do Juventude. Algumas derrotas em casa, exatamente como o São Caetano no ano passado, vão custar muito caro ao final do campeonato. E o América de Natal já caiu. Um time que marcou dez pontos em 19 jogos, conquistou apenas uma vitória em casa, sofreu 42 gols, marcou 16, está a doze pontos de sair da zona de rebaixamento e tem quatro vezes menos pontos que o líder não pode escapar. Então restam duas vagas!
2006 vs. 2007
Vale a pena também comparar com o campeonato do ano passado, para termos uma idéia melhor do que acontece. Em 2006, o São Paulo também liderava e possuía uma campanha muito parecida: eram 11 vitórias, 4 empates e 3 derrotas, uma vitória a menos do que hoje por ter um jogo a menos na ocasião. A vantagem sobre o Santos era de cinco pontos, contra sete atualmente. Nos gols, a principal diferença: o ataque são-paulino era mais eficiente (32 gols - o segundo melhor então - contra 24), e a defesa bem mais vazada (havia sofrido 21 contra os 7 de hoje).
Outros números interessantes para comparação: o melhor ataque era do Paraná, com 33 gols. O pior, do Flamengo, com 17. A melhor defesa era do Santos, com 17 sofridos e a pior, da Ponte, com 39. Estariam classificados à Libertadores Santos, Paraná e grêmio, exatamente os mesmos que acabaram se classificando no final do campeonato. E estariam rebaixados Botafogo, Corinthians, Fortaleza e Santa Cruz. Os dois primeiros escaparam. Os últimos, não.
A diferença de pontos do Santa Cruz, lanterna, para o Goiás, primeiro fora da zona de rebaixamento, era de três pontos. E a pontuação do lanterna era a metade do líder. Dodô era o artilheiro, com nove gols, e Souza, que acabou ficando na liderança da tábua de artilharia, tinha oito. Ou seja: na metade do campeonato de 2006, havia mais equilíbrio. Agora, o cenário já parece bem mais definido.
9 comentários:
Perfect! As usual!
Só um comentário sobre o meu Flamengo: "Já o Flamengo deve escapar. (...) e, finalmente, porque sinceramente não acredito que Corinthians e Flamengo venham a cair um dia."
Esse é o meu maior temor. A confiança nesse "dogma" pode ser o pior veneno...
Abraço, Maurício!
ótima análise. Acredito que o Fogão, pelos problemas citados, terá que se contentar a voltar a brigar pela Libertadores, o que de fato estará muito bom para o time da estrela solitária. São Paulo e Cruzeiro brigam pelo título, apostaria em stand no Santos, só que o time de Luxa começou muito mal o campeonato.
Juventude e América estão quase na segunda. Acho que o Paraná deve cair muito também. A briga pela última vaga será interessante. O Naútico deve subir, principalmente pelos jogos nos Aflitos.
Este Roberto Fernandes do Náutico me surpreendeu demais. Nao o conhecia.
E tem outra... Se a CBF continuasse a retroceder, poderia trocar América-RN e Criciúma logo de divisoes. Ressuscitar descenso e acesso no mesmo ano. hahaha
Ainda vejo o Botafogo com fôlego. É um time constante. Que, também CONSTANTEMENTE, sofre com erros de arbitragem que influenciam diretamente no resultado da partida. Como a de ontem, 1 a 1, contra o Figueirense.
O São Paulo deve perder peças importantes, como Josué e aí, sim, perde muito.
A propósito, Marcelo. Poderia relacionar meu blog ao seus favoritos? Se for possível, me responda que farei o mesmo, em seguida.
Desde já, obrigado.
Sua análise cobriu muito bem o que foi o campeonato até o momento.
O São Paulo, digamos, estava perdido principalmente no quesito ofensivo. Aquelas discussões sobre a função do Aloisio, a falta de ritmo e entrosamento do Dagoberto... enfim, defensivamente, o time foi até melhor na primeira parte do campeonato.
O ataque se achou, curiosamente, com a saída forçada de Aloisio e Dagoberto por lesão. O que será uma dor de cabeça para o Muricy no segundo turno: como voltar com os dois, claramente titulares, se os reservas jogaram melhor e aumentaram consideravelmente o rendimento ofensivo da equipe? Dor de cabeça daquelas agradáveis, mas que não são muito o forte do Muricy.
Equilíbrio é uma palavra que, ao meu ver (sei que não ao seu, e respeito), não existiu em nenhum dos campeonatos nacionais da era de pontos corridos. Ao final do primeiro turno de todos eles, já se sabia o campeão. Poderia até se falar em dúvida, mas mais para agradar torcida. Os campeões eram óbvios.
Análise sencacional!
Ou como você disse: um super post!
A diferença dos jogos de muito times é algo para se lamentar sim, mas "a queda anual do nível do campeonato, inversamente proporcional à saída de jogadores, que só aumenta," é de entristecer.
Quanto ao desafio, é difícil até fazer uma lista com os prováveis nomes para o título de melhor jogador...
Quanto ao título do campeonato, é isso... Regularidade, essa é a chave do sucesso.
O São Paulo se acertou, e com uma das melhores defesas de todos so tempos do Brasileirão e com um elenco muito bom, será o campeão 2007. Será assim até o fim, jogando mal ou não, sempre vencendo.
O Botafogo que abra o olho! Pensar em título não dá mais. Resta brigar pela garantia da lebrtadores...
Cruzeiro tem um bom time, e junto com Botafogo e Vasco, são os três melhores, depois do SPFC. POr coincidência, os 4 primeiros do campeonato.
O Vasco tem que ficar de olho... é preciso melhorar o desempenho fora de casa se quiser a libertadores.
De resto, não há muito o que comentar... basta ler a tua análise.
:D
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Abraços Maurício!!
Mauricio belo resumo!Apesar do estilo de jogo do São Paulo não me agradar é um estilo equilibrado com uma defesa consistente e um ataque Competente e por isso é lider merecido!O Bota tem medo de seu proprio passado e acaba pecando no presente!o fla não caira até pq se cair eu não sei se esse meu coração aguentara!Abração
Show, Maurício!
Só não acreditaria cegamente na escapada do Flamengo da zona de rebaixamento.
Abraço!
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