quarta-feira, 5 de maio de 2010

História das Copas - Espanha 1982 (parte I)

Finalmente o Presidente da FIFA, João Havelange, conseguira o que tanto queria: aumentar o número de países participantes da Copa de 16 para 24. Com isso, os países da Ásia e da Oceania, a Concacaf e a África ganharam uma vaga a mais para cada no mundial. Já a América do Sul passou a levar quatro, e não três seleções. Mudou, assim, o sistema de disputa: em vez de quatro, agora existiam seis grupos de quatro times cada, onde os dois primeiros se classificavam para a segunda fase. Nesta, quatro grupos de três times eram formados, com os vencedores de cada grupo fazendo as semifinais.

O Brasil chegava à Espanha mais uma vez sob a condição de favorito, contando com uma geração muito talentosa: Zico, Sócrates, Júnior, Toninho Cerezo e Éder, entre outros. O time não encontrou dificuldades para se classificar, tendo como companheiros na viagem o Peru, que eliminou surpreendentemente a seleção uruguaia, e o Chile, além é claro da campeã Argentina.

Na África, Argélia e Camarões fariam suas estréias em mundiais, enquanto que Kuwait e Nova Zelândia seriam os debutantes da Ásia e da Oceania. Na Concacaf, Honduras e El Salvador eliminaram o poderoso - apenas no continente - México. Na Europa, algumas surpresas: a bi-vice campeã Holanda foi eliminada pelos vizinhos belgas e pelos franceses, enquanto a Suécia caiu diante de Escócia e Irlanda do Norte. De resto, os favoritos não encontraram problemas: Alemanha, Itália, Inglaterra, Espanha e a sempre perigosa Polônia carimbaram passaporte para o Mundial.

Primeira fase

Havia tempo que o Brasil não era sorteado em um grupo tão fácil na primeira fase da Copa. Os adversários? Nova Zelândia, Escócia e uma União Soviética distante do grande time da década de 60. Ainda assim, foi justamente na estréia contra os soviéticos que o Brasil teve mais trabalho. Bal abriu o placar aos 33 minutos do primeiro tempo, num frango de Waldir Peres. O Brasil, desorganizado, não conseguia furar o bloqueio soviético. Só aos 29 da segunda etapa o Brasil conseguiu empatar: Sócrates driblou dois e mandou um petardo de fora da área, indefensável. O jogo seguiu morno, com as duas seleções aparentemente satisfeitas com o empate, até que a dois minutos do fim, Paulo Isidoro cruzou rasteiro, Falcão fez o corta-luz e Éder dominou e chutou pro gol, sem deixar a bola quicar no chão. O goleiro Dassaev confessou que nem viu a cor da bola.

Na segunda partida, contra a Escócia, mais uma vez o Brasil começou mal e saiu atrás no placar, com Narey marcando aos 18. Zico empatou de falta ainda no primeiro tempo, dando mais tranqüilidade ao time, que voltou com outro espírito para a segunda etapa. E foi aí que a seleção canarinho começou a mostrar seu verdadeiro futebol. Oscar virou o jogo logo a 3 minutos. Aos vinte, Éder encobriu o goleiro Rough com um toque sutil e Falcão, já no final da partida, marcou outro golaço: após uma ágil troca de passes, Sócrates tocou de lado para o meia do Inter de Porto Alegre fuzilar para dentro do gol. 4 a 1, fora o show.

Na última partida da primeira fase, já classificado, o Brasil jogou em ritmo de treino e ainda assim goleou a Nova Zelândia por 4 a 0, com dois gols de Zico, um de Falcão e outro de Serginho Chulapa. O Brasil se classificava em primeiro do grupo, acompanhado pela União Soviética, e considerado principal favorito ao título devido ao belo futebol apresentado.

Mantendo a escrita, o campeão anterior fez o jogo de abertura e se deu mal: a Argentina perdeu por 1 a 0 para a Bélgica na estréia de Maradona em Copas. Apesar do começo com o pé esquerdo, os hermanos venceram Hungria e El Salvador e se classificaram atrás dos belgas. Foi nesse grupo, aliás, que se registrou a maior goleada da história das Copas até hoje: os húngaros massacraram os salvadorenhos por 10 a 1 em Elche.

No grupo 1, a Itália suou muito para se classificar. Empatou seus três jogos e classificou-se apenas no número de gols marcados. Esse grupo teve, curiosamente, cinco empates em seis jogos: a vitória da Polônia sobre o Peru foi o único jogo sem igualdade entre os times. A seleção de Camarões deu trabalho aos adversários, sendo eliminada de forma invicta: três empates em três jogos. A imprensa italiana pedira para o time ser eliminado para evitar um vexame maior, mas mal sabiam eles o que estava por vir.

No grupo 2, a Argélia surpreendeu o mundo ao vencer a Alemanha por 2 a 1. Os argelinos ainda venceram o Chile por 3 a 2, mas foram eliminados pela Alemanha e pela Áustria, que fizeram um jogo vergonhoso: a Alemanha marcou 1 a 0 aos 10 minutos do primeiro tempo e, como o resultado classificava as duas equipes, a partida resumiu-se a passes laterais e chutes de longe. A torcida, obviamente, vaiou muito.

No grupo 4, a Inglaterra do goleiro Peter Shilton mostrou sua força ao derrotar a França de Platini por 3 a 1. Ambas as equipes não encontraram dificuldades no grupo, eliminando uma fraca Tchecoslováquia e os deslumbrados kuwaitianos, que passaram vergonha: quando a França, que vencia por 3 a 1, marcou o quarto gol, o príncipe Fahad Al Sabah invadiu o campo e exigiu que o árbitro anulasse o gol. Não adiantou muito, pois no final da partida Bossis marcou e daí ninguém pôde fazer nada.

Por fim, a Espanha, anfitriã da Copa, sofreu para se classificar em um grupo teoricamente fácil. Na estréia, um frustrante empate com a fraca Honduras, que saiu na frente. Na segunda partida, vitória sobre a Iugoslávia por 2 a 1. A Fúria só se classificou graças ao número de gols marcados, pois após a derrota para a surpreendente Irlanda do Norte - que se classificou em primeiro -, os espanhóis empataram em pontos com a Iugoslávia.

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