segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Campeão justo de maneira injusta


Apesar da injustiça na decisão, o São Paulo foi o justo campeão da Copinha 2010

Poucas vezes nos últimos anos a Copa São Paulo teve um campeão tão merecido quanto em 2010 - talvez só o grande Cruzeiro de 2007, com Anderson, Guilherme e Jonatas. Foram sete vitórias consecutivas até à final, com três goleadas tranquilas na primeira fase (uma delas sobre o Avaí, semifinalista do ano passado) e nenhum gol sofrido. Um show do artilheiro Lucas gaúcho e de nomes talentosíssimos como Ronieli, Zé Vitor e Marcelinho.

À medida que avançava, construía placares sólidos, como nos 5 a 1 sobre o Guarani. E a quem quiser desmerecer o Tricolor de Sérgio Baresi - campeão como jogador em 1993 e possivelmente o primeiro a ganhar a Copinha como jogador e como técnico -, vale lembrar que teve diante do Cruzeiro a partida mais difícil dentre todos os semifinalistas, tornando fácil um jogo que poderia ser traiçoeiro contra o Juventude, que afinal eliminara o Corinthians.

Foi a primeira vez desde 2004, quando se acrescentou uma fase eliminatória e os times passaram a fazer oito jogos, e não mais sete, que o time de melhor campanha da primeira fase chega à decisão - mostrando quão diferentes são as duas etapas deste campeonato, a de grupos e a eliminatória. Melhor campanha que essa, aliás, talvez só a da incrível Portuguesa de Dener em 1991, que venceu todas as partidas.

No ano passado, o próprio São Paulo (que também teve o melhor ataque, com um gol a menos) foi vítima da escrita, perdendo para o ótimo Atlético-PR na semifinal ao levar dois gols em três minutos. Em 2007, o Corinthians caiu já no primeiro mata-mata, para o futuro campeão Cruzeiro em um jogo eletrizante. Em 2006, o surpreendente Goiás também caiu na primeira eliminatória, para o ainda mais surpreendente Barueri, que chegaria até à semifinal.

Por tudo isso, o Tricolor merece o título que, nos pênaltis, já lhe escapou em 1992, 1994, 2001 e 2007. É verdade que o Santos jogou muito mais no primeiro tempo, encurralando o ataque são-paulino. Verdade, também, que Richard deveria ter sido expulso no primeiro tempo, ao parar Renan Mota fora da área na condição de último homem - mais até pela gravidade da falta que por esta condição da regra.

Têm razão os santistas de reclamarem, especialmente pelo fato de Richard ter defendido as três cobranças na decisão por pênaltis. Não têm, por outro lado, os que atribuem ao destempero de Narciso no final do jogo o desempenho nulo nas penalidades. Se o treinador tem culpa pela derrota, é por ter recuado demais e desmasiadamente cedo, repetindo o erro da primeira fase, contra o Rio Claro, e da semifinal diante do Palmeiras.

Só não podem os alvinegros reclamarem de uma coisa: de que perderam para um time inferior, o que de fato não é o caso. O Santos tem ótimos jogadores, como o goleiro Rafael, quase-herói da manhã, apesar de não serem os destaques crias de sua base - Alan Patrick, Nikão e Tindurim vieram de fora.

Mas o São Paulo teve um conjunto poucas vezes visto nos últimos anos, com um time que chegou menos badalado que os das temporadas passadas, que apresentaram Sérgio Mota, Henrique e Oscar. Foi, afinal, campeão com justiça.

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