O quadrangular final era tido como mera formalidade para o Brasil, uma vez que todos já davam por certa a conquista do título. Depois de uma semana de descanso, o escrete brasileiro entrava em campo para enfrentar os suecos, que haviam eliminado a fragilizada Itália. Resultado: 7 a 1 para o Brasil, com uma exibição de gala. Dias depois, o adversário seria a forte seleção espanhola. Novamente, uma goleada incontestável: 6 a 1.
A Copa que não teria final acabou tendo: na última rodada, o Brasil precisava apenas de um empate diante do Uruguai, que havia vencido a Suécia e empatado com a Espanha. Ninguém acreditava que o Brasil pudesse perder aquele jogo, ainda mais que a seleção uruguaia não era a mesma da década de vinte, quando recebeu o apelido de celeste olímpica. Eles possuíam, entretanto, uma coisa que faltava aos brasileiros: a experiência de um título de Copa do Mundo.
Nos jornais de domingo, dia do jogo, as manchetes eram iguais: BRASIL, CAMPEÃO DO MUNDO. O clima era de confiança total e era só uma questão de horas para que o grito de campeão pudesse ser solto da garganta. Mas ninguém se lembrou de que do outro lado havia outros onze jogadores que também estavam lutando pelo título. Aproveitando-se desse clima de euforia antecipada, o técnico do Uruguai pegou os jornais cariocas e mostrou a seus jogadores, incentivando-os a darem o melhor de si. O Brasil achava que já era campeão do mundo. Mas não contava com a garra e determinação dos uruguaios, nesse que se tornou o episódio mais triste da história do futebol brasileiro.
E que dia triste foi aquele 16 de julho de 1950. O Maracanã era só festa, recebendo o maior público registrado até hoje em uma partida de futebol: os números oficiais falam em 175 mil pessoas, mas há quem diga que cerca de 200 mil brasileiros choraram naquela tarde.
Todos esperavam um belo espetáculo de futebol e uma boa apresentação, especialmente do craque da Copa, Ademir de Menezes. O que se viu, entretanto, foi um jogo truncado, um Brasil acuado e diferente daquele que todos estavam acostumados. Ainda assim, Friaça abriu o placar aos dois minutos do segundo tempo, para delírio da torcida. O clima de tensão que pairava no ar parecia ter se dissipado: precisando apenas do empate, a vitória parcial já era para todos garantia do título. Nem o gol de empate de Schiaffino, aos 21 minutos, preocupou os brasileiros: a sensação era de que o gol poderia ser feito a qualquer momento, tamanha a displicência com que a seleção jogava.
A torcida já comemorava e bradava "é campeão" quando, aos 34, Ghiggia avançou pela direita, entrou na área e deu um chute cruzado, rasteiro, que quicou no gramado e enganou o goleiro Barbosa, morrendo no fundo das redes. O Brasil calou-se. A única coisa que se ouvia no estádio eram os gritos dos uruguaios, lá no campo, comemorando o gol. A torcida, estarrecida, ficou muda e não apoiou mais o time que, sem reação, não conseguiu produzir mais nada nos dez minutos restantes.
Quando o juiz inglês George Reader apitou o fim do jogo, o que se via eram pessoas chorando nas arquibancadas, muita revolta mas, principalmente, muita tristeza. Esse dia ficou conhecido como o Maracanazzo e o goleiro Barbosa, falecido há poucos anos, carregou o fardo de ter sido considerado o culpado pela derrota brasileira.
E foi assim a final de Copa do Mundo mais triste de todos os tempos.
IV Copa do Mundo - 1950 - Brasil
Campeão: Uruguai
Vice: Brasil
3º lugar: Suécia
4º lugar: Espanha
Período: de 24 de junho a 16 de julho de 1950
Total de jogos: 22
Gols marcados: 88
Média de gols: 4 por partida
Artilheiro: Ademir de Menezes (Brasil) - 9 gols.
