quarta-feira, 18 de abril de 2007

3-4-3: um velho novo esquema

Há tempos quero discorrer acerca de um esquema tático que considero deveras interessante: o 3-4-3. Após alguns estudos e conversas com colegas (valeu, Dassler!), pude verificar uma ou duas alternativas para a aplicação desta formatação de jogo um tanto incomum atualmente.

Antes de qualquer coisa, é preciso salientar que, por ser um esquema altamente complexo, o 3-4-3 só pode ser utilizado em equipes que possuem jogadores com características muito específicas – e que se encaixem perfeitamente nas funções determinadas pelo esquema. Independentemente da proposta apresentada, pode-se verificar a necessidade de um líbero, dois pontas velozes e habilidosos e volantes que possam oferecer cobertura à defesa. Vamos então às duas formações:

A primeira, minha favorita, é basicamente uma remontagem do famoso WM de Herbert Chapman, que revolucionou o futebol inglês na década de 20, modificando o 2-3-5, predominante na época, por considerá-lo ofensivo demais. Eventualmente, Chapman chegou ao comando da seleção inglesa e, em 1953, viu sua criação ser aposentada após uma derrota de 6 a 3 para a incrível Hungria de Puskas em pelo estádio de Wembley.

Nesta formação, o time atua com uma sobra (ao contrário do líbero de Chapman) e dois zagueiros; dois volantes (para usar a terminologia atual), dois meias, dois pontas e um centro-avante. As considerações que faço são as seguintes: se por um lado permite ataques pelos flancos com os pontas e triangulações envolvendo o atacante fixo e os dois meias, deixa muito espaço nas laterais do campo para o avanço do adversário. A sugestão é abrir mais os dois zagueiros, deixando o central fixo e ajudado pelos volantes, que não sobem.


Variante do "WM": jogadores formam um "X" e fazem um funil no meio-campo

Em alguns momentos da campanha vitoriosa do Brasileiro de 2006, o São Paulo de Muricy Ramalho chegou a jogar nesse formato, quando Aloísio era o único homem de área, Souza e Júnior avançavam como pontas e Leandro recuava para compor o meio com Danilo. Tenho muita vontade de ver o Manchester United de Alex Ferguson jogando nesta formação, com a seguinte escalação: Van der Sar; Heinze, Ferdinand e Brown; O’Shea, Carrick, Scholes e Giggs; Saha, C. Ronaldo e Rooney.

Por outro lado, existe o 3-4-3 com um losango no meio campo, onde um volante fica fixo dando proteção aos meias abertos, que se revezam nas subidas ao ataque, e existe a figura do número 1, como na ilustração abaixo. Muito popular na Holanda (o Az Alkmaar de Louis van Gaal joga assim), esse esquema possui um eco no Brasil: o Botafogo de Cuca. Luciano reveza de função com Leandro Guerreiro e Túlio dá proteção à zaga, enquanto Lúcio Flávio chega de trás para jogar com Jorge Henrique e Zé Roberto, pelas pontas, e Dodô, enfiado. É um estilo de jogo assaz ofensivo para os padrões atuais, mas que tem dado certo no Estadual e credencia o Fogão ao título.

Três losangos, com o primeiro e o último homem do meio assumindo funções duplas

Resumindo, hoje o 3-4-3 funciona assim: os três defensores ficam atrás, um lateral avança e outro fecha o meio-campo. Um meia avança e outro fica de sobra caso venha rebote, os três atacantes avançam e dois deles (quando seu time não está no ataque) voltam ao meio-campo, para ajudar na marcação, deixando um na frente. Mas, em alguns casos, nenhum atacante volta, pois o técnico decide deixá-lo descansando para não se cansar quando seu time ataca.

E você, o que acha desse esquema? Acredita que pode dar certo no futebol brasileiro?

4 comentários:

Anônimo disse...

Pra mim, o melhor esquema é o 4-3-3. Explico. Dois laterais-laterais e dois zagueiros. O laterais não apóiam de forma nenhuma. Não podem chegar sequer próximo 5 metros da faixa do meio de campo. Os 3 no meio seriam: um volante de contenção, que também é proibido de apoiar, e dois meias. Aí, dois pontas, caindo pela esquerda e direita e um centro-avante. Quando o time ataca, avança com cinco jogadores. Quando defende, marca com cinco mais o meia menos preguiçoso que volta para ajudar. Esse esquema é o melhor. Se um dia eu for técnico, vou usar ele...
Imagina o Barcelona assim: Valdez; Belletti, Puyol, Marquez e Gio; Edmílson, Deco e Saviola; Ronaldinho, Messi e Eto'o.

Anônimo disse...

3-4-3 é um eskema altamente ofensivo, e, como vc disse, precisa das peças certas pra funcionar bem...

eu acho que o clube que se deu melhor nesse eskema, pelo menos recentemente, foi o barça da temporada passada, com Lionel Messi (depois da sua contusão, o não menos eficiente Ludovic Giuly) pela direita; Samuel Eto'o pelo centro; e Ronaldinho pela eskerda. Deco revesando com Xavi na armação, ou até mesmo o Iniesta...

Dos que eu acompanhei recentemente, foi o q conseguiu aliar contundência ofensiva com uma defesa firme!




Abraço!

Anônimo disse...

Caramba Maurício, texto primoroso!

Eu diria que o 3-4-3 é um esquema praticamente inviável no futebol atual, a não ser, claro, como conversamos, em situações bem específicas.

Primeiro porque, se vc tiver dois volantes e dois meias, deixará um espaço tremendo aos corredores e dependerá exclusivamente dos dois ponteiros ofensivos para criar jogadas pelos lados.

Em contrapartida, se tiver dois alas, precisará urgentemente de dois jogadores com pegada no meio, o que pode também desguarnecer a armação de jogadas.

O 3-4-3 precisa de, ao menos, dois zagueiros com velocidade para compor a primeira linha. Diria que mais à frente, o ideal é ter dois alas equilibrados, que ataquem e defendam na mesma intensidade e alternadamente. Pelo centro, um ou dois meio-campistas que possam tbm ser multifuncionais.

À frente, os ponteiros precisarão a todo instante recuar para colaborar na armação de jogadas.

O Barcelona que em poucos momentos fez isso, acabou caindo fácil diante do Liverpool recentemente. Em contrapartida, os Reds em poucos momentos tbm jogaram assim na Premier League, mas de maneira mais consistente.

Os Reds podem jogar assim:
Reina, Agger, Hyipiã e Carragher; Finnan, Xabi Alonso, Gerrard e Riise; Bellamy, Kuyt e Pennant (Luis Garcia).

Mas é mto difícil...

parabéns poio!
abraços

Unknown disse...

Texto excelente Maurício!

Usar uma tática assim hoje é muito complicada.
Tem que ter jogadores versáteis, que tenham velocidade para recompor o time nos contra-ataques e, lógicamente, um ótimo preparo físico.
Pode ser um esquema um pouco suicida - vide Botafogo x Vasco na Taça Rio -, pois muitas vezes deixa a defesa exposta em contra-ataques, principalmente pelo flancos, quando um zagueiro tem que ir fazer a cobertura.
Eu acredito que por enquanto poderá ar certo no Bota, mas não sei se dará até o fim do ano.
O Cuca deve procurar alternativas, pois os adversários podem se adaptar com este esquema logo.