A classificação à África do Sul representou uma marca inédita para a França. Afinal, pela quarta vez consecutiva o país se garantiu na Copa. Até então, os franceses nunca haviam sido tão regulares. Considerada uma seleção de bom nível graças a campanhas consistentes desde 1930 e à produção de grandes jogadores, a França ganhou prestígio no final dos anos 1990 e passou a fazer parte dos grandes do futebol mundial. A partir de agora, ela entra em cada competição com um objetivo claro: o de ser campeã.
A seleção de Zinédine Zidane, Laurent Blanc, Didier Deschamps e Fabien Barthez foi a responsável pela evolução ao conquistar a Copa em 1998 em casa, algo que a geração anterior não conseguira. Anos antes, Michel Platini, Alain Giresse, Luiz Fernandez e Jean Tigana haviam liderado o país em campanhas históricas, mas que se encerraram nas semifinais tanto na Espanha em 1982 como no México em 1986.
Apesar da queda de produção entre 2002 e 2006, a França voltou a mostrar força e por pouco não conquistou o bicampeonato na Alemanha, perdendo o título para a Itália na decisão por pênaltis. Sem contar com Zidane desde o fim daquela Copa, o time perdeu um pouco de sua identidade, já que Franck Ribéry não provou ser o líder que se esperava e Gourcouff, real substituto de Zizou, ainda é irregular com os Bleus. Em um grupo traiçoeiro, a campanha pode se encerrar de forma mais prematura do que os torcedores esperam.
O caminho rumo à África do Sul
A classificação foi sofrida e até mesmo não merecida. Assim, os jogadores e torcedores não esconderam a felicidade pela vaga garantida na repescagem. Na partida de volta, a França teve trabalho, mas conseguiu o empate em 1 a 1 no segundo tempo da prorrogação graças a um gol de Gallas após toque de mão incrível de Henry, que o árbitro não anulou. O jogo, aliás, foi um bom resumo do caminho complicado que o país enfrentou no Grupo 7 das eliminatórias europeias: nele, a seleção foi superada pela Sérvia, encontrou grande resistência de Romênia e Lituânia e ainda decepcionou com uma atuação pífia na derrota por 3 a 1 para Áustria.
O ataque foi o principal problema: o time marcou apenas 18 vezes, a terceira pior marca dentre os classificados. Henry parece ter perdido um pouco de seu ritmo e Benzema não agradou, a ponto de ter ficado de fora da lista final de Domenech. Pressionados, os jogadores ao menos responderam com personalidade e conseguiram um empate heróico com a Sérvia em 1 a 1 após saírem atrás no placar e terem o goleiro Hugo Lloris expulso logo no início. O segundo lugar da chave foi garantido com uma goleada sobre as Ilhas Faroe (5 a 0) e com a revanche contra a Áustria (3 a 1).
Após a dura campanha, os pessimistas se uniram para reclamar da falta de objetividade da equipe e para fazer previsões nebulosas para o Mundial africano. Já os otimistas preferiram exaltar a forma pela qual a vaga foi obtida, lembrando que nas eliminatórias para 2006 ela também veio com sacrifício. Naquela ocasião, o desempenho na Copa acabou apagando o drama enfrentado anteriormente.
O técnico
Desde que assumiu o comando da seleção, Raymond Domenech nunca alcançou a unanimidade entre os torcedores franceses. Exaltado pela facilidade em se comunicar com os jogadores, ele foi criticado exatamente por não conseguir unir o grupo na decepcionante participação na Euro 2008.
Além disso, é famoso por seu temperamento excêntrico, a ponto de não convocar jogadores do signo de escorpião por razões de superstição astrológica. Apesar de nunca ter conquistado um título, Domenech já é o treinador que mais tempo passou no comando da seleção francesa, com o segundo lugar na Copa de 2006 como ponto alto de uma carreira marcada pela rápida ascensão.
Depois de treinar Mulhouse e Lyon, ele seguiu diretamente ao comando das categorias de base da França antes de chegar à equipe principal. Como jogador, Domenech foi um zagueiro razoável e se destacou ao conquistar títulos nacionais com Strasbourg (1979) e Bordeaux (1984), duas Copas da França com Lyon (1973) e Paris Saint Germain (1982). Domenech chegou a disputar oito partidas pela seleção na década de 1970.
As estrelas
Entre 2006 e 2008, a seleção da França viu mais uma leva de craques da geração de 1998 se despedir ou dos gramados, ou da equipe nacional. Mas as saídas de Zinédine Zidane, Fabien Barthez, Claude Makelélé e Lilian Thuram foram compensadas com a ascensão de outros jogadores capazes de comandar o grupo. Com Patrick Vieira constantemente lesionado, Thierry Henry, último herói da conquista do Mundial, herdou a braçadeira de capitão.
