quarta-feira, 21 de julho de 2010

Retrospectiva da Copa - Finais


Uma Copa que dividiu opiniões chegou a seu fim ainda sob polêmica: foi um bom Mundial? Os maiores craques, ou ao menos os que mais prometiam - Messi, Rooney, Kaká, Cristiano Ronaldo, Drogba - falharam, mas outros jogadores de muita qualidade, mas sem tanto holofote, como Forlán, David Villa, Schweinsteiger e Sneijder deram o tom.

Foi a segunda pior média de gols da história das Copas - 2,27, com 147 em 64 jogos, pouco acima dos 2,21 da Copa de 90. A média de gols, aliás, tem caído Copa a Copa, após um ligeiro aumento na Copa de 98, a primeira com 32 seleções (na França foram 171 gols, dando boa média de 2,67).

Curiosamente, o equilibrio que marcou esta edição fez dela a segunda com o maior número de artilheiros: foram quatro, ficando atrás apenas de 1962, no Chile, quando foram seis os marcadores máximos, com quatro gols cada. Mais curioso ainda é que os artilheiros - Forlán, Müller, David Villa e Sneijder - saíram cada um de um dos semifinalistas da competição e marcaram cinco gols cada.

Ao fim, a ordem estabelecida nas partidas finais, mais que confirmar a clarividência do polvo Paul - que acertou as vitórias de Alemanha e Espanha -, estabeleceu a verdadeira ordem da qualidade das equipes que chegaram à semifinal, ainda que alguns possam argumentar, até com certa razão, que o melhor futebol da Copa foi, assim como em 2006, da Alemanha.

Uma Copa diferente, assim como foi a de 2002, na Ásia, que só será plenamente compreendida após passado algum tempo e verificado, nas grandes competições, o que dela resultou.

Uruguai 2x3 Alemanha

Dizem que disputar decisão de terceiro lugar é como dançar com a irmã: procura-se evitar ao máximo e não tem a menor graça. Mas o Uruguai estava motivado a finalizar com vitória uma campanha memorável, ao passo que a Alemanha, ainda sem acreditar na derrota para a Espanha, escalou vários reservas.

Como foi característica das duas equipes, e principalmente sem tanto peso da responsabilidade de vencer, o jogo muito movimentado, com as duas equipes criando várias chances de gol. Mesmo desfalcada, a Alemanha conseguiu impor o ritmo no primeiro tempo, e a chuva forte diminuiu o ímpeto das equipes perto do intervalo. O Uruguai voltou melhor, mas Forlán caiu de produção e, em duas falhas do goleiro Muslera, a Alemanha chegou à vitória. Klose, machucado, não jogou e acabou ficando a um gol do recorde de Ronaldo.

A partida serviu, ainda, para Forlan marcar seu quinto gol, igualando-se na artilharia, naquele que acabou sendo considerado o gol mais bonito da Copa: em grande jogada pela direita, Arévalo cruza e Forlan, na risca da grande área, acerta um belo voleio de direita.

Holanda 0x1 Espanha

Era uma final de Copa, mas que tinha um favorito definido: a Espanha. Uma seleção que perdera apenas duas vezes nos últimos quatro anos perderia de novo, e justamente no momento mais decisivo de sua história? A pergunta começou a ser respondida logo nos primeiros toques, quando a Roja manteve seu estilo de posse de bola e a Holanda tentou parar o jogo com faltas na intermediária. O primeiro tempo foi de pouca emoção e muitas faltas.

Na segunda etapa, a Espanha ousou mais e a Holanda conseguiu algumas chances no contra-ataque, mas os holandeses acabaram pagando pela violência, com Heitiga expulso na prorrogação. Após o vermelho, a Holanda sentiu o cansaço e se fechou, e a Espanha, que dominou e buscou a vitória o tempo todo, foi coroada com o gol a quatro minutos do fim, marcado por Iniesta, que se destacou durante toda a campanha por jogar, mesmo fora de suas condições físicas ideais, em um nível muito acima de outros.

Foi, acima de tudo, uma vitória do futebol. Porque a Espanha mostrou que é possível, sim, jogar bonito e vencer uma Copa do Mundo. Por mais que tenha sido o campeão com pior ataque da história (oito gols em sete jogos), os espanhóis mostraram que aprenderam muito bem a lição justamente com os holandeses, que forjaram o estilo de jogo do Barcelona, base da seleção campeã, e com os brasileiros: o toque de bola envolvente e incansável, buscando na jogada individual o espaço para o gol.

E que venha 2014. Muitas dúvidas ainda pairam no ar sobre a Copa que está mais próxima do que se imagina, mas certamente será outro momento marcante da história do esporte mais popular do planeta.

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