segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Finalmente, o novo Vasco

Chegada de PC Gusmão e reforços afastam o clube da zona de rebaixamento

O frio de julho e agosto parece estar fazendo bem aos cariocas, acostumados com praia e altas temperaturas. Afinal, após a pausa da Copa do Mundo, as duas melhores campanhas vêm da cidade maravilhosa. A primeira, do Fluminense, apenas confirma o fator Muricy, que encaixou em um elenco já entrosado e agora recheado de ótimos jogadores.

Mas a segunda melhor campanha das últimas sete rodadas surpreende à maioria - e salta aos olhos em um primeiro momento. O Vasco de PC Gusmão conquistou 15 dos 21 pontos disputados até agora, e ainda não perdeu no pós-Copa: foram quatro vitórias e três empates.

Curiosamente, PC é o único técnico invicto deste Brasileirão. Enquanto no Ceará, não foi derrotado e chegou a ser líder. Agora em São Januário, onde começou a carreira, conseguiu tirar o time da vice-lanterna para colocá-lo na nona colocação, começando a sonhar com uma antes improvável vaga na Libertadores.

O sonho ainda é quase uma utopia, considerando as limitações financeiras e até mesmo técnicas da equipe - que ainda ressente demais a falta de zagueiros de maior qualidade. Contudo, com uma das maiores movimentações da janela de transferências, o Vasco revigorou seu setor ofensivo com diversas opções interessantes, que dão a PC a famosa "dor de cabeça boa".


A chegada de Felipe, Nunes, Zé Roberto e Éder Luís diminuiu a dependência de Carlos Alberto, que se viu às voltas com lesões no primeiro semestre - e tão logo voltou, já recebeu seu primeiro vermelho. Entretanto, nas primeiras rodadas pós-Copa os reforços vindos do exterior não puderam atuar, e os garotos recém-campeões estaduais da categoria júnior deram conta do recado: foram cinco estreias desde junho, com Carlinhos, Max, Rômulo, Jonathan e Nilson. De todos, Rômulo foi quem demonstrou maior personalidade e, devido à ausência de outras opções no setor, conquistou a titularidade.

A verdade é que este é, de fato, um novo Vasco, finalmente livre das amarras da Série B. Jogadores que pouco acrescentavam, como Rodrigo Pimpão, Jéferson e Robinho foram dispensados, dando lugar a novas caras que transformaram a equipe.

Do time do ano passado, PC manteve apenas o essencial: Fernando Prass, que vive excelente fase (sofreu apenas três gols no período e foi responsável direto por dois empates em 0 a 0), Nilton, que faz importantíssimo papel na cabeça de área, tanto compondo a zaga para o avanço dos laterais como subindo ao ataque, e o esquema tático que deu certo com Dorival Júnior: um 4-3-1-2 com atacantes de movimentação, apoio dos laterais e muita pegada no meio-campo. Outros remanescentes, como o zagueiro Fernando e o lateral Ramon, ainda não se firmaram devido a lesões.

Com o time atual, PC consegue bloquear os adversários no meio, utilizando um Rafael Carioca muito mais preso à marcação do que o volante estava acostumado nos tempos de Grêmio. Felipe, que naturalmente cai para a esquerda, tem opções de jogo porque tanto Carlinhos quanto Max, laterais jovens, têm fôlego para avançar a todo instante. E sem atacante fixo, as alternativas são muito maiores, confundido a zaga adversária.

Se um dia o Departamento Médico vascaíno conseguir se esvaziar, pensa-se em um time titular com Fernando e Titi na zaga, Fágner e Ramon nas laterais. A grande dúvida é se PC escalaria Felipe, Carlos Alberto, Zé Roberto e Nunes juntos, abrindo mão de um volante no meio - que hoje teria de ser Rômulo. Inicialmente, talvez seria melhor manter o padrão atual, já que Carlos Alberto e Felipe podem precisar revezar, quando as rodadas de meio de semana voltarem. Assim, os outros jogadores também participam, permanecem motivados e ajudam a equipe.

De qualquer forma, o novo Vasco que se apresenta parece muito mais com os Vascos de antigamente, que davam alegrias ao torcedor, do que os times recentes - ainda que esteja longe da equipe vencedora que foi nas décadas passadas.

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