Passadas quatro rodadas, é hora de nossa primeira análise do campeonato
O clima é de Copa do Mundo, mas o Brasileirão já começou e temos quatro rodadas, ou 10% do certame já realizado. Por mais que um início arrasador não seja garantia de nada (o Internacional do ano passado é a maior prova disso), é sempre bom "acumular uma gordura" para a sequência, já que neste ano a pecularidade do Mundial interrompe o BR por um mês, com apenas sete rodadas realizadas até lá. Com todas as mudanças de elenco, recuperação de lesionados e até mesmo interrupção de boas fases de alguns jogadores, deveremos ter um novo Brasileirão depois da Copa. Mas enquanto isso, vejamos como ele começou.
Com oito times ainda envolvidos em Libertadores e Copa do Brasil, as duas primeiras rodadas foram bastante mornas - a primeira, até, com cara de futebol europeu e placares apertados, não fosse a goleada do Avaí sobre o Grêmio Prudente. O time catarinense mostrou versatilidade com seu zagueiro Emerson aparecendo no ataque e foi o destaque inicial. A irregularidade apresentada pelo Prudente foi evidenciada na segunda rodada, ao golear o elogiado Atlético-MG por 4 a 0, modificando totalmente a postura em apenas uma semana. A distância do desempenho dentro e fora de casa foi latente, com nova derrota fora (3 a 1 para o Flamengo) e boa apresentação em casa (2 a 2 com o Corinthians, acabando com os 100% do Timão).
O Corinthians, aliás, mostrou que a eliminação na Libertadores não abalou o elenco. Mesmo com um futebol burocrático, fez a obrigação de quem busca um título para salvar o centenário e venceu dois jogos em casa e outro difícil, contra o Grêmio, fora, abrindo uma vantagem para os principais concorrentes que pode ser importante na reta final.
O Santos, que usou times mistos por causa da Copa do Brasil, também mostrou força, empatando com um empolgado Botafogo no Engenhão e vencendo o decepcionante Atlético-GO fora. Os jogos contra Ceará e Guarani foram importantes pela soma de pontos, ainda que o futebol apresentado na Vila tenha ficado um pouco abaixo do esperado. O São Paulo impressiona pela defesa, que não é vazada há quatro jogos, contando Libertadores e BR, e pela incrível melhora desde a chegada de Fernandão.
Ceará e Guarani, aliás, que são as maiores surpresas desta reta inicial. O Vovô mostrou a importância que o Castelão terá em sua campanha, vencendo o Fluminense na estreia e depois o Vitória (focado na Copa do Brasil), e arrancando o inesperado empate com o Peixe e outro diante do Goiás. As atuações como visitante, consideradas o calcanhar de Aquipes do time de PC Gusmão, deram mostras de que o time faz o seu dever, somando pontos importantes enquanto equipes mais fortes ainda se arrumam. Já o Bugre, com um elenco totalmente reformulado, contou com o ex-pontepretano Roger inspirado, marcando quatro gols e conquistando pontos fundamentais para a briga pela permanência, obviamente o objetivo inicial.
Quanto aos cariocas, o Botafogo mostrou a mesma força do Estadual, embora tenha perdido um pouco do poder ofensivo sem Loco Abreu, convocado para a Copa. O Flamengo sentiu a eliminação na Libertadores e o adeus de Adriano, e perdeu o primeiro clássico para o Fluminense nas últimas nove partidas. O Flu, que começou cambaleante, começa a adquirir o estilo de Muricy Ramalho e recebeu em Rodriguinho, destaque do Santo André, um companheiro de qualidade para Fred no ataque.
O Vasco, por sua vez, preocupa - e muito. O empate sem gols com o Palmeiras foi um dos piores jogos da história do campeonato, com festival de passes errados, chutes tortos e lances bizarros - a ponto de custar a demissão tanto de Gaúcho, quanto de Zago. Celso Roth chegou e conseguiu a primeira vitória, mas a dependência de Carlos Alberto, sempre lesionado, prova-se enorme, já que o time não possui outro armador decente. O Palmeiras, aliás, também dará muitos sustos na torcida pelo que já demonstrou até aqui: sem qualidade na criação e com muitas dificuldades para marcar gols.
