quarta-feira, 4 de julho de 2007

Made in Brazil


Conclui-se agora, ao final do primeiro tempo entre Brazil e Equador pela Copa América, um processo que iniciou-se (ainda que provavelmente sem querer ou saber) com a Lei Bosman e a Lei Pelé; que passou pelo aumento de estrangeiros permitidos nos clubes europeus e pela autorização de naturalizações e passaportes extra-comunitários; e que culminou com a transformação do futebol nacional em terceira divisão. Este processo é a europeização do futebol brazileiro.

O futebol nunca foi tão global, certo? Tão moderno. Mas nunca repetiu tanto a história antiga ao transformar o Brazil em simples fornecedor de pé-de-obra, de matéria-prima que é transformada em produto na metrópole européia. O futebol é globalizado porque os jogadores não são de suas nações, e sim do mundo. Mas é mercantilizado, porque não mandam em si mesmos, são de seus agentes e empresários.

Já disse que esta não é mais a seleção brazileira e sim a seleção de brazileiros. Afinal, apenas um ou outro reserva ainda atua no Brazil e mais, a seleção não atua mais aqui. Só nas eliminatórias, porque é obrigada. É uma espécie de Dream Team, de Globetrotters do futebol, que excursiona pelo mundo mostrando suas habilidades. E se os principais jogadores já não atuam mais aqui, nem na seleção os torcedores podem vê-los atuando, pois agora só pela telinha. Ou seja, vemos a seleção brazileira da mesma forma que um japonês. Mas os ingleses já estão cansados: a maioria dos amistosos recentes foi lá, em Londres, onde só chove. Já Sâo Paulo, a Terra da Garoa, não vê a seleção desde 2005.

E esse processo de europeização do futebol brasileiro, que antes aparentava existir apenas nos bastidores e na sua estrutura, atingiu agora o gramado com a escalação de três volantes e um meia-atacante trombador. Nunca fomos tão pouco Brasil e tanto Brazil, jogando à européia, buscando a força física para superar um...Equador. Tememos o poderio ofensivo de uma equipe que perdeu para Chile e México.

Tudo bem que este não é o time principal, que faltam Gaúcho, Kaká...mas a seleção parece ter perdido a alma, a vontade de ser o que sempre foi, de ser Brasil. O país do futebol está se tornando um apátrida.

7 comentários:

Gerson Sicca disse...

Falou e disse. Essa "mundialização"da seleção começou de forma mais forte a partir de 1990. Veja o grupo da máquina de 1982 e conte quantos jogadores "estrangeiros"havia no time. Sócrates, Batista, Oscar e Zico jogavam no Brasil, entre tantos outros.
Abraço

Luiz Fernando Bindi disse...

Brilhante!

Arthur Virgílio disse...

O Brasil europeu. O problema que tanto Dream Team, quanto a nossa seleção, mesmo passeando o mundo com a inteção de dar espetáculos, não conseguem mais, pelo motivo que você bem citou, a globalização do esporte.

Anônimo disse...

Não sei se é bem a falta de vontade de ser o que sempre foi, cara... a Argentina está tão mal quanto o Brasil nessa Copa América, por exemplo. Com uma diferença: eles têm técnico.

Se não jogássemos com quatro volantes, talvez o jogo fluísse melhor. Vai saber...

Anônimo disse...

O Brasil sempre se rendeu a isso desde o inicio da historia!Mauricio a bola de cristal da decima rodada ja esta postada te aguardo la!Abração

Dassler Marques disse...

estou totalmente de acordo.
aliás, disse lá no programa do Mauro: a última seleção que encantou foi 82, e muito por ter grandes jogadores dos grandes clubes brasileiros.

Isso não ocorre mais.

abraço poio!

Felipe Moraes disse...

Uma seleção que joga como o povo não gosta, que não agrada aos críticos e que, principalmente, não possui a identificação de uma equipe brasileira.
É apenas um bando de jogadores "cosmopolitas" que se reúnem para defender um certo país sulamericano verde e amarelo.
A aldeia global de Mcluhan chegou também ao mundo do futebol...

Abraço, Felipe Leonardo