quinta-feira, 26 de abril de 2007

Mudar ou não mudar? Eis a questão

Até que ponto as substituições influenciam no andamento e, mais objetivamente, no resultado de uma partida? Reservas que marcam um gol logo ao primeiro toque na bola são um prato cheio para a mídia, que os apelida de "talismãs" e "curingas". Ao treinador, cabe o rótulo do estrategista, o visionário ou, no mínimo, do comandante com "estrela".

Após o empate em 2 a 2 com o Audax, Muricy Ramalho foi chamado de burro pela torcida por ter feito a primeira substituição somente aos 38 do segundo tempo. No empate com o São Caetano em 1 a 1, as vaias vieram porque o técnico não tirou Richarlyson após o volante ter marcado um gol contra. Parece irônico, até porque Muricy defende abertamente o número de substituições por jogo, de três para cinco. Mas será que isso seria positivo?

Do outro lado da moeda, o técnico do Roda JC da Holanda, Huub Stevens, afirmou que é mais válido treinar variações táticas com os onze titulares que tentar mudar a sorte de um jogo em uma troca. "A variação de sistema de jogo não necessariamente ocorre com substituições. Se você joga com uma linha de quatro defensores, pode adaptar o sistema durante o jogo ao adiantar um atleta ou recuar um zagueiro para jogar na sobra", exemplificou o treinador. Assim, a inteligência tática, mais fácil de ser controlada, se sobrepõe ao acaso da individualidade, muito mais imprevisível.

Parreira, no comando da seleção, recebeu o estigma de teimoso por não mudar a equipe no intervalo e realizar sempre as mesmas substituições - e sempre a partir dos 15 minutos do segundo tempo. A idéia predominante no futebol nacional, de que não se pode mudar a equipe antes do intervalo, tem sido posta em xeque por treinadores como Vanderlei Luxemburgo, Ney Franco e Cuca.

A quebra deste paradigma já mostra que os treinadores estão mais suscetíveis a mudanças em suas equipes e não temem corrigir algo que dê errado - independente de quando essa correção aconteça. Se é bom por um lado, por outro pode causar danos irreversíveis aos times cujos treinadores são mais, digamos, impacientes.

O que não mudou com três substituições, não melhora com cinco. Um raciocínio simplista, mas que entendo ser verdadeiro. Conhecer bem o elenco, treinar variações táticas e usar as substituições com sabedoria ainda é, creio eu, a solução. Mudar ou não mudar? Eis a questão.

2 comentários:

Anônimo disse...

que tal mudar qnd se percebe q o planejado não esta saindo como o planejado? ou as coisas acontecem sempre exatamente como são imaginadas? que tal um pouco de humildade pra poder se adaptar aos acontecimentos que oferecem mt mais possibilidades do que as que podemos conceber? que tal treinar alternativas para ao menos tentar cercar o acaso? que tal mudar para permanecer?

Anônimo disse...

Boa discussão hein cara?
Estou com o Stevens de certa maneira.

Gosto de times que apenas com os titulares, conseguem propor variações táticas sem precisar trocar. Dessa maneira, pode rapidamente mudar o andamento de uma partida.

Foi isso que fez Alex Ferguson contra o Milan na quarta-feira. Abriu dois ponteiros para achar espaços na defesa italiana. E deu certo.

Muricy realmente deixa a desejar, espera muito para mudar o time. Prefiro mais a linha do Luxa que com uma substituição altera todo o panorama tático da partida, como por exemplo, contra o Palmeiras no Paulistão.