quarta-feira, 19 de maio de 2010

História das Copas - México 1986 (parte II)

O Brasil deslanchou de vez nas quartas-de-final. Contra a fraca Polônia, que não era nem sombra da forte seleção das Copas anteriores, o Brasil só encontrou resistência no primeiro tempo, que venceu por 1 a 0 com gol de pênalti de Sócrates. Com o gol o time melhorou e passou a dar espetáculo. Josimar, cuja convocação havia sido criticada pela imprensa, que queria Zé Teodoro, do São Paulo, fazia grande Copa e, em mais uma exibição exuberante, ampliou aos 11 da segunda etapa. Edinho ampliou aos 33 e, em mais um pênalti, Careca deu números finais ao placar. O Brasil pegaria a França, e a Polônia só voltaria a uma Copa 16 anos depois, na Ásia.

A França derrotou a campeã Itália até com certa facilidade por 2 a 0, com gols de Platini e Stopyra. A Azzurra dava adeus à Copa relativamente cedo, embora tenha tido um desempenho burocrático. Os anfitriões mexicanos avançaram às quartas-de-final com muita garra ao vencerem os búlgaros por 2 a 0 e enfrentariam a Alemanha Ocidental, que venceu com muita dificuldade o Marrocos. O líbero Lothar Matthäus marcou aos 44 do segundo tempo o gol vencedor. Matthäus já estava em sua segunda Copa, embora não tenha entrado em nenhum jogo da campanha de 82.

Outra partida das quartas-de-final seria entre a Argentina, que vencera em um jogo feio o Uruguai por 1 a 0, gol de Pasculli, e a INglaterra do artilheiro Gary Lineker, que despachou o Paraguai por 3 a 0 com dois gols do atacante do Everton. Lineker já marcara três vezes contra a Polônia na primeira fase e despontava como artilheiro do Mundial com cinco gols.

Fechando as oitavas-de-final, a Bélgica venceu a União Soviética em um jogo emocionante: 2 a 2 no tempo normal, com os belgas vencendo por 4 a 3 após a prorrogação. Era a despedida de mais um grande goleiro soviético, Dassaev. Os belgas enfrentariam a Espanha, que massacrou a até então sensação da Copa, a Dinamarca. Assim como os escandinavos haviam goleado, sofreram uma goleada: inexplicáveis 5 a 1 de virada, com quatro gols do atacante Butragueño. A Dinamáquina havia emperrado.

Quartas de final

Que seria um jogo difícil contra a França, todo mundo sabia, mas ninguém esperava que fosse tanto. O jogo foi muito equilibrado, embora as melhores chances da partida tenham sido da seleção brasileira. Aos 18 minutos do primeiro tempo, Careca abriu o placar, marcando seu quinto gol na competição, o que fez dele vice-artilheiro. Ainda no primeiro tempo, Platini empatou após jogada de Giresse. Foi o único gol sofrido pela seleção na Copa. Na segunda etapa, o Brasil pressionou e Branco sofreu pênalti. Sócrates, cobrador oficial, pediu para que Zico batesse. O Galinho voltava de cirurgia e precisava de confiança. Mas ele chutou em cima do goleiro Bats e a partida terminou empatada, indo para os pênaltis.

Foi a primeira decisão de pênaltis que o Brasil enfrentou na história das Copas. Sócrates e Platini erraram. Júlio César acertou a trave e o goleiro Carlos precisava pegar para o Brasil não ser eliminado. Fernandez chutou e a bola bateu na trave, mas voltou, bateu nas costas de Carlos e entrou. Gol da França, que ninguém reclamou, mas que pelas regras da FIFA, não valem. Em cobrança de pênaltis, se a bola bate na trave e não entra, acaba ali a jogada. Mas de nada adiantaria reclamar. Após a tragédia de Sarriá em 82, o Brasil era eliminado mais uma vez de maneira catastrófica. Com duas derrotas traumáticas, acabava a era do futebol arte na seleção brasileira.

Nas outras, partidas, a Alemanha sofreu para eliminar o time da casa, vencendo somente nos pênaltis após 0 a 0 no tempo normal. Jogo truncado também foi o da classificação belga, nos pênaltis, contra a Espanha, após empate de 1 a 1. Mas o jogo mais emocionante foi, sem dúvida, a partida entre Argentina e Inglaterra. Maradona versus Lineker. O melhor jogador em atividade no futebol mundial contra o artilheiro da Copa.

