Cortado da Copa, Jonathan dos Santos (irmão de Giovani) diz que não volta à seleção mexicana
Irmãos que defendem suas seleções nas Copas do Mundo já não é mais algo pitoresco, diferente ou curioso: ao longo dos Mundiais, já foram quarenta casos, oitenta atletas que, na mesma Copa, atuaram lado a lado com seus irmãos, gêmeos ou não. Por isso, os mexicanos Giovani e Jonathan dos Santos seriam apenas mais dois nas estatísticas ao disputar a Copa de 2010. Seriam, porque Jonathan não permaneceu na lista final dos convocados por Javier Aguirre.
Publicado no Olheiros
O meia de 20 anos possui, de fato, pouca experiência com a camisa Tricolore (foram cinco partidas até aqui), mas em um elenco com apenas três meias e nove jogadores de marcação, o corte foi considerado até certo ponto surpreendente, e de maneira nada positiva. A reação de Jona, como é conhecido, é que foi ainda mais inesperada. Após sair chorando da concentração da seleção, ele teria decidido nunca mais defender a equipe de seu país.
A declaração não foi ouvida do próprio Jonathan, mas de seu pai, Geraldo dos Santos. “Jona não voltará a jogar pelo México. Adoro este país, que passou a ser meu, mesmo sendo brasileiro, mas minha tristeza é com a seleção mexicana, e meu filho não a defenderá mais”, disse Zizinho, como é conhecido o brasileiro pai da dupla prodígio.
No dia seguinte, outra bomba. Abalado pelo corte de Jona, Giovani teria dito ao pai que cogitava a possibilidade de abandonar a disputa da Copa do Mundo. “Gio está muito magoado. Ele nem sente mais vontade de jogar a Copa”, disse Zizinho. Segundo ele, os irmãos se despediram às lágrimas e, em todas as vezes que conversou com cada um deles, eles estavam chorando.
No momento do anúncio do corte, Javier Aguirre lembrou o fato de que o ciclo de Jona como jogador está apenas começando. “Neste momento não se realiza o sonho de Jonathan de disputar uma Copa do Mundo, mas o seu caminho na seleção mexicana é longo. Após a Copa haverá os Jogos Pan-Americanos, a Copa América sub-23 e os Jogos Olímpicos”, disse Néstor de la Torre, diretor geral de seleções do México.
A decisão do treinador mexicano pode até não afetar diretamente a equipe para a disputa desta Copa – ou pode, dependendo de como Giovani irá lidar com o fato conforme passam os dias, já que ele é titular e uma das principais armas ofensivas da Tri. Mas considerando que Jonathan seria reserva, pode influenciar fortemente no futuro da própria seleção.
O corte de Jona representa a quebra de uma promessa de quando Aguirre, treinador do México na Copa de 2002, reassumiu o comando: retomar o caminho das vitórias e garantir a vaga para o Mundial, deixando medalhões de fora e chamando os melhores jogadores, além de preparar uma nova geração para o futuro. Até aqui, apenas o objetivo da classificação foi alcançado, já que Aguirre acabou por incluir o veteraníssimo Blanco na lista – talvez exatamente na vaga que poderia ser do meia do Barcelona, que talvez como prova de seu valor teve contrato renovado pelo clube catalão até 2012.
Mais do que acrescentar para a equipe, a convocação de garotos para a Copa do Mundo deveria ser incentivada (ou até exigida, com algo como uma obrigação de três nomes abaixo dos 21 anos) para a aquisição de experiência em eventos de tamanha grandeza. Vale lembrar que o México não é o Brasil, que tem talento sobrando à disposição para esbanjar e até dizer “não, obrigado”. Quando se lembra que nomes como Adolfo Bautista foram mantidos, e que Jona já havia sofrido trauma semelhante (certa vez, foi excluído da seleção sub-15 já no aeroporto, e teve de devolver o uniforme à delegação), a revolta começa a passar de compreensível para mútua.
As declarações de Zizinho podem ter sido exageradas – podem até nem ter sido verdade –, mas têm um fundamento e um alvo direto: de la Torre tem influência acima do desejado nas decisões de Aguirre, fato que a imprensa mexicana não cansa de lembrar. As opiniões do diretor geral de seleções da Femexfut seriam tão pesadas a ponto de interferir na convocação final para a Copa, e especificamente no caso de Jona.