Os times da região Sul ocupam posição semelhante na tabela: com exceção do Avaí, todos já visitaram a zona de rebaixamento. O Atlético-PR tem os conhecidos problemas financeiros por causa da reforma do estádio, e depende novamente de Paulo Baier e Alan Bahia - muito pouco. O Grêmio de Silas mostra a mesma dificuldade fora de casa do ano passado, e ainda não digeriu a queda na semifinal da Copa do Brasil. E o Inter vive a dualidade de uma campanha de superação na Libertadores e outra de decepções no Brasileirão. Enquanto a torcida se divide entre amor e ódio por Fossati, o time precisa lembrar como é disputar um Brasileiro, já que parece só render bem nas competições internacionais.
Finalmente, a dupla goiana decepciona até aqui. O Goiás, pelo fraco campeonato estadual, já era uma aposta para as últimas posições. Mas o Atlético-GO, campeão regional e semifinalista da Copa do Brasil, dava a impressão de que suportaria melhor o retorno à elite. Contudo, desde a goleada sofrida para o Vitória na Copa, o time não se encontrou mais.
Com relação ao campeonato, foi percebido um equilíbrio maior que em outros anos (apenas dois times ainda não venceram e quatro permanecem invictos), com apenas três pontos separando o 5º do 17º colocado. O número de empates foi menor que em outras edições e a média de gols é boa (2,9), mas o público decepciona e são poucos os jogos empolgantes (das 29 partidas que terminaram com vencedor, apenas 11 tiveram diferença maior que um gol).
As próximas três rodadas prometem ser mais emocionantes, já que as Copas já foram interrompidas e os times buscam acumular o maior número de pontos para encerrar este sprint na melhor colocação possível, garantindo férias tranquilas.
Destaques: defesa do Ceará; campanha do Guarani; Roger, atacante do Bugre; zagueiros-artilheiros, Antônio Carlos (Botafogo) e Emerson (Avaí); largada do Corinthians;
Perebas: Marcelo, goleiro do Atlético-MG, que foi faezr graça e deu um gol de presente ao VItória; defesas de Grêmio Prudente e Atlético-MG; campanha dos goianos; Vasco 0x0 Palmeiras, um dos piores jogos da história do Brasileirão
4ª rodada
Melhor ataque
2010: Avaí (10 gols)
2009: Santos (11)
2008: Cruzeiro (8)
2007: Botafogo (10)
2006: Cruzeiro, Ponte Preta e São Paulo (8)
Melhor defesa
2010: Ceará (1 gol)
2009: Internacional (1)
2008: Cruzeiro (1)
2007: Corinthians e São Paulo (1)
2006: Santos (1)
Pior ataque
2010: Atlético-GO e Goiás (2 gols)
2009: Botafogo, Corinthians e Fluminense (3)
2008: Fluminense (1)
2007: América-RN, Grêmio e São Paulo (3)
2006: Botafogo e Santa Cruz (1)
Pior defesa
2010: Grêmio Prudente (11 gols)
2009: Coritiba (11)
2008: Portuguesa (11)
2007: Cruzeiro (10)
2006: Palmeiras (13)
Gols e média
2010: 116 (2,9)
2009: 107 (2,67)
2008: 89 (2,22)
2007: 121 (3,02)
2006: 102 (2,55)
Artilheiros
2010: Roger (Guarani) - 4 gols
2009: Marcelinho Paraíba (Coritiba) e Felipe (Goiás) - 4 gols
2008: Guilherme (Cruzeiro), Diogo (Portuguesa) e Kléber Pereira (Santos) - 3 gols
2007: Josiel (Paraná) - 5 gols
2006: Pedro Oldoni (Atlético-PR) e Wagner (Cruzeiro) - 4 gols
Séries
Série de vitórias atual: Santos, São Paulo (2)
Série invicta atual: Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Santos (4)
Série de derrotas atual: Atlético-GO (3)
Série sem vencer: Atlético-PR, Atlético-GO, Goiás (3)
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