Já William Gallas se firmou como pilar da defesa, enquanto Jérémy Toulalan e Lassana Diarra se tornaram indispensáveis no meio-campo. Este último, porém, foi cortado às vésperas do Mundial, por problemas estomacais. Yoann Gourcuff será responsável pela armação, enquanto Franck Ribéry tentará emular seu ótimo desempenho em 2006, quando sua velocidade fez dele um dos melhores do torneio. O gol é problema, já que nem Lloris, nem Mandanda, são garantias de segurança.
Participação anterior
Doze participações, duas finais e um título. Na mais importante competição do futebol mundial, a França aparece sempre como uma das maiores candidatas. Antes da "era de ouro" de 1998, o país já havia alcançado o terceiro lugar em duas ocasiões, em 1958 e 1986, além de uma quarta posição em 1982.
Números
- 1 título da Copa do Mundo (1998)
- 2 títulos da Copa das Confederações (2001 e 2003)
- 2 títulos da Euro (1984 e 2000)
Time-base
Lloris; Sagna, Abidal, Gallas e Evra; Alou Diarra, Gourcuff, Toulalan e Ribéry; Anelka e Henry.
Jogos
11/06 – 15h30 - Uruguai x França (Green Point)
17/06 – 15h30 – França x México (Peter Mokaba)
22/06 – 11h – França x África do Sul (Free State Stadium)
Lista final de convocados
Goleiros
Hugo Lloris (Lyon)
Steve Mandanda (Olympique Marselha)
Cédric Carrasso (Bordeaux)
Defensores
William Gallas (Arsenal/ING)
Eric Abidal (Barcelona/ESP)
Bakary Sagna (Arsenal/ING)
Patrice Evra (Manchester United/ING)
Gaël Clichy (Arsenal/ING)
Marc Planus (Bordeaux)
Anthony Réveillère (Lyon)
Sébastien Squillaci (Sevilha/ESP)
Meias
Abou Diaby (Arsenal/ING)
Alou Diarra (Bordeaux)
Yoann Gourcuff (Bordeaux)
Florent Malouda (Chelsea/ING)
Jérémy Toulalan (Lyon)
Atacantes
Nicolas Anelka (Chelsea/ING)
Djibril Cissé (Panathinaïkos/GRE)
André-Pierre Gignac (Toulouse)
Sidney Govou (Lyon)
Thierry Henry (Barcelona/ESP)
Franck Ribéry (Bayern de Munique/ALE)
Mathieu Valbuena (Marselha)
A seleção de Zinédine Zidane, Laurent Blanc, Didier Deschamps e Fabien Barthez foi a responsável pela evolução ao conquistar a Copa em 1998 em casa, algo que a geração anterior não conseguira. Anos antes, Michel Platini, Alain Giresse, Luiz Fernandez e Jean Tigana haviam liderado o país em campanhas históricas, mas que se encerraram nas semifinais tanto na Espanha em 1982 como no México em 1986.
Apesar da queda de produção entre 2002 e 2006, a França voltou a mostrar força e por pouco não conquistou o bicampeonato na Alemanha, perdendo o título para a Itália na decisão por pênaltis. Sem contar com Zidane desde o fim daquela Copa, o time perdeu um pouco de sua identidade, já que Franck Ribéry não provou ser o líder que se esperava e Gourcouff, real substituto de Zizou, ainda é irregular com os Bleus. Em um grupo traiçoeiro, a campanha pode se encerrar de forma mais prematura do que os torcedores esperam.
O caminho rumo à África do Sul
A classificação foi sofrida e até mesmo não merecida. Assim, os jogadores e torcedores não esconderam a felicidade pela vaga garantida na repescagem. Na partida de volta, a França teve trabalho, mas conseguiu o empate em 1 a 1 no segundo tempo da prorrogação graças a um gol de Gallas após toque de mão incrível de Henry, que o árbitro não anulou. O jogo, aliás, foi um bom resumo do caminho complicado que o país enfrentou no Grupo 7 das eliminatórias europeias: nele, a seleção foi superada pela Sérvia, encontrou grande resistência de Romênia e Lituânia e ainda decepcionou com uma atuação pífia na derrota por 3 a 1 para Áustria.
O ataque foi o principal problema: o time marcou apenas 18 vezes, a terceira pior marca dentre os classificados. Henry parece ter perdido um pouco de seu ritmo e Benzema não agradou, a ponto de ter ficado de fora da lista final de Domenech. Pressionados, os jogadores ao menos responderam com personalidade e conseguiram um empate heróico com a Sérvia em 1 a 1 após saírem atrás no placar e terem o goleiro Hugo Lloris expulso logo no início. O segundo lugar da chave foi garantido com uma goleada sobre as Ilhas Faroe (5 a 0) e com a revanche contra a Áustria (3 a 1).
