domingo, 2 de maio de 2010

História das Copas - Argentina 1978 (parte I)

A Argentina queria sediar uma Copa desde 1938, mas só foi escolhida pela FIFA 40 anos depois. João Havelange, presidente da FIFA, queria uma Copa com 24 seleções, mas foi voto vencido. Entretanto, a Copa da Argentina seria a última com 16 times: em 82, Havelange obteria sucesso. O sistema de disputa adotado em 1974 agradou e foi mantido: após a primeira fase, dois grupos de quatro seleções disputariam um lugar na final.

Com a Argentina classificada diretamente por ser a sede do evento, as outras duas vagas sulamericanas ficaram com Brasil e Peru. O Uruguai foi eliminado pela Bolívia, que disputou uma vaga na repescagem contra a Hungria, mas perdeu. O Brasil não encontrou muitas dificuldades durante as eliminatórias, embora o comando da seleção tenha mudado durante a competição. Após um empate contra a Colômbia, Osvaldo Brandão foi substituído pelo então técnico do Flamengo Cláudio Coutinho, que introduziu termos que são moda até hoje no vocabulário do futebol, como "overlapping" e "ponto futuro".

Na Europa, a Inglaterra ficou de fora pela segunda Copa seguida, sendo eliminada pela Itália. Fora isso, nenhuma surpresa: França, Espanha, Holanda, Polônia e Suécia se classificaram, além da então campeã, Alemanha. Na Concacaf, o México mais uma vez se classificou sem dificuldades, enquanto que a Tunísia ficou com a vaga africana e o Irã derrotou Coréia do Sul, Austrália, Hong Kong e Kuwait para estrear em Copas do Mundo.

Em 78, Rivelino era o único tricampeão remanescente na delegação brasileira e Leão, o único que jogara como titular na Alemanha quatro anos antes. O time era dependia demais do veterano camisa 10 do Fluminense, já em fim de carreira, e dos gols de Reinaldo, do Atlético-MG, que passara por um longo tratamento para poder disputar a Copa. Mas uma nova promessa disputava sua primeira Copa: Zico, o craque do Flamengo.

Na estréia, um empate em 1 a 1 com a Suécia em um estádio com gramado muito ruim. Os brasileiros reclamaram muito, pois Zico fez o gol da vitória em uma cabeçada após cobrança de escanteio, mas o árbitro anulou, alegando que havia encerrado a partida quando a bola estava no ar. Na segunda partida, não houve gramado para culpar, mas novamente ocorreu um empate: 0 a 0 contra a Espanha. O Brasil precisava desesperadamente de uma vitória contra a Áustria, já classificada, para não ser eliminado na primeira fase. O Presidente da CBD, almirante Heleno Nunes, obrigou o técnico Coutinho a escalar Jorge Mendonça e Roberto Dinamite, artilheiro do Vasco, nos lugares de Zico e Reinaldo, respectivamente. O jogo foi novamente muito duro, mas brilhou a estrela de Dinamite, que marcou o gol único do jogo, garantindo a classificação brasileira e seu lugar como titular.

No grupo 1, apelidado de Grupo da Morte, a anfitriã Argentina perdeu para a Itália na última rodada, ficando em segundo no grupo atrás da Azzurra. França e Hungria foram eliminadas, reclamando de um suposto favorecimento dos donos da casa pela arbitragem. No grupo 2, a campeã Alemanha fez o jogo de abertura da Copa contra a Polônia de Lato, empatando em um insosso 0 a 0. Foi neste grupo que um país africano conquistou a primeira vitória em uma Copa do Mundo: a Tunísia bateu o México por 3 a 1. Os dois times, entretanto, voltaram para casa mais cedo, ainda que os africanos tenham arrancado um empate histórico contra os alemães.

Por fim, no Grupo 4, Holanda e Peru se classificaram. A laranja mecânica - sem Cryuff, que não quis jogar pela seleção - já não espremia seus adversários com tanta facilidade como antes, tanto que empatou com o Peru sem gols e perdeu para a Escócia por 3 a 2, classificando-se em segundo lugar. O Irã foi o saco de pancadas do grupo.

Ao final da primeira fase, os quatro cabeças-de-chave (Argentina, Alemanha, Brasil e Holanda) classificaram-se em segundo lugar em seus grupos. O Brasil pegaria argentinos, peruanos e poloneses. Na outra chave, ficaram Alemanha, Holanda, Itália e Áustria.

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