O Brasil: Vice campeão - 6 jogos (4V, 1E e 1D), 22GP/6GC
Jogos: Primeira fase: Brasil 4x0 México (Ademir (2), Jair e Baltazar)
Brasil 2 x 2 Suíça (Alfredo e Baltazar/Fatton)
Brasil 2 x 0 Iugoslávia (Ademir e Zizinho)
Fase final: Brasil 7 x 1 Suécia (Ademir (4), Chico (2) e Maneca / Andersson)
Brasil 6 x 1 Espanha (Parra (c), Zizinho, Jair e Chico (3) / Igoa)
Brasil 1 x 2 Uruguai (Friaça / Schiaffino e Ghiggia)
A Copa que não teria final acabou tendo: na última rodada, o Brasil precisava apenas de um empate diante do Uruguai, que havia vencido a Suécia e empatado com a Espanha. Ninguém acreditava que o Brasil pudesse perder aquele jogo, ainda mais que a seleção uruguaia não era a mesma da década de vinte, quando recebeu o apelido de celeste olímpica. Eles possuíam, entretanto, uma coisa que faltava aos brasileiros: a experiência de um título de Copa do Mundo.
Nos jornais de domingo, dia do jogo, as manchetes eram iguais: BRASIL, CAMPEÃO DO MUNDO. O clima era de confiança total e era só uma questão de horas para que o grito de campeão pudesse ser solto da garganta. Mas ninguém se lembrou de que do outro lado havia outros onze jogadores que também estavam lutando pelo título. Aproveitando-se desse clima de euforia antecipada, o técnico do Uruguai pegou os jornais cariocas e mostrou a seus jogadores, incentivando-os a darem o melhor de si. O Brasil achava que já era campeão do mundo. Mas não contava com a garra e determinação dos uruguaios, nesse que se tornou o episódio mais triste da história do futebol brasileiro.
E que dia triste foi aquele 16 de julho de 1950. O Maracanã era só festa, recebendo o maior público registrado até hoje em uma partida de futebol: os números oficiais falam em 175 mil pessoas, mas há quem diga que cerca de 200 mil brasileiros choraram naquela tarde.
Todos esperavam um belo espetáculo de futebol e uma boa apresentação, especialmente do craque da Copa, Ademir de Menezes. O que se viu, entretanto, foi um jogo truncado, um Brasil acuado e diferente daquele que todos estavam acostumados. Ainda assim, Friaça abriu o placar aos dois minutos do segundo tempo, para delírio da torcida. O clima de tensão que pairava no ar parecia ter se dissipado: precisando apenas do empate, a vitória parcial já era para todos garantia do título. Nem o gol de empate de Schiaffino, aos 21 minutos, preocupou os brasileiros: a sensação era de que o gol poderia ser feito a qualquer momento, tamanha a displicência com que a seleção jogava.
A torcida já comemorava e bradava "é campeão" quando, aos 34, Ghiggia avançou pela direita, entrou na área e deu um chute cruzado, rasteiro, que quicou no gramado e enganou o goleiro Barbosa, morrendo no fundo das redes. O Brasil calou-se. A única coisa que se ouvia no estádio eram os gritos dos uruguaios, lá no campo, comemorando o gol. A torcida, estarrecida, ficou muda e não apoiou mais o time que, sem reação, não conseguiu produzir mais nada nos dez minutos restantes.
Quando o juiz inglês George Reader apitou o fim do jogo, o que se via eram pessoas chorando nas arquibancadas, muita revolta mas, principalmente, muita tristeza. Esse dia ficou conhecido como o Maracanazzo e o goleiro Barbosa, falecido há poucos anos, carregou o fardo de ter sido considerado o culpado pela derrota brasileira.
E foi assim a final de Copa do Mundo mais triste de todos os tempos.
IV Copa do Mundo - 1950 - Brasil
Campeão: Uruguai
Vice: Brasil
3º lugar: Suécia
4º lugar: Espanha
Período: de 24 de junho a 16 de julho de 1950
Total de jogos: 22
Gols marcados: 88
Média de gols: 4 por partida
Artilheiro: Ademir de Menezes (Brasil) - 9 gols.
O Brasil: Vice campeão - 6 jogos (4V, 1E e 1D), 22GP/6GC
Jogos: Primeira fase: Brasil 4x0 México (Ademir (2), Jair e Baltazar)
Brasil 2 x 2 Suíça (Alfredo e Baltazar/Fatton)
Brasil 2 x 0 Iugoslávia (Ademir e Zizinho)
Fase final: Brasil 7 x 1 Suécia (Ademir (4), Chico (2) e Maneca / Andersson)
Brasil 6 x 1 Espanha (Parra (c), Zizinho, Jair e Chico (3) / Igoa)
Brasil 1 x 2 Uruguai (Friaça / Schiaffino e Ghiggia)
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