E foi um jogaço. Argentina e Inglaterra haviam guerreado pela posse das Ilhas Malvinas, mas dentro de campo a luta foi somente com a bola nos pés. No primeiro tempo, 0 a 0. No segundo, duas jogadas que são obrigatórias na memória de qualquer fã do futebol. Aos seis minutos, cruzamento na área, Maradona sobe e...gol! Mas o que o juiz - e só ele não viu - é que Maradona, marotamente, colocou a mão ao lado da cabeça e empurrou para as redes. Perguntado sobre o gol ilegal, Maradona disse que foi "la mano de Diós".

El Pibe ampliou quatro minutos depois, em uma jogada antológica, considerada por muitos o gol mais bonito da história das Copas. Ele dominou a bola ainda no campo de defesa argentino, driblou cinco ingleses mais o goleiro Peter Shilton e mandou para o fundo do gol. O artilheiro gary Lineker ainda descontaria a nove minutos do fim, mas aquela parecia ser mesmo a Copa de Maradona.

Semifinais

Na semifinal contra a Bélgica, Maradona novamente gastou a bola e marcou, no segundo tempo, os dois gols da vitória argentina, credenciando o time para a disputa da final. Burruchaga também jogou muito, proporcionando jogadas sensacionais na companhia de El Pibe.

Já Alemanha e França repetiram a semifinal de quatro anos antes. Mais uma vez a partida foi emocionante e, mais uma vez, deu Alemanha. Brehme abriu o placar logo aos nove minutos do primeiro tempo e a França pressionou durante todo o jogo. A Alemanha também chegava com perigo e, no último minuto da partida, Völler fecharia o caixão francês com outro gol. O que serviu de consolo para a França é que desta vez ela teve mais sorte na disputa pelo 3º lugar, batendo a Bélgica por 4 a 2, na despedida de Platini das Copas do Mundo.

A decisão

Assim como na primeira vez, na Copa de 70, o estádio Azteca na Cidade do México foi palco de uma final exuberante. A Argentina, apoiada pela torcida mexicana (que torcia contra a Alemanha por ter eliminado o México), começou melhor e abriu aos 22 do primeiro tempo com uma cabeçada do zagueiro Brown. O técnico alemão Fraz Beckenbauer colocou o atacante Völler no intervalo e conseguiu equilibrar um pouco o jogo, mas mesmo assim a Argentina ampliou com Valdano aos 11 do segundo tempo.

Maradona era eficientemente marcado por Matthäus e pouco aparecia. Como compensação, Burruchaga jogava muita bola, da mesma forma que fizera na semifinal. Mas a Alemanha não estava morta. Rummenigge diminuiu aos 28 e o time se encheu de esperança e partiu para cima. Faltando oito muitos para o fim do jogo, Völler empatou. Mas aí brilhou a estrela de Maradona, que fez grande jogada e passou para Burruchaga fazer o gol do título, dois minutos depois. O apito final do árbitro brasileiro Romualdo Arppi Filho decretou a vitória da Argentina e a segunda derrota consecutiva da Alemanha em uma final de Copa do Mundo.

XIII Copa do Mundo - 1986 - México

Campeão: Argentina
Vice: Alemanha
Terceiro: França
Quarto: Bélgica

Período: de 31 de maio a 29 de junho de 1986
Total de jogos: 52
Gols marcados: 132
Média de gols: 2,54 por partida
Artilheiro: Lineker (Inglaterra) - 6 gols
Público total: 2.402.451 pagantes
Média de público: 46.200 pagantes

O Brasil: 5º lugar - 5 jogos (4V e 1E), 10GP/1GC
Jogos: Primeira fase: Brasil 1x0 Espanha (Sócrates)
Brasil 1x0 Argélia (Careca)
Brasil 3x0 Irlanda do Norte (Careca (2) e Josimar)
Oitavas-de-final: Brasil 4x0 Polônia (Sócrates, Josimar, Edinho e Careca)
Quartas de final: Brasil 1(3)x(4)1 França (Careca e Platini)

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