Após a dura campanha, os pessimistas se uniram para reclamar da falta de objetividade da equipe e para fazer previsões nebulosas para o Mundial africano. Já os otimistas preferiram exaltar a forma pela qual a vaga foi obtida, lembrando que nas eliminatórias para 2006 ela também veio com sacrifício. Naquela ocasião, o desempenho na Copa acabou apagando o drama enfrentado anteriormente.
O técnico
Desde que assumiu o comando da seleção, Raymond Domenech nunca alcançou a unanimidade entre os torcedores franceses. Exaltado pela facilidade em se comunicar com os jogadores, ele foi criticado exatamente por não conseguir unir o grupo na decepcionante participação na Euro 2008.
Além disso, é famoso por seu temperamento excêntrico, a ponto de não convocar jogadores do signo de escorpião por razões de superstição astrológica. Apesar de nunca ter conquistado um título, Domenech já é o treinador que mais tempo passou no comando da seleção francesa, com o segundo lugar na Copa de 2006 como ponto alto de uma carreira marcada pela rápida ascensão.
Depois de treinar Mulhouse e Lyon, ele seguiu diretamente ao comando das categorias de base da França antes de chegar à equipe principal. Como jogador, Domenech foi um zagueiro razoável e se destacou ao conquistar títulos nacionais com Strasbourg (1979) e Bordeaux (1984), duas Copas da França com Lyon (1973) e Paris Saint Germain (1982). Domenech chegou a disputar oito partidas pela seleção na década de 1970.
As estrelas
Entre 2006 e 2008, a seleção da França viu mais uma leva de craques da geração de 1998 se despedir ou dos gramados, ou da equipe nacional. Mas as saídas de Zinédine Zidane, Fabien Barthez, Claude Makelélé e Lilian Thuram foram compensadas com a ascensão de outros jogadores capazes de comandar o grupo. Com Patrick Vieira constantemente lesionado, Thierry Henry, último herói da conquista do Mundial, herdou a braçadeira de capitão.
Já William Gallas se firmou como pilar da defesa, enquanto Jérémy Toulalan e Lassana Diarra se tornaram indispensáveis no meio-campo. Este último, porém, foi cortado às vésperas do Mundial, por problemas estomacais. Yoann Gourcuff será responsável pela armação, enquanto Franck Ribéry tentará emular seu ótimo desempenho em 2006, quando sua velocidade fez dele um dos melhores do torneio. O gol é problema, já que nem Lloris, nem Mandanda, são garantias de segurança.
Participação anterior
Doze participações, duas finais e um título. Na mais importante competição do futebol mundial, a França aparece sempre como uma das maiores candidatas. Antes da "era de ouro" de 1998, o país já havia alcançado o terceiro lugar em duas ocasiões, em 1958 e 1986, além de uma quarta posição em 1982.
Números
- 1 título da Copa do Mundo (1998)
- 2 títulos da Copa das Confederações (2001 e 2003)
- 2 títulos da Euro (1984 e 2000)
Time-base
Lloris; Sagna, Abidal, Gallas e Evra; Alou Diarra, Gourcuff, Toulalan e Ribéry; Anelka e Henry.
Jogos
11/06 – 15h30 - Uruguai x França (Green Point)
17/06 – 15h30 – França x México (Peter Mokaba)
22/06 – 11h – França x África do Sul (Free State Stadium)
Lista final de convocados
Goleiros
Hugo Lloris (Lyon)
Steve Mandanda (Olympique Marselha)
Cédric Carrasso (Bordeaux)
Defensores
William Gallas (Arsenal/ING)
Eric Abidal (Barcelona/ESP)
Bakary Sagna (Arsenal/ING)
Patrice Evra (Manchester United/ING)
Gaël Clichy (Arsenal/ING)
Marc Planus (Bordeaux)
Anthony Réveillère (Lyon)
Sébastien Squillaci (Sevilha/ESP)
Meias
Abou Diaby (Arsenal/ING)
Alou Diarra (Bordeaux)
Yoann Gourcuff (Bordeaux)
Florent Malouda (Chelsea/ING)
Jérémy Toulalan (Lyon)
Atacantes
Nicolas Anelka (Chelsea/ING)
Djibril Cissé (Panathinaïkos/GRE)
André-Pierre Gignac (Toulouse)
Sidney Govou (Lyon)
Thierry Henry (Barcelona/ESP)
Franck Ribéry (Bayern de Munique/ALE)
Mathieu Valbuena (Marselha)
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