A que ponto toda a polêmica influenciará no desempenho de Giovani, estamos a uma
semana de conferir (ao menos no amistoso contra a Itália, ele foi muito bem). Se Jonathan voltará atrás em sua decisão, isto é algo que somente o tempo dirá. Só não se pode esperar para investigar até onde vai o poder dos dirigentes da federação, sob o risco de se jogar fora toda uma geração de ouro do futebol mexicano – e com ela, o próprio futuro da seleção.
Publicado no Olheiros
O meia de 20 anos possui, de fato, pouca experiência com a camisa Tricolore (foram cinco partidas até aqui), mas em um elenco com apenas três meias e nove jogadores de marcação, o corte foi considerado até certo ponto surpreendente, e de maneira nada positiva. A reação de Jona, como é conhecido, é que foi ainda mais inesperada. Após sair chorando da concentração da seleção, ele teria decidido nunca mais defender a equipe de seu país.
A declaração não foi ouvida do próprio Jonathan, mas de seu pai, Geraldo dos Santos. “Jona não voltará a jogar pelo México. Adoro este país, que passou a ser meu, mesmo sendo brasileiro, mas minha tristeza é com a seleção mexicana, e meu filho não a defenderá mais”, disse Zizinho, como é conhecido o brasileiro pai da dupla prodígio.
No dia seguinte, outra bomba. Abalado pelo corte de Jona, Giovani teria dito ao pai que cogitava a possibilidade de abandonar a disputa da Copa do Mundo. “Gio está muito magoado. Ele nem sente mais vontade de jogar a Copa”, disse Zizinho. Segundo ele, os irmãos se despediram às lágrimas e, em todas as vezes que conversou com cada um deles, eles estavam chorando.
No momento do anúncio do corte, Javier Aguirre lembrou o fato de que o ciclo de Jona como jogador está apenas começando. “Neste momento não se realiza o sonho de Jonathan de disputar uma Copa do Mundo, mas o seu caminho na seleção mexicana é longo. Após a Copa haverá os Jogos Pan-Americanos, a Copa América sub-23 e os Jogos Olímpicos”, disse Néstor de la Torre, diretor geral de seleções do México.
A decisão do treinador mexicano pode até não afetar diretamente a equipe para a disputa desta Copa – ou pode, dependendo de como Giovani irá lidar com o fato conforme passam os dias, já que ele é titular e uma das principais armas ofensivas da Tri. Mas considerando que Jonathan seria reserva, pode influenciar fortemente no futuro da própria seleção.
O corte de Jona representa a quebra de uma promessa de quando Aguirre, treinador do México na Copa de 2002, reassumiu o comando: retomar o caminho das vitórias e garantir a vaga para o Mundial, deixando medalhões de fora e chamando os melhores jogadores, além de preparar uma nova geração para o futuro. Até aqui, apenas o objetivo da classificação foi alcançado, já que Aguirre acabou por incluir o veteraníssimo Blanco na lista – talvez exatamente na vaga que poderia ser do meia do Barcelona, que talvez como prova de seu valor teve contrato renovado pelo clube catalão até 2012.
Mais do que acrescentar para a equipe, a convocação de garotos para a Copa do Mundo deveria ser incentivada (ou até exigida, com algo como uma obrigação de três nomes abaixo dos 21 anos) para a aquisição de experiência em eventos de tamanha grandeza. Vale lembrar que o México não é o Brasil, que tem talento sobrando à disposição para esbanjar e até dizer “não, obrigado”. Quando se lembra que nomes como Adolfo Bautista foram mantidos, e que Jona já havia sofrido trauma semelhante (certa vez, foi excluído da seleção sub-15 já no aeroporto, e teve de devolver o uniforme à delegação), a revolta começa a passar de compreensível para mútua.
As declarações de Zizinho podem ter sido exageradas – podem até nem ter sido verdade –, mas têm um fundamento e um alvo direto: de la Torre tem influência acima do desejado nas decisões de Aguirre, fato que a imprensa mexicana não cansa de lembrar. As opiniões do diretor geral de seleções da Femexfut seriam tão pesadas a ponto de interferir na convocação final para a Copa, e especificamente no caso de Jona.
A que ponto toda a polêmica influenciará no desempenho de Giovani, estamos a uma
semana de conferir (ao menos no amistoso contra a Itália, ele foi muito bem). Se Jonathan voltará atrás em sua decisão, isto é algo que somente o tempo dirá. Só não se pode esperar para investigar até onde vai o poder dos dirigentes da federação, sob o risco de se jogar fora toda uma geração de ouro do futebol mexicano – e com ela, o próprio futuro da